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BRIGADA DE INCÊNDIO EM EMPRESA DE ENVASAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE GÁS

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Academic year: 2021

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BRIGADA DE INCÊNDIO EM EMPRESA DE ENVASAMENTO E

DISTRIBUIÇÃO DE GÁS

Eduardo Silva Luchetta¹; Francielle Maria Morais²; Nathalia Augusta Batista Gomes3; Silvia

Sidnéia da Silva4; Neide Aparecida de Souza Lehfeld5; Edilson Carlos Caritá6

¹ Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Discente do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. eduardoluchetta@hotmail.com.

² Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Discente do Curso de Enfermagem. franciellemorais85@gmail.com.

³ Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Discente do Curso de Enfermagem. naah.gomes@live.com.

4Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Professora Titular do

Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Educação e Coordenadora do Curso de Enfermagem. sssilva@unaerp.br.

5Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Professora Titular do

Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Educação e Diretora da Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão. nlehfeld@unaerp.br.

6 Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Professor Titular do

Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Educação e Coordenador do Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho. ecarita@unaerp.br.

RESUMO

No contexto da segurança do trabalho, a atividade no setor de petróleo e gás é considerada de magnitude relativamente alta ou alta periculosidade, pois a matéria-prima utilizada é composta por elementos inflamáveis que podem gerar incêndios e explosões, acarretando em casos omissos ou de descontroles, riscos imensuráveis aos seres humanos e ao meio ambiente. Deste modo, destaca-se a importância de uma brigada de incêndio, bem como a capacitação continuada desses profissionais, para que, se necessário, estejam aptos para a prevenção e combate de incêndios, primeiros socorros e evacuação de ambientes; além de avaliar a colaboração, o impacto e redução desses incidentes. O objetivo do trabalho é estudar a atuação de uma brigada de incêndio em uma empresa de envasamento e distribuição de gás. A metodologia utilizada foi de caráter exploratório-descritivo com abordagem qualitativa, realizado por meio de revisão de literatura e apropriação do estudo de caso. Evidenciou-se a importância da brigada de incêndio na empresa analisada, voltada à produção, envasamento e distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), uma vez que se comprovam altos riscos e probabilidades de incêndio. Ressalta-se que a integração entre os órgãos emergenciais é de fundamental importância para o gerenciamento e o controle dos riscos envolvendo a utilização do GLP.

Palavras chave: Brigada de Incêndio; Gás; Prevencionista. Área de Conhecimento: Exatas.

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1 INTRODUÇÃO

Toda atividade laboral, de qualquer área de uma empresa ou indústria, apresenta riscos específicos, principalmente, a atividade relacionada a produtos inflamáveis com fácil poder de combustão. Para a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ, 2019) o contato, a exposição e a manipulação de produtos químicos podem causar diversos danos à saúde, desde irritações na pele e olhos, com capacidade de desenvolvimento de doenças crônicas até queimaduras de diversos graus, em decorrência de explosões ou incêndios.

Assim, no contexto da segurança do trabalho, a atividade no setor de petróleo e gás é considerada de magnitude relativamente alta ou de alta periculosidade, pois a matéria-prima utilizada é composta por elementos inflamáveis que podem gerar incêndios e explosões, acarretando em casos omissos ou de descontroles, riscos imensuráveis aos seres humanos e ao meio ambiente. Freitas, Porto e Machado (2000) explicam que nas indústrias, os principais fatores de explosões e incêndios são causados por gases líquidos e inflamáveis atingindo, principalmente, os trabalhadores, porém, não deixam de citar os fatores de riscos que envolvem as emissões de gases através da combustão, seja na transportação ou na fase de produção.

Portanto, uma brigada de incêndio, bem como a capacitação continuada desses profissionais são essenciais para que, se necessário, estejam aptos para a prevenção e combate de incêndios, primeiros socorros e evacuação de ambientes, além de avaliar a colaboração, o impacto e diminuição de incidentes.

2 OBJETIVO

O objetivo deste estudo é estudar a atuação de uma brigada de incêndio em uma empresa de envasamento e distribuição de gás.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de estudo exploratório-descritivo com abordagem metodológica qualitativa realizado por meio de revisão de literatura e estudo de caso.

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O levantamento bibliográfico foi realizado através de consultas em bases de dados online, sendo elas Scientific Electronic Library Online (SciELO), IEEE Xplore, também foram utilizadas bibliotecas virtuais como a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, livros e Internet, além de análise de documentos internos pertencentes à empresa demonstrando dados e normativas das atividades desenvolvidas no ambiente.

Foram utilizadas as palavras chave: incêndio, brigada de incêndio, gás, prevencionista, com produções científicas publicadas no período do ano de 2004 a 2019. As consultas às bases de dados foram realizadas no período de julho a novembro de 2019.

A empresa analisada neste estudo foi fundada no ano de 1937, trata-se de uma empresa brasileira cuja função é a distribuição de gás domiciliar, a partir do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), cuja matriz é localizada na cidade de São Paulo. São comercializados geralmente em botijões com diferentes tamanhos de vasilhames. O transporte é realizado na forma líquida sob pressão e o consumo ocorre na forma de vapor.

O GLP é incolor e inodoro, composto pelos gases propano e butano, porém, por motivo de segurança acrescenta-se a composição uma base de enxofre denominada Mercaptana, de forte odor, justamente para identificar possíveis vazamentos.

Embora o GLP seja o mais adequado para fins industriais, residenciais e comerciais, pois não é considerado tóxico e poluente com baixo impacto ambiental, tem sua comercialização amparada pela Resolução nº 18, da Agência Nacional do Petróleo (ANP), contudo é considerado produto inflamável com alto poder de combustão.

4 DESENVOLVIMENTO

4.1 REFERENCIAL TEÓRICO

As organizações por meio das legislações buscam o atendimento das normas de segurança do trabalho para melhorar a qualidade de vida e profissional de seus colaboradores. Para isso, houve uma ruptura nos paradigmas que norteavam o espaço profissional de outrora, pois com a obrigatoriedade do cumprimento das leis,

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os profissionais são os mais beneficiados, porque diminuem-se os acidentes de trabalho, a laboração torna-se mais eficiente e, a empresa, também desfruta de melhores resultados. Dentre as necessidades de saúde e segurança do trabalho, as empresas devem criar uma estrutura voltada para a proteção de diversos segmentos, dentre eles, contra incêndios (OLIVEIRA; OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010).

Toda área laborativa, seja de qualquer ramo ou segmento, apresenta riscos ou perigos derivados da função, prevalecente a atividade voltada a produtos inflamáveis com poder de combustão. Nas empresas públicas e privadas, com funcionários

regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), as Normas

Regulamentadoras (NR) são obrigatórias por tratarem de requisitos e procedimentos voltados à segurança do trabalho (BRASIL, 1978a).

Se tratando de segurança do trabalho e prevenção contra incêndio, toda empresa cuja atuação envolve inflamáveis e explosivos, devem seguir o cumprimento das medidas constantes na NR 20, que estabelece requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho contra os fatores de risco de acidentes provenientes das atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis.

A NR 20 foi publicada em 1978, e atualizada no ano de 2012 para melhoria dos processos e gestão, cujo objetivo foi garantir maior proteção aos trabalhadores do ramo, entrando em vigor em 06 de março de 2012, com ressalva de alguns itens que contavam com prazos posteriores. Todavia, no ano de 2014, alguns prazos foram dilatados considerando que em 2015 todas as atualizações deveriam estar vigorando pelas empresas; porém, nos anos de 2017, 2018 e 2019 implementando melhorias, houve nova atualização da referida NR, e dentre as mudanças estão previstas as “exigências quanto ao treinamento e capacitação dos trabalhadores” (BRASIL, 1978b).

Conforme Ministério do Trabalho (BRASIL, 1978c), a NR 23 aborda a proteção contra incêndios e disciplina as regras complementares de segurança e saúde no trabalho, previstas no artigo 200 do Decreto Lei nº 5.452/43 que aprovou a CLT, além de estar amparada pela Portaria nº 3.214/78 e atualizada pela Portaria SSMT nº 2/79. Deste modo, a NR 23, criada em 1979, aborda a proteção contra incêndios e determina a função da brigada de incêndio, sendo composta por um grupo de voluntários que passam a maior parte do seu tempo em um mesmo local, no caso a empresa, que recebem treinamento e capacitação no auxílio dos demais

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funcionários em situações de emergência e/ou incêndio, além de preparação específica, técnica e teórica sobre salvamento e primeiros socorros. O grupo torna-se responsável pela identificação de riscos no ambiente de trabalho, emissão de relatórios, pareceres e fiscalização dos equipamentos de segurança.

Tais medidas, segundo Ministério do Trabalho (BRASIL, 1978c), são evidentes no item 1 das disposições gerais da NR 23:

O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações sobre:

a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;

b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança; c) dispositivos de alarme existentes.

Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em número suficiente e dispostas de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-los com rapidez e segurança, em caso de emergência.

Ainda de acordo com a NR 23 (BRASIL, 1978c), todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis. Deste modo, caracteriza a importância da implantação de uma brigada de incêndio em prol da qualidade e respeito à vida dos funcionários.

Obedecendo às exigências da referida NR, as leis da brigada de incêndio são estaduais, baseadas em normas locais, pelo Decreto nº 56.819/2011 do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em conformidade e amparadas pela Norma Brasileira NBR-14276/2006 da ABNT que dispõe de requisitos para formação da brigada de incêndios, em nível nacional, bem como a Instrução Técnica (IT) nº 17/2019 do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Segurança Pública, em nível regional (SÃO PAULO ESTADO, 2019; ABNT, 2006).

A IT nº 17/2019 (SÃO PAULO ESTADO, 2019) faz referência às normas para todas as edificações ou áreas de risco, conforme o Regulamento de Segurança contra Incêndio das edificações e áreas de risco do Estado de São Paulo, de acordo com os apontamentos tem como objetivo:

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Estabelecer as condições mínimas para a composição, formação, implantação, treinamento e atualização da brigada de incêndio, para atuação em edificações e áreas de risco no Estado de São Paulo, na prevenção e no combate ao princípio de incêndio, abandono de área e primeiros socorros, visando, em caso de sinistro, proteger a vida e o patrimônio, reduzir os danos ao meio ambiente, até a chegada do socorro especializado, momento em que poderá atuar no apoio (SÃO PAULO ESTADO, 2019, p. 1).

Segundo legislação do Estado de São Paulo (2019), descrita no Decreto nº 56.819, de 10 de março de 2011, a composição da brigada de incêndio é determinada pelo descrito no Quadro 1, a quantidade de brigadistas nas empresas é delimitada por meio de pessoas fixas no local por turno, além do grau de risco que a empresa está classificada, sendo o número de brigadistas calculado de acordo com a divisão de ocupação. Após a composição da brigada é fundamental a participação de pessoas alocadas nos diversos espaços do local para que os brigadistas assumam posições estratégicas, quando necessário, em situações de emergência.

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Quadro 1 – Composição mínima da brigada de incêndio por pavimento ou compartimento.

Fonte: SÃO PAULO ESTADO (2019, p. 8).

Ainda de acordo com o decreto citado anteriormente, os candidatos precisam preferencialmente ter experiência como brigadista, permanecer no local durante o

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seu turno de trabalho, dispor de boas condições de saúde física e geral, ser maior de idade e alfabetizado e deter conhecimentos específicos das instalações da edificação, com preferência aos colaboradores das áreas de elétrica, hidráulica e manutenção em geral.

Conforme Decreto nº 56.819, de 10 de março de 2011, a brigada de incêndio deve ser organizada de maneira funcional, como segue:

a) Brigadista: pessoa voluntária ou indicada, treinado e capacitado para atuar na prevenção e no combate ao princípio de incêndio, abandono de área, prevenção de acidentes e primeiros socorros, numa edificação ou área de risco;

b) Líder: responsável pela coordenação e execução das ações de emergência de um determinado conjunto de setores ou pavimento ou compartimento. É escolhido dentre os brigadistas aprovados no processo seletivo;

c) Chefe da edificação ou do turno: brigadista responsável pela coordenação e execução das ações de emergência de uma determinada edificação da planta. É escolhido dentre os brigadistas aprovados no processo seletivo; d) Coordenador geral: brigadista responsável pela coordenação e execução

das ações de emergência de todas as edificações que compõem uma planta, independentemente do número de turnos. É escolhido dentre os brigadistas que tenham sido aprovados no processo seletivo, devendo ser uma pessoa com capacidade de liderança, com respaldo da direção da empresa ou que faça parte dela. Na ausência do coordenador geral, deve estar previsto no plano de emergência da edificação um substituto treinado e capacitado, sem que ocorra o acúmulo de funções.

Quanto às atribuições da brigada de incêndio, de acordo com o Decreto nº 56.819, de 10 de março de 2011, são denominadas ações de prevenção:

a) Identificar e analisar os riscos existentes durante as reuniões da brigada de incêndio;

b) Notificar ao setor responsável da empresa sobre as possíveis irregularidades encontradas para prevenção e proteção contra incêndios; c) Orientar a população frequentadora do local;

d) Participar das simulações através de exercícios; e) Conhecer o plano de emergência da edificação.

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São denominadas ações de emergência: a) Identificar a situação de risco;

b) Disparar o alarme e evacuação da área; c) Acionar o Corpo de Bombeiros Militar; d) Corte de energia;

e) Primeiros socorros;

f) Combate ao princípio de incêndio;

g) Recepção e orientação ao Corpo de Bombeiros Militar.

O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, de acordo com o Decreto nº 56.819, de 10 de março de 2011 demonstra por meio do fluxograma (Figura 1), como deve ser a realização dos procedimentos básicos de emergência.

Além da capacitação teórica, por meio do conhecimento das técnicas, Silva et al. (2003) explicam que o condicionamento físico, o conhecimento do local e uma boa comunicação para avaliação dos aspectos do incêndio são essenciais para os procedimentos a serem tomados de forma consciente e ágil.

Bosnich (1998) pondera a importância dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e vestuários, pois em caso de inapropriação desses, os brigadistas podem tornar-se inoperantes, submetendo-se a grandes riscos, portanto, a necessidade de ferramentas e equipamentos de ergonomia como calça, luva, bota, capacete e outros fazem necessários de maneira suficiente para todos os brigadistas atenderem as ocorrências de forma adequada.

Para Silva et al. (2003), as melhorias na infraestrutura colaboram para o aprimoramento do trabalho preventivo, gerando valorização e satisfação dos brigadistas na participação nos trabalhos, além de elevar o desempenho nos treinamentos.

Destarte, os membros que compõem a brigada precisam estar sempre atentos, pois o incêndio pode se iniciar de qualquer circunstância inesperada, e sendo a ação do fogo descontrolado, representa uma ameaça real e imensurável a tudo que possui vida, bem como o comprometimento incalculável das estruturas de edificações, afetando não só o bem-estar da sociedade, mas fatores que desestruturam a ordem social e econômica.

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Figura 1 – Fluxograma de procedimento de emergência da brigada de incêndio (recomendação)

Fonte: SÃO PAULO ESTADO (2019, p. 21).

Deste modo, Seito (2008) explica que incêndio é a combustão de forma rápida que se propaga sem controle no ambiente, fugindo do comando do homem, prejudicando ou até ceifando vidas e patrimônios, devido ao calor, fumaça e chamas;

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igualmente ao autor Castro (1999), que define incêndio como fogo descontrolado que proporciona sinistros e/ou desastres.

Seito (2008) pondera que a fumaça é fator que mais atinge as pessoas, pois é a mistura de vários gases, vapores e partículas sólidas, sendo visivelmente notada pela cor e odor. Portanto, afirma que a fumaça afeta a segurança das pessoas, pois:

1. Dificulta a visibilidade do local, e consequentemente, das rotas de fuga; 2. Provoca sufocação, ardência e lacrimejamento nos olhos e tosses; 3. O gás carbônico aumenta a palpitação cardíaca;

4. Provoca o pânico devido a densidade que ocupa no ambiente, considerado o que foi relatado no item 2.

5. Causa efeito tóxico e dificulta a movimentação das pessoas; 6. Pode atingir locais distantes em poucos minutos.

Os autores Carlo, Almiron e Pereira (2008) relatam a evolução de um incêndio como estágio incipiente, abrasamento, chamas e calor (Figura 2).

Figura 2 – Fases da evolução de um incêndio

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4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A empresa analisada possui mais de três mil trabalhadores, focada na tecnologia, conta com 18 bases de engarrafamento e 25 bases de estocagem e distribuição no território nacional, fornecendo mais de 1,7 milhão de toneladas de GLP para domicílios e empresas. Por ter sua atividade voltada a gases químicos inflamáveis com alto poder de explosão e, consequentemente, gerar incêndios, a empresa elaborou documento com “critérios gerais para elaboração dos Planos de Atendimento a Emergência (PAE) aplicados a todas as unidades, com os objetivos:

1) Critérios gerais para elaboração dos Planos de Atendimento a

Emergências – PAE;

2) Estabelecer estratégias, diretrizes e orientações para organizar a

preparação de resposta a emergências, incluindo prestação de primeiros socorros, decorrentes das atividades das Bases Operacionais, levando em consideração os levantamentos realizados para identificação de perigos e riscos e aspectos e impactos das atividades realizadas nas Bases, além de outros riscos e aspectos identificados em casos de incidentes e outros levantamentos considerados pertinentes.

3) Normatizar a Estrutura Organizacional de Resposta - EOR, de modo a

assegurar a integridade física das pessoas, prevenindo, mitigando ou minimizando os efeitos, e as consequências geradas às partes interessadas, como aos colaboradores, comunidade, impactos adversos ao meio ambiente, instalações e processos. E ainda permitir o abandono parcial ou total de todos os locais de trabalho e/ou áreas, de modo ordeiro e seguro;

4) Definição da matriz de treinamento das Bases da empresa (formação e

capacitação) dos profissionais relacionados à gestão e respostas a situações de emergência.

Atualmente, o número de brigadistas segundo os responsáveis pela área de Segurança, Saúde Ocupacional e Meio Ambiente (SSMA) da empresa, é de aproximadamente 20 a 30 por unidade de trabalho, variando de acordo com o número de funcionários (SILVA; DELEIGO, 2019).

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De acordo com os autores supracitados é denominada “crise” toda situação indesejada, que pode ser resultada ou não de uma situação de emergência, conforme descrita na Figura 3.

Silva e Deleigo (2019) ponderam que a Emergência, segundo o PAE, é classificada como toda situação anormal, não permitindo o controle da atividade, podendo gerar danos à saúde das pessoas, impacto ao meio ambiente, além de prejuízos à equipamentos, patrimônios próprios e de terceiros.

Figura 3 – Situações caracterizadas como “crise”

Fonte: SILVA; DELEIGO (2019, p. 4).

No Quadro 2 são apresentadas as caracterizações de emergência.

Além do PAE, foi elaborado o documento “critérios para a formação da brigada de emergência” abrangendo todas as unidades da empresa, cujo objetivo é:

Estabelecer disposições e procedimentos para a formação de Brigadas de Emergência nas unidades operacionais conforme requisito legal vigente. Estabelecer critérios para dimensionamento, formação, implantação, treinamento, e reciclagem da equipe de Brigada de Emergência a fim de que a equipe esteja apta a intervir de maneira eficiente e eficaz em situações emergenciais (SILVA; DELEIGO, 2019, p. 1).

Descreve a brigada de emergência como um grupo de pessoas voluntárias que recebem treinamentos e capacitação para que, se necessário, o grupo esteja apto

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na prevenção de situações emergenciais, bem como no combate a princípio de incêndio, evacuação de ambientes; além de realizar os primeiros socorros dentro de uma área determinada.

Quadro 2 – Diretrizes para classificação das emergências

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Para compor o corpo da brigada de emergência, é necessário:

● Ser população fixa da unidade;

● Experiência como brigadista – preferencialmente;

● Ser alfabetizado;

● Ter até 55 anos de idade;

● Gozar de boas condições físicas e saúde:

✔ Índice de Massa Corporal (IMC) menor de 30 kg/m²;

✔ Não ser portador de doenças de hipertensão arterial moderada a

severa, arritmia cardíaca descompensada ou cerebral; doenças ou

insuficiências cardíacas, doença pulmonar obstrutiva crônica,

bronquite asmática, doenças osteo-articulares com comprometimento de movimentos, deficiência física com impedimento de locomoção rápida, deficiência auditiva com impedimento de audição social, labirintopatias e síndrome do pânico em casos de emergência.

Para identificação dos componentes da brigada, os brigadistas das áreas operacionais devem utilizar, para identificação, capacete de cor vermelha ou devem utilizar boné na cor vermelha – para quem não usar capacetes. Já nas áreas administrativas, os funcionários brigadistas devem utilizar boné na cor vermelha ou cordão do crachá da mesma cor citada, com fácil abertura para removê-lo em casos de necessidade.

As atribuições e responsabilidades da brigada são descritas por meio de ações prevencionistas e emergenciais, como:

● Participação nas reuniões periódicas;

● Ter pleno conhecimento do Plano de Emergência e Contingência local da

planta do local;

● Ter pleno conhecimento dos riscos, perigos e impactos do local;

● Substituir quando necessário o técnico de segurança e auxiliar na

inspeção de equipamentos a combate a incêndio, primeiros socorros, rotas de fugas etc;

● Responsável pela orientação da população fixa e flutuante quanto a

comportamentos de segurança em unidades em que a brigada considera situações inseguras, bem como em situações de emergências;

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Quanto aos treinamentos, o técnico de segurança do trabalho, todo início do ano é responsável por elaborar um calendário constando a programação dos treinamentos teóricos e práticos para a brigada de incêndio, incluindo as simulações de emergências. Todo conteúdo e exercícios voltados ao curso de formação de Brigada de Emergência devem estar de acordo com a legislação vigente, sendo que os membros que obtiverem aproveitamento de 70% nas avaliações teórica e prática recebem o certificado de brigadista.

Ao tratar de emergências ambientais, os brigadistas, além dos treinos descritos anteriormente, precisam estar capacitados para:

1. Identificar o risco por meio do produto efundido e o seu volume;

2. Selecionar o equipamento de proteção consultando a Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ) ou Ficha de Emergência para utilizar o EPI adequado ou de máxima proteção;

3. Conter o vazamento demarcando a área com a utilização de barreiras específicas na contenção do produto;

4. Conter a origem do vazamento, quando existir segurança para isso, por meio de fechamento de válvulas, transferência do produto para outro contentor;

5. Avaliar e iniciar a limpeza do local por intermédio de um plano de ação; 6. Descontaminar ou descartar em local apropriado os equipamentos; 7. Descontaminar as pessoas envolvidas na limpeza.

Os treinamentos, sendo de responsabilidade da empresa, devem ocorrer preferencialmente dentro da unidade operacional e durante a jornada de trabalho, porém, na impossibilidade, tais capacitações devem acontecer de acordo com a disponibilidade.

Concluindo os treinamentos, semestralmente, é aplicado um questionário para análise do conhecimento e da atuação dos brigadistas, podendo ser utilizados modelos adotados no estado de São Paulo, sendo responsabilidade do Coordenador do Plano de Contingência/Emergência Local e Técnico de Segurança do Trabalho quanto a avaliação do desempenho da equipe dos brigadistas - teóricos e prático, com poder de desligamento de membros que não satisfaçam os conhecimentos necessários nas avaliações. Em situações de desligamentos voluntários ou involuntários faz-se necessário o preenchimento de Cessação da participação como membro da brigada em Termo de Compromisso

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da empresa. Além da avaliação dos funcionários, a brigada se reúne mensalmente com o registro de ata que constam assuntos pertinentes a ela.

De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) (2013), indústrias consideradas como grandes empresas são as que possuem mais de 500 funcionários, enquadrando-se aí, a empresa estudada. Embora seja de grande extensão, com o ramo caracterizado como de alta periculosidade, a empresa é atuante quanto à aplicação das NRs estabelecidas para o referido segmento, pois com mais de 80 anos no mercado brasileiro não houve acidente considerado estatisticamente grave, com evidência para um vazamento de GLP, na unidade de Santos no ano de 2019, considerado como de grandes proporções segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), porém, com a atuação da brigada de incêndio, juntamente com o Corpo de Bombeiros local, o incêndio foi combatido através de nebulização da área, não gerando acidentes e/ou explosões.

5 CONCLUSÃO

Por meio do referido estudo evidenciou-se a importância da brigada de incêndio nas empresas, voltadas à produção, envasamento e distribuição de GLP, uma vez que há altos riscos e probabilidades de incêndio, pois a matéria-prima utilizada é altamente inflamável e comburente; contexto que exige pronta resposta para minimização dos riscos e consequências. Portanto, a integração entre os órgãos emergenciais é de fundamental importância para o gerenciamento e o controle dos riscos envolvendo a utilização do GLP.

6 REFERÊNCIAS

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