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Análise, Concepção e dimensionamento
Conceito:
• Os reservatórios são obras que se destinam normalmente a conter líquidos e gases. Os objectivos deste armazenamento são de natureza diversa.
Alguns exemplos:
• depósitos de água, tanques em estações de tratamento, cubas de vinho, depósitos de gasolina
Nervura de contorno (h <0.10m) Torre de suporte Paredes Cobertura Laje de fundo h
Componentes
• Os reservatórios, como o resto das estruturas, têm de satisfazer exigências quer em termos de:
• Segurança estrutural:
• Funcionalidade:
• Resistência dos elementos estruturais • Estabilidade global da estrutura
• Controle de assentamentos do terreno de fundação • Durabilidade
• Estanquidade
• As acções a que estão sujeitos são de dois tipos: • Acções directas:
Peso próprio Sobrecargas
Pressão do líquido
Impulsos do terreno exterior Acção sísmica
• Deformações impostas:
Variações de temperatura Retracção do betão
• Os reservatórios podem ser classificados sob diversos pontos de vista: • Quanto a Função:
• depósitos de água potável, • piscinas,
• tanques de rega,
• tanques de estação de tratamento, • cubas de vinho e azeite,
• depósito de combustível e gás…. • Quanto ao Material:
• betão armado com ou sem a utilização de pré-esforço, aço….
Classificação
• Quanto a Posição em relação ao solo: • apoiados no terreno,
• semi-enterrados, • enterrados,
• elevados, sobre edifícios.
Exigência de estanquidade:
• Classe 0 – é aceitável permitir alguma permeabilidade
• Classe 1 – é exigida a estanquidade em termos globais (wk ≤ 0.1 a 0.2 mm)
• Classe 2 – é exigida a estanquidade em termos absolutos
(não são permitidas fissuras que atravessem a toda a espessura da parede (material interior: membrana) • Quanto a Geometria do depósito:
• circulares cilíndricos, cónicos, esféricos, quadrados ou rectangulares, forma irregular.
• Quanto ao Tipo de cobertura: abertos ou descobertos, cobertos.
• Quanto a Compartimentação: simples, múltiplos (a), com vários níveis e simples (b), com vários níveis e múltiplos (c).
(a) (b) (c)
Reservatório cónico elevado Reservatório metálico apoiado
Reservatório em BA semi-enterrado
Classificação
• Os depósitos de água integrados em redes de distribuição constituem o exemplo mais comum de reservatórios:
a) Localização do depósito
• Os depósitos térreos apresentam algumas vantagens em relação aos depósitos elevados, nomeadamente:
• Menor custo de construção, para uma mesma capacidade;
• Maior facilidade de inspecção, de exploração e de ampliação a longo prazo; • Menor impacto paisagístico;
• A opção por um depósito elevado provém, na maior parte dos casos, da adversidade das condições topográficas não permitirem um fornecimento, em condições, de carga a rede de distribuição através dum depósito térreo.
b) Capacidade
• Na concepção do projecto, uma das primeiras coisas que é preciso definir é a sua capacidade. Um reservatório é considerado pequeno se a sua capacidade for menor de 500 m3, grande se for maior de 5000
m3, e médio se estiver entre estes dois valores.
c) Finalidade
• Os reservatórios de água potável devem ser cobertos para evitar a contaminação da água e devem ser dotados dum sistema de ventilação. Em depósitos enterrados é possível colocar uma camada de terra, apesar de se ter cuidado com a sobrecarga daí resultante.
d) Compartimentação
• A utilização de várias células garante a ininterrupção do abastecimento enquanto se procede a operações de limpeza numa célula.
e) Geometria do reservatório
• Para reservatórios com uma mesma capacidade, ou seja, uma mesma área em planta e uma mesma altura, quanto menor for o perímetro, menores serão as quantidades necessárias de cofragem, de área a impermeabilizar e, provavelmente de volume de betão a utilizar. Logo este é um facto a ter em conta quando se escolhe um reservatório rectangular ou circular.
e.1) Laje do fundo
Em reservatórios enterrados ou ao nível do solo, a laje de fundo é habitualmente uma laje maciça assente sobre uma camada de regularização em betão pobre, com cerca de 10 cm de espessura.
A solução mais usual a utilizar é em laje maciça que pode ser de espessura constante ou variável. Caso o volume de betão seja considerável é costume diminuir a espessura da laje na sua zona central.
e.1) Laje do fundo
• A ligação da zona central à zona mais próxima da parede pode ser monolítica ou através duma junta. Neste caso, a zona da laje sob a parede corresponde a uma sapata de fundação e, em reservatórios rectangulares, a parede funciona então como um muro de suporte, apoiada no topo ou em consola consoante exista ou não um elemento estrutural de cobertura solidário com a parede.
• A localização da junta deve ser tal que não comprometa as verificações de estabilidade (derrubamento e deslizamento) e do nível máximo de tensões no terreno.
e.1) Laje do fundo
• Acções intervenientes nas verificações: impulso hidrostático, os pesos próprios da sapata, da parede e eventualmente da cobertura, e o peso do volume de água sobre a sapata.
• Nos reservatórios de grandes dimensões é possível dividir a laje de fundo em vários painéis ligados entre si por juntas flexíveis.
• Esta solução é utilizada quando existe probabilidades do terreno de fundação apresentar assentamentos diferenciais significativos.
e.1) Laje do fundo - Efeito do nível freático exterior
• Reservatório enterrado
• Verificar a situação do depósito vazio, com a posição do nível freático exterior acima do nível de fundação.
• Verificar-se que o peso da estrutura é superior a impulsão da água.
• Dimensionar armaduras para a colocar nas fibras opostas.
• Nestes casos é aconselhável conceber um sistema de drenagem que evite a subida do nível freático
• Paredes simples – espessura constante ou variável em altura (h < 3.0 m) • Paredes apoiadas em contrafortes – exteriores ou interiores
f) Paredes exterior - tipos
• Impulso hidrostático
• Impulso do terreno lateral no caso de reservatórios enterrados
f.1) Paredes exterior - acções
Contrafortes Contrafortes: Contrafortes Solução económica para reservatórios rectangulares de maior altura
Aspectos da concepção
f.2) Paredes exterior
• Em reservatórios circulares utiliza-se por vezes um pré-esforço axial horizontal na parede para anular as tracções que se geram devido a pressão hidrostática.
Reservatório circular pré-esforçado de paredes pré-fabricadas
Aspectos da concepção
g) Ligação Parede – Laje do Fundo
• Rígida • Articulada
• Em ambos os casos, é aconselhável dispor de esquadros na ligação com o objectivo de dificultar a deposição de resíduos e favorecer as
operações de limpeza. Esquadro Ligação rígida Ligação articulada (reservatórios circulares)
Aspectos da concepção
g) Cobertura -
soluções
• Laje maciça• Laje vigada
• Laje nervurada e/ou Utilização de pré-lajes
• Nos grandes reservatórios, a colocação da cobertura obriga à existência de pilares de suporte interiores cujas fundações ficam embebidas na laje do fundo (solos pouco deformavéis) ou isoladas (solos deformavéis).
h) Ligação Parede - Cobertura
• Reservatórios pequenos – ligação rígida • Grandes reservatórios:
-Parede articulada na cobertura - Parede com junta deslizante
- Parede particularmente deslizante
Aspectos da concepção
Reservatórios elevados
• A torre dum reservatório elevado pode ser constituída por uma estrutura porticada - geralmente um conjunto de pilares travados horizontalmente a diversos níveis - ou por um fuste único. Neste último caso, podem referir-se as referir-seguintes variantes:
• Fuste liso, com espessura constante ou variável; Fuste com nervuras verticais: Fuste com nervuras horizontais
• O projecto deve assegurar:
• improbabilidade de derrubamento e de rotura dos elementos estruturais
• estanquidade seja a maior possível • níveis aceitáveis de durabilidade
• Funções essenciais de um reservatório:
• Suportar em segurança as várias combinações de carga • Estanquidade
a) Estabilidade e Flutuação
• Verificar a segurança ao derrubamento e deslizamento - estabilidade
• O peso da estrutura deve ser superior à impulsão da água (P > 1.1p´) -Flutuação
b) Assentamentos
• Assentamentos diferenciais – solução: 1. Introdução de juntas flexíveis
2. Utilização de estacas nas fundações 3. Substituição de terrenos
c) Durabilidade
Está relacionada com:
1. Deterioração do betão 2. Corrosão das armaduras 3. Deterioração dos materiais
das juntas
Causas
i. Acção dos líquidos e terrenos envolventes ii. Perda de impermeabilidade
iii. Ocorrência de fendilhação
i. Acção dos líquidos e terrenos Envolventes
• Os vários elementos estruturais dos reservatórios estão sujeitos a ambientes específicos:
• Interior da cobertura: ambiente com sucessivas condensações e evaporações
• Interior das paredes e o fundo: permanente contacto com o líquido; • Parte das paredes estão sujeitas a uma alternância de
contacto/ausência de contacto com o líquido • Torres dos depósitos: contacto com o ar
ii. Perda de impermeabilização
• Um betão permeável permite o repasse, acelera a corrosão do aço e oferece pouca resistência a ataques químicos dos terrenos e/ou líquidos.
• Solução:
• relação água/cimento (<0.5) • aditivos impermeabilizantes
iii. Ocorrência de Fendilhação -
Causas
a) Retração ou assentamento do betão jovem
b) Temperatura do calor de hidratação no betão jovem
c) Retracção e efeitos térmicos ao longo da vida da estrutura d) Esforços resultantes das acções sobre a estrutura
e) Variação do volume no betão em resultado do ataque físico ou químico dos materiais
Solução:
• dimensionar armadura que garanta os níveis de fendilhação exigidos para cada elemento estrutural em função do seu ambiente
1. Cargas permanentes
• Peso próprio dos elementos estruturais • Impulso do terreno, Impulso dos líquidos
• O impulso dos líquidos é função do seu peso específico:
Líquido kN/m3 Vinho 9.5 a 10.0 Cerveja 10.2 a 10.4 Betume 11.0 a 13.0 Gasolina 7.5 a 8.1 Água potável 10.0 Água do mar 10.2 a 10.3 Água poluída 10.5 a 11.0 Álcool 7.8 a 8.2 Leite 10.3
2. Sobrecargas
• As sobrecargas nos pavimentos, escadas, etc, são as definidas no RSA, em função da utilização do espaço
3. Acções térmicas
• Variações uniformes de temperatura - RSA • Variações diferenciais de temperatura
4. Retracção –
REBAP (Anexo I)
5. Acção do vento
6. Acção do sismo
• Métodos analíticos simplificados • Métodos numéricos
1. Reservatórios no Solo ou Enterrados
1.1 Métodos Simplificados
a) Paredes Verticais
• Reservatórios de pequenas dimensões: a análise é feita como se de uma laje se trata-se sujeita às acções exteriores (em geral cargas triangulares)
b) Laje do Fundo
• Os esforços resultantes dos efeitos das paredes verticais podem ser obtidos simplificadamente.
Esforços nas paredes e cobertura
Métodos de analise
8Q/(B.L) 6Q/(B.L) 6Q/(B.L) 4Q/(B.L) 4Q/(B.L) 2Q/(B.L)
Esforços na laje de fundo
Métodos de analise
c) Cobertura
• Analisada como uma laje, pelos processos clássicos. No caso desta estar rigidamente ligada às paredes, o conjunto total da estrutura do reservatório pode ser analisado como um quadro fechado
2. Reservatórios Cilíndricos
• Nas paredes destes reservatórios geram momentos flectores verticais e esforços axiais transversais
2. Reservatórios Cilíndricos
• Métodos numéricos
• Análise em Grelha plana – particularmente recomendada para
analisar a laje do fundo • Métodos simplificados
• Ábacos – Para a determinação do momento de encastramento e o
esforço de tracção nas paredes