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RECURSOS EDUCACIONAIS. Recursos educacionais e laboratórios de ensino

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Academic year: 2021

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1 RECURSOS EDUCACIONAIS

Recursos educacionais e laboratórios de ensino

VISUALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA DE ENSINO: O caso da oficina integrada de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo - problemas de Parcelamento do Solo e

Assentamentos Habitacionais

Thiago Alfenas Fialho Escola de Arquitetura da UFMG thiagoalfenas@ufmg.br Roberto Eustaáquio dos Santos Escola de Arquitetura da UFMG eustaaquio1958@ufmg.br

1 APRESENTAÇÃO

O presente trabalho trata de analisar a experiência realizada na disciplina “OFIAUP: Oficina Integrada de Arquitetura, urbanismo e Paisagismo: Problemas de Parcelamento do Solo e Assentamentos Habitacionais”, do curso noturno de Arquitetura e Urbanismo da UFMG, no primeiro semestre de 2017. A ementa da disciplina foi interpretada de modo a explorar o potencial da Visualização de Dados enquanto recurso educacional, especialmente no que se refere à visualização de transformações espaço-temporais, como veremos adiante.

2 JUSTIFICATIVA

A Visualização de Dados no âmbito do Design da Informação se configura como um campo de estudos em ascensão. Ela ganha destaque, sobretudo, a partir dos anos 1970, com os avanços proporcionados pela tecnologia. Trata-se de um campo que dispõe de ferramentas poderosas e conta com uma importante vantagem cognitiva. Metade do cérebro humano é dedicado ao processamento de informação visual. De acordo com Sarah Cohen (2011), quando um gráfico com informações é apresentado a um determinado sujeito, seu discernimento tende a ser mais efetivo do que se a informação tivesse sido transmitida verbalmente. A visualização está, portanto, atrelada à elaboração de projetos arquitetônicos, que, em grande medida, depende diretamente de representações visuais.

3 A DISCIPLINA

A disciplina tem carga horária de 120 horas, em geral, distribuída ao longo de 15 semanas. As aulas são ministradas em conjuntos de 4 horas-aula, sempre nas noites de segundas e terças-feiras, mais cinco sábados. Cada uma das duas turmas é composta por no máximo

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2 15 estudantes. Trata-se de uma condição de trabalho muito favorável, que permite

acompanhamento individualizado e orientações personalizadas aos estudantes.

A disciplina se organiza em torno de dois trabalhos – o parcelamento de uma gleba e o projeto de edifício habitacional – cada um deles dividos em duas etapas. O trabalho de parcelamento é desenvolvido em equipe, em geral formada por 2 ou 3 estudantes, enquanto que o trabalho com o edifício é desenvolvido individualmente. Os debates e discussões são estimulados em ambos os trabalhos e etapas, assim como as apresentações orais, nos seminários que pontuam o término das etapas. Interessa aqui somente o trabalho com o parcelamento da gleba, descrito a seguir.

4 OBJETIVOS EDUCACIONAIS

A primeira etapa do primeiro trabalho, como já foi mencionado, compreende a elaboração do projeto de parcelamento de um terreno, a simulação de massa a ser construída sobre esse terreno e também o lançamento de redes de água, esgoto e drenagem.

O segundo autor deste texto, professor da disciplina, constatou, ao longo dos dez semestres em que a disciplina vem sendo ofertada, que os estudantes tendem a desenvolver propostas com mais desenvoltura e criatividade quando se trata de glebas fictícias. Ao que parece, essa abstração faz com que eles fiquem menos presos às condicionantes físico-ambientais, obtendo-se assim um melhor rendimento do trabalho; o primeiro autor deste trabalho é ex-aluno e atual estagiário de docência da disciplina. Sua pesquisa de mestrado tem por principal objetivo desenvolver procedimentos para visualização de transformações do espaço ao longo do tempo, com ênfase nas transformações impostas ao sítio em que se implantou a cidade de Belo Horizonte desde sua inauguração, no final do século XIX, até os dias atuais.

Face esses dois aspectos, empreendemos um esforço no sentido de aproximar a percepção de um com a pesquisa de outro, contemplando o que ambos vislumbravam: (1) trabalhar com uma gleba fictícia; e (2) desenvolver procedimentos para visualização de transformações da paisagem belo-horizontina. O resultado dessa aproximação encaminhou para a seguinte proposta: os estudantes desenvolveriam um projeto de parcelamento a partir do relevo correspondente ao sítio natural de Belo Horizonte, cujas informações técnicas foram extraídas do levantamento feito pela equipe de Aarão Reis. No entanto, a princípio, os estudantes não seriam comunicados acerca disso. O enunciado da disciplina trataria o terreno como se fosse uma gleba fictícia.

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3 5 CONTEXTO DE UTILIZAÇÃO

Dois meses antes do início da disciplina, iniciamos a preparação do material didático de apoio, isto é, a composição de documentos visuais por meio de um recorte geográfico a partir das bacias hidrográficas que abrangem a região do centro de Belo Horizonte, trecho correspondente ao do projeto da equipe de Aarão Reis. A opção por tomar as bacias hidrográficas como parâmetro deve-se a fato de que elas constituem importantes unidades de planejamento urbano, independente de sua escala. As bacias escolhidas foram as dos córregos Serra, Acaba Mundo, Leitão, Barro Preto e dos Pintos.

Em seguida, recorremos a documentos históricos, em especial à Planta Geodésica, Topographica e Cadastral da Zona Estudada, produzida pela Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC), em 1895. Trata-se de um documento em que estão representados os aspectos físicos do sítio natural de Belo Horizonte especiamente as características tais como as do relevo e da Hidrografia. O recorte foi feito sobre a planta supracitada (Figura 1).

Figura 1 - Perímetro da gleba fictícia recortado na Planta Geodésica, Topographica e Cadastral da Zona Estudada, de 1895.

Fonte: Adaptada pelos autores (2017).

Foi feita, então, a vetorização (transposição para ambiente computacional) das curvas de nível e da trajetória dos cursos d’água do sítio naquele momento. O resultado dessa “gleba

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4 fictícia”, apresentada aos alunos no enunciado do trabalho de parcelamento, está

demonstrado tridimensionalmente na Figura 2.

Figura 2 - Simulação tridimensional da “gleba fictícia”.

Fonte: Elaborada pelos autores (2017).

Outro importante recurso utilizado foram as maquetes físicas: duas maquetes foram produzidas na escala 1:10.000, ambas com exagero vertical, para a facilitar a compreensão do relevo da área de investigação (Figura 3).

Figura 3 - Maquetes físicas para apoio à compreensão da área de estudo.

Fonte: Elaborada pelos autores (2017).

As atividades da disciplina tiveram início pela demarcação das cinco bacias hidrográficas. A turma foi dividida em 5 grupos. Cada grupo desenvolveria o projeto de parcelamento em cima de sua unidade de planejamento, isto é, de sua bacia. Contudo, desafiamos os estudantes a conceber parcelamentos de modo que houvesse articulação entre todas as

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5 propostas, ou seja, ainda que adotassem premissas ou conceitos distintos, alguns

elementos do projeto deveriam oportunizar a conexão de toda a área projetada, especialmente o sistema viário e as redes urbanas de água, esgoto e drenagem pluvial. Nossa ideia era a de que eles trabalhassem com os mesmos parâmetros quantitativos do projeto da equipe de Aarão Reis em termos de população, isto é, uma cidade capital planejada para abrigar cerca de 30.000 habitantes.

6 RESULTADOS

Ao longo dessa etapa, os estudantes demonstraram adesão pouco comum nas turmas de projeto arquitetônico. Em geral, elas tendem ao isolamento e às soluções individuais. Acreditamos que o desafio de conceber uma cidade e toda a complexidade de relações que essa concepção demanda foi crucial para o engajamento de todos. As propostas foram heterogêneas, porém bem articuladas entre si, a partir de discussões com ampla participação, o que ficou claramente refletido nos desenhos.

Figura 4 - A construção coletiva ficou refletida nas colagens que fizemos nas paredes da sala de

aula.

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6 Por fim, antes que iniciassem o segundo trabalho, de projeto arquitetônico sobre a gleba

parcelada, preparamos a “aula da revelação”, em que contamos aos estudantes tudo aquilo que até então lhes havia sido ocultado. As repostas por parte dos alunos foi muito positiva. Nenhum deles demonstrou ter percebido ao longo do processo de que a gleba fictícia, trata-se, na verdade, de um lugar extremamente familiar para todos eles. Tal fato despertou a curiosidade dos alunos que, imediatamente, começaram a comparar os desenhos das duas situações (Figura 5) de modo a refletir acerca dos projetos concebidos por eles em relação ao espaço tal como está nos dias atuais, isto é, a Belo Horizonte atual.

Figura 5 - Comparação entre o desenho orgânico dos estudantes depois de articulado e o plano

geométrico traçado pela equipe do engenheiro Aarão Reis, no final do século XIX.

Fonte: Elaborada pelos autores.

7 AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO

Concluimos que a experiência foi bastante positiva, tanto para os docentes quanto para os discentes. Para nós, foi especial no sentido de confirmar nossas expectativas quanto ao potencial de trabalho num lugar fictício e ao mesmo tempo familiar para os estudantes. A provacação por trás do exercício também parece oportunizar esse “choque de realidade”. É fundamental destacar que material didático produzido parece ter sido importante para o “sucesso” da disciplina. Do ponto de vista dos estudantes, a resposta, conforme já demonstramos, foi muito positiva. Na aula de encerramento, os alunos demonstraram que a ocultação vs. revelação foi o “ponto forte” do semestre, que tirou a disciplina do lugar comum e os levou a uma situação de trabalho até então inimaginada.

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7 COHEN, S. Using visualizations to tell stories, 2011. Disponível em:

<http://datajournalismhandbook.org/1.0/en/delivering_data_4.html>. Acesso em: 03/08/2017. ALVES, H.; ZICKLER, B. Planta Geodésica, Topographica e Cadastral da Zona Estudada. Belo Horizonte: LTH H LOMBAERTS, 1895. Escala 1:10.000.

Referências

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