PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DA VERGATESA Anemopaegma arvense(vell) Stellf.ex de Souza
Frederico Brandão dos Santos1; Renata Francisca Silva Cunha2 & Valdirene Neves Monteiro3
1Bolsista PBIC/UEG 2 Bolsista PBIC/UEG 3 Pesquisadora Orientadora
RESUMO
A vergatesa ou catuaba Anemopaegma arvense (vell) Stellf. ex de Souza pertence à família Bignoniaceae. É comercializada como afrodisíaco, no tratamento da impotência e como estimulante do sistema nervoso. As partes usadas da planta são a casca e raiz usadas em infusão. Possui substâncias amargas, tônicas, aromáticas e resinosas. O presente projeto visa uma prospecção fitoquímica da planta, bem como análise de plantas que são comercializadas como vergatesa mais não possui características botânicas dessa planta. Serão utilizadas plantas obtidas da vegetação do cerrado e também aquelas comercializadas nas feiras livres e mercados. Como metodologia será feita a caracterização morfo-anatômica segundo metodologia adaptada por Kraus & Arduin (1997) e como prospecção fitoquímica as metodologias adaptadas de Costa (2000) e Matos (1988) que compreendem: Heterosídeos antraquinônicos, Esteróides e triterpenóides, Heterosídeos flavonóides, Heterosídeos saponínicos, Taninos, Alcalóides, Cumarinas, Resina (Costa, 2000), Determinação do teor de cinzas e umidade.
1. INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade, o homem procura nos princípios ativos de vegetais a cura para seus males, embora de modo empírico ou por intuição acabava encontrando novos remédios para a cura de doenças por acaso. Isto pode ser observado entre os povos primitivos, isolados como algumas tribos indígenas da América do Sul (Van Den Berg, 1987).
Observam-se muitos acertos ao lado da crendice popular. Muitos medicamentos originaram da forma empírica do uso de vegetais que ao longo de um processo de descobertas por tentativas, por exemplo, os digitálicos, drogas derivadas da dedaleira (Digitalis purpurea e D. lanata), com a poderosa ação específica sobre o músculo cardíaco. Seus princípios ativos, os glicosídios cardiotônicos, são hoje armas obrigatórias no combate de certas doenças do coração (Mors, 1982).
Os primeiros médicos portugueses que vieram para o Brasil, diante da escassez, na colônia, de remédios empregados na Europa, muito cedo foram obrigados a perceber a importância dos remédios indígenas.Os viajantes sempre se abasteciam destes remédios antes de excursionarem por regiões pouco conhecidas. (Pinto et. al., 2002)
O cerrado localiza-se predominantemente no Planalto Central do Brasil, abrangendo os estados de Goiás, Mato Groso, Tocantins, Roraima, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal (Dias, 1992). Este bioma é o segundo maior do país em área, sendo superado apenas pela floresta amazônica (Ribeiro & Walter,1998), ocupando aproximadamente dois milhões de km², estendendo-se entre 3 e 24º de latitude sul e 41 e 63º de longitude oeste, representando 22% do território brasileiro (Macedo,1995).Seu solo é de fácil manejo para a agricultura e abriga cerca de 40% do rebanho bovino do país (Ker & Resende, 1996), o que está levando a uma grande fragmentação deste bioma, facilitando a perda da biodiversidade natural (Felfili, 2002). Dentre as inúmeras famílias que caracterizam a flora deste bioma. No Brasil, diversas espécies de Bignoniáceas possui uso medicinal e algumas atividades biológicas foram comprovadas experimentalmente, como as atividades antitumoral, antiinflamatória e antimicrobiana. Naftoquinonas, lignanas, triterpenos e flavonóides foram previamente isolados de espécies desta família. No entanto, a composição química e as atividades
biológicas da maior parte delas permanecem desconhecidas. No presente trabalho, selecionou-se para estudo a Bignoniácea Anemopaegma arvense mais popularmente conhecida como Outros nomes populares: alecrim-do-campo, verdadeira, catuaba-pau, catuabinha, catuíba, caramuru, marapuama, pau-de- resposta, piratançara, piratancará, tatuaba, vergateso, vergonteza ou vergatesa é um subarbusto presente no Cerrado e campo, possuindo como Sinônimos botânicos: Anemopaegma mirandum (Cham.) Mart. ex DC.,
Bignonia miranda Cham., Anemopaegma sessilifolium.
Possui as Propriedades medicinais: ansiolitico, afrodisíaco, anti-sifílico, digestiva, diurético muito ativo, estimulante geral, estimulante e tonificante do sistema nervoso, expectorante, peitoral, tônico, vasodilatador. É indicado para afecção do sistema nervoso, bronquite crônica, convalescença de doença grave, doenças nervosas e emocionais, esgo tamento, falta de memória, fraqueza, frigidez, hipocondria, impotência sexual, insônia nervosa, insuficiência mental, nervosismo, neurastenia, paralisia parcial, raciocínio, sendo as partes utilizadas as folhas, raiz e casca.
É Contra indicado ou ter cuidados: portadores de glaucoma têm que conferir a pressão ocular e evitar o uso contínuo de catuaba, pois ela pode aumentar o glaucoma; Paciente com pré-excitação ventricular, como no caso da síndrome de Wolf-Parkinson-Wite, pode desenvolver taquicardia; Pessoas sensíveis podem ter cefaléia por causa do ioimbina; Contra indicado para grávidas, recém- nascidos e crianças pequenas. É vendida nos mercados e feiras livres. Uma observação feita nas cidades de Goiânia e Anápolis é a venda de uma planta que é denominada de vergatesa que não apresenta as características anato-morfológicas da verdadeira vergatesa. O que leva a preocupação do que realmente está sendo vendido com os fins terapêuticos acima citados.
Plantas medicinais é um tema recorrente na pauta da ciência brasileira. Muitos exemplos de plantas medicinais da biota brasileira poderiam ser citados, entretanto, a maioria das plantas medicinais comercializadas no Brasil são introduzidas. Assim, as plantas medicinais endêmicas ainda são pouco conhecidas e se constituem num fascinante assunto de pesquisa acadêmica e de desenvolvimento. (Pinto et. al., 2002)
Neste contexto, justifica-se o objetivo do presente projeto na prospecção e identificação dos constituintes ativos, como também o desenvolvimento de pesquisas na tentativa de validação de métodos analíticos visando o controle de qualidade desta planta.
2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Coleta do material vegetal
Neste estudo, serão utilizadas plantas adultas de Anemopaegma arvense, provenientes de ramos diferentes, contendo cada um: raiz, caule e folhas. E nos mercados e feiras livres das cidades de Anápolis e Goiânia.
2.2. Caracterização morfo-anatômica
Para a caracterização morfo-anatômica das folhas serão realizados cortes histológicos realizados à mão livre em diferentes localizações como as regiões: da borda foliar (ápice, base e mediana foliares), da região da nervura principal, da internervura, do pecíolo e cortes paradérmicos. Já para a raiz serão extraídos fragmentos da raiz principal e das raízes adventícias, enquanto que para o caule os fragmentos foram obtidos em toda a sua extensão.
2.3. Prospecção fitoquímica
Metodologias adaptadas de Costa (2000) e Matos (1988) que compreendem: Heterosídeos antraquinônicos, Esteróides e triterpenóides, Heterosídeos flavonóides, Heterosídeos saponínicos, Taninos, Alcalóides, Cumarinas, Resina (Costa, 2000), Determinação do teor de cinzas e umidade.
2.4. Determinação de Teor de cinzas e Umidade Segundo metodologia do Instituto Adolf Lutz.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises realizadas até agora, foram de prospecção fitoquímica, e foram análises de avaliação da presença ou não dos compostos químicos.
A presença dos compostos foi mais realçada na raiz do que nas folhas. Um outro instante das análises serão as análises decisivas para esses compostos como cromatografia em camada delgada ou coluna de sílica gel. O trabalho compreende também a caracterização morfo-anatômica, o que só agora nos meses de outubro a dezembro que a planta apresenta maior vigor.
4. CONCLUSÕES
Ainda é muito cedo para conclusões a respeito dessa planta somente com as análises preliminares da planta. Sabe-se porém que a parte que de maior estudo da qui a diante será a raiz, parte justamente vendida nas feiras e mercados centrais das cidade de Goiânia e Anápolis.
5. BIBLIOGRAFIA
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FELFINI, J. M. Padrões de diversidade do cerrado do centro-oeste brasileiro. In: Araújo, E. L. et al. (eds.) Biodiversidade, conservação e uso sustentável da flora do
Brasil. Recife: UFRPE. p. 62-67, 2002.
Ker, J. C. & Resende, M. Recursos edáficos dos cerrados: ocorrência e potencial. In: Pereira, R. C. & Nasser, L. C. B. (eds.) Anais do VIII Simpósio sobre o cerrado. p. 15-19, 1996.
MORS, W. Plantas Medicinais. Revista Ciência Hoje Ano 1/ n.o 3. Rio de Janeiro, 1982.
PINTO, C.A.; SILVA, S.H.D.; BOLZANI,S.V.; LOPES,P.N.; EPIFANIO,A . R. Produtos Naturais: Atualidade, Desafios E Perspectivas. Quimica. Nova, Vol. 25, Supl. 1, 45-61, 2002
RIBEIRO, J. F. & Walter, B. M. T. 1998. Fitofisionomias do bioma cerrado. In: Sano, S. M. & Almeida, S. P. cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA-CPAC. 89-166. VAN DEN BERG, M. E. Plantas Medicinais da Amazônia : Contribuição ao seu Conhecimento Sistemático.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Programa Trópico Úmido/MPEG. Museu Paraense Emílio Goeldi. 1987.