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A FORMAÇÃO DA COMUNIDADE QUE SUSTENTA A AGRICULTURA (CSA) NO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS, MATO GROSSO

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

A FORMAÇÃO DA COMUNIDADE QUE SUSTENTA A

AGRICULTURA (CSA) NO MUNICÍPIO DE

RONDONÓPOLIS, MATO GROSSO

BACHAREL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

THIAGO MOREIRA NAVES

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A FORMAÇÃO DA COMUNIDADE QUE SUSTENTA A

AGRICULTURA (CSA) NO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS,

MATO GROSSO.

por

Thiago Moreira Naves

Monografia apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos requisitos do Curso de Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia Agrícola e Ambiental.

Orientador: Profº. Dr. Marcos Henrique Dias Silveira

Rondonópolis, Mato Grosso – Brasil.

2020

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

A Deus criador dos céus e da terra por me proporcionar a vida e perseverança durante toda minha jornada até aqui.

Agradeço aos meus pais Abmael Naves e Maria Naves pelo amor, incentivo e apoio incondicional que serviram de alicerce para as minhas realizações. Por terem acreditado e investido seus recursos em minha jornada acadêmica.

Agradeço a minha querida esposa Josyanne Inês Naves pelo seu amor incondicional e que sempre esteve ao meu lado durante o meu percurso acadêmico. Acima de tudo sempre foi uma grande amiga, presente nos momentos difíceis apoiando com paciência, carinho e palavras de incentivo.

Á minha irmã Ellen Cristina pela amizade e atenção dedicadas quando sempre precisei, por estar ao meu lado e por me fazer ter confiança nas minhas decisões.

É claro que não poderia me esquecer dos dois amigos que considero como irmãos, Guilherme Lazzarin e Sillas Sales, que sempre estiveram presentes em todos os âmbitos de minha vida me apoiando, orientando e corrigindo quando necessário.

Á todos os meus amigos do curso de graduação que compartilharam dos inúmeros desafios que enfrentamos, sempre com o espírito colaborativo.

Em especial, aos meus amigos e amigas, Álvaro Fachim, Amanda Vasconcelos, Beatriz Araújo, Bruna Bertoldo, Diego Beber, Jhonattan Padua, Lys Fernanda, Nathalia Chagas, Manoel Fidelis, Marco Antônio, Vitor Augusto. Agradeço pela amizade, pelos “puxões de orelha”, pelas brigas, pela motivação, pelos ensinamentos, e por acreditarem em mim quando nem mesmo eu acreditava. E que alguns conseguiram se tornar muito mais que amigos, tornaram-se irmãos, confidentes, fazendo com que surgissem sentimentos como, inspiração e amor.

Ao meu professor orientador Dr. Marcos Henrique pelas valiosas contribuições dadas durante todo o processo indicando a direção correta que o trabalho deveria tomar e pela grande atenção dispensada que se tornou essencial para realização do trabalho.

Á todos os meus professores do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade Federal de Rondonópolis pela excelência da qualidade técnica de cada

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um. Não posso deixar de evidenciar os meus professores Osvaldo Guedes, Marcio Koetz e Maria da Conceição Trindade do qual tenho um carinho imenso e gratidão.

Á todos integrantes do grupo de pesquisa GPAS (Grupo de Práticas em Água e Solo), e aos respectivos professores Edna Maria Bomfin da Silva e Tonny José Araújo da Silva, por toda a dedicação a nós em nos ajudar e orientar profissionalmente. Com eles aprendi que toda dedicação, não se torna um sacrifício, e sim prazer, prazer de fazer aquilo que se ama.

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“A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento humano que deve comtemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza”.

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RESUMO

Um modelo de organização social baseado no fortalecimento de vínculos entre agricultores e consumidores é a CSA - Comunidade que Sustenta a Agricultura, que trabalha em lógica diversa à produção agrícola convencional, estabelecendo relações que priorizam o bem-estar da comunidade no centro das ações econômicas. Tem se revelado importante ferramenta a ligar o desejo de parte da população em consumir alimentos livres de agrotóxicos a produtores de alimentos orgânicos/agroecológicos, garantindo a sustentabilidade e a segurança da atividade do produtor rural familiar. O objetivo deste trabalho foi documentar a formação da CSA em Rondonópolis – Mato Grosso, trazendo também informações gerais sobre a CSA, o seu desenvolvimento no Brasil, seus princípios e desafios. A metodologia utilizada foi o levantamento bibliográfico e documental. Constatou-se que o público consumidor participante das reuniões para a formação da CSA em Rondonópolis demonstrou interesse em se tornar co-produtor. Atualmente são cerca de 80 famílias atendidas semanalmente por uma única produtora, embora haja outros produtores se preparando para atender as exigências da CSA. Dessa forma, há necessidade de projetos que capacitem mais produtores com condições e habilidades para atenderem os requisitos exigidos por esse sistema, para atendimento de maior número de famílias. A criação da CSA em Rondonópolis permite aos produtores um avanço na produção de alimentos saudáveis livres de agrotóxicos, motivando o consumidor/co-produtor a consumir esses alimentos e contribuir para a difusão e fortalecimento desse movimento social na região.

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ABSTRACT

A model of social organization based on strengthening ties between farmers and consumers is CSA - Community that Supports Agriculture, which works in a different logic to conventional agricultural production, establishing relationships that prioritize the well-being of the community at the center of economic actions. It has proved to be an important tool linking the desire of part of the population to consume pesticide-free food to organic / agroecological food producers, guaranteeing the sustainability and safety of the activity of the family rural producer. The objective of this work was to document the formation of the CSA in Rondonópolis - Mato Grosso, also bringing general information about the CSA, its development in Brazil, its principles and challenges. The methodology used was the bibliographic and documentary survey. It was found that the consuming public participating in the meetings for the formation of the CSA in Rondonópolis showed interest in becoming a co-producer. Currently, about 80 families are served weekly by a single producer, although there are other producers preparing to meet the requirements of CSA. Thus, there is a need for projects that enable more producers with conditions and skills to meet the requirements required by this system, to serve a greater number of families. The creation of CSA in Rondonópolis allows producers to advance in the production of healthy pesticide-free foods, motivating consumers / co-producers to consume these foods and contribute to the spread and strengthening of this social movement in the region.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. A CSA em funcionamento no Brasil no ano de 2016 com números e

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LISTA DE QUADROS

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Convite para a primeira reunião sobre CSA em

Rondonópolis...23

FIGURA 2. Convite para reunião do Fórum de Luta Contra os Impactos dos Agrotóxicos...24

FIGURA 3. Visita do Sr. Wagner à horta da produtora Silvania, em Rondonópolis...25

FIGURA 4. Reunião de sensibilização em Rondonópolis. Fonte: Arquivo pessoal Marcos H. D. Silveira...26

FIGURA 5. Vista parcial do público presente na reunião de sensibilização em Rondonópolis...27

FIGURA 6. Folheto ao consumidor distribuído na reunião de sensibilização...28

FIGURA 7. Folheto ao produtor distribuído na reunião de sensibilização...29

FIGURA 8. Segunda reunião...30

FIGURA 9. Reunião da organização com produtores...31

FIGURA 10. Declaração de Compromisso com o Agricultor...32

FIGURA 11. Convite aos interessados em fazer parte da CSA...33

FIGURA 12. Vistas da horta da produtora Silvania, em Rondonópolis...34

FIGURA 13. Primeira partilha CSA Rondonópolis...35

FIGUARA 14. Apresentação dos produtos que compôs a cota do dia 28 de agosto de 2019...36

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SÚMARIO

1 INTRODUÇÃO...14

2 MATERIAL E MÉTODOS...16

3 COMUNIDADE QUE SUSTENTA A AGRICULTURA – CSA...16

4 A CSA NO BRASIL...18

5 PRINCÍPIOS E DASAFIOS SOBRE A CSA...19

6 A CSA EM RONDONÓPOLIS – MATO GROSSO...22

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...37

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com Eckert (2016), a forma tradicional de produzir e comercializar alimentos estão diretamente ligados ao capital financeiro e industrial, do uso de agrotóxicos, adubos e fertilizantes químicos e de técnicas oriundas da Revolução Verde. Esse tipo de produção representa uma maneira de consumo da agricultura, o qual é prejudicial à autonomia dos indivíduos sobre a sua reprodução material e social, fazendo com que a sociedade tenha problemas como, pobreza, insegurança alimentar, problemas de saúde relacionados à alimentação, contaminação do meio ambiente e também a perca do sentido de corpo social e mutualidade.

Os agricultores familiares somente após muitas lutas obtiveram reconhecimento junto ao Estado em relação aos recursos públicos para crédito rural, que historicamente eram destinados preferencialmente aos grandes produtores. Porém, a unificação de diversos grupos sociais numa mesma categoria política ocultou muitas diferenças produtivas e socioculturais inerentes à agricultura familiar (PICOLOTTO, 2014; NIEDERLE, 2017).

Cabe notar que, nas estatísticas oficiais, a agricultura familiar aparece como segundo maior grupo de indivíduos em situação de extrema pobreza no campo, ficando atrás somente do grupo de famílias sem inserção produtiva (DEL GROSSI, 2012). Com isso, nos últimos anos, alguns grupos procuram mais reconhecimento, visibilidade pública e políticas que atendam às suas peculiaridades, ao passo que reivindicam um olhar específico do Estado em relação às suas características socioculturais (PICOLOTTO, 2014; NIEDERLE, 2017).

Para que os produtores da agricultura familiar não sofram processos de descapitalização e inviabilidade econômica, eles têm reagido com algumas estratégias, como: adoção da agroecologia com redução dos custos externos, ampliação do uso dos recursos internos à propriedade, inovação na integração mercantil e a dinâmica da pluriatividade. Já os consumidores estão apresentando uma demanda por alimentos saudáveis de qualidade devido a preocupações relacionadas com a sanidade e segurança dos alimentos (FERRARI, 2011).

Mediante o exposto, um modelo de organização social baseado na comunhão e fortalecimento de vínculos entre agricultores e consumidores é a CSA - Comunidade que Sustenta a Agricultura (FERREIRA-NETO et al., 2015). A Comunidade surgiu neste cenário a fim de evitar a cooptação da alimentação

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orgânica pelos mercados convencionais, reafirmando os valores e ideias originais do movimento pró-alimentos orgânicos (THOMPSON e COSKUNER-BALLI, 2007).

A CSA não se mantém apenas como uma relação comercial, sendo que os compradores se tornam cooperadores, pois, participam dos riscos e benefícios presentes na produção ao se vincularem a um pagamento mensal, antecipadamente, ajudando os produtores na obtenção de recursos financeiros necessários para a manutenção dos plantios, anulando a necessidade de financiamentos. Em compensação, os produtores fornecem toda semana a sua produção para os coprodutores produzidas de forma agroecológica (COOLEY; LASS, 1998; CASTELO BRANCO, et al., 2011).

A comunidade trabalha no sentido contrário da forma atual de produção agrícola, pois estabelece a criação de relações que tenham o bem-estar da comunidade no centro das ações econômicas. Essa comunidade permite que haja um sentimento entre as pessoas envolvidas e confiança por meio da ligação especifica do produtor com a terra. A ajuda entre as partes e compartilhamento dos riscos pode configurar uma forma de organização ante o modelo econômico tradicional (CONE E MYHRE 2000; BOUGHERARA et al., 2009; LAMB, 2010).

Assim, são gerados vínculos que ultrapassam um mero consumo, em que são formados laços de confiança entre campo e cidade. Desta forma ambos ganham, pois esses feitos trazem a agroecologia para a região, desenvolvendo a economia local e a comutação de conhecimentos. Este modelo apresenta uma alteração de visão, onde deixa a cultura do preço e do valor de mercado para uma cultura do apreço, onde se preza a interatividade e a reciprocidade de confiança (BRITO et al., 2018).

De acordo com Brito et al. (2018) os produtos que são entregues têm uma boa aceitação pelos coprodutores. Na entrega dos produtos há uma troca de informações, como receitas e sugestões de aproveitamento dos alimentos. Os compradores se mostram animados e interessados a essa experiência. Com isso os produtores ficam satisfeitos com as vendas e com o reconhecimento do seu trabalho.

Em vista disso, a comunidade vai além da eficiência, ela visa o planejamento, a distribuição de alimentos e a transformação coletiva. A partir disso, esse segmento tem se revelado como uma importante ferramenta a ligar o desejo de parte da população em consumir alimentos de qualidade e livres de agrotóxicos a produtores

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de alimentos orgânicos/agroecológicos, garantindo a sustentabilidade e a segurança da atividade do produtor rural familiar.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O objetivo do presente trabalho é documentar a formação da CSA em Rondonópolis, inicialmente por meio de levantamento bibliográfico para obter informações gerais sobre a CSA, o desenvolvimento da CSA no Brasil e seus princípios e desafios. Em seguida o levantamento se estendeu para a formação da mesma no município de Rondonópolis – Mato Grosso.

Para a realização do estudo foram realizadas buscas de forma eletrônica em diferentes bases de dados que apresentem artigos referentes à temática proposta: Google Scholar, Scielo (Scientific Electronic Library Online) e Portal Periódico da Capes.

No contexto de Rondonópolis, após a revisão bibliográfica, foi produzido um texto baseado em relatos pessoais, documentos escritos e imagens de arquivos pessoais dos componentes do grupo que administra a CSA Rondonópolis.

3 COMUNIDADE QUE SUSTENTA A AGRICULTURA – CSA

A CSA está associada a um movimento que teve início no Japão em 1971, após o desastre de Minamata (contaminação por mercúrio). Um grupo de mulheres que estavam preocupadas com o uso de produtos químicos na agricultura, com o aumento de alimentos processados e importados e com a diminuição das propriedades agrícolas locais, se organizaram a fim de alcançar autonomia na cadeia de produção dos produtos que as suas famílias consumiam, e tornando-se parceiras com um produtor local traçando um projeto de cooperação (HITCHMAN, 2015; HENDERSON et al., 2007).

Esse movimento no Japão ficou conhecido como teikei, rede que não para de crescer até os dias de hoje e se fundamentam nos dez princípios apresentados no Quadro 1, tornando-se a base ideológica para as práticas da CSA (DAROLT, 2012; URGENCI, 2019):

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Quadro 1: Os dez princípios de teikei.

Principio Significado

Assistência mútua A relação entre agricultores e consumidores deve estar baseada numa relação amigável, de atendimento mútuo. Produção Planejada

Mediante prévio acordo com os consumidores, os agricultores devem produzir o máximo de variedade de alimentos possíveis no espaço destinado ao plantio.

Aceitação do produto

Os consumidores devem aceitar todos os produtos cultivados conforme o acordado previamente, sendo que sua dieta deve depender o máximo possível desta fonte.

Concessão mútua na decisão do preço

Ao decidirem os preços da produção, os agricultores devem levar em consideração as economias obtidas com a mão-de-obra, com a aceitação de todos os produtos e com a redução/eliminação de embalagens; já os consumidores devem se atentar para o benéfico de se obter alimentos de qualidade, frescos, seguros e saborosos.

Aprofundamento das relações de amizade

Alcançado através da maximização do contato entre agricultores e consumidores.

Auto distribuição

O transporte dos produtos deve ser realizados pelos grupos de produtores ou de consumidores, sem depender de intermediários.

Gestão democrática As responsabilidades são compartilhadas entre todos (agricultores e consumidores).

Aprendizagem no grupo Devem-se estimular práticas de compartilhamento de saberes entre os membros.

Manutenção da escala de

grupo apropriada

Deve-se evitar que um grupo fique muito grande. Para tanto, recomenda-se ampliar a quantidade de grupos de modo a manter constante a colaboração mútua.

Desenvolvimento constante

Nem sempre as condições serão adequadas e favoráveis a todos; mesmo assim, deve-se fazer um esforço para melhorar e avançar com colaboração mútua.

Fonte: Urgenci (2019), apud Tonini (2020).

O segmento da comunidade é descrito como sendo uma parceria local e solidária que ocorre entre os produtores e consumidores. Essas comunidades estão espalhadas em todo o mundo como: CSA (US, UK, Austrália), AMAP (França), ASC (Canadá), Teikei (Japão), Reciproco (Portugal), Huellas Verdes (Chile), a Granja Valle Pintado (Argentina), e as Canastas Comunitária (Equador), (URGENCI, 2016). A comunidade chegou aos Estados Unidos por influência do modelo europeu, em 1985, por intermédio do horticultor Jan Vandertuin que foi inspirado pela relação de aliança entre produtor e consumidor observada em Genebra (ECKERT, 2016).

No Brasil, apesar de experiência em Fortaleza iniciada em 1997 que durou dez anos, teve seu espaço de expansão a partir do ano de 2011 em Botucatu – SP com o objetivo de se efetivar algumas articulações para constituir uma rede de CSA

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no país. Então foi no ano de 2014 que foram feitas as primeiras discussões para a implantação da rede CSA – Brasil (YAMAMOTO, 2006; CONSEA, 2017; OLIVEIRA, 2019).

4 A CSA NO BRASIL

A Comunidade que Sustenta a Agricultura no Brasil teve seu primeiro grupo em 1997, na cidade de Fortaleza – Ceará. Suas atividades permaneceram por 10 anos (YAMAMOTO, 2006). No entanto, foi no ano de 2011 que o movimento voltou a surgir na cidade de Botucatu – São Paulo, pelo designer e artista plástico Hermann Pohlmann, trazendo seus conhecimentos adquiridos na Alemanha e pela sua vivência como co-fundador da rede alemã de projetos makeCSA (TORRES, 2017).

De acordo com Torres (2017), Polhmann foi um dos principais articuladores da CSA Demétria, formada em um bairro de mesmo nome no município de Botucatu – SP. No mesmo ano (2011) formou-se também a CSA Apanfé, em Maria da Fé – MG e o conceito de CSA foi apresentado e estimado durante o Fórum Mundial Social, em Porto Alegre – RS.

Logo após foram identificados grupos em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pernambuco e em Minas Gerais e Santa Catarina (CSA Brasil, 2020). Segundo CSA Brasil (2020), há uma estimativa de 50 unidades em funcionamento, com cerca de 400 consumidores participantes que apoiam as famílias produtoras.

A organização sem fins lucrativos CSA Brasil constrói, como modelos, projetos agrícolas baseados na comunidade, nos quais os agricultores podem se orientar para garantir um futuro a pequenos empreendimentos agrícolas. A organização também faz acompanhamento e supervisiona esses projetos em formato de rede, que já pode ser identificada em todo território nacional (CSA BRASIL, 2020).

Em seguida, pode ser visto na tabela 1 mostra as CSA’s em funcionamento no Brasil no ano de 2016 com números e valores das cotas.

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Tabela 1 – A CSA em funcionamento no Brasil no ano de 2016 com números e valores das cotas. UF Cidade CSA Cotas Valor da cota

MG BH Alfa 135 Média R$143 Lavras Horta pro Nobis 29 R$70

SP

Araras Araras 21 R$55 (P), R$105 (M)e R$160 (G) Santo André CSABC 33 R$110 (M) e R$160 (G) Itapetininga Itapetininga 27 R$100 (M) e R$180 (G) Boituva Boituva 35 R$115 (M) e R$195(G) São Carlos São Carlos 32 R$120

Rio Claro Rio Claro 32 R$120 Ourinhos Ourinhos 50 R$106 Bauru Residência do Sr. Mário Balaio de Krishna Viver 35 32 65 Botucatu Timbó Demétria 27 22 São Paulo Granja Julieta (SP) Associação Serras Verdes

(SP) Horta do Marcelo (SP) 9 63 45 R$86 a R$438 PE Recife Camaragibe Recife Aldeia 55 R$130 22 R$107 RS Porto Alegre Porto Alegre Sitio São Carlos

100 R$105 a 165 31 R$150 PR Curitiba Verde Orgânico

Bocaiúva

30 R$104 26 R$105 SC Itapema Flora Bioativas 32 R$170

Fonte: ORTEGA et al. (2017).

Os valores das cotas variam de acordo com o número de itens nas cestas ou com o modelo de precificação adotado pela comunidade, como: cultura do apreço e leilões (ORTEGA, et al., 2017).

5 PRINCÍPIOS E DESAFIOS SOBRE A CSA

A Comunidade que Sustenta a Agricultura é um exemplo de organizações que não visam lucros, onde é sugerida uma produção que valorize produtores agrícolas que se enquadram na agricultura familiar. O foco da CSA é manter uma renda fixa para estes pequenos produtores e buscar também a mudança para a agricultura agroecológica. O alicerce deste modelo tem o princípio de cooperação entre as

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propriedades produtoras que participam da CSA e até mesmo entre instituições de ensino, professores, alunos e familiares (OLIVEIRA, 2018).

Pode-se dizer que o cooperativismo ligado à agroecologia é de extrema importância para a agricultura familiar. Neste contexto, fica claro que nem todo produtor enquadrado na agricultura familiar aplica o cooperativismo adjunto da agroecologia, isso o torna suscetível ao fracasso. O mais preocupante, contudo, é constatar que nem todos praticantes da agricultura familiar consideram a agroecologia primordial. Não é exagero afirmar que alguns produtores leigos acham que a agroecologia é simplesmente retirar os insumos químicos da produção e utilizar insumos orgânicos. Assim, preocupa o fato de que muitos produtores encaram a agricultura da agroecologia como algo simples, isso porque não buscam se informar sobre toda a sistemática deste tipo de produção (BUAINAIN, 2006).

É interessante, aliás, ressaltar a busca dos consumidores por uma alimentação saudável, que apresente boa qualidade e que seja de produção local. O modelo CSA gera baixo impacto ambiental, mas o fato que se sobrepõe é a produção de alimentos frescos e saudáveis, através da agricultura sustentável obtido através do respeito para com a natureza. Dessa maneira, também é gerada uma relação de proximidade entre produtor e consumidor, contribuindo para o desenvolvimento local da região em que se configura e ajuda o produtor a se manter em um modelo econômico formal. Mesmo assim, conforme explicado acima, não parece haver razão para que os produtores de porte familiar não venham aderir a este modelo. É sinal de que há, enfim, um modelo muito bem estruturado para que pequenos agricultores possam produzir e comercializar alimentos saudáveis (ALIOTTE, 2018).

A representação do que é compreendido como uma Comunidade que Sustenta a Agricultura trata-se inegavelmente de quatro princípios fundamentais (BASHFORD et al., 2013):

 Parceria: acordo entre consumidores e produtores caracterizado pelo comprometimento mútuo com a produção. Legitima o suporte financeiro e condições de bem-estar necessárias para a produção e distribuição de alimentos;

 Local: incentivo à economia local, integrando produtores a comunidades beneficiadas próximas ao local de cultivo;

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 Solidariedade: a comunidade que se forma é corresponsável pelos riscos e benefícios associados à produção, sendo flexível às características naturais da biorregião;

 Relação produtor-consumidor: contato direto e confiança mútua, sem a presença de intermediários ou hierarquia.

Portanto, a CSA forma confiança mutua entre produtor e consumidor, devido a ausência de intermediários e também devido ao suporte financeiro que ocorre por parte do consumidor ao pagar antecipadamente pelos alimentos gerando um compromisso por parte do produtor de entregar o produto. Neste contexto, fica claro que a relação estabelecida por produtor e consumidor colabora também no âmbito local, desenvolvendo a região. Logo, "A CSA tem se mostrado bastante eficiente e promissora. É um dos melhores exemplos de sucesso de um modelo alternativo de comercialização agrícola de alimentos" (ALIOTTE, 2018, p.04).

Ora, em tese, conforme explicado acima, a CSA é um modelo de grande valia para os produtores que visam produzir de forma agroecológica buscando o cooperativismo. Caso contrário, não apresentaria tantos benefícios, por exemplo, as vendas garantidas dos produtos antes mesmo de se dar início ao processo de plantio. Não se trata de algo simples, mas sim de uma tecnologia social desenvolvida para que a agricultura familiar não venha ser extinta.

A transição agroecológica, ao chegar a localidades com constante improdutividade, fez com que as famílias pluriativas, que ousassem utilizar da inovação agrícola, pudessem destacar-se diante da sociedade, destaque não somente no crescimento econômico, mas na aquisição de conhecimentos sobre a agricultura, de forma a favorecer futuras produções em terrenos desfavoráveis e\ou degradados. Surge, assim, o Protagonismo Social em estreita relação com as práticas agroecológicas, proporcionando avanços no meio rural que possibilitam por meio do empoderamento, da construção da identidade do homem do campo, a busca pelo Desenvolvimento Rural Sustentável. (ABREU et al., 2016, p. 154).

O autor deixa claro na citação acima que a agroecologia vem como uma forma de inovação para que as famílias que vivem da agricultura possam ter proeminência perante o meio que vivem em relação à melhoria financeira e no conhecimento sobre métodos de produção onde não se utiliza agentes químicos. Consequentemente, temos evoluções rurais que ocasionam o desenvolvimento rural sustentável.

Por todas essas razões, a agricultura familiar está cada vez mais dependente de tecnologias sócias. A CSA é um modelo extremamente relevante que deve ser

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adotado por todos os produtores que entendem a necessidade de aprender, desenvolver e aprimorar seus métodos de produção, comercialização e maneiras de criar laços com seus clientes.

Saliente-se ainda que, alguns desafios presentes nesse modelo segundo Hayden e Buck (2012) é que ao se adotar o envolvimento e proximidade com a comunidade, os consumidores poderão pagar um valor mais alto nos produtos e terão menos controle sobre as variedades e quantidade de produtos que irão receber.

De acordo com Eckert (2016) e Melo et al (2018) um dos maiores desafios que a comunidade se depara é a ruptura de postura do consumo tradicional das pessoas envolvidas que já veem disciplinadas a seguirem a gestão tradicional. A falta de comunicação quando há insatisfação de um processo que não está de acordo com aquilo que foi estabelecido pelas partes, ou até mesmo quando o produtor se encontra com problemas pessoais podendo afetar sua produção e não encontra solidariedade dos consumidores (HAYDEN e BUCK, 2012).

Desse modo, a falta de confiança gera o enfraquecimento da comunidade (BLOEMMEN et al., 2015). Pois, o comprometimento, a comunicação, a mudança de hábitos e a participação direta capaz da criação de laços são essenciais para o estabelecimento concreto da relação entre os consumidores e produtores (ECKERT, 2016; MELO et al., 2018).

Outro desafio que a CSA encontra são os limites dos seus princípios, pois a mesma propõe que haja laços, sentimentos de compromisso profundo de confiança estimulados por causa dos momentos de convívio e socialização. Então a ampliação para grande escala de produção, abandonando um modelo econômico dominante de caráter local poderia colocar em risco a relação que permite uma integridade da sociedade (OLIVEIRA et al., 2019).

6 A CSA EM RONDONÓPOLIS – MATO GROSSO

Este capítulo foi possível a partir de relatos pessoais obtidos pelo professor da Universidade Federal de Rondonópolis Dr. Marcos Henrique Dias Silveira1, que

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Informações fornecidas por meio de comunicação pessoal do professor Marcos Henrique Dias Silveira, por e-mail, em 10/08/2020.

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se interessou pelo movimento da CSA ao receber o convite (Figura 1) para a primeira reunião pública (encontro de sensibilização) a abordar o assunto em Rondonópolis e a partir da reunião engajou-se no movimento como co-produtor.

Figura 1 – Convite para a primeira reunião sobre CSA em Rondonópolis. Fonte: Lilian Martins

A história da CSA em Rondonópolis teve inicio em uma reunião do “Fórum de Luta contra os impactos dos agrotóxicos na Região Sul de Mato Grosso” (Figura 2), realizada em 22 de março de 2019, no Ministério Público do Trabalho de Rondonópolis, na qual o professor Jackson Barbosa (UFMT Cuiabá) apresentou os impactos negativos do uso de agrotóxicos em Mato Grosso.

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Figura 2 – Convite para reunião do Fórum de Luta Contra os Impactos dos Agrotóxicos. Fonte: Arquivo pessoal Lilian Martins.

A jornalista Lilian Martins – representando a APOR (Associação de Apoio aos Pacientes Oncológicos de Rondonópolis) – estava na reunião, sensibilizou-se com os dados apresentados e colocou-se a disposição para ajudar a mudar esse panorama. Após o final da reunião, enquanto aguardava o transporte em frente ao prédio, tabulou conversa com um pequeno grupo de participantes do fórum, dizendo que gostaria de fazer algo para mudar essa situação e poder tornar mais fácil o acesso a alimentos orgânicos/agroecológicos na cidade. A funcionária da EMPAER de Juscimeira, Carmencita Stefanelo (que também se encontrava ali) sugeriu: “por que vocês não montam uma CSA?” E disse que conhecia a experiência de CSA da cidade de Bauru-SP.

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Assim, a jornalista Lilian se interessou pelo assunto e após pesquisas na internet entrou em contato com o grupo da CSA de Bauru, que propôs enviar à região o Sr. Wagner Santos, para auxiliá-los no processo de criação de nova CSA.

Papel importante coube ao Sr. Baltazar de Melo – então agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ex-Secretário Municipal de Meio Ambiente de Rondonópolis, grande difusor da agroecologia na região e bastante atuante no Fórum contra agrotóxicos – que conseguiu na CPT os recursos para custear as passagens aéreas do Sr. Wagner e contatou as Irmãs Catequistas Franciscanas para viabilizar o local para a reunião de sensibilização e a estadia do mesmo na cidade.

Durante os dias em que esteve na região, o Sr. Wagner visitou produtores (Figura 3), explicou à equipe inicial de trabalho como funcionavam as planilhas de custo e a organização da CSA, além de realizar reuniões/palestras de sensibilização em Rondonópolis e Cuiabá.

Figura 3 – Visita do Sr. Wagner à horta da produtora Silvania, em Rondonópolis. Fonte: Arquivo pessoal de Lilian Martins2.

Na Figura 3 o Sr. Wagner é o terceiro da direita para a esquerda, ladeado pela mãe da produtora Silvania e pela jornalista Lilian. Também na foto o esposo e o pai da produtora, além de membro da equipe de apoio.

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A reunião de sensibilização em Rondonópolis (14/05/2019) surpreendeu os organizadores pelo interesse da população, pois esperavam algo em torno de 50 pessoas, porém, mais de 90 pessoas se apresentaram naquela data (Figuras 4 e 5). A maioria composta de consumidores, mas com alguns produtores rurais também.

Figura 4 – Reunião de sensibilização em Rondonópolis. Fonte: Arquivo pessoal Dr. Marcos H. D. Silveira.

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Figura 5 – Vista parcial do público presente na reunião de sensibilização em Rondonópolis. Fonte: arquivo pessoal Dr. Marcos H. D. Silveira.

Nessa reunião foram apresentados os princípios da CSA e um depoimento do Sr. Wagner mostrando como foi a sua história para passar da “cultura do preço” para a “cultura do apreço”. Um movimento de valorização, pela comunidade, das atividades de agricultores que produzem alimentos saudáveis e livres de contaminantes. Também usou a palavra, ressaltando a importância da iniciativa, o Promotor do Meio Ambiente, Dr. Ari Madeira Costa e ao final foram sorteadas cestas com produtos orgânicos/agroecológicos aos participantes.

Foram distribuídos na reunião folhetos com informações que instigassem a reflexão tanto de consumidores (Figura 6), quanto de produtores rurais (Figura 7), para uma nova forma de relação entre eles.

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Figura 6 – Folheto ao consumidor distribuído na reunião de sensibilização. Fonte: CSA Brasil3

Foram coletadas informações sobre os interessados na formação de uma CSA nessa reunião de sensibilização, com listas de nomes e contatos tanto de possíveis co-produtores, como de produtores.

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Figura 7 – Folheto ao produtor distribuído na reunião de sensibilização. Fonte: CSA Brasil4

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Ao final da primeira reunião, o casal Dirceu Aniceto Coelho e Tania Maria Stoffel apresentou-se para auxiliar na organização. Na segunda reunião (Figura 8), poucos dias depois, com Lilian e produtores da região, eles trouxeram Inez Pereira Feitosa, que incluiu posteriormente ao grupo o esposo, Paulo José F. Santos.

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Figura 8 – Segunda reunião. Fonte: Lilian Martins

Na terceira reunião (Figura 9), já definido que naquele momento somente estava em condições de atender as exigências/necessidades da CSA a produtora Silvania Mitsue Amemiya, tratou-se de refinar a planilha de custos da produtora para definir o valor das cotas de co-produtores em um valor justo, que valorizasse o trabalho da família produtora.

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Figura 9 – Reunião da organização com produtores. Fonte: Lilian Martins

Na quarta reunião, em 26 de junho de 2019, realizada na escola Sagrado Coração de Jesus (Figura 11), foram assinados os compromissos com os produtores pelo período de um ano, na forma de um “contrato” informal, sem valor jurídico, mas representando o compromisso daquelas pessoas com os princípios da CSA e com os produtores, em depositar até o dia 10 de cada mês, o valor correspondente a sua cota de participação como co-produtores (Figura 10).

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Figura 10 – Declaração de Compromisso com o Agricultor.

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Figura 11 – Convite aos interessados em fazer parte da CSA.

Fonte: arquivo pessoal Dr. Marcos H. D. Silveira; (material desenvolvido por Lilian Martins).

A jornalista Lilian criou o grupo em um aplicativo de celular de mensagens instantâneas para a equipe de coordenação em 31/05/2019. A equipe, composta por Lilian Martins, Tania Stoffel, Dirceu A. Coelho, Inez Pereira Feitosa, Paulo José F. Santos e o casal de produtores Silvania e Fábio, se tornou responsável pelo desenvolvimento das planilhas, organização da infraestrutura do espaço de partilha/distribuição dos alimentos, listas de espera de interessados em ser co-produtores, prestação de contas dos grupos, definição de critérios para participar da CSA como produtores, realização de visitas técnicas a produtores, definição do tipo de informação a passar ao grupo geral da CSA, definição de datas para reuniões de confraternização do grupo, dias de campo, entre outras atividades. Posteriormente outros co-produtores passaram a compor a equipe. Pela ordem, Marcos H. D Silveira no início de setembro de 2019, Juliana Ribeirão de Freitas em novembro de 2019,

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Tulio Souza Cardoso, Willian Kley Carvalho e Israel Dorildo Carlini da Rocha no início de junho de 2020.

Atualmente existem dois grupos de co-produtores CSA em Rondonópolis, com pouco mais de 40 famílias em cada um, sendo atendidos por uma única produtora, Silvania Mitsue Amemiya, seu esposo Fábio e sua família. O grupo 1 partilha os alimentos no espaço da garagem da Casa das Irmãs Catequistas Franciscanas, nos finais de tardes de quartas-feiras e o grupo 2 no mesmo local e horário, às segundas-feiras.

O pai da produtora Silvania produziu hortaliças orgânicas em Rondonópolis por mais de 37 anos, com comercialização de produtos em sua horta (figura 12), que hoje já se encontra no perímetro urbano, e na Feira da Vila Aurora. Após a sua aposentadoria, sua filha Silvania, depois de voltar ao país após temporada morando no Japão, assumiu com sua família a produção das hortaliças, dando continuidade aos trabalhos de seu pai.

Figura 12 – Vistas da horta da produtora Silvania, em Rondonópolis. Fonte: Lilian Martins

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Trabalham na linha de produção conhecida como agricultura natural, conforme princípios preconizados por Masanobu Fukuoka, aperfeiçoados e divulgados no Brasil por Mokiti Okada, ligado à filosofia da Igreja Messiânica. Com produção livre de adubação mineral de alta disponibilidade (popularmente conhecida como “adubação química”) e também livre de uso de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas, além de se apoiar também no uso de energias sutis como forma de melhorar as condições de produção vegetal saudável.

A primeira partilha de alimentos (Figura 13) pela CSA Rondonópolis aconteceu no dia 10 de julho de 2019, no espaço da garagem da Casa das Irmãs Catequistas Franciscanas de Rondonópolis, que têm cedido a área sem qualquer custo até o momento, sendo um importante apoio para o funcionamento da CSA.

Figura 13 – Primeira partilha CSA Rondonópolis. Fonte: arquivo pessoal de Lilian Martins.

Durante reunião ocorrida em novembro de 2019, na Casa das Irmãs Franciscanas em Rondonópolis, quando houve uma palestra sobre sistemas agroflorestais de produção, a produtora Silvania fez um depoimento ressaltando a importância da CSA para oferecer segurança econômica a sua família, para que pudesse deixar de depender da feira como espaço de comercialização, no qual

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muitas vezes levava alimentos que não eram comercializados, e passasse a planejar a produção sabendo que iria receber a justa remuneração, colhendo somente o que iria entregar na CSA, sem perdas, permitindo inclusive se capitalizar para realizar treinamentos e capacitações no sentido de aprimorar-se para utilizar sistemas agroflorestais na produção de alimentos.

Alguns produtores da região, interessados em atender a CSA, estão em transição agroecológica e já comercializam parte de sua produção no ponto de distribuição da CSA.

A Figura 14 apresenta os produtos que fizeram parte da “cesta” de 28 de agosto de 2019, sendo eles: couve, beterraba, cenoura, alface roxo, pepino, cebolinha, couve-rábano, acelga chinesa, brócolis, rúcula e hortelã. A cada semana os co-produtores recebem uma variedade semelhante, mas com os produtos de cada época. E pagam uma cota mensal, que no primeiro ano foi de R$ 143,00, já incluídas as taxas de contribuição para a CSA Brasil e um pequeno valor para caixa da CSA (para custear pequenas despesas eventuais).

Figura 14 – Apresentação dos produtos que compôs a cota do dia 28 de agosto de 2019. Fonte: arquivo pessoal Dr. Marcos H. D. Silveira

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento da presente revisão possibilitou uma análise de como a CSA vem se tornando cada vez mais difundida e importante na agricultura familiar, uma reflexão feita acerca dos princípios, além disso, também permitiu avaliar os benefícios que essa comunidade trás para os produtores e co-produtores.

De modo geral, os produtores enquadrados na agricultura familiar no município de Rondonópolis demonstraram interesse em fazer parte de uma CSA e buscam meios para estarem se enquadrando nessa tecnologia social, mas ainda possuem algumas dificuldades, como aumentar sua produção para atender a demanda dos consumidores e também estimular o interesse dos co-produtores em participar dessa comunidade.

Os participantes (consumidores) das reuniões para a formação da CSA em Rondonópolis demonstraram interesse em se tonar co-produtores. Atualmente são cerca de 80 famílias atendidas por uma única produtora semanalmente.

Dada à importância do tema, torna-se necessário o desenvolvimento de projetos que possam capacitar os produtores com condições e habilidades para atenderem os requisitos exigidos por esse sistema, produzindo alimentos orgânicos e o aumento da produção para atendimento de um maior número de famílias.

Nessa perspectiva, a criação da CSA em Rondonópolis permite aos produtores um avanço na produção de alimentos saudáveis livres de agrotóxicos, motivando o consumidor/co-produtor a consumir esses alimentos e contribuir para a difusão e o fortalecimento desse movimento social na região.

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