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CONFLITOS FAMILIARES VIVENCIADOS PELAS ADOLESCÊNTES GRÁVIDAS NO BRASIL: REVISÃO INTEGRATIVA

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1 CONFLITOS FAMILIARES VIVENCIADOS PELAS ADOLESCÊNTES GRÁVIDAS NO BRASIL: REVISÃO INTEGRATIVA

Karla Cristina Alves da Silva Maysa Maria de Arruda Cabral Menezes

Tatiane Daniely Marinho do Monte Hora

RESUMO

A gestação precoce é vista pela maior parte das adolescentes como um problema indesejado e seu principal medo é compartilhar sua revelação com a família ou companheiro. No âmbito familiar o baixo nível socioeconômico é um dos determinantes para a não aceitação desta nova fase. De acordo com a pesquisa o grande aumento da gravidez na adolescência se dá pela falta do uso de métodos contraceptivos. Este estudo tem como objetivo relacionar se a adolescente presenciou conflitos anteriores à gravidez. Optou-se por realizar o mesmo através de artigos extraídos da BVS, em português, referente aos anos de 2004-2012 com revisão literária. Foram selecionados apenas aqueles que abordavam os temas de gravidez na adolescência e os conflitos familiares. Portanto, acreditamos que com a percepção das dificuldades apresentadas, o enfermeiro vai aplicar palestras utilizando recursos didáticos que os estimulem para o uso de métodos contraceptivos; comover a equipe multiprofissional para o trabalho com adolescentes incentivando seu maior empenho nos programas de assistência a esse grupo.

DESCRITORES: Adolescente, Conflito, Gravidez, Família.

ABSTRACT

Early pregnancy is seen by most as an unwanted problem adolescents and their main fear is to share his revelation with family or partner. In the family's low socioeconomic status is a determinant for non-acceptance of this new phase. According to the survey the large increase in teenage pregnancy is by lack of use of contraceptive methods. This study aims to relate to teen pregnancy witnessed earlier conflicts. We chose to perform the same through articles from VHL, in Portuguese, for the years 2004-2012 with literature review. We selected only those that addressed themes of teenage pregnancy and family conflicts. Therefore, we believe that the perception of the difficulties presented, the nurse will apply didactic lectures using resources that encourage them to use contraception; moved the multidisciplinary team to work with teens encouraging their greater engagement in assistance programs to this group.

KEY WORDS: Adolescent, Conflict, Pregnancy, Family.

RESUMEN

El embarazo precoz es visto por la mayoría como un problema de los adolescentes no deseados y su temor principal es compartir su revelación con la familia o pareja. En el bajo nivel socioeconómico de la familia es un factor determinante para la no aceptación de esta nueva etapa . Según la encuesta el gran aumento de los

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2 embarazos de adolescentes es la falta de uso de métodos anticonceptivos. Este estudio tiene como objetivo relacionar con el embarazo adolescente testigo de conflictos anteriores . Hemos elegido para realizar la misma a través de los artículos de la BVS , en portugués, para los años 2004-2012 con revisión de la literatura . Sólo aquellos que abordó temas de embarazo y parto conflictos adolescentes seleccionados. Por lo tanto , creemos que la percepción de las dificultades que se presentan , la enfermera se aplicará conferencias didácticas utilizando los recursos que les animan a utilizar un método anticonceptivo ; movido el equipo multidisciplinario para trabajar con adolescentes fomentar su mayor participación en los programas de asistencia a este grupo .

PALABRAS CLAVE: Conflicto del Adolescente, Embarazo, Familia.

1. INTRODUÇÃO

A adolescência se caracteriza por um período, em que ocorre à transição da infância para a fase adulta, e além de rápidas transformações físicas e fisiológicas, é importante considerar o que esta fase significa, época de crise, de mudança, de readaptação ao novo corpo e de novas atitudes frente à vida. Há a descoberta da sexualidade. Nas meninas se aumentam os seios e quadris, a distribuição dos pelos e ocorre a menarca. Esse amadurecimento físico, se dá em decorrência dos hormônios sexuais e do crescimento.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no seu art. 2º, define o período da adolescência, aquele entre 12-18 anos de idade, porém, para a Organização Mundial de Saúde (OMS) adolescente é todo indivíduo na faixa etária de 10-19 anos de idade.

Podem surgir conflitos com o inicio das relações sexuais, sendo muito comum momentos de insegurança, o que dá consolidação da autoimagem e autoestima, conflitos familiares, emocionais e sociais. Soma-se a isso o significado de uma gravidez, dos pontos de vista pessoal, social e familiar, compreenderemos como a gestação pode ser um evento difícil na vida da adolescente que, com certeza precisa de ajuda para superar as dificuldades. (FERNANDES, 2011).

A gravidez na adolescência vem ocupando lugar de significativa relevância no contexto da saúde pública, despertando interesse de acadêmicos, profissionais e gestores de saúde no que se refere à saúde sexual e reprodutiva, bem como questões ligadas a violência. Além disso, a gravidez na adolescente se torna um problema em função de consequências a ela atribuídas, principalmente o abandono

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3 da escola e a estigma de ser mãe e não estar maritalmente unida. Os motivos que contribuem para o surgimento da gravidez precoce podem estar ligados à ingenuidade, submissão, violência, dificuldades de obter algum método contraceptivo, expectativas de mudança de status social ou outros fatores ligados à subjetividade da adolescente (MONTEIRO et al, 2007).

Ainda outros fatores podem favorecer a ocorrência de uma gravidez não planejada, como ausência de educação sexual nas escolas e de programas de planejamento familiar nos serviços públicos de saúde. As adolescentes grávidas se inserem num contexto de conflitos: criança ou mulher, filha ou mãe, não sabendo se comportar diante da gravidez e sem saber que atitude adotar diante da sociedade e consigo mesma. (MOREIRA, 2008).

A família é considerada uma instituição responsável por promover a educação dos filhos e influenciar o comportamento dos mesmos no meio social. O papel da família no desenvolvimento é de fundamental importância. É no seio familiar que são transmitidos os valores morais e sociais que servirão de base para o processo de socialização da criança, bem como as alterações e os costumes perpetuados através de gerações.

O que se sabe é que independentemente da classe social elas não se livram do sentimento de culpa e este pode acarretar para elas, conflitos inconscientes provenientes da desobediência das leis sociais, com reflexo na aceitação do filho, após o parto, a adolescente se questiona quanto ao significado da criança e mais umas vez defronta-se com a falta de recursos econômicos para cria-la (FRIZZO, 2012).

A gravidez na adolescência tem se tornado um problema de saúde pública, de acordo com alguns autores a família é um fator importante nesta nova fase da adolescente aonde a mesma, vai se transformar em mãe e em mulher ao mesmo tempo terá responsabilidades dobradas pois terá que criar seu filho, muitas vezes sem a ajuda do companheiro.

Estudos anteriores já demonstraram que adolescentes com baixo poder socioeconômico, filhas de mães solteiras, evadidas da escola, adolescentes que tem sua vida promiscua desde a infância são alvos fáceis, estas acreditam em mudança de vida, quando lhe dada uma cantada, muitas vezes de namoradinhos ou de "ficantes" que são outros adolescentes também.

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4 A família encontra dificuldades na gestação de sua adolescente. Dentre essas dificuldades, a que mais se destaca é a comunicação, ou seja, a ausência ou a inabilidade para conversas sobre sexualidade com filhas e filhos (FRIZZO, 2012).

Portanto, acreditamos que com a percepção das dificuldades apresentadas, o enfermeiro vai aplicar palestras utilizando recursos didáticos que os estimulem para o uso de métodos contraceptivos; comover a equipe multiprofissional para o trabalho com adolescentes incentivando seu maior empenho nos programas de assistência a esse grupo.

Relacionar se a adolescente presenciou conflitos anteriores à gravidez.

2. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da revisão integrativa foram propostas seis etapas: 1) “Investigar se a gravidez na adolescência é alvo do conflito afetivo familiar”?; 2) Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca nas seguintes bases de dados: SCIELO (Scientific Electronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), Biblioteca virtual em Saúde (BVS). Foram utilizados, para busca dos artigos, os seguintes descritores e suas combinações na língua portuguesa: “Adolescente”, “Conflitos”, “Gravidez”, “Família”; 3) Os critérios de inclusão para seleção dos artigos foram: artigos publicados em português, artigos na íntegra que retratassem a temática, referente à revisão integrativa de artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos oito anos; 4) A análise dos estudos selecionados, em relação ao delineamento de pesquisa, pautou-se em (URSI, 2005), pautou-sendo que tanto a análipautou-se quanto a síntepautou-se dos dados extraídos dos artigos foram realizadas de forma descritiva, possibilitando observar, contar, descrever e classificar os dados, com intuito de reunir o conhecimento produzido sobre o tema explorado na revisão; 5) interpretação dos resultados obtidos e explicitação de possíveis lacunas e vieses do tema, sendo empregadas as conclusões e os resultados dos estudos analisados a fim de possibilitar uma discussão aprofundada; 6) apresentação de uma síntese de evidências detalhadas dos resultados da revisão integrativa, composta por informações relacionadas, de

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5 forma que fique explícita a adequação dos métodos realizados na revisão integrativa. A pesquisa ainda encontra-se em fase de análise, mas os resultados preliminares apontam achados descritos no tópico seguinte.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Encontrou-se um total de 22 artigos, destes só 07 demonstram o fundamento da pesquisa, estes serão representados por números (1-7) a fim de facilitar a análise.

AUTORES OBJETIVO MÉTODO RESULTADOS

FRIZZO G. B; MENGARDA C. F; PARIZ J. (2012).

No âmbito político, nosso foco serão as estratégias elaboradas e estruturadas pelas politicas públicas e privadas e que são operacionalizadas por meio dos programas e serviços de saúde, para atender à temática especifica da gravidez na adolescência citadas pela literatura científica publicada. A análise do material foi feita através dos seguintes eixos norteadores: Contextualização de adolescência aspectos familiares, aspectos políticos e aspectos da sociedade, resultados e discussão. A partir dos resultados do presente estudo, foi possível

compreender o crescente empenho de pesquisadores para refletir sobre o que tem sido feito em relação à gravidez

adolescente e propor estratégias mais eficazes para

uma melhor atenção e cuidado a essa população. GUALDA D. M. R; FERNANDES A. O; SANTOS JUNIOR H. P. O. (2012) Conhecer as experiências e percepções de mães cujas filhas engravidaram durante a adolescência. Pesquisa de abordagem qualitativa, r3ealizada em hospital de ensino na cidade de São Paulo, com participação de dez mães de adolescentes. Antes da gravidez, as mães orientaram as filhas a respeito da sexualidade, o que originou sentimentos de surpresa quando souberam da gravidez. Apesar disso, as mães

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6 fizeram-se presentes em todo o processo gravídico-puerperal. Não foram identificadas mudanças significativas no relacionamento familiar em função da gravidez precoce. DINIZ E; KOLLER S. H. (2012). Investigar as características associadas à gravidez durante a adolescência em uma população de adolescentes brasileiros de baixa renda. Utilizou-se um delineamento caso-controle para investigar as diferenças entre adolescentes com e sem experiência de gravidez. Os resultados da análise multivariada revelaram que a gravidez durante a adolescência se associou a: morar com o companheiro, utilização da pílula, menor idade para iniciação sexual, consumo de bebida alcoólica, e menor divisão nas tarefas domésticas na família. GOMES K.R.O; MARANHÃO T. A; OLIVEIRA D. C. (2010) Analisar as percepções de mães adolescentes a respeito das relações familiares e conjugais desenvolvidas, após o término da gestação. Estudo transversal com 202 adolescentes, 3 meses após internação em uma das 4 maternidades de Teresina – PI, incluídas no estudo. A maioria das adolescentes entrevistadas percebeu mudanças positivas nas relações familiares (60,4%) e conjugais (50,5%), após o término da gestação. Observou-se a associação estatística entre o desejo do pai pelo recém-nascido e a predisposição para cuidá-lo e entre as

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7 modificações nas relações conjugais e o apoio paterno durante o cuidado do filho. BORGES A. L. V; HOGA L. A. K; REBERTE L. M. (2010) Descrever as razões que levam a ocorrência da gravidez na adolescência e seus reflexos sobre a família segundo o olhar de seus próprios membros. Este estudo buscou conhecer a perspectiva dos membros da família das adolescentes, pois eles influenciam as decisões e ações na esfera da gravidez na adolescência, contribuindo para que seja superada a visão da gravidez na adolescência apenas como um problema a ser evitado. Neste estudo, tornou-se evidente que a família possui um papel importante na compreensão das causas da gravidez na adolescência, que é explicada de múltiplas formas, não só pela própria mulher

adolescente, mais também pela família e pela rede de relações sociais, a depender das crenças religiosas e das expectativas sobre o futuro educacional e profissional de adolescentes. JORGE M. S. B; MORERIRA T. M. M; QUEIROZ M. V. O; VIANA D. S. (2008).

Este estudo revela-se de importância

para a

enfermagem e demais

profissionais da saúde por que fornece subsídios a cerca dos conflitos enfrentados pelas adolescentes grávidas e, assim pode possibilitar uma prática mais

pautada na realidade Os dados foram processados e analisados em categorias de significados, buscando melhor compreender os problemas vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Compreende-se que para as adolescentes grávidas, foram encontradas as seguintes categorias de análise: - A gravidez como um problema indesejado. - Medo de enfrentar a gravidez perante a família ou companheiro. - reação dos pais

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8 vivenciada por essas adolescentes. ou responsáveis diante da gravidez na adolescência. - Baixo nível socioeconômico como determinante da não aceitação gravidez. AGUIAR Y. A; COSTA N. S. S; MONTEIRO C. F. S; NASCIMENTO P. S.V. (2007). Compreender, a partir das próprias adolescentes, como estas se relacionavam com seus familiares antes e após a revelação que estavam grávidas. Pesquisa qualitativa. Com adolescentes puérperas que se encontravam internadas em uma maternidade pública de referência do município de Teresina-PI. As falas das adolescentes foram agrupadas em significados comuns evidenciando o comportamento afetivo da família antes e após a descoberta da gravidez. 3.1 Adolescência e sexualidade

O número de gravidez neste período da vida tem se mantido elevado nos países em desenvolvimento como o Brasil, onde a questão é considerada problema de saúde pública e o aumento encontrado nas idades mais baixas no Brasil é preocupante (CORREA et al., 2009).

Nesse período além do desenvolvimento sexual e da capacidade reprodutiva, observa-se a formação pessoal e o surgimento de crises. A falta de orientação sexual tanto na escola, quanto na família, leva o adolescente à desinformação, e, consequentemente, ao perigo, para compreender sua sexualidade, aceitar seu novo corpo e, por conseguinte, saber prevenir-se de situações que possam comprometer seus projetos de vida, como doenças sexualmente transmissíveis (DST) associadas ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), o aborto, o casamento, a maternidade e a paternidade sem planejamento, com isso, o prejuízo é duplo: nem adolescente plena, nem adulta inteiramente capaz. Ao engravidar, a jovem tem de enfrentar, paralelamente, tanto

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9 os processos de transformação da adolescência como os da gestação (XIMENES NETO et al., 2007).

Numa perspectiva social, alguns estudos concluem que a gravidez nesta época pode ocasionar repercussões sociais negativas, com reflexos na evolução pessoal e profissional, além de transtornos no núcleo familiar. Tem sido referida a alta taxa de evasão escolar entre pequenas proporções. Existem referências ao fato de que os problemas observados na evolução da gestação entre adolescentes podem estar relacionados à condição social e econômica desfavorável da adolescente, e que, por outro lado, a assistência pré-natal adequada poderia minimizar esses problemas (YAZLLE; FRANCO; MICHELAZZO, 2009).

Apesar da predominância do desejo de ter relações naquele momento, são bastante conhecidas as dificuldades da mulher para influenciar os rumos da primeira vez, circunstância em que a vontade masculina tende a predominar, ainda que seja por meio da persistente solicitação de uma prova de amor e confiança que termina dando origem ao temor de perder o outro. Diante dos sentimentos e emoções que permeiam a vivência sexual-amorosa, torna-se muito mais difícil dizer não e conseguir estabelecer um pacto sobre a adequação do momento para ambos, assim como, concretizar a negociação para a prática do sexo seguro. (LIMA 2004).

3.2 Gravidez na adolescência

O avanço do conhecimento cientifico dos fenômenos físicos em obstetrícia tem proporcionado habilidades fundamentais a médicos e enfermeiros, permitindo-lhes a prática de atendimento que gera, realmente, estado de confiança maior na mulher. No entanto, as condutas baseadas somente nos aspectos físicos não são suficientes. Elas necessitam ser potencializadas, especialmente pela compreensão dos processos psicológicos que permeiam o período grávido-puerperal, notadamente, no caso de gestantes adolescentes que, pelas especificidades psicossociais da etapa evolutiva, vivenciam sobrecarga emocional trazida pela gravidez. (BRASIL, 2006).

A gravidez é definida como o período que vai desde a fecundação até o nascimento, seus sinais e sintomas são: amenorreia, náuseas e vômitos, polaciúria e disúria, aumentos das mamas, que ficam mais sensíveis e doloridas, aumento do

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10 abdome por crescimento uterino, sonolência e tonturas. (FIGUEIREDO; MACHADO; VIANA, 2008).

A adolescência é um período marcado por mudanças físicas e psicológicas, na qual ocorrem intensos processos conflituosos de autoafirmação. Desta forma, a gravidez precoce e não planejada pode gerar problemas a curto e longo prazo em função das adolescentes não terem suporte físico e emocional consolidado e favorecer situação de conflito com a família, como a rejeição, críticas e punições. Essas situações podem levar a atitudes que coloquem em risco tanto a vida da adolescente como a da criança, oriundas da interrupção da gravidez, isolamento e tentativa de suicídio (MONTEIRO et al, 2007).

Em muitos países, a gravidez na adolescência já é considerada um dos grandes problemas de saúde pública, visto que no decorrer da gestação são frequentes as complicações não só para a mãe como também para o seu recém-nascido (RN) (SOLDERA et al., 2012).

A gravidez na adolescência é um problema de caráter social. É mais frequente em classes sociais menos favorecidas e acarreta consequências biopsicossociais negativas, favorecendo o surgimento da Depressão Pós-Parto (DPP) e podendo ocasionar índices reduzidos da qualidade de vida (QV). A DPP tem sido considerada um dos maiores problemas da maternidade na adolescência, acometendo até uma em cada duas mães adolescentes. (BARBOSA et al.,2008).

3.3 Conflitos Familiares

Considera-se família uma instituição responsável pela promoção da educação dos filhos e também responsável em influenciar o comportamento dos mesmos no meio social. A família tem o papel do desenvolvimento e é de fundamental importância. É no seio familiar onde os valores morais e sociais são construídos e servirão de base para o processo de socialização da criança, bem como as alterações e os costumes perpetuados através de gerações.

O ambiente familiar é um local onde deve existir harmonia, afeto, proteção e todo o tipo de apoio necessário na resolução de conflitos ou problemas de alguns dos membros. As relações de confiança, segurança, conforto e bem-estar proporcionam a unidade familiar.

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11 Pode-se dizer que a família encontra dificuldades em cuidar e apoiar a gestação de sua adolescente. Dentre essas dificuldades, a que mais se destaca é a comunicação, ou seja, a ausência ou a inabilidade para conversas sobre sexualidade com filhos e filhas. (FRIZZO, 2012)

As reações da família diante da adolescente grávida tendem a ser contraditórias, sendo comum a sobreposição dos sentimentos de abandono, revolta e aceitação do “inevitável”. No início, a rejeição à gravidez e o constrangimento podem levar a família a tomar atitudes radicais, tais como, expulsar a adolescente de casa, induzir ou forçar o aborto e impor responsabilidades, exigindo o casamento ou a união estável e a assunção da maternidade. Porém, pode ocorrer um acordo em torno de quem vai assumir a criança/gravidez, Essa pessoa pode ser o próprio pai ou mãe da criança, seus avós maternos ou qualquer outro parente que se responsabilize pela mesma. As adolescentes, também, podem morar com seus companheiros em cômodos anexos aos da família de um deles, mantendo vínculos justapostos de filhos e pais. (LIMA et. al., 2004)

A socialização é realizada, simultaneamente, pela família, pela escola, pela igreja, pela mídia, e pelo grupo de iguais, entretanto a família é o primeiro grupo de referência e seus valores perpassam as definições de papéis diferenciados de acordo com o gênero e a idade, desde a infância. (LIMA et. al., 2004)

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A adolescente grávida vive este momento de dúvidas, anseios e contestações, adquirindo uma nova identidade, na qual pode ou não estar preparada e, sobretudo, à cobrança social que esse novo papel acarretará.

É notório que a adolescente com gravidez indesejada tem como principal consequência uma problemática nos níveis biológicos e psicossociais, tanto maior quanto menor a idade da gestante. Entre as consequências psicossociais o que mais preocupa é a interrupção da escolaridade e falta de profissionalização entre as gestantes e mães adolescentes, o que dificulta ainda mais sua inserção no competitivo mercado de trabalho, logo implicará em empregos de baixa remuneração e desqualificação, colocando assim mães adolescentes e seus filhos em situação de risco social. O que se observa é que dentre as divulgações de

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12 métodos contraceptivos apresentados por mídia e pelos programas existentes nas secretarias de saúde municipais, somente uma adolescente relatou conhecimento sobre camisinha. É necessário, portanto, refletir como estes programas estão sendo repassados, implementados na atenção básica.

Antes da gravidez, as mães orientaram as filhas a respeito da sexualidade, o que originou sentimentos de surpresa quando souberam da gravidez. Apesar disso, as mães fizeram-se presentes em todo o processo gravídico-puerperal. Não foram identificadas mudanças significativas no relacionamento familiar em função da gravidez precoce.

Para tanto concluímos com o descrito, que a equipe de saúde da família necessita estar capacitada e desenvolver continuamente ações de promoção da saúde junto a esta população, no que pesam as intervenções educativas realizadas pelo enfermeiro no cenário da saúde.

REFERÊNCIAS

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