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ORIENTAÇÕES AOS EDUCADORES E SERVIDORES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO GOIÂNIA-GOIÁS

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Academic year: 2021

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ORIENTAÇÕES

AOS EDUCADORES E SERVIDORES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO GOIÂNIA-GOIÁS

Para facilitar o entendimento acerca de questões relevantes na rede de ensino, importa esclarecer alguns pontos específicos, como a distinção entre crime e ato infracional, diferenças entre ato infracional e infração disciplinar (ato de indisciplina), bem como explicar como proceder ao procedimento disciplinar e no caso da prática de ato infracional no âmbito das escolas.

Ponto n. 1 – Distinção entre crime e ato infracional

O conceito de ato infracional é dado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que estabelece que “considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal”1.

Nesse contexto, para compreender por completo o conceito de ato infracional, faz-se necessário estudar as definições de crime e contravenção2.

Crime é toda conduta humana que atente contra a lei penal e que lese os bens jurídicos mais importantes, como a vida, a integridade física, a incolumidade pública, dignidade sexual, o patrimônio, a ordem pública, etc.

Para exemplificar, são crimes: homicídio; aborto; lesão corporal; roubo; furto; estelionato; receptação; estupro; tráfico de drogas; porte ilegal de arma de fogo.

As contravenções penais, por sua vez, referem-se a infrações menos graves. São exemplos de contravenções: perturbação do trabalho ou do sossego alheio; vias de fato; recusa de moeda de curso legal; jogo de azar; jogo do bicho; mendicância; importunação ofensiva ao pudor; embriaguez.

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Portanto, os fatos mais graves tipificados pela legislação criminal são crimes e os menos graves são considerados contravenções penais.

Em ambos casos (crimes ou contravenções) é necessária a subsunção do fato à norma. Em outras palavras, deve haver descrição precisa e completa que permita enquadrar o fato em um dos dispositivos das leis penais.

Simplificando o conceito de ato infracional dito inicialmente, pode-se dizer que os atos infracionais são os crimes e contravenções penais praticados por crianças ou adolescentes. Recebem nome diferenciado, uma vez que o tratamento também é diferenciado, conforme se verá adiante.

CRIME CONTRAVENÇAO

PENAL

ATO INFRACIONAL

Conduta humana MUITO

GRAVE que ofenda bens

jurídicos importantes.

Conduta humana MENOS

GRAVE que ofenda bens

jurídicos importantes.

São os crimes e contravenções penais praticadas por menores de

18 anos.

Ex: homicídio, roubo, furto, estupro, tráfico.

Ex: jogos de azar, perturbação do sossego.

Ponto n. 2 – Diferença entre ato infracional e infração disciplinar

Como dito, ato infracional é a conduta tipificada como crime ou contravenção penal que tenha sido praticada por uma criança ou adolescente.

Desse modo, toda infração penal, seja crime ou contravenção, corresponde a um ato infracional, quando efetuada por uma criança ou adolescente.

Por outro lado, o conceito de ato de indisciplina é ainda mais amplo.

Os atos de indisciplina consistem no descumprimento das normas fixadas pela escola. Por exemplo, desrespeitar os colegas e professores, atrapalhar o andamento das aulas. Tais condutas violam as regras de convivência, mas não obrigatoriamente estão tipificadas e descritas nas leis penais.

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Isso significa que nem todo ato de indisciplina corresponde a um ato infracional, já que a conduta praticada pelo aluno pode caracterizar indisciplina, contudo, não corresponder a uma infração penal prevista em lei.

Melhor dizendo, normalmente o ato infracional praticado na escola é um ato de indisciplina, mas nem todo ato de indisciplina é um ato infracional.

Uma ofensa a um professor, no ambiente escolar, dependendo do tipo e da forma como for proferida, pode ser simples infração disciplinar e ao mesmo tempo ato infracional análogo aos crimes contra a honra.

ATO DE INDISCIPLINA

ATO INFRACIONAL

Outra diferença entre o ato infracional e o ato de indisciplina é que o primeiro é identificável perante a legislação penal vigente, enquanto o segundo deve estar regulamentado nas normas que regem a escola, geralmente no regimento interno da instituição.

ATO DE INDISCIPLINA ATO INFRACIONAL

Descumprimento das normas fixadas pela escola por parte dos alunos.

Crimes e contravenções penais praticados por menores de dezoito anos.

Previsto no regimento interno da escola. Previsto na legislação penal. Mais amplo e menos grave. Mais restrito e mais grave. Ex: desrespeitar colegas, violar regras em

sala de aula.

Ex: ameaçar e agredir o professor (ameaça e lesão).

Sujeitam o aluno a um procedimento disciplinar no âmbito da escola.

Se praticado por criança, pode ser aplicada medida protetiva pelo Conselho Tutelar.

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A grande importância na distinção desses dois institutos é o encaminhamento que cada um terá.

Na hipótese de prática de ato infracional por uma criança, ela (menor de doze anos) se submete às medidas protetivas previstas no artigo 101 do ECA, sem qualquer espécie de privação de liberdade, como: encaminhamento aos pais ou responsáveis, orientação temporária, inclusão em programa comunitário de auxílio psicológico, devendo o caso ser encaminhado ao Conselho Tutelar, bem como instaurado procedimento disciplinar no âmbito escolar.

No caso de ato infracional praticado por criança, não se admite o encaminhamento na esfera policial e judicial.

Já o adolescente autor de ato infracional (entre doze e dezoito anos) fica sujeito a tratamento mais rigoroso, com aplicação de medidas socioeducativas como: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade, internação, além das medidas protetivas.

Neste caso, sendo necessário, é possível o encaminhamento policial ou diretamente ao Ministério Público e sucessivo encaminhamento judicial.

Para tanto, em regra, deverá ser registrado boletim de ocorrência e posteriormente o adolescente será encaminhado para audiência com o Promotor de Justiça, sem prejuízo da instauração de procedimento disciplinar na escola.

Nesse ponto, é de absoluta importância frisar que o encaminhamento à polícia e ao Ministério Público deverá ocorrer nos casos mais graves e delicados, em que a solução disciplinar não se mostrou satisfatória.

No tocante ao âmbito disciplinar, não há qualquer distinção no tratamento dado à criança e ao adolescente. Ambos se sujeitam às normas estabelecidas no regimento interno da instituição de ensino, as quais deverão ser aplicadas no próprio âmbito escolar, mediante procedimento administrativo, sem qualquer participação do Ministério Público.

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ENCAMINHAMENTOS INFRAÇÃO

DISCIPLINAR

ATO INFRACIONAL praticado por adolescente

ATO INFRACIONAL praticado por criança Crianças e adolescentes se sujeitam às normas estabelecidas no regimento interno da instituição de ensino. Sujeita o adolescente a tratamento mais rigoroso, com

aplicação de medidas socioeducativas, além das

medidas protetivas.

Submete a criança às medidas protetivas previstas no artigo 101 do ECA por parte do Conselho Tutelar.

Deve ser instaurado procedimento disciplinar no âmbito

escolar.

Deve ser instaurado procedimento disciplinar no

âmbito escolar.

Deve ser instaurado procedimento disciplinar no âmbito escolar.

Não há qualquer distinção no tratamento

dado à criança e ao adolescente.

Deverá ser registrado boletim de ocorrência e posteriormente

o adolescente será encaminhado para audiência

com o Promotor de Justiça.

Deve o caso ser encaminhado ao Conselho Tutelar. Não se admite o encaminhamento na esfera policial e judicial. É possível o encaminhamento policial ou diretamente ao Ministério Público e sucessivo

encaminhamento judicial.

Não se admite o encaminhamento na esfera policial e judicial.

Ponto n. 3 – Atos infracionais comumente praticados

É muito comum a prática de atos infracionais cuja conduta é análoga aos crimes de tráfico de drogas, porte de drogas para consumo pessoal, roubo, furto, porte ilegal de arma de fogo, lesão corporal, ameaça, calúnia, injúria, difamação, etc. Entre as contravenções, as mais comuns são as vias de fato, perturbação do sossego e perturbação da tranquilidade.

Assim, far-se-á um breve estudo sobre os principais atos cometidos.

O crime de furto, previsto no artigo 155 do Código Penal, consiste na subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem, sem qualquer violência ou grave ameaça a pessoa.

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O tráfico de drogas (artigo 33 da Lei 11.343/06) configura-se pelo porte ou guarda de droga que não seja para consumo pessoal, não se exigindo a efetiva venda da substância. Basta portar sem ter a intenção de consumo.

A lesão corporal consiste na agressão que deixa “marcas” no corpo da vítima. Se houver agressão, sem resultar marcas ou lesão, o fato não será considerado lesão corporal, mas tão somente a contravenção das vias de fato.

Os crimes contra a honra (calúnia, difamação, injúria) podem confundir-se entre si, por isso importa fazer a distinção.

Calúnia é imputar a alguém fato definido como crime. Por exemplo: “João matou Maria”, “Pedro roubou a carteira de Joana”.

Difamação consiste na imputação a alguém de fato ofensivo à reputação. Por exemplo: “João está devendo aos comerciantes da cidade”. Na difamação há descrição de um fato.

A injúria, por sua vez, configura-se com a ofensa à dignidade de alguém. Por exemplo: “João, você é um caloteiro”. Na injúria não há descrição de um fato, mas de uma qualidade negativa.

Note-se que dizer que uma pessoa é caloteira é uma injúria (qualidade) ao passo que espalhar pela cidade que essa pessoa não pagou seus credores é difamação (fato).

A ameaça também é crime. Ameaçar alguém, seja por palavra, gesto ou escrito, de causar-lhe mal injusto e grave é crime previsto no artigo 147 do Código Penal. No entanto, para configurar o crime, é necessário que a ameaça tenha sido capaz de causar medo e intimidação na vítima. Além disso, a ameaça deve gerar temor em razão de fato injusto concreto que possa ser praticado.

A perturbação da tranquilidade e do sossego também podem configurar atos infracionais, já que se tratam de contravenções penais.

Aquele que perturba a tranquilidade de alguém por motivo reprovável comete a infração prevista no artigo 65 da Lei de Contravenções Penais (LCP). Já aquele que perturba alguém ou o trabalho alheio com gritaria, algazarra, som alto, comete a contravenção prevista no artigo 42 da LCP.

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A importunação ofensiva ao pudor refere-se à contravenção praticada por aquele que, por algum motivo reprovável, desrespeita a sexualidade de outrem, mediante contato físico mais leve ou abuso que não configure estupro.

Ponto n. 4 – Procedimento disciplinar

Na hipótese de ocorrência de qualquer ato de indisciplina dentro das unidades de ensino fundamental do município, seja ato infracional ou não, deverá ser instaurado e autuado procedimento disciplinar.

Na portaria de instauração do referido procedimento, deverá constar: 1. nome e qualificação completa do adolescente responsável pelo ato; 2. nome e qualificação completa dos pais ou responsáveis;

3. resumo do ato praticado, com indicação do dia, hora, local; 4. nome das vítimas com a qualificação completa;

5. nome das testemunhas que tenham presenciado ou confirmado o ato de indisciplina.

Deverá constar, ainda, as providências de proteção realizadas pela escola, como encaminhamento a psicólogos, a assistentes sociais, ao Conselho Tutelar ou aos programas de proteção.

Após a instauração do processo, os pais e responsáveis deverão ser notificados por escrito, devendo-se dar ao aluno e seu representante oportunidade de defesa, em prazo não inferior a 5 dias, além da produção de provas.

Encerrada a instrução do procedimento administrativo disciplinar, antes do julgamento e aplicação da sanção, poderá a escola buscar a realização de relatório elaborado por psicóloga ou assistente social ou professor ou equipe multidisciplinar, no qual deverá constar sugestão da sanção a ser aplicada ao adolescente.

Em casos graves, já tendo havido tentativa de aplicação de medida nas escolas, poderá ser dispensada a sanção disciplinar nos casos em que tenha havido aplicação de medida de proteção ou medida socioeducativa em audiência de apresentação na Promotoria.

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Ponto n. 5 – Encaminhamento ao Ministério Público

O encaminhamento ao Ministério Público deverá ser medida subsidiária, possível de ser aplicada aos adolescentes autores de ato infracional, desde que comprovadamente inviável a solução no âmbito escolar, em procedimentos disciplinares já instaurados, ou desde que se trate de ato infracional grave, que dependa da aplicação de medidas socioeducativas para responsabilização do adolescente.

No caso de ato infracional praticado por crianças, o encaminhamento só pode ser feito ao Conselho Tutelar, para que aplique as medidas de proteção da Lei 8.069/90 (ECA), havendo expressa vedação legal para aplicação de medidas pelo Ministério Público em procedimento judicial.

Em ordem cronológica, portanto, tratando-se de ato infracional grave ou reiterado, deverá a escola imediatamente instaurar procedimento disciplinar, colhendo as provas necessárias para comprovar o fato ocorrido.

Após a instauração de procedimento disciplinar, deverá o fato ser comunicado à Polícia Civil e encaminhado ao Ministério Público para atendimento em audiência de apresentação.

Entre as medidas que podem ser aplicadas estão: advertência, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida e internação.

Ponto n. 6 – Conflito nas relações interpessoais envolvendo pais e servidores.

No âmbito escolar é comum a ocorrência de conflitos envolvendo pais/responsáveis e servidores das escolas que, em diversos casos, culminam na prática de atos ilícitos, ou seja, atos contrários à norma, seja ela a lei, o regimento escolar, ou qualquer outra regulamentação válida.

Esses casos podem ocasionar implicações em diferentes esferas: administrativa, cível e criminal, a depender de qual foi a norma violada. É importantíssimo destacar que são áreas autônomas, ou seja, o fato pode determinar a responsabilização em cada uma delas simultaneamente.

Contudo, os pais/responsáveis dos alunos, por não possuírem vínculo de subordinação com a escola, ou seja, por não fazerem parte do quadro de funcionários, não estão sujeitos à medidas administrativas. Dessa forma, responderão apenas cível e criminalmente.

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Para esclarecer a situação, imaginemos que o pai de determinado aluno dirija-se à sala de aula e ofenda o professor de seu filho. Nesse caso, a depender da gravidade do fato, o ofendido pode ajuizar ação de danos morais contra o ofensor, para receber uma compensação financeira pelo eventual dano sofrido e, ainda, representar ao Ministério Público ou à Delegacia de Polícia, a fim de que seja registrada ocorrência ou proposta ação penal, para condenar criminalmente o autor da ofensa. As penas criminais podem ser restritivas de direitos (ex.: prestação de serviços à comunidade) ou privativas de liberdade (prisão).

Por outro lado, utilizando o mesmo exemplo, caso o professor ofenda o aluno ou seus pais, além das medidas cível e criminal mencionadas, na qualidade de servidor público, responderá perante a Administração Pública, através de procedimento administrativo disciplinar, a ser instaurado pelo órgão ao qual estiver vinculado, podendo receber sanções como advertência, suspensão, destituição de mandato, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, dentre outras.

O que importa esclarecer é que, independentemente de quem seja a vítima do ato ilegal praticado, os professores e funcionários da escola sempre responderão administrativa, cível e criminalmente. Já os pais, apenas cível e criminalmente.

Por fim, é importante lembrar que conflitos entre professores ou demais trabalhadores da educação, por serem ambos servidores públicos, importarão em consequências nas três esferas, a depender o fato ocorrido, sendo sempre imprescindível a instauração de procedimento administrativo disciplinar por parte do órgão responsável.

PROFESSORES E DEMAIS FUNCIONÁRIOS DA ESCOLA

PAIS OU RESPONSÁVEIS PELOS ALUNOS

Respondem administrativa, cível e criminalmente;

Procedimento disciplinar prévio obrigatório para sanções de cunho administrativo;

Procedimento judicial para aplicação de sanções de natureza penal e cível (indenização).

Respondem apenas cível e criminalmente; Procedimento judicial para aplicação de sanções

de natureza penal e cível (indenização).

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Ponto n.07 - Conclusão

Após esta breve explanação, é importante ressaltar que as consequências dos conflitos interpessoais na escola podem trazer importantes prejuízos para toda a comunidade escolar. No ambiente escolar, mais do que em qualquer outro ambiente, é imprescindível que se estimule e pratique a solução pacífica dos conflitos, por meio do diálogo, da composição e do entendimento mútuo, visando um resultado definitivo e positivo para ambas as partes.

Criar mecanismos para a cultura da paz nas escolas é um desafio enriquecedor e que demanda engajamento de todos os envolvidos, dos alunos aos servidores, com a participação efetiva da família na comunidade escolar.

Referências

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