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Levantamento e Monitoramento de Populações de Grandes Vertebrados, Embrapa Pantanal/Conservação Internacional do Brasil.

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Academic year: 2021

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Estimativa da abundância das populações de cervo (Blastocerus dichotomus) e veado campeiro (Ozotoceros bazoarticus) no Parque Estadual do Pantanal

do Rio Negro, MS

Walfrido Moraes Tomas1; Carlos André Zucco2; Fernando Antonio Fernandez3; Monica Harris4; Eduardo Nakano Cardim5; Cesar Cestari5;Ricardo Luíz da Costa5; Vanda Lúcia Ferreira5; Norberto Lopes Hulle5; Cibele Barros Indrusiak5; Marion Kalerhoff 5; Tasso Trindade Medeiros5; Andrea Michelson5; Renato Torres Pinheiro5; José Rimoli5; Anna Santos5; Joaquim Rocha Santos Neto5; Giovana Leonor Gallardo Tapia5; Marcos Adriano Tortato5

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Embrapa Pantanal, Corumbá, MS. E- mail: tomasw@cpap.embrapa.br 2

Estagiário UFSC/Embrapa Pantanal, instrutor no VI Curso sobre Técnicas de Levantamento e Monitoramento de Populações de Grandes Vertebrados, Embrapa Pantanal/Conservação Internacional do Brasil.

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UFRJ, instrutor no VI Curso sobre Técnicas de Levantamento e Monitoramento de Populações de Grandes Vertebrados, Embrapa Pantanal/Conservação Internacional do Brasil.

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Conservação Internacional do Brasil, Rua Paraná, 32. CEP: 79021-220 Campo Grande, MS. E- mail: m.harris@conservacao.org

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Aluno do VI Curso sobre Técnicas de Levantamento e Monitoramento de Populações de Grandes Vertebrados, EMBRAPA Pantanal/Conservação Internacional do Brasil.

Resumo

Levantamentos de populações de espécies da fauna são ainda raros em unidades de conservação no Brasil. Este tipo de informação é importante para avaliar a efetividade de áreas protegidas na conservação de populações viáveis de espécies alvo. Este trabalho visa apresentar estimativas de tamanho populacional de cervos e veados campeiros no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, no Mato Grosso do Sul. Os levantamentos de cervos foram realizados através de contagens aéreas e os de veado campeiro através de transectos lineares, em novembro de 2003. A população de cervos foi estimada em 389 ± 156 indivíduos, com uma densidade de 0,57 ± 0,23 indivíduos / km2. Estima-se que o Parque abrigue uma população de 245 ± 63 indivíduos e uma densidade de 2,5 ± 0,63 veados / km2.

Termos para Indexação: Blastocerus, cervo, densidades, Ozotoceros, Pantanal, tamanho de população, veado campeiro.

Abstract

Population surveys of wildlife species are still rare in Brazilian protected areas. This kind of information is important to evaluate the efectiveness of protected areas in keeping viable populations of target species This study aims to present population size estimates for marsh deer and pampas deer at the Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, Mato Grosso do Sul. The marsh deer were surveyed through aerial counts, and the Pampas deer estimates were obtained using line transects, both in November, 2003. The mars deer population was estimated to be 389 ± 156 individuals, and the density as 0.57 ± 0.23 individuals / km2. The Pampas deer population was estimated as 245 ± 63 individuals, with a density of 2.5 ± 0.63 deer / km2.

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Index Terms: Blastocerus, density, marsh deer, pampas deer, Ozotoceros, Pantanal, population size.

Introdução

Levantamentos consistentes da abundância de populações de grandes vertebrados ainda são raros em unidades de conservação no Brasil. Entretanto, este tipo de informação é importante para avaliar vários aspectos, incluindo a eficácia das áreas protegidas em manter populações viáveis de espécies da fauna e as tendências destas populações ao longo do tempo. Entretanto, esquemas de monitoramento das tendências de populações não têm sido implementados no Brasil, com raríssimas exceções. Provavelmente, o mais longo programa de monitoramento deste tipo e que cobre a maior área de amostragem no Brasil é o conduzido pela equipe de Vida Selvagem da Embrapa Pantanal desde 1991, que inclui toda a planície do Pantanal (MOURÃO et al., 2000).

Estimativas de tamanho de populações requerem a definição de técnicas e protocolos de amostragem condizentes com a espécie em questão e as características de seus habitats. No Pantanal, além dos levantamentos a longo prazo desenvolvidos pela EMBRAPA (MOURÃO et al., 2000), poucos são os resultados já publicados referentes ao assunto. MOURÃO et al. (2000) publicaram estimativas de abundância e da distribuição de várias espécies de grandes vertebrados, e continuam a monitorar as tendências das populações através de levantamento aéreo. Em escala mais reduzida, estimativas foram obtidas para populações de cervo na região do rio Negro (TOMAS et al., 2001) através de levantamentos aéreos, e de veado campeiro na região oeste da Nhecolândia, (TOMAS et al., 2001), através do método de amostragem de distâncias. Entretanto, o primeiro levantamento em larga escala realizado no Pantanal foi o de SCHALLER e VASCONCELOS (1978), que contaram cervos a partir de um avião. Em escala local, o trabalho pioneiro foi o de SCHALLER (1983), que estimou a biomassa de mamíferos na região da Serra do Amolar, a partir de transectos em faixa de contagem pré-definida. Posteriormente, ALHO et al. (1987) estimaram a abundância de mamíferos na Fazenda Nhumirim.

Este trabalho tem como objetivo relatar as estimativas de tamanho e densidade das populações de cervo através de levantamentos aéreos e de veado campeiro, obtidas através de transectos lineares por terra.

Material e Métodos Área de estudo

O Parque Estadual do Rio Negro (78,3 km2), criado em junho de 2000, localiza-se ao sul da região da Nhecolândia, nos municípios de Aquidauana e Corumbá. O Parque é caracterizado uma área mais alta, localizada na região da Nhecolândia, e uma área mais baixa e mal drenada, conhecida como "brejo" do rio Negro. O rio Aquidauana constitui o limite sul do Parque.

Métodos de levantamento

Levantamentos aéreos de cervo foram realizados em 8 transectos separados um do outro por 3 km e orientados no sentido norte-sul, sendo perpendiculares ao gradiente de altitude. Seus comprimentos variaram de 23 a 39,5 km. Os sobrevôos foram realizados a 200 km/h e a 61 m altura. Os transectos cobriram cerca de 65 km2 do Parque,

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especialmente a área mais baixa, o “brejo do rio Negro” e a área de transição para os terrenos mais altos da Nhecolândia. Dois observadores foram postados a cada lado do avião. Os dois observadores postados do mesmo lado do avião contaram cervos de forma independente, em uma faixa de contagem de 200 m ao nível do solo. Foi utilizado o método de contagem dupla para estimar e corrigir erros de vis ibilidade, separadamente, para cada dupla de observadores (CAUGHLEY e GRIGG, 1981; CAUGHLEY e GRICE, 1982; BAYLISS, 1986; BAYLISS e YEOMANS, 1989; CAUGHLEY e SINCLAIR, 1994). Os resultados apresentados neste trabalho são os da dupla de observadores que contou mais cervos.

As contagens de veado campeiro foram realizadas ao longo de 9 transectos, que foram percorridos 4 vezes, em dias diferentes, e cujos comprimentos variaram de 3,9 a 4,8 km. Os transectos atravessaram apenas habitats abertos e semi-abertos, evitando áreas florestais. A cada observação de indivíduo ou grupo de veado, foi medida a distância perpendicular entre o animal, ou animais, até a linha do transecto. Adicionalmente, foi registrado o número observado de indivíduos nos grupos. O programa DISTANCE (BUCKLAND et al., 1993) foi utilizado para estimar a densidade e tamanho da população.

Resultados e Discussão

A probabilidade de avistamento de cervos para o observador que contou mais indivíduos foi de 0,661, com um fator de correção de 1,51 para sua contagens. A população de cervos na área do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro foi estimada em 389 ± 156 indivíduos, e uma densidade de 0,57 ± 0,23 indivíduos / km2, com uma intensidade amostral de 7,2 %. Este resultado não é muito diferente, em termos de estimativa de tamanho da população, de uma área vizinha semelhante amostrada por TOMAS et al. (2001), com o mesmo gradiente de habitats, no período de secas. Entretanto, as estimativas de erro padrão destes autores foram muito grandes, certamente em função da orientação dos transectos em relação ao gradiente de habitats, que é orientado de norte para o sul. No levantamento de TOMAS et al. (2001), foi priorizado evitar a incidência de luz solar diretamente nas janelas do avião, e assim os transectos foram orientados no sentido leste-oeste, e vice- versa. O resultado foi uma estimativa pouco precisa de densidade para o período seco (0,38 ± 0,36 cervos/km2). A densidade de cervos encontrada na área do Parque é bastante semelhante à obtida por MOURÃO e CAMPOS (1995) na área inundada pelo reservatório da UHE de Porto Primavera, no rio Paraná, antes de seu enchimento.

No levantamento de veados campeiros, um total de 153 km de transectos foi percorrido, com um total de 36 amostras. Veados campeiros foram observados 53 vezes e a distância máxima de observação foi 630m a partir da linha dos transectos. A faixa efetivamente amostrada foi de 116m. O modelo que melhor se ajustou aos dados das contagens foi o Exponencial negativo (Figura 1), resultando em uma estimativa de densidade de 2,5 ± 0,63 veados / km2. A população estimada para a área do Parque localizada na Nhecolândia foi de 245 ± 63 indivíduos. Como os transectos só cortaram habitats abertos e semi-abertos, esta pode ser considerada uma densidade muito próxima daquela chamada de "ecológica". O coeficiente de variação foi de 25,9 %, um pouco além do que se estabeleceu no início do levantamento como meta, ou seja, no máximo 20%. Isso deve ao número de registros obtidos, que ficou abaixo dos 80 preconizados pelos autores do programa DISTANCE (BUCKLAND et al., 1993, CULLEN e RUDRAN, 2003). A variação na probabilidade de detecção foi responsável em 33,2%

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da variância final das estimativas, enquanto que a taxa de encontro contribuiu em 60,6% e o tamanho dos grupamentos em 6,2%. A alta influência da taxa de encontro na variância final sugere que alguns transectos cruzaram áreas menos apropriadas para veados campeiros durante o período de estudo. Entretanto, é esperado que com o aumento do esforço amostral a variância das estimativas diminua.

Figura 1. Função de detecção (curva em vermelho) e distribuição das observações de

veados campeiro no PEPRN, por classe de distância perpendicular em levantamentos de veados campeiros no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, MS, em novembro de 2003.

O Parque se mostrou um ambiente adequado para o cervo-do-pantanal, especialmente porque incluiu uma grande área de terras baixas ("brejo" do rio Negro), com um gradiente de altitude que cria condições favoráveis a esta espécie. Entretanto, como demonstrado por TOMAS et al. (2001), em anos de cheias intensas os cervos podem se deslocar até 20 km para fora do "brejo" do rio Negro, e portanto o Parque poderia não oferecer proteção total para a espécie nestes períodos. Assim, seria oportuna a ampliação do Parque para regiões mais altas e limítrofes, ao norte, na Nhecolândia. Com relação ao veado campeiro, a área favorável corresponde a apenas cerca de 15 % da área total do Parque, abrigando uma população relativamente menor que a de cervos. Esta área localiza-se na Nhecolândia, que é menos inundável que o "brejo", oferecendo habitats adequados aos veados campeiros ao longo do ano. A ampliação do Parque sugerida para proteger cervos em anos de cheias intensas seria, então, coincidente com a necessidade de ampliação voltada à proteção uma população maior de veados campeiros. Esta ampliação, portanto, seria benéfica às duas espécies estudadas neste levantamento, mesmo que seus requerimentos de habitat sejam diferentes.

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Agradecimentos

À Conservação Internacional do Brasil pelo apoio logístico e financeiro para a realização do VI Curso sobre Técnicas de Levantamento e Monitoramento de Populações de Grandes Vertebrados, e que possibilitou o primeiro levantamento de populações de espécies da fauna na área do Parque Estadual.

Referências Bibliográficas :

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