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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA GERAL E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO PSICOLOGIA CLÍNICA NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA GERAL E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO PSICOLOGIA CLÍNICA NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Gracielly Oliveira, Hans Alves e Lucia Politi

Conforme Stelko-Pereira e Williams (2010) a definição de violência é difícil e não há consenso. Geralmente, as definições de violência variam de acordo com o sistema social e organizacional. Existem conceitos amplos e também os mais restritos. No entanto, nem sempre é desejável que se tenham conceitos amplos do que seja violência, porque isso pode fazer com que as agências sociais tenham que investigar muitos casos suspeitos de violência, fazendo com que os recursos para avaliar e intervir nas situações mais graves se tornem escassos.

Além disso, definições imprecisas favorecem muitas pessoas de maneira inadequada. Assim, mesmo adultos que se envolvem em relações sexuais com crianças, por exemplo, poderiam ser contra o abuso, apenas não pensam que o que fazem é abusivo. A violência, de qualquer modo, é algo inerentemente ruim e prejudicial à saúde e ao desenvolvimento humano (Stelko-Pereira & Williams, 2010).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a violência “trata-se do uso intencional de força física ou poder, em forma de ameaça ou praticada, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulta ou tem uma

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grande possibilidade de ocasionar machucados, morte, consequências psicológicas negativas, mau desenvolvimento ou privação” (apud Stelko-Pereira & Williams, 2010).

No ano de 1998, de acordo com Stelko-Pereira e Williams (2010), a OMS classifica 3 categorias de violência: auto-aflingida (contra si mesmo – ex: automutilação, suicídio), interpessoal (entre pessoas conhecidas ou não) e organizada (comportamentos violentos de grupos sociais ou políticos motivados por políticas específicas, ou por objetivos econômicos ou sociais – ex: conflitos armados, raciais, religiosos, gangues, guerras). Estas categorias estão relacionadas a quem a violência é dirigida.

Uma outra classificação possível, apontada por Stelko-Pereira e Williams (2010), é feita de acordo com o efeito para a vítima. As categorias são: violência física, psicológica, sexual e negligência.

A primeira categoria diz respeito à violência física, caracterizada por atos buscando ferir a integridade física da pessoa (como tapas, empurrões, chutes, socos, beliscões, atirar objetos, etc.). Por sua vez, a violência psicológica são ações que têm como provável consequência danos psicológicos ou emocionais a outros (como ameaças de uso de violência física contra a pessoa ou entes queridos; criar situações a fim de provocar medo; desagradar verbalmente a personalidade, crenças e atitudes da pessoa; ridicularizar ou inferiorizar os esforços da pessoa).

A categoria da violência sexual envolve atos contra a sexualidade do indivíduo (sem o consentimento do outro, acariciar, manipular genitália, mama ou ânus, realizar pornografia e exibicionismo, ter ato sexual com ou sem penetração, com ou sem uso de força física). E por fim, a violência por negligência é comumente relacionada à infância e adolescência e diz respeito a eventos (isolados ou não) em que pais ou outros cuidadores venham a falhar em prover o adequado desenvolvimento ou bem estar da criança, mesmo que não tenham condições de fazer isso, como no caso de pobreza, de pais com problemas psiquiátricos ou deficiência intelectual.

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É importante ressaltar que essa divisão é didática, mas também artificial, pois consequências emocionais negativas (como medo, ansiedade, tristeza, etc.) podem ser ocasionadas por qualquer um dos tipos de violência. O mesmo é válido para consequências físicas negativas, como sintomas psicossomáticos (como gastrite, queda de cabelos, alergias, etc.) e doenças (coração, pulmão, etc.).

Violência Contra a Mulher

Segundo Sinclair (1985), é comum termos um forte desejo em acreditar na família como sendo sempre uma entidade boa e segura e nosso lar como sendo um paraíso, um porto seguro, onde seremos amados e aceitos incondicionalmente. Esse ideal de lar e família comum em nossa cultura pode ser um dos fatores que torna tão difícil falar sobre a violência intrafamiliar, mas é necessário abrir os olhos das pessoas, pois para alguns o lar é uma prisão.

Sobre os casos de violência intrafamiliar, por mais que ocorram tanto entre o casal quanto para com as crianças, abordaremos principalmente os casos de agressão contra a mulher, uma vez que esses casos possuem índices assustadoramente altos e a violência contra a criança será tratada por outro grupo.

“A agressão à mulher caracteriza-se pela intenção do marido ou companheiro de intimidar, seja por ameaça ou pelo uso da força física à mulher ou a algo de sua propriedade. O propósito final da agressão é controlar o comportamento da mulher por meio da indução do medo. Subjacente a todo tipo de abuso está um desequilíbrio nas relações de poder entre a vítima e o agressor” (Sinclair, 1985, p. 73).

Nesse contexto, “companheiro” é entendido como o “parceiro de relações amorosas e sexuais com alguma presumida estabilidade”, sendo que esta definição abrange, portanto, “esposos, companheiros, amantes, namorados, noivos, ex-esposos,

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ex-companheiros, ex-amantes e ex-namorados” (Machado, 1998, p. 113-114 apud Williams, 2001).

Focando ainda no agressor, estudos apontam características como: o histórico de vitimização, dependência emocional da parceira, dificuldade em lidar com a autonomia da parceira, vulnerabilidade nas discussões de natureza íntima, ciúme excessivo, humor ansioso e/ou depressivo e baixa auto-estima (Padovani & Williams, 2002; Holtzworth-Munrote & Meehan, 2004; Katz, 2006; Reid e cols., 2008 apud Padovani & Williams, 2009)

O que se observa no comportamento do agressor é a presença do sentimento de culpa em seguida do episódio de agressão Essa manifestação se dá por meio de pedidos de desculpas, arrependimentos, juras de amor, oferta de presentes à parceira e afirmações de que aquela situação nunca mais acontecerá (Soares apud Padovani & Williams, 2009).

Na agressão contra as mulheres, danos são causados não só contra as próprias mulheres agredidas, mas também contra as crianças que presenciam as agressões e, por vezes, tornam-se vítimas de agressão também.

Segundo a literatura, entre as seqüelas apresentadas por mulheres agredidas pelo parceiro encontram-se: alto nível de depressão, ideação suicida, dependência de álcool ou drogas, sintomas de transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade crônica, sensação de perigo iminente, distúrbios do sono e/ou alimentação, frequentes queixas somáticas, baixa auto-estima, dificuldade de tomada de decisão e dependência em extremo (Meichenbaum, 1994 apud Williams, 2001).

Entre os efeitos na vida de crianças que presenciaram a agressão, por sua vez, pode-se citar os seguintes: agressão, uso de drogas e/ou álcool, problemas comportamentais, distúrbios de atenção, ansiedade, depressão, medo, baixa auto-estima, passividade, isolamento, transtorno de estresse pós-traumático, capacidade de solução

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de problemas limitada, problemas acadêmicos, evasão escolar e problemas somáticos (Barnett, Miller-Perrin e Perrin, 1997; Holden, Geffner e Jouriles, 1998 apud Williams, 2001).

Atendimento Psicoterapêutico

Sobre a intervenção, o psicólogo pode tanto praticar um atendimento mais pontual, com especificações e pontos já definidos, sendo de curto prazo, quanto um acompanhamento detalhado, podendo abranger a família, sendo um atendimento mais longo (Hanada, 2007). Independente do método, em geral as práticas psicológicas em casos de violência doméstica estão voltadas ao aumento e fortalecimento da auto-estima, mudança de visão acerca da condição de vítima, prática de pensar criticamente sobre os padrões de relacionamento e mudança destes padrões (Hanada, 2007).

Nesse sentido, é de responsabilidade do terapeuta trabalhar aspectos referentes ao da vitima voltar a ter interesse por outras pessoas, se esse for o caso, nem ao menos que seja para conversar; a acreditar que pode arrumar um novo companheiro(a) durante sua vida; ajudar o deslocamento da função de vitima e mostrar que alguns comportamentos antecessores à agressão poderiam ser mudados, evitados. Não é retirar a culpa do agressor, é apontar a funcionalidade de alguns comportamentos.

Ainda sobre esse aspecto, não cabe ao terapeuta à recomendação à cliente que se divorcie do seu companheiro. O máximo em que ele pode aconselhar é que ela se afaste temporariamente enquanto a situação apresente riscos à vida. Nesses casos a decisão pela separação definitiva deve partir da cliente, após a realização de uma análise criteriosa de todas as contingências envolvidas nesse ato juntamente com o Psicólogo (Williams, 2001).

Quando o agressor tem atendimento terapêutico, o objetivo incide em treiná-lo a interagir de forma não agressiva em seu relacionamento. Tendo em vista esse

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objetivo, é necessário realizar treinos de assertividade, apresentar estratégias visando o aumento da comunicação entre o casal e ensinar técnicas de relaxamento, dentre várias outras técnicas (Williams, 2001).

Referências

Hanada, H. (2007). Os psicólogos e a assistência a mulheres em situação de violência. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, SP, Brasil.

Padovani, R.C. & Williams, L.C.A. (2009). Atendimento psicológico ao homem que agride sua parceira. In: R.C. Wielenska (Org.). Sobre Comportamento e Cognição: Desafios, Soluções e Questionamentos (Vol. 24, pp. 305-313). Campinas: ESETec.

Stelko-Pereira, A. C.; Williams, L. C. A. (2010). Sobre o conceito de violência: distinções necessárias. In: Williams, L. C. A.; Rios, K.; Maia, J. M. S. Aspectos Psicológicos da Violência: Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental. (p. 41-66). Campinas: ESETEC.

Sinclair, D. (1985). Introdução à violência contra a mulher. In: Understanding Wife Assault. Toronto: Publications Ontario. Tradução de Mírian Bonomi e Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams. (cap. 03, p. 69-83).

Sinclair, D. (1985). Por que a mulher permanence em um relacionamento violento?. In: Understanding Wife Assault. Toronto: Publications Ontario. Tradução de Mírian Bonomi e Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams. (cap. 04, p. 84-91).

Williams, L. C. A. (2001). Violência doméstica: há o que fazer? In H. J. Guilhardi, M. B. B. Madi, P. P. Queiroz, & M. C. Scoz (Orgs.), Sobre comportamento e cognição: expondo a variabilidade (Vol. 7, pp. 1-12). Santo André, SP: ESETec.

Referências

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