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Desigualdade econômica e mobilidade: evidências do mercado de trabalho da RMC

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Desigualdade econômica e mobilidade: evidências do mercado

de trabalho da RMC

Aluno: Priscila de Godoi Faculdade: Ciências Econômicas Centro de Economia e Administração

e-mail: pgodoiaski@ig.com.br

Orientador: Bruna A. Branchi Grupo de Pesquisa: Desigualdades

Sócio-Econômicas e Políticas Públicas Centro de Economia e Administração e-mail: bruna.branchi@puc-campinas.edu.br

Resumo: A presente pesquisa tem por

objetivo o estudo do mercado de trabalho na Região Metropolitana de Campinas (RMC) no período 2000-2006 focalizando a análise na trajetória e dinâmica do grupo de trabalhadores que percorreu o mercado de trabalho formal durante estes anos. Com este estudo em particular, foi possível analisar as características sócio-econômicas dos trabalhadores ocupados na RMC compreendendo eventuais mudanças ocorridas no tipo de inserção no mercado de trabalho e seus reflexos na distribuição de renda. Verificou-se nesta análise que o mercado de trabalho da Região durante o primeiro sextênio da década 2000 apresentou um insigne desempenho no que tange a absorção, permanência e reinserção empregatícia do trabalhador. No que concerne os níveis remunerativos, a trajetória observada foi de crescimento em todo o período 2001-2006, não incorrendo em nenhuma grande oscilação ou perda vultosa nas faixas salariais. Notou-se que os trabalhadores demitidos em 2000 e que foram reinseridos em 2001 não retornaram com salários iguais ou superiores aos auferidos no ano do desligamento. No entanto, entre 2001 e 2006 a remuneração média nominal per capita apresentou na RMC e em seus principais setores de atividade, serviços e a indústria de transformação, uma trajetória ascendente com saltos maiores e mais expressivos principalmente a partir de 2002 e 2003.

Em 2006 a Região e os dois setores atingiram seus maiores patamares de reinserção empregatícia e de remuneração do trabalho, evidenciando assim uma melhor distribuição de renda para os trabalhadores, para o mercado de trabalho formal e para economia local.

Deste primeiro estudo derivou-se à análise do mercado de trabalho do setor automobilístico, um dos mais destacados em

crescimento, expansão e geração de empregos na Região. No estudo deste setor foi possível analisar a capacidade de absorção de mão-de-obra pelo mesmo e a dinâmica do grupo de trabalhares nele inserido.

Palavras-chave: Mercado de Trabalho,

Mobilidade Setorial, Setor Automobilístico.

Grande Área do Conhecimento CNPq:

Ciências Sociais Aplicadas; Lingüística, Letras e Artes. Sub-Área do Conhecimento

CNPq: Ciências Econômicas Introdução

A partir da década de 1970 as mudanças produtivas provocaram um processo de desconcentração e de interiorização da produção industrial, particularmente evidente no Estado de São Paulo [1]. Houve um importante crescimento na RMC devido às condições favoráveis de infra-estrutura, mão-de-obra e custo principalmente observado na década de 90. A Região apresentou na referida década um insigne crescimento produtivo e industrial, tornando-se assim um pólo atrativo para empresas e trabalhadores que viam na RMC as respectivas condições de expansão e inserção empregatícia.

Este crescimento da Região perdurou até o início da atual década e por isso foi o motivo de estudo desta pesquisa, que abordou a análise do mercado de trabalho na RMC no primeiro sextênio da década 2000. O enfoque foi dado à trajetória e dinâmica do grupo de trabalhadores que percorreu o mercado de trabalho formal durante estes anos. Nesta análise são levantados aspectos importantes da trajetória destes trabalhadores como a mobilidade setorial do grupo, que permitiu entre outros, classificar os setores segundo o grau de absorção da mão-de-obra, refletindo aspectos importantes do mercado de trabalho, como a inserção

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dos trabalhadores, o tempo de permanência no emprego, o número de desligamentos e a capacidade de reinserção dos demitidos. Com este estudo em particular, foi possível analisar as características sócio-econômicas dos trabalhadores ocupados na RMC compreendendo eventuais mudanças ocorridas no tipo de inserção no mercado de trabalho e seus reflexos na distribuição de renda.

Com a análise e a elaboração de um panorama geral do mercado de trabalho local foi possível avaliar os setores de atividades econômicas e verificar suas participações e relevância na economia e no mercado de trabalho da RMC. Nesse sentido destacou-se a indústria de material de transporte (montadoras e autopeças) evidenciada através do setor automobilístico. O referido setor apresentava insignes taxas de crescimento desde meados da década de 90 e continuou neste ritmo ascendente até a década 2000, onde iniciamos nosso estudo.

A pesquisa assim, é composta por duas seções, a primeira compreendendo o estudo do mercado de trabalho da RMC e a segunda, o estudo do mercado de trabalho da indústria automobilística na Região, ambos, como supracitado, tendo por referência o primeiro sextênio da década 2000. Para os dois estudos foi utilizada a base de dados da RaisMigra, derivada da RAIS e disponibilizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A referida base permite acompanhar a inserção e a trajetória do trabalhador ao decorrer do tempo no mercado de trabalho formal. Possibilita também o acompanhamento geográfico, setorial e ocupacional da trajetória dos trabalhadores, podendo ainda ser adicionado a este acompanhamento a caracterização pessoal e aquisitiva dos mesmos, estabelecendo assim, relações entre o perfil dos trabalhadores e a dinâmica de classes, indústrias, atividades econômicas e setores em que estão inseridos.

1. O MERCADO DE TRABALHO NA RMC (2000-2006)

Em fins da década de 90 e início da década 2000 houve um importante crescimento da RMC devido às condições favoráveis de infra-estrutura, mão-de-obra e custo. A Região tornou-se um pólo atrativo para empresas e destino de trabalhadores que viam respectivamente nesse

desenvolvimento oportunidades de expansão e de inserção no mercado de trabalho.

Este crescimento perdurou nos primeiros anos da década 2000, entretanto, apresentou algumas alterações significativas ao longo do sextênio em questão. O gráfico 1 mostra a distribuição do total de ocupados formais da RMC em 2000 até o ano de 2006.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Sem ocupação form al 9,32 15,07 24,39 25,01 24,14 24,41 Ocupados fora da RMC 6,64 9,34 8,44 10,32 11,91 12,65 Ocupados na RMC 84,04 75,59 67,17 64,66 63,95 62,95 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Gráfico 1. Distribuição dos 720.458 ocupados formais da RMC em 2000

Pode-se afirmar segundo os resultados obtidos, que a proporção dos trabalhadores que não possuem ocupação formal teve um pico em 2004 para depois recuar. Este fato denota, ainda que sensível, a absorção destes trabalhadores pelo mercado de trabalho formal nos dois últimos anos do período estudado. Essa absorção pode ser percebida no aumento do percentual dos ocupados fora da RMC que desde 2003 se apresentou de forma crescente, chegando quase a dobrar em 2006 (12,65%) o patamar de 2001 (6,64%). Este patamar dobrado também é, por outro lado, resultado da diminuição em pouco mais de 20% dos ocupados na RMC.

Mesmo com o aumento no percentual dos ocupados fora da Região e no comportamento oscilante da proporção dos que não voltaram ao mercado de trabalho formal percebe-se que a grande maioria continuou ocupada na RMC. Tal fato acaba por deixar evidente o bom desempenho do mercado de trabalho formal na Região, principalmente no que tange a absorção e permanência dos trabalhadores nesse mercado.

Os setores de atividade que mais apresentaram relevância na ocupação dos trabalhadores foram os de Serviços e a Indústria de Transformação. A maior concentração de ocupação formal dos trabalhadores, entre 2001 e 2006, estava em segmentos desses setores. Os gráficos 2 e 3 mostram as distribuição dos ocupados formais no setor de serviços e na indústria de transformação no decorrer do referido período.

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0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Sem ocupação form al 10,28 16,30 26,01 26,73 25,86 26,13 Ocupados fora da RMC 8,66 11,97 10,63 12,65 14,28 15,43 Ocupados na RMC 81,06 71,73 63,36 60,62 59,86 58,43 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Gráfico 2: Distribuição dos 240.374 ocupados formais no setor de serviços da RMC em 2000.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Sem ocupação form al 7,44 12,88 21,46 22,23 21,74 22,16 Ocupados fora da RMC 4,97 7,33 7,03 8,55 10,31 10,64 Ocupados na RMC 87,59 79,79 71,51 69,21 67,95 67,19 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Gráfico 3: Distribuição dos 220.446 ocupados formais na indústria de transformação da RMC em 2000.

Os dois setores apresentaram comportamento bem semelhante. Pela análise do Gráfico 2 percebe-se que a maioria dos ocupados no setor de Serviços continuou nele empregada até o ano de 2006. Entretanto, como visto anteriormente, a proporção de indivíduos sem ocupação formal cresceu de forma razoável no período. Uma parte considerável desse aumento deve-se ao número de trabalhadores sem vínculo formal no setor de Serviços. Entre 2001 e 2006 nota-se uma variação de 15,85%, um aumento significativo que denota a proeminente rotatividade do setor terciário. Outro fato que contribuiu para o recuo na proporção de ocupados neste setor na RMC foi o aumento de 6,77% na proporção de ocupados fora da Região. Mesmo com essas variações observadas, o número de trabalhadores que permaneceram ocupados em regime formal na RMC continua sendo notável.

Na análise do gráfico 3 observa-se que a Indústria de Transformação apresentou desempenho semelhante ao do setor de Serviços. Assim como neste último, o número de trabalhadores sem ocupação formal foi o principal determinante da redução do percentual de ocupados na Indústria de Transformação na RMC. Enquanto a variação na proporção de ocupados na Região neste setor se reduziu em 20,40% ao final de 2006, o percentual dos trabalhadores que não possuíam ocupação formal aumentou em 14,72%. Ocorreu um aumento também no número de ocupados fora da RMC. A variação em 5,67% também

contribuiu, em menor medida, para a redução verificada no percentual dos que permaneceram ocupados na Região. Percebe-se neste caso também a existência da rotatividade no setor que por ser um dos mais empregadores de mão-de-obra acaba por usar este mecanismo visto como redutor de custos.

Pode-se assim concluir que tanto o setor de Serviços como a Indústria de Transformação foram os setores que mais contribuíram para a redução no número de ocupados sob regime formal na RMC, entretanto foram também os que mais reabsorveram essa mão-de-obra ociosa evidenciando assim a existência de rotatividade nestes setores. No próximo item analisaremos de forma mais detalhada a reinserção dos trabalhadores nestes setores e a rotatividade neles presenciada.

1.1. Reinserção dos Demitidos em 2000 na RMC

No que tange a reinserção no mercado de trabalho formal dos 68.186 demitidos em 2000 na RMC, observa-se que entre 2001 e 2003 o regresso desses trabalhadores foi oscilante, vindo a se tornar crescente a partir de 2004 e atingindo seu pico em 2006 (tabela 1).

Tabela 1: Reinserção no Mercado de Trabalho Formal dos 68.186 Demitidos em 2000 na RMC

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Ocupados 25,3 32,75 27,48 32,77 36,83 38,69

Sem Ocupação Formal 74,71 67,24 72,53 67,24 63,18 61,31

O ano de 2003 foi caracterizado por uma retração no mercado de trabalho. Essa retração foi provocada, entre outros, pela instabilidade política e econômica vivenciada no país neste ano [2]. Após esse ano a proporção de reinseridos no mercado de trabalho formal cresce continuamente.

Na análise da reinserção dos trabalhadores pelos setores de atividades na RMC percebeu-se que o setor de Serviços, a Indústria de Transformação e o Comércio foram os que mais demitiram, mas também os que mais reabsorveram a mão-de-obra ociosa no período 2001-2006. Mais uma tornava-se evidente nestes setores a presença de rotatividade empregatícia.

O gráfico a seguir mostra a trajetória de reinserção nos dois principais setores de reinserção: Serviços e Indústria de Transformação.

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13,13 5,32 9,56 11,68 9,83 12,09 9,69 13,98 6,64 8,96 8,12 7,32 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Anos (% ) Seviços Indústria de Transf ormação

Gráfico 4: Trajetória de Reinserção na RMC: Setor de Serviços e Indústria de Transformação

Pela análise do gráfico nota-se que ambos os setores apresentaram trajetórias semelhantes de reinserção ao longo do perído. Entre os anos de 2001 e 2003 a reinserção dos trabalhadores se deu de forma oscilante, chegando em 2003 a apresentar patamar semelhante ao visto em 2001. A queda em 2003, entretanto, é menos acentuada na indústria de transformação se comparada ao setor de Serviços. A partir de 2004 a proporção de reinseridos começa a se tornar crescente, alcançando no final de 2006 patamares superiores aos observados no início do período. A indústria de transformação quase dobrou seu patamar de reinserção, sendo de 5,32% em 2001 e 9,56% em 2006.

1.2. Análise da Remuneração do Trabalho dos Reinseridos na RMC

Foi observado na análise remunerativa dos trabalhadores da RMC, que a remuneração nominal per capita foi crescente em todo o período 2001-2006. Os setores mais relevantes no que tange a reinserção dos trabalhadores foram os que mais concentraram parte do total dessa remuneração, o setor de Serviços e a Indústria de Transformação.

A trajetória das remunerações depois do retorno dos demitidos em 2000 foi crescente. Entre 2001 e 2006 as remunerações nominais per capita, tanto na Região como nos referidos setores, mantiveram uma tendência ascendente, chegando ao final do período a apresentar patamares mais elevados do que os auferidos em 1999. Entretanto, como verificado, o patamar remunerativo de 1999 para 2001 caiu notavelmente, evidenciando uma perda sensível no nível de renda dos trabalhadores que foram reinseridos neste ano.

O gráfico a seguir mostra a trajetória da remuneração nominal média per capita da Região no período 2000-2006 549,61 666,84 832,91 759,71 938,57 512,88 -100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 600,00 700,00 800,00 900,00 1.000,00 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Anos R e m u n e raçã o m é d ia n o m in a l p e r cap it a Trajetória de Remuneração

Gráfico 5: Trajetória de Remuneração Média Nominal per capita dos Reinseridos entre 2001 e 2006 na RMC

O setor de serviços e a indústria de transformação apresentaram uma trajetória parecida àquela descrita para a RMC, sendo o segundo manteve sempre as remunerações médias maiores do que no setor de serviços e a diferença entre os dois setores ampliou-se no período analisado (gráfico 6). 737,82 658,94 552,24 796,65 890,06 509,85 980,88 889,06 757,27 618,11 1.116,30 568,38 -100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 600,00 700,00 800,00 900,00 1.000,00 1.100,00 1.200,00 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Anos R e m u ne ra ç ã o m é d ia nom in a l pe r c a pi ta Serviços Indústria de Transf ormação

Gráfico 6: Trajetória de Remuneração Média Nominal per capita no setor de Serviços e na Indústria de Transformação da RMC (2001-2006)

1.3. Análise da Evolução do Valor Adicionado Fiscal na RMC e no Estado de São Paulo

Tendo em vista o estudo posterior do setor industrial de maior relevância em crescimento e participação da RMC, analisamos o Valor Adicionado Fiscal da Região (VAF) e depois o comparamos ao do Estado de São Paulo. Esta análise comparativa permitiu avaliar o peso e a participação das indústrias da RMC no Estado, bem como acompanhar suas trajetórias de crescimento ao longo do período em questão. Para esta análise foi utilizado o banco de dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE).

As indústrias de Combustíveis e de Material de Transporte (Montadora e Autopeças) foram as que apresentaram os melhores desempenhos tanto em níveis estadual como local. A primeira se mostrou a indústria da Região com maior peso no total do VAF do Estado, entretanto na RMC entre os anos de 2000 a 2005 desempenhou variações negativas de crescimento. A indústria de Material de Transporte, por sua

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vez, além do fato de ser a segunda em termos de participação e peso na economia local, foi a que mais cresceu em todo o período, cerca de 3%. No estado seus resultados foram modestamente oscilantes, não apresentando ao final do período crescimento expressivo, contudo, ainda persistia ser a segunda indústria com maior peso e participação da RMC no Estado de São Paulo. O gráfico e a tabela a seguir mostram respectivamente o desempenho das indústrias de Combustíveis e de Material de Transporte no período 2000-2005 na RMC e o Peso das Cinco Principais Indústrias da RMC no Estado de São Paulo em 2005

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Anos (% ) Combustíveis Material de Transporte

Gráfico 7: Trajetória de Participação no VAF da RMC das Indústrias de Combustíveis e de Material de Transporte (2000-2005)

Tabela 2: Peso das Cinco Principais Indústrias da RMC no Estado de São Paulo em 2005 em %

Indústria 2005

VAF Total - RMC 16,53

Combustíveis 5,61

Material de Transporte 2,11

Produtos Químicos 1,40

Material Eletrônico e Equipamentos de Comunicações 1,12

Produtos Farmacêuticos 0,88

2. O MERCADO DE TRABALHO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NA RMC

Um dos setores industriais que mais vem se destacando na RMC nos últimos anos é o automobilístico. Como analisado na seção anterior, nos primeiros seis anos da década 2000 a Indústria de Material de Transporte (Montadoras e Autopeças) foi a de maior relevância e crescimento na Região e a segunda em participação no Estado de São Paulo, perdendo apenas para a Indústria de Combustíveis.

O crescimento do setor automobilístico na RMC começou a ser deflagrado desde meados da década de 90 com a chegada e instalação de grandes fábricas montadoras e de autopeças, como a Honda em Sumaré e a Toyota em Indaiatuba. Pode-se destacar ainda a presença das empresas Magneti Marelli em Hortolândia e a Bosch em Campinas, ambas apresentando neste mesmo período crescimento em sua produção e expansão de suas plantas industriais.

Este crescimento observado na indústria automobilística da Região prosseguiu na seguinte década, principalmente em seus primeiros anos. Entre os anos 2000 e 2005 foi grande a expansão da indústria e de seus segmentos no país, promovidos em grande parte por uma nova onda investimentos [3]

Para o estudo do mercado de trabalho do setor automotivo foi utilizado a base de dados da RaisMigra onde foram selecionadas as classes de atividade econômica segundo a classificação CNAE 1.0 para a definição do setor automobilístico.

Tabela 3: Composição do Setor Automobilístico segundo a classificação CNAE1.0

CNAE95 00 Descrição

CLASSE 25119 Fabricação de Pneumáticos e de Câmaras-De-Ar

CLASSE 31429 Fabricação de Baterias e Acumuladores para Veículos

CLASSE 31607 Fabricação de Material Elétrico para Veículos - Exclusive Baterias

CLASSE 34100 Fabricação de Automóveis, Camionetas e Utilitários

CLASSE 34207 Fabricação de Caminhões e Ônibus

CLASSE 34312 Fabricação de Cabines, Carrocerias e Reboques para Caminhão

CLASSE 34320 Fabricação de Carrocerias para Ônibus

CLASSE 34398 Fabricação de Cabines, Carrocerias e Reboques para Outros Veículos

CLASSE 34410 Fabricação de Peças e Acessórios para o Sistema Motor

CLASSE 34428 Fabricação de Peças e Acessórios para os Sistemas de Marcha e Transmissão

CLASSE 34436 Fabricação de Peças e Acessórios para o Sistema de Freios

CLASSE 34444 Fabricação de Peças e Acessórios para o Sistema de Direção e Suspensão

CLASSE 34495 Fabricação de Peças e Acessórios de Metal para Veículos Automotores Não Classificados em Outra Classe

Total

Dispusemos-nos então ao estudo particular do mercado de trabalho formal da indústria de Material de Transporte, sendo evidenciada na Região pela indústria automobilística. Na análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores entre os anos de 2000-2006 foram percebidos e distinguidos dois comportamentos, a saber, os trabalhadores que permaneceram ocupados em todo o período (grupo A) e aqueles que foram demitidos em 2000 (grupo B). Para análise dos fatores que determinaram essas trajetórias distintas de comportamento avaliamos de forma comparativa o perfil de ambos os grupos. Concluímos desta análise que os trabalhadores homens que estejam em faixas etárias medianas, que possuam relativa qualificação escolar e experiência no setor são os indivíduos com mais chances de se manterem ocupados nos segmentos do setor automobilístico. Um fator importante verificado foi no que tange a qualificação dos trabalhadores. Na análise particular do grupo A verificou-se que a maioria dos indivíduos já estava trabalhando no setor em anos anteriores, isto é, já acumulavam experiência nas atividades que desenvolviam. O setor mostrou-se assim acolhedor destes trabalhadores em todo o período analisado.

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Em contrapartida, o comportamento oposto foi observado no grupo demitido, expulso, em sua maioria, dos segmentos automotivos devido a pouca experiência que tinham nas atividades desenvolvidas do setor. Notou-se que a maioria do grupo havia sido admitida em 1999, um ano antes do desligamento, o que nos permite concluir que a qualificação em termos de tempo e experiência no emprego é fundamental no setor automobilístico. As remunerações do referido setor são relativamente elevadas, principalmente nos segmentos mais expressivos. Nesse sentido coube salientar que as remunerações auferidas pelos demitidos em 2000, embora significativas, não viriam a ser iguais ou superiores caso o grupo voltasse a se ocupar em setores do mercado de trabalho formal, principalmente no automobilístico [4].

Finalizamos esta pesquisa concluindo que no primeiro sextênio da década 2000 o mercado de trabalho da RMC apresentou insigne desempenho na geração de emprego, absorção de mão-de-obra e na capacidade de reinserção dos trabalhadores demitidos. No que tange a remuneração do trabalho não foi observado neste período nenhuma grande oscilação ou perda vultosa nas faixas salariais. Notou-se, ao contrário, um crescimento insigne na faixa remunerativa média nominal per capita entre os anos de 2001 e 2006. A trajetória ascendente de remuneração acompanhou a trajetória de reinserção dos trabalhadores, evidenciando uma melhor distribuição de renda para os trabalhadores ocupados.

A economia da Região apresentou um notório crescimento no período, chegando em 2005 a obter 16,53% de participação no VAF do Estado de São Paulo. O crescimento da economia local evidenciou a indústria de Material de Transporte como uma das principais e mais expressivas indústrias em expansão na RMC.

Agradecimentos

Agradeço de forma especial à minha orientadora, Prof. Dr. Bruna A. Branchi, pelo ensino e apoio dados com esmero e dedicação em todo o período de trabalho em que se deu a pesquisa. Também agradeço ao Núcleo de Pesquisa e Extensão do Centro de Economia e Administração da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e seus

funcionários que direta ou indiretamente colaboraram para a efetivação deste trabalho.

Bibliografia

[1] NEGRI. B. Concentração e Desconcentração Industrial em São Paulo (1880-1990). Campinas: Editora da Unicamp, 1996.

[2] CORAZZA. G.; FERRARI FILHO, F. A política econômica do Governo Lula no primeiro ano de mandato: perplexidade, dilemas, resultados e alternativas. Indicadores

Econômicos FEE. v. 32, n. 1, 2004

[3] LAPLANE, M.; SARTI, F. O caso Brasil.

Disponível em <http://www.redmercosur.org.uy/documentos/ publicaciones/libros/10-La_industria_automotriz_en_el_MERCOSUR /Cap_4_-_La_industria_automotriz_en_el_MS.pdf>. Acesso em 22 de agosto de 2009.

[4] CARDOSO, A. M. Trabalhar, verbo transitivo. Trajetórias Ocupacionais de Trabalhadores da Indústria Automobilística. v. 41, n. 4. Rio de Janeiro, 1998.

Referências

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