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Hipnose e Auto-hipnose

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Academic year: 2021

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Hipnose e Auto-hipnose

Através de exercícios simples de auto-hipnose, você pode melhorar a concentração, a memória, corrigir maus hábitos e se libertar dos medos que prejudicam a aprendizagem. Tudo muito simples e fácil.

Nosso consciente - onde mora a razão - constitui apenas um quinto da nossa existência. A hipnose e a auto-hipnose, cuja origem, de tão antiga chega até mesmo a ser desconhecida, têm permitido que milhões de pessoas no mundo inteiro achem diariamente o caminho para os quatro quintos restantes. E quem pode negar que estes quatro quintos não são exatamente os mais interessantes?

De nossa parte, pretendemos aqui apresentar aos leitores uma visão bem objetiva sobre este assunto tão fascinante, traduzindo da forma mais didática possível alguns princípios universais desta prática que PODE TRAZER BENEFÍCIOS INCALCULÁVEIS para qualquer pessoa. Cabe ressaltar, entretanto, que no Brasil a prática da hipnose é regulamentada por decreto sendo seu exercício profissional restrito aos profissionais médicos. Não há, todavia, qualquer restrição legal ou médica para a prática da auto-hipnose, que chega a ser recomendada por psiquiatras, clínicos e psicólogos, como terapia coadjuvante em diversas patologias, tais como:

1 - Dores de cabeça crônicas de natureza conhecida ou não 2 - Dores de estômago

3 - Dores dos ovários

4 - Dores reumáticas e nevrálgicas 5 - Insônia

6 - Perturbações histéricas (principalmente paralisias das extremidades e afonia - perda da voz) 7 - Distúrbios da menstruação

8 - Sonambulismo espontâneo 9 - Sonhos aflitos

10 - Perda assintomática do apetite 11 - Alcoolismo

12 - Distúrbios da fala, principalmente a gagueira 13 - Perturbações nervosas da vista

14 - Zumbido nos ouvidos

15 - Agorafobia (medo de ficar em grandes lugares abertos e lugares públicos) 16 - Cãimbras

17 - Distúrbios da aprendizagem

18 - Maus hábitos (como roer unhas, por exemplo) 19 - Ansiedade

20 - Perda da capacidade de concentração etc.

Como você pode ver, as possibilidades das técnicas hipnoterápicas são imensas. Particularmente no que diz respeito à "aprendizagem" os resultados chegam a ser impressionantes. Através de um relaxamento bem feito e formulações apropriadas, pode-se em curto espaço de tempo:

1) Desenvolver a capacidade criativa 2) Melhorar substancialmente a memória

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3) Aumentar a auto-estima

4) Corrigir maus hábitos (como a gula, que leva à obesidade)

5) Obter um sono reparador (que é fundamental para a aprendizagem) 6) Vencer a timidez

7) Vencer determinados medos (até mesmo a síndrome do pânico) 8) Acabar com a ansiedade ou reduzi-la a níveis aceitáveis

9) Corrigir erros de postura 10) Melhorar o raciocínio etc.

Para melhor compreensão do assunto, dividimos o capítulo em duas sessões:

a) Hipnose, onde apresentamos uma visão geral sobre o tema e também algumas técnicas reconhecidamente eficazes para a indução do transe hipnótico. Esta sessão, contudo, tem somente caráter informativo. Nosso objetivo é unicamente mostrar ao leitor que hipnotismo é uma ciência e que, como tal, é aceita e vem servindo como terapia coadjuvante para os mais diversos males, em todo o mundo.

b) Auto-hipnose, onde apresentamos, dentre outros assuntos, uma técnica eficaz de relaxamento, ensinamos como auto-induzir-se hipnoticamente e mostramos como devem ser feitas as formulações pós-hipnóticas. Com certeza, a aprendizagem destes conhecimentos serão de grande utilidade para você. Boa sorte!

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O QUE É HIPNOSE

A hipnose é uma técnica de indução do transe (que é um estado de relaxamento semi-consciente) com manutenção do contato sensorial do paciente com o ambiente.

O transe é induzido de modo gradual e por etapas, através da fadiga sensorial, que geralmente é provocada pela voz calma, monótona, rítmica e persistente do hipnotizador, e muitas vezes aliada a recursos óticos (pêndulos, luzes etc) que visam cansar os órgãos da visão do paciente. Quando o transe se instala, a sugestibilidade do paciente é aumentada. A hipnose leva então à várias alterações da percepção sensorial, das funções intelectuais superiores, exacerbação da memória (hiperamnésia), da atenção e das funções motoras. Estabelece-se um estado de alteração de estado da consciência, um tipo de estado que simula o sono, mas não o é (lembramos que a pessoa não “dorme” na hipnose): o eletroencefalograma (EEG) do paciente sob hipnose é de vigília, e não de sono.

Não se sabe ainda concretamente como a hipnose altera as funções cerebrais da pessoa. Uma das teorias mais aceitas é que ela afetaria os mecanismos da atenção, em uma parte do cérebro chamada substância reticular ascendente (SRA), localizada na sua parte mais basal (tronco cerebral). Essa área, que também tem muitas funções relacionadas ao sono, ao estado de alerta e à percepção sensorial, “bombardeia” o cérebro continuamente com estímulos provenientes dos órgãos dos sentidos, provocando excitação geral. A inibição da SRA leva aos estados de sonolência e “desligamento” sensorial. Pode-se afirmar também que a sensibilidade à hipnose é mais ou menos geral; 90% das pessoas são hipnotizáveis.

Quem é hipnotizável?

Para responder a esta pergunta, Ochorowicz inventou (ainda no século XIX) um instrumento especial - o hipnoscópio - que nada mais é do que um ímã(*), em forma de anel, que a pessoa a ser examinada põe no dedo. Para o inventor, as pessoas hipnotizáveis experimentam certas sensações na pele e contrações nos músculos, enquanto nada acontece se a pessoa não é hipnotizável. Pesquisas de outros investigadores, entretanto, não confirmaram completamente a teoria de Ochorowicz.

Comprovou-se também que os neurastênicos, os hitéricos e os debilitados não são muito dispostos à hipnose. A histeria, particularmente, não se adapta ao hipnotismo; a histeria comum, com suas variáveis manifestações de dor de cabeça e a sensação de uma bola na garganta, combinadas com o desejo de ser interessante e de exagerar os sofrimentos suportados, dá muito pouca disposição à hipnose. O espírito de contradição, muito desenvolvido nas pessoas histéricas, contribui para isso. A noção errônea de que os pacientes histéricos, ou neurastênicos, são particularmente susceptíveis ao fenômeno, resulta do fato de que a maioria dos médicos têm feito somente experiências com eles, ainda seguindo as idéias de Mesmer sobre o magnetismo animal. A realidade, entretanto, aponta para outro lado.

Outro fato que merece registro é a notável susceptibilidade dos pacientes tuberculosos. No que se refere a inteligência, as pessoas inteligentes são mais facilmente hipnotizáveis do que as obtusas e estúpidas. A excitação mental dificulta a hipnose. Observações feitas por Wetterstrand e Ringer, particularmente, comprovaram que certos indivíduos são ocasionalmente refratários à hipnose e que isso pode estar relacionado à excitação mental. Por outro lado, considera-se um engano completo dizer que a disposição para a hipnose seja um sinal de fraqueza de vontade. Sem dúvida, a capacidade de manter um estado passivo tem efeito satisfatório, e isso, ao contrário, é mais um indício de força do que de fraqueza de vontade. Esta capacidade de dar aos pensamentos uma direção definida é, em parte, uma questão de hábito e, muitas vezes, uma questão de vontade. Ao contrárioo, aqueles que não têm possibilidade de fixar sua atenção, são dispersivos, que sofrem de contínua distração de espírito, dificilmente podem ser hipnotizados. A disposição à hipnose também não é muito comum entre as pessoas facilmente impressionáveis, diferentemente do que se poderia supor. Sabe-se bem que algumas pessoas influenciáveis sob muitos aspectos, principalmente por coisas insignificantes, oferecem muita resistência ao hipnotismo.

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Quanto à idade, crianças menores de três anos não podem absolutamente serem hipnotizadas, e mesmo até as de sete ou oito anos, só o são com muita dificuldade. Já a idade avançada não é, de modo algum, refratária à hipnose. Segundo Liebault, após a hipnose, as pessoas mais idosas muitas vezes se lembram mais de tudo o que aconteceu do que as mais jovens.

(*) Muitos autores, ao longo dos séculos, referiram-se aos poderes extraordinários dos ímãs. Os Magos do Oriente usavam-no para curar moléstias e os chineses e hindus usaram-no com o mesmo propósito. Alberto Magno, no século XIII, Paracelso, Don Helmart e Kercher também o empregaram, assim como o astrônomo e jesuíta Hell, em Viena, no fim do século XVIII. Também o conceituado médico britânico Dr. Reil empregou o ímã terapeuticamente. Riechenbach, em 1845, afirmou que algumas pessoas sensíveis tinham reações peculiares quando em contato com um ímã, relatando inclusive, que muitas diziam ver uma luz diferente, batizada por ele por “Estranha Luz”.

Nota: É sabido que o fenômeno da hipnose existia já há muitos milênios. Nas muralhas dos templos dedicados à deusa egípcia Ísis, vêem-se pessoas concentradas em oração, que estão, indisfarçavelmente, em estado de transe. Na velha Mesopotâmia, os sacerdotes hipnotizavam as donzelas, para investigarem coisas do futuro. As sacerdotisas do Oráculo de Delfos vaticinavam em hipnose, a que eram induzidas pela inalação de vapores. O sono no templo, na Grécia de Asclepíades, não era outra coisa senão hipnose, só que de uma forma diferente. Os médicos hindus também trabalhavam com hipnose, aliás, foi exatamente na Índia que se desenvolveram, antecipadamente, técnicas de concentração através do estado hipnótico.

Método de indução do transe hipnótico

(segundo Strosberg)

O exercício abaixo foi sugerido pelo Dr. I. M. Strosberg, em artigo publicado pela revista Hypnosis Techniques (International Journal of Psychosomatics - 1989).

Depois de acomodar confortavelmente o paciente, deve-se repetir as seguintes palavras, em tom baixo de voz e o mais monotônico possível:

“Se você me ouvir e tentar fazer o que eu digo, eu lhe mostrarei como você pode melhorar seu relaxamento. Isto o ajudará a ficar muito mais confortável e vai eliminar o desconforto ou a dor que você está sentindo. Permaneça tão confortável quanto possível. Agora faça uma respiração profunda. Inale profundamente e exale lentamente deixando seu corpo o mais relaxado possível. Feche seus olhos e mantenha-os fechados. (Pausa). Ainda com os olhos fechados faça-os girar para cima, para baixo e para os lados. Isso. Mais uma vez. Deixe os músculos de seus olhos ficarem completamente relaxados, tão relaxados que eles deixam de trabalhar. Ótimo. (Pausa). Neste momento eu lhe pedirei para fazer um teste. O teste é para descobrir o quão relaxados estão os músculos de seus olhos. Quando você fizer esse teste não abra seus olhos só para mostrar-me que você pode abri-los. Eu sei que você pode. O teste é apenas para provar a você mesmo que você está tão relaxado que seus olhos não funcionarão, mesmo quando você tenta fazê-los funcionar. Quando você sentir que eles estão muito relaxados, pode testá-los, e você vai perceber que eles estão paralisados, como se estivessem grudados. (Pausa). Agora, se você estiver completamente relaxado, e pronto para o teste, pode tentar.”

OBS: Este é um duplo cego para o paciente. Se ele abrir os olhos você saberá que ele não está relaxado. Se ele não abrir os olhos você poder observar suas pálpebras tremerem (catalepsia). Continuando...

“Isso é ótimo. Mais uma vez, faça seus olhos girarem para cima, para baixo e para os lados. Isso. Agora gire seus olhos para baixo e deixe seu corpo todo relaxar. Tome essa sensação agradável de relaxamento que

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está em seus olhos e a leve para o resto de seu corpo, do topo de sua cabeça até as pontas de seus dedos dos pés. Esta é uma sensação muito agradável.

O relaxamento pode significar várias coisas para pessoas diferentes. Para algumas relaxar é sentir-se pesado e afundar numa cama confortável. Outras pessoas sentem-se leves como uma pluma, como se flutuassem. Você sente-se pesado? Apenas acene. Ou você sente leveza, como se estivesse num tapete mágico? Apenas acene. Agora pense num lugar agradável, pode ser real ou imaginário. Um lugar de calma, paz, serenidade, tranquilidade, seu próprio lugar. Seu lugar secreto especial. Comece a se sentir ainda melhor. Sinta a temperatura... veja as cores... ouça os sons...sinta os cheiros...Sinta o seu lugar especial. (Pausa). Fique assim por um tempo. Daqui há pouco você vai despertar. Eu vou contar lentamente até 5, e você vai sentir a excitação aumentar a cada número. Quando eu disser 5 você estar totalmente acordado e continuará sentindo-se bem. Tudo voltará ao normal. 1...2...3...4...5

Este exercício não implica risco para o paciente e permite resultados bastante animadores já nas primeiras experiências. É recomendável ao iniciantes, contudo, não proceder duas tentativas seguidas com o mesmo paciente. A frustração de uma primeira tentativa pode inibir ou gerar um certo clima de desconfiança entre as partes e que resultará, quase sempre, na ineficácia de um procedimento seguinte.

Nota importante: Não é apenas o bisturi do cirurgião, a corrente elétrica do cérebro ou um droga química que podem provocar alterações em nossas funções somáticas. Estimulando-se, física ou quimicamente, o hipotálamo, ocorre imediatamente o aumento da pressão sangüínea. Quando, entretanto, nos encontramos em perigo real (ou imaginário), a pressão também pode subir; basta que imaginemos, vivamente, estar em condição de grande perigo para aque ela suba perigosamente.

Portanto, “não apenas intervenções químicas ou físicas alteram nosso consciente e subconsciente. Até a imaginação pode fazer isto.” Assim sendo, ninguém deve se surpreender quando ouvir dizer que, durante a hipnose ou auto-hipnose são manifestadas alterações do suco gástrico, alterações do pulso, do ritmo respiratório etc., se houver o correspondente estímulo.

Podemos, através de medicamentos, influenciar a região cerebral do sono e assim dormir. Mas podemos também provocar o centro cerebral do sono pela sugestão e adormecer. Injetando-se água estilada num paciente e dizendo-lhe que dormirá dentro de poucos minutos porque tal injeção era um forte soporífero, em pouco tempo começará a bocejar e logo irá dormir. É por isso que a imaginação negativa, como o medo justificado ou não, pode provocar doença. Ao contrário, sentimentos positivos como confiança nas forças de auto-defesa do organismo ou uma sólida esperança no restabelecimento da saúde ativam a capacidade de resistência e podem levar a uma “cura pelo poder da mente”. Nada sobrenatural. Apenas... natureza.

As hipnoterapias

(o hipnotismo nas moléstias)

Diversas moléstias podem ser curadas ou aliviadas, simplesmente, fazendo-se crer ao paciente que ele em breve estará melhor ou até mesmo curado. A literatura médica está repleta de casos assim onde esse tipo de influência foi decisivo para o restabelecimento da saúde, seja ela física ou psicológica. Também na Educação este princípio é aplicável; fazendo-se crer ao estudante que ele estará competente e criativo, certamente ele assim reagirá e os resultados serão quase que imediatos.

Esta influência mental tem sido usada, sempre com muito êxito, desde os tempos mais remotos. O sono no templo dos antigos gregos e egípcios era um meio de facilitar o efeito da sugestão; os doentes eram postos a dormir no templo, e em sonho, o deus dizia o que deveria curá-los. Mais recentemente encontramos o caso do famoso Greatrakes, cujas curas causaram espanto em toda a Inglaterra no século XVII, e o caso de

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Gassner, o exorcista, no fim do século XVIII que realizava proezas fantásticas, atribuindo-se poderes milagrosos de cura.

Entre outros realizadores de prodígios, podemos citar Prince Hohenohe, um padre católico que no começo do século passado despertou a curiosidade nos meios científico e religioso por suas curas na região da Baviera. Os mesmeristas (seguidores de Mesmer) supunham que ele fosse uma dessas pessoas que possuem um poder peculiar, enquanto, por outro lado, a fé religiosa era dada como explicação para as curas. Uma escola de mesmeristas, a de M.Barbarin, sustentava que a influência era de natureza puramente espiritual, e que o meio certo de produzir o sono era orar à beira da cama do paciente. Foi esta, inclusive, a origem da “Ciência Cristã” tão popular nos Estados Unidos.

A “Ciência Cristã” é um sistema religioso fundado por Mary Baker Eddy, em 1866, baseado na Bíblia, e que afirma que todas as causas e efeitos são mentais, e que o pecado, a doença e a morte perdem o sentido de ser pela compreensão do Princípio Divino dos ensinamentos e das curas praticadas por Jesus Cristo. A “Ciência Cristã”, de caráter puramente religioso, traz no seu princípio as mesmas idéias sobre cura por sugestão que encontramos, por exemplo, nos relatos de Gassner. (Ninguém que leia estes relatos duvida que Gassner e diversos outros hipnotizadores tiveram mais êxito do que muitos médicos na cura dos seus pacientes.)

É possível que muitas dessas moléstias tratadas e curadas por Gassner ou por Mary Baker Eddy fossem de natureza histérica, mas houve muitas outras das mais diferentes origens e obtiveram resultados satisfatórios. Sabemos que grande parte das pessoas tratadas por Gassner não tiveram bons resultados no tratamento médico usual, e por isso procuraram essa alternativa. Para que a sugestão seja eficaz e redunde em resultados positivos, é fundamental que paciente creia firmemente que será curado. Essa crença deve ser incutida nele pelo hipnotizador e este, com certeza, é ponto crucial da questão: como incutir esta crença seguramente?

Qualquer enfermo que vá a Lourdes, a Fátima, a Aparecida ou a Juazeiro do Norte, com a crença convicta de que será curado, e cuja expectativa haja sido redobrada pelos relatos de outros, conseguirá um resultado inteiramente diferente do indivíduo que vai sem fé. É claro que não estou aqui, evidentemente, para impor limites às graças de Deus nem para encontrar justificativas para sua misericórdia, porém os relatos que nos chegam aos ouvidos apontam sempre para esta verdade: é a fé promove a cura.

Nem sempre é possível a um médico impor a crença de seu poder pessoal, conquanto seja a fé que seu paciente nele deposite. O hipnotismo é um meio para atingir este fim, a despeito da oposição. E isso, em grande parte, devemos a Limbault; foi ele o primeiro a empregar a sugestão, metodicamente, no tratamento das moléstias.

A dificuldade para se julgar o valor curativo da hipnose torna-se ainda maior devido à vaga definição do quem vem a ser “sugestão hipnótica”. Muitas pessoas se opõem ao tratamento hipnótico sugestivo por desconhecerem que hipnotismo e sugestão podem ser fundidos, gradualmente, num assunto único. Além do mais, há ainda o medo provocado pela idéia de que hipnose é algo perigoso, quando, na realidade, sabemos que esta prática, tomados os devidos cuidados, é absolutamente saudável e sem riscos de qualquer seqüela. Quem já viu a diferença entre um indivíduo que recebeu uma sugestão excitante e um que recebeu uma excitação calmante, concordará que tanto se pode fazer bem de um modo como mal de outro. Mas este risco é o mesmo que qualquer pessoa corre num tratamento médico convencional. Ou alguém desconhece o fato de pacientes que passaram muito mal despois de tomarem determinados remédios prescritos por médicos?

Voltando aos objetivos educacionais possíveis de serem atingidos pela hipnose, cabe lembrar que não foi à toa que Georgi Lozanov denominou sugestopedia à sua técnica de aprendizagem acelerada. Na verdade, antes de qualquer propósito, Lozanov incutia nos seus alunos que "eles eram capazes de aprender muito mais e num espaço de tempo muito menor". Convictos desta "verdade", seus alunos ficavam prontos para receber uma quantidade maior de informações e armazená-las de forma eficiente na memória. E, de fato, conseguiam.

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AUTO-HIPNOSE

Vencendo as próprias barreiras

Hoje em dia, ninguém mais duvida que o estudo do hipnotismo aumenta em muito nossa capacidade de viver plenamente sob diversos aspectos; este estudo nos torna capazes de solucionar muitos enigmas que nos têm intrigado. Quando descobrimos que até mesmo alterações orgânicas podem ser causadas por sugestões, passamos atribuir, imediatamente, um maior valor às influências mentais na nossa vida e passamos também a entender como as moléstias chamadas imaginárias (mas que realmente não o são) podem ser curadas através dessas mesmas influências mentais.

Poucas são as pessoas que não se impressionam quando um vizinho ou amigo (às vezes até de brincadeira) diz que parecem doentes, não é mesmo? E se impressionam mais ainda quando estas considerações são cumulativas; o vizinho diz, o colega de trabalho diz, o cunhado diz, o dono do boteco diz... Pois bem, assim como a sugestão pode afastar a dor (nos seus múltiplos significados) , pode também criá-la e fortalecê-la. É por isso que pouco ajudamos a estas pessoas impressionadas dizendo que tais doenças são imaginárias, pois mesmo que sejam realmente imaginárias, pertubam-nas tanto como se fossem reais. A expressão “dor imaginária”, ou “doença imaginária”, que é usada por muitos médicos e até por leigos, é cientificamente falsa. Breuer comparou muito bem “dores imaginárias” com alucinações. Ora, podemos dizer que o objeto da alucinação seja imaginário, mas é falso dizer-se que a percepção seja imaginária. Esta será a mesma, quer seja o objeto imaginário ou não.

O mesmo se passa quando a dor é sentida, seja o médico capaz ou não de descobrir sua causa física. Podemos dar a uma dor, sem sintomas objetivos, o nome que quisermos dar, porém, devemos estar certos que ela é uma conseqüência necessária de algum distúrbio real. Certas idéias subjetivas causam tanta dor quanto um espinho penetrante na nossa pele. Eliminá-las é tão dever de um médico quanto é seu dever tirar o espinho que o atormenta.

Também podemos estender esta idéia de "dor" ao campo comportamental, e, no nosso caso, particularmente ao campo educacional. Quantos estudantes fazem refletir nas suas notas a dor do medo, da insegurança, da "consciência de incapacidade"? Soubessem eles que tudo isso pode ser resolvido sem remédios ou aulas particulares, e que ter ou não ter talento é uma decisão própria de cada um, as coisas se tornariam bem mais fáceis.

Qualquer pessoa, seja ela quem for, pode obter uma supermemória, tornar-se mais criativo, melhorar a concentração, vencer a timidez, acabar com a gagueira, emagrecer ou até mesmo parar de roer as unhas, apenas incutindo no seu subconsciente uma "outra associação". E é isto que nós vamos ver agora.

O QUE É AUTO-HIPNOSE

Auto-hipnose é uma técnica hipnótica levada a efeito pelo próprio indivíduo, sem a necessidade da presença de um hipnotizador (ou operador). Esta técnica - e isto é uma afirmação cientificamente comprovada - pode trazer grandes benefícios a sua vida, como melhorar a saúde, melhorar a aprendizagem, manter estável o nível do estresse cotidiano, elevar a auto-estima, enfim, permitir que a pessoa alcance uma paz de espírito duradoura que se refletirá, sem dúvida alguma, em êxito e felicidade no seu dia a dia.

De uma forma bastante didática podemos dizer que toda hipnose, em síntese, é uma auto-hipnose e que qualquer pessoa pode aprender esta técnica para aumentar sua confiança e entusiasmo pela vida sem correr qualquer risco de efeito colateral. Na auto-hipnose, o indivíduo influencia a si próprio por pensamentos e sugestões que lhes são interessantes e que ele mesmo formula.

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“Num processo hipnótico, é você quem hipnotiza a si mesmo pelo poder emanado de sua própria inteligência e concentração”, afirma Merlin Powers, uma das maiores autoridades sobre o assunto no mundo. "O hipnotizador é meramente um instrumento através do qual o indivíduo é capaz de atingir um estado de hipnose. Ele tão-somente orienta e conduz o paciente para o estado hipnótico mas, na realidade, é o próprio paciente, por seus esforços, que consegue atingir o estado hipnótico. Se o paciente não quiser ser hipnotizado - já dissemos isto antes - é impossível induzi-lo ao transe."

Muitas pessoas recorrem, cada vez mais, a medicamentos (principalmente tranqüilizantes) para aliviarem suas tensões e angústias, como se um simples comprimido pudesse restaurar sua paz de espírito, não é verdade? Sem querer subestimar o valor destes remédios (nem poderíamos fazê-lo), podemos afirmar seguramente que é muito mais eficaz conseguir o auto-relaxamento - que é uma forma natural de relaxamento através da auto-hipnose - para obter a tranqüilidade desejada do que tentar obtê-la através de remédios. E com a vantagem de não ter qualquer contra-indicação.

Da mesma forma, através da auto-hipnose qualquer pessoa pode melhorar a sua auto-estima, acreditar mais em si mesmo e adquirir uma confiança que jamais havia experimentado antes. A "chave mágica" é o pensamento, dirigido de forma positiva ao seu subconsciente. Assim como você conseguiu decorar a tabuada, e consegue recuperá-la na memória imediatamente quando precisa dela, você pode induzir também o seu subconsciente a reproduzir determinadas reações diante de situações específicas definidas por você mesmo. Por exemplo, você pode sugerir que seu organismo responda com calma e tranqüilidade sempre que você tiver que fazer uma prova ou concurso. E ele responderá assim, com calma e tranqüilidade.

O Dr. Shindler, autor do livro Como viver 365 dias por ano, afirmou que de 60 a 75% dos males que as pessoas se queixam são psicossomáticos. Isto quer dizer que o fator emocional desempenha papel muito importante na doença. Diz ele: “já que a doença ocasionada pela emoção é tão freqüente assim, parece lógico que o controle das emoções ou o aprimoramento das atitudes conseguido por meio da auto-hipnose muito pode fazer no sentido de impedir o desencadeamento de distúrbios psicossomáticos. A auto-hipnose pode também beneficiar o doente que sofre de males físicos ou orgânicos, tornando-o menos apreensivo e mais tolerante com seu próprio padecimento, ao ponto de lhe fazer aumentar o desejo de viver.” Há também que se considerar a tese, hoje largamente admitida nos meios médicos, que nenhuma doença é exclusivamente somática ou exclusivamente psicológica. Desta forma, a auto-hipnose passa a ser recomendada para um espectro ainda maior de males, já que o desequilíbrio emocional pode estar na raiz de doenças até então tidas como de absoluto cunho somático.

Já sabemos, por exemplo, que capacidade imunológica da pessoa é diretamente afetata pela

qualidade das suas emoções. A imunoglobulina A, encontrada na saliva e que impede a proliferação de

microorganismos nas vias aéreas, reduz sua concentração quando a pessoa se sente diminuída em sua auto-estima, é humilhada ou repreendida publicamente. É comum o aparecimento de males - por exemplo, a gripe - imediatamente após um evento desta natureza.

A auto-hipnose tem se mostrado também eficaz na melhoria da comunicação interpessoal. A autodisciplina e o autocontrole possíveis de serem obtidos pela auto-hipnose funcionam como verdadeira proteção, tanto do seu casamento quanto do seu emprego e das suas relações pessoais com amigos e vizinhos. Nada tão difícil que não possa ser tentado. Afinal de contas, você vai “perder“ somente alguns minutos diários que, quando menos, servirão para reduzir a tensão muscular e esfriar a cuca. Já seria um bom lucro, não é mesmo? Uma curiosidade:

Pela auto-hipnose, o homem agüentaria viver, até mesmo, com pouco oxigênio, você sabia disso? Os faquires na Índia deixam-se enterrar naturalmente depois se submeterem a uma rápida sessão; cinco ou seis respirações por minuto passam a ser suficientes para eles, invés das 15 ou 20 normais nos homens adultos. No seu leito de pregos pontiagudos, os faquires não sentem as espetadas, da mesma forma como o paciente hipnotizado não percebe a agulhada da injeção.

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A SUGESTÃO HIPNÓTICA

Sugestão é a imposição temporária da vontade de uma pessoa no cérebro de outra (ou no seu próprio) por um processo puramente mental. Um professor que todos os dias repete os mesmos preceitos e ensinamentos a seus alunos está, em verdade, impondo-lhes suas opiniões. O pai que censura o filho por algum erro está, de algum modo, inculcando novos padrões de conduta na mente do garoto. A mãe que acaricia seu filho tenta por meio desse carinho, acalmar, motivar e equilibar o emocional da criança. Na verdade, se observarmos direitinho, tudo isso é sugestão. Tudo nesse mundo é sugestão; nossas próprias idéias não são nossas, são "sugestões" que admitimos e incorporamos à nossa memória como sendo nossas e passam a ser as "nossas verdades". E nenhuma "hipnose" é necessária para aceitarmos estas sugestões, não é verdade? Elas chegam até nós e tomam a nossa mente com a maior naturalidade.

Outros agentes externos também produzem efeitos sugestivos sobre nós; um livro, um acidente, um filme, os acordes de uma música ou até mesmo um gesto de uma pessoa podem encher nosso espírito das mais diversas impressões, que vão da felicidade à dor. E isso tudo é "sugestão".

Ninguém contesta também o fato de que o ser humano é, naturalmente, inclinado a obedecer. Afinal de contas, somos eternos aprendizes e, aprendizagem, de certa forma é uma espécie de obediência, de acatamento, de concordância, mesmo nas circunstâncias contestatórias. Porém, isso não quer dizer que estamos todos condenados a obedecer sistematicamente e que sempre seguiremos as sugestões que nos forem enviadas. Mesmo no estado hipnótico a sugestão não é todo poderosa; ela tem suas limitações positivas.

Assim sendo, podemos dizer que a sugestão hipnótica é uma ordem obedecida por uma pessoa em estado de sono induzido, por alguns segundos; no máximo por alguns minutos. Não pode ser comparada, a não ser vagamente, às sugestões em estado de vigília, comunicadas a indivíduos que nunca estiveram sob influência hipnótica. A sugestão hipnótica pode ser repetida, mas é absolutamente impotente para transformar - como já se afirmou - um criminoso em um homem honesto ou vice-versa.

Napoleão costumava dizer que “a imaginação controla o mundo”. Realmente, se você estiver numa rodinha de amigos e surpreendê-los informando que há uma epidemia de piolhos no bairro, poderá reparar que em poucos minutos todos estarão coçando a cabeça, expressando preocupação.

Assim como um eletrocardiograma acusa os mais finos impulsos elétricos de seu coração, o eletroencefalograma também demonstra os menores impulsos elétricos do seu cérebro. Se alguém se sente realmente ameaçado por um inimigo, surgem então no eletroencefalograma registros que são exatamente iguais aos que se originam quando alguém apenas imagina que está sendo ameaçado. Se alguém tem a certeza que está passando por um grande vexame, as curvas do seu eletroencefalograma se assemelham por completo às que teria apenas com a imaginação viva de estar se tornando alvo do vexame.

Podemos, desta forma, estabelecer alguns princípios fundamentais sobre a ação/reação da imaginação sobre a realidade.

1 - O que determina o nosso modo de agir não é a realidade existente, mas aquilo em que cremos e que, para nós, é a verdade. A pessoa que se sente ameaçada ou perseguida, mesmo que não haja nenhum perigo em torno dela e que nada lhe ameace, vive com medo da sua realidade que, mesmo sem ter relação com a realidade externa, é muito poderosa para ela.

2 - A imaginação é capaz de provocar alterações de toda sorte no organismo de uma pessoa. E, comprovadamente, estas alterações têm correlação qualitativa: pensamentos positivos - fé, amor, esperança, alegria etc. - provocam reações saudáveis na pessoa. Sentimentos negativos - ódio, ressentimento, medo etc. - provocam reações desagradáveis, como por exemplo, dores assintomáticas, prisão de ventre, indisposição estomacal, insônia e, segundo comprovam as pesquisas, também fazem baixar o nível imunológico tornando a pessoa predisposta à infecções de diversos tipos.

3 - Tudo o que pensamos, com clareza e firmeza, transplanta-se, dentro dos limites do bom senso, para a faixa somática. Ao imaginarmos que estamos comendo uma fatia gostosa de abacaxi, não raro as glândulas salivares começam a segregar saliva, já repararam isso? Se imaginarmos, com firmeza, que não podemos fazer uma coisa, por exemplo, soltar as mãos fortemente encaixadas uma na outra, então não poderemos mesmo.

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programar nosso subconsciente para o sucesso da mesma forma como podemos programá-lo para o fracasso.

5 - Quando o intelecto e a imaginação têm pontos de vistas diferentes, vence sempre a imaginação (como definiu Coué). Ela é mais forte que a inteligência. Mesmo sabendo (intelecto) dos riscos estéticos de ficar comendo doces a toda hora, poucos resistem à idéia (imaginação) de provar uma fatia daquele pudim de laranja gostoso que está na geladeira. Assim sendo, nenhuma pessoa inteligente deve fazer tentativas a partir, exclusivamente, da “força de vontade”. Antes disso, ela precisa, necessariamente, reprogramar sua imaginação.

6 - O acesso mais fácil para o subconsciente é o estado de total relaxamento. Quando as ondas cerebrais caem para em torno de oito ciclos por segundo - nível alfa - abrem-se os poros do nosso subconsciente.

A TÉCNICA DA AUTO-HIPNOSE

A hora mais indicada para aprender e exercitar o relaxamento profundo, isto é, a auto-hipnose, são os minutos antes de você adormecer(*). Nesse momento, a pessoa ainda tem pleno domínio sobre a consciência ao mesmo tempo em que, lentamente, suas ondas mentais baixam de nível, situando-se em torno de 8 a 10 ciclos por segundo. Mesmo sem esse relaxamento, em poucos minutos o consciente abre espaço à hegemonia mental do subconsciente e a pessoa dorme. O "relaxamento programado, entretanto, abre passagem para o subconsciente antes mesmo que a pessoa durma. Isso é importante porque, durante o sono, ninguém não pode dar ordens a si mesmo.

(*) Quando você começa a ficar com sono - aquele período crepuscular entre estar totalmente acordado e totalmente dormindo - suas ondas cerebrais mudam, para ficar na faixa de 4 a 7 ciclos por segundo, ou seja, nível teta. Antes, entretanto, de você atingir este estado, sua mente opera no nível alfa (baixo) por alguns minutos, e que segundo o Dr.Terry Wyler Webb, é a faixa apropriada para que sejam atingidos os níveis mais profundos da mente, ou seja, a mente subconsciente. É nos estados alfa e teta que as grandes proezas da supermemória - juntamente com os poderes de concentração e criatividade - são atingidos.

Faça de acordo com este roteiro:

Recorte uma rodelinha de cartolina branca ou amarela, de dois centímetros de diâmetro, e cole na parede onde se encosta a cabeceira da sua cama, a uns oitenta centímetros acima do colchão. Esta rodelinha deve ficar nesta posição para que você seja obrigado a olhar para trás durante o exercício. Isto vai forçar os músculos oculares e cansá-los em pouco tempo.

Você já está na cama, pronto para dormir. Nada mais tem a fazer; as portas já estão fechadas e as janelas isolam o excesso do barulho de fora, se bem que o barulho ininterrupto e sempre da mesma da mesma intensidade, como o do trânsito que flui lá fora, perturba menos que um despertador, a campainha do telefone ou o latido de um cão no quintal do vizinho. Mas você está pronto, as luzes estão apagadas e você está deitado, de costas; as pernas não se cruzam e os braços estão dispostos ao longo do corpo, sem tocá-lo.

Fixe então os olhos na tal rodelinha de cartolina, respire fundo duas ou três vezes e, sem jamais tirar os olhos deste ponto, pense nos seus pés. Diga a si mesmo, mentalmente, que você usou estas pernas o dia todo e ponha na cabeça que está muito cansado de uma longa caminhada que acaba de fazer. Imagine que seus pés estão cansados, pesados, parecendo de chumbo. Espere alguns instantes até sentir, realmente, seus pés pesados. Depois faça com que esta sensação de peso vá subindo pelo corpo: barriga da perna, joelhos, coxas, costas, nuca. Procure sentir que estão realmente pesados, muito pesados.

Em geral, suas pálpebras se fecham naturalmente, por si mesmas, enquanto você se concentra no sentimento de peso nas canelas, joelhos, e por todo o corpo.

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Se isto ocorreu, você já atingiu a fase mais importante do relaxamento profundo. Nos primeiros dias, isso poderá levar até uns cinco minutos, porém, normalmente, isto ocorre mais depressa. Depois de algum treinamento, isto ocorrerá antes mesmo de você contar até três. Pessoas inteligentes, disciplinadas, de grande força de vontade, mental e espiritualmente sadias são as que atingem este ponto mais rapidamente. Esta prática, contudo, não é recomendável para pessoas com arteriosclerose acentuada ou doentes mentais. As pessoas mais jovens aprendem o relaxamento profundo em pouco tempo.

Continuando...

Assim que perceber os olhos fechados, diga mentalmente a si mesmo: “Da próxima vez entrarei mais depressa e mais intensamente no estado de profundo relaxamento; a cada vez que pratico o relaxamento profundo chego mais depressa e mais intensamente a este estado”.

Neste exato momento, os poros do seu subconsciente estão abertos e isso quer dizer que você pode ditar tarefas para si mesmo, tarefas estas que posteriormente se realizarão, supondo-se, naturalmente, que estas tarefas ou ordens sejam racionais, executáveis e possíveis de serem realizadas por você. Veja um exemplo de uma ordem racional e executável que pode ser dada por qualquer pessoa e realizada, posteriormente, com êxito: “Daqui em diante, comerei vagarosamente, mastigando bem”, ou, “para mim não existem mais os alimentos que engordam, como frituras e chocolate.” Você também pode melhorar sensivelmente a sua aparência, adquirindo até mesmo ares atraentes, dando esta ordem ao seu subconsciente : “De hoje em diante, aparentarei uma expressão mais jovial, meus olhos estarão sempre brilhantes e manterei sempre uma postura atraente”.

A ordem pós-hipnótica e a conversão em energia

Admite-se uma ordem pós-hipnótica como uma sugestão racional e executável que não vá de encontro aos princípios éticos, morais, religiosos e de comportamento do hipnotizado.

Quando é própria pessoa que se hipnotiza, também pode dar ordens pós-hipnóticas e certamente as cumprirá. Não fosse assim, nem a hipnotização de outro, nem a auto-hipnose teriam sentido de ser.

A mesma coisa que um médico hipnotizador ordena a seu paciente hipnotizado, nós também nos podemos sugerir na auto-hipnose. Chamamos isso, na linguagem médica, de “formação da intenção”.

A voz do povo diz que o caminho do inferno está ladrilhado de bons propósitos e, geralmente, a voz do povo não erra, principalmente nesta frase. Vejam este relato que tem muito a ver com pessoas que conhecemos bem de perto:

Arthur Brington era um empresário de renome internacional e que fumava entre 60 e 70 cigarros, diariamente. Um dia, decidido, Arthur comentou com seus amigos mais íntimos que abandonaria o fumo pois tinha entendido, perfeitamente, que este vício era prejudicial a sua saúde. Não foram os médicos que lhe disseram isso; foram suas próprias conclusões a partir da constatação do seu baixo desempenho nos esportes, da dificuldade que estava enfrentando para subir escadas etc.

Desta forma, Arthur colocou até a sua honra em jogo; afirmara em alto em bom tom que, definitivamente, não poria mais um cigarro sequer na boca e que deixaria de se chamar Arthur Brington se voltasse a fumar. E até desafiou alguns amigos para uma aposta. Só que Arthur esqueceu-se de avisar ao subconsciente, que continuava com a velha imagem de “como o cigarro é gostoso!!!” Com isso, a cada momento, a cada minuto, uma voz interna (o seu subconsciente) voltava e lhe repetia a mensagem gravada: “Como o cigarro é gostoso!!!”

Logo nas primeira horas após a decisão anunciada, Arthur começou a se martirizar com a falta do cigarro, como é normal naqueles que querem abandonar o vício. Mas percebeu logo que luta seria mais difícil do que imaginara. Começava aí um terrível sofrimento: de um lado a sua honra, sua palavra, sua decisão; de outro, seu subconsciente relembrando “como é gostoso fumar!!!” Quem venceria?

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Não precisou muito tempo. O relógio não tinha ainda marcado o meio-dia quando veio então um grande choque pelo fax da empresa: um negócio de muitos milhões de dólares que estava praticamente fechado fora desfeito pelo cliente, trazendo um grande prejuízo para ele e seus acionistas. Arthur não se conteve: “- Desgraça!!! E não tenho nem um cigarrinho aqui como consolo! Que se dane o mundo! Prefiro expor minha vida ao perigo!!!”

O que Arthur Brington não sabia - e pouca gente sabe - é que não tem nenhum sentido o consciente propor alguma coisa contra a qual o subconsciente se revolta. Enquanto a pessoa não convencer seu inconsciente de que o fumo lhe é inteiramente indiferente, enquanto tiver na cabeça que fumar é algo muito prazeroso, nada adiantará. Nenhuma decisão perdurará, por mais lógica e sensata que seja. É preciso, antes, reprogramar a mente com uma sugestão forte e definida, do tipo “o cigarro é totalmente indiferente para mim”.

Quem já foi um dia fumante inveterado e para quem agora o cigarro nada mais representa, sabe como se pode mudar definitivamente o ponto de vista a respeito de uma coisa. Quando através da hipnose ou auto-hipnose, se inculca no subconsciente que isto ou aquilo é completamente indiferente, seja o fumo, a bebida ou até mesmo alguma pessoa, o subconsciente reponde naturalmente, no mesmo grau e intensidade. Arthur não teria se martirizado nem apelado para o cigarro naquele momento crítico se tivesse, previamente, “avisado” ao inconsciente que ele não tinha mais o menor interesse em fumar cigarros.

As fórmulas, ou ordens ao subconsciente, devem ser sempre: curtas, sonoras, positivas, rítmicas e fáceis de se decorar. Vejam algumas destas ordens, comprovadamente eficazes:

- Alguém que se irrita muito no seu ambiente de trabalho, deve sugestionar-se assim: “No trabalho, muita calma e paz!”

- Alguém que se enrubesce por qualquer coisa: “Se eu enrubescer, o sangue vai para as pernas e não para a cabeça!”

- Alguém que em contato com clientes começa a suar nas mãos: “Na presença de alguém, mãos sempre calmas, secas e firmes!!!”

Outras dicas para você formular seus propósitos que se converterão em ordens ao subconsciente: 1 - Examine bem o que você quer propor.

2 - Formule este propósito (por escrito) SEMPRE positivamente. Não faça nunca formulações negativas, do tipo "não quero mais", "não vou mais" etc.

3 - Feita a formulação, leia algumas vezes em voz alta, até sabê-la de cór.

4 - Em estado de profundo relaxamento (auto-hipnose) pense intensamente nessa frase. Não precisa pronunciá-la em voz alta. Ela é para ser pensada.

5 - Saiba que fórmulas curtas, repetidas com freqüência (mesmo durante o dia) produzem mais efeito do que frases longas que você possa dizer de vez em quando ou mesmo relembrar. Um exemplo de formulação para quem tem o hábito de roer unhas: "Se a mão quiser ir para a boca, muda de direção".

Veja a seguir três exemplos de exercícios auto-hipnóticos que você pode começar a praticar agora mesmo, se for o seu caso. Leia muitas vezes até que as idéias propostas penetrem, definitivamente, no seu subconsciente. E assim, que se convertam em verdade!

1 - Para vencer a timidez

2 - Para se tornar mais criativo

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VENCENDO A TIMIDEZ!

Leia o texto abaixo, calmamente. Nada de ansiedade.

Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro o seguinte: "timidez" não é doença, não é defeito e não faz de ninguém um ser inferior aos demais. Timidez é apenas uma maneira de reagir a determinadas situações. É, podemos dizer, uma atitude.

Muitas personalidades da História foram tremendamente tímidas e nem por isso deixaram de ser geniais e importantes para a humanidade. Einstein era tímido. Gandhi era tímido. Pasteur era tímido.

Assim, o tímido é um ser humano igual a todos os demais. ABSOLUTAMENTE IGUAL. Não há, neste mundo, nenhum ser humano superior a outro ser humano. As diferenças são meramente conceituais. Algumas pessoas podem até aparentar superioridade sobre as demais, mas tudo não passa de "aparência", ou seja, da forma como nós interpretamos as suas imagens.

Elas só parecem superiores porque nós deixamos isto acontecer. Se quisermos, podemos olhá-las de frente, fixamente nos seus olhos, e veremos que nada acontece. E nada acontece porque não há nada nem

ninguém que possa dominar alguém sem que este alguém admita que isso aconteça.

Qualquer pessoa vence a timidez no exato momento em que, diante de uma pessoa ou de várias pessoas, põe os ombros ligeiramente para trás, ergue a cabeça e olha fixamente nos olhos do(s) interlocutor(es). Parece difícil? Que nada! Veja: basta você olhar a primeira vez, deste jeito. Você vai perceber que NADA ACONTECERÁ com você. Pelo contrário; você vai renascer nesta hora. Acredite: NADA VAI ACONTECER COM VOCÊ!

Vou lhe dar uma pequena dica: se ainda tiver algum receio de olhar nos olhos do seu interlocutor, olhe para um ponto situado entre os olhos dele, logo acima do nariz. Esta providência vai lhe acalmar enquanto, por outro lado, vai deixar o interlocutor meio perdido, desorientado, submisso. Ele olhará nos seus olhos e não captará o foco, mesmo "achando" que você está olhando nos seus olhos. Experimente! É até divertido. Leia a frase abaixo em voz alta, tantas vezes quantas forem necessárias para que ela tome conta do seu subconsciente. Decore-a e repita sempre, mentalmente, várias vezes por dia. À noite, antes de dormir, faça o exercício de relaxamento e pense firmemente nesta frase:

"Diante de qualquer pessoa e em qualquer lugar,

eu me sinto SEMPRE seguro, forte e consciente

de que sou MUITO importante. Sou capaz de olhar fixamente

nos olhos das pessoas, da forma mais natural do mundo"

A CADA DIA MAIS CRIATIVO!

Todas as pessoas têm um potencial criativo imenso. Isto já foi comprovado pela Ciência. O que as

pessoas precisam, tão-somente, é admitir esta verdade científica e deixar que sua criatividade se expresse, a todo instante, nas suas vidas.

Você também tem este imenso potencial criativo, é logico! E você pode expressar sua criatividade

simplesmente dizendo para você mesmo "sou muito criativo, sempre". Simples, não é mesmo? Saiba que

ser criativo é apenas uma questão de decisão pessoal. E você decidiu que é criativo! E está decidido!

Tenha certeza disto: se você quer se tornar cada dia mais criativo, você pode. Você só precisa querer ser. É decisão sua. E você já decidiu!

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fielmente as coisas que você aprendeu. E esta afirmação é uma aprendizagem.

Leia esta frase em voz alta, tantas vezes quantas forem necessárias para que ela tome conta do seu subconsciente. Decore-a e repita sempre, mentalmente, várias vezes por dia. À noite, antes de dormir, faça o exercício de relaxamento e pense firmemente nesta frase:

"Sou muito criativo.

Tenho sempre ótimas idéias

sobre todos os assuntos.

Raciocino rapidamente

porque raciocino sem preconceitos.

Assim, sou capaz de aprender tudo, rapidamente,

e de ter idéias maravilhosas sempre que

forem necessárias.

Eu, REALMENTE,

sou muito inteligente e muito criativo".

BRANCO, EM DIA DE PROVA, NUNCA MAIS!

Se você aprendeu, se você SABE, nada pode impedir que recupere estas informações na memória. Muito menos o medo.

O medo é só uma ilusão, nada mais do que isso. E, como toda ilusão, ela terá sempre o tamanho e a importância que você quiser que ela tenha.

No entanto, você não pode admtir que uma ilusão tenha mais valor do que as coisas que você aprendeu e que compõem o seu "mundo verdadeiro". Portanto, se você sabe, se você aprendeu, VAI LEMBRAR SEMPRE QUE QUISER LEMBRAR.

Leia esta frase em voz alta, tantas vezes quantas forem necessárias para que ela tome conta do seu subconsciente. Decore-a e repita sempre, mentalmente, várias vezes por dia. À noite, antes de dormir, faça o exercício de relaxamento e pense firmemente nesta frase:

"Eu fico sempre MUITO calmo nos dias de prova.

Consigo lembrar de tudo o que estudei

e,

mais do que isso,

sou tomado nestes dias por

uma imensa capacidade criativa.

Nada me perturba, pelo contrário,

fico animado, feliz e consciente

de que vou obter um EXCELENTE RESULTADO.

Afinal de contas,

EU SOU MUITO INTELIGENTE E CRIATIVO.

E medo é uma palavra que eu desconheço."

Fonte: http://www.camarabrasileira.com/hipnose.htm

Referências

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