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Bill Hybels - O Deus que Você Procura

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Academic year: 2021

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O DEUS QUE VOCÊ PROCURA

[Clique na palavra SUMÁRIO]

BILL HYBELS

Este livro foi publicado em inglês com o título THE GOD YOU'RE LOOKING FOR

por Thomas Nelson Publishers Traduzido por Wanda de Assumpção

EDITORA VIDA

As citações bíblicas foram extraídas da Edição contemporânea da Tradução de João Ferreira de Almeida, publicada pela Editora Vida, salvo quando outra fonte for indicada.

[Frontispício:]

VOCÊ ESTÁ PROCURANDO POR DEUS? O DEUS QUE PODE DE FATO FAZER

DIFERENÇA EM SUA VIDA? VOCÊ JÁ ENCONTROU DEUS ...

MAS ESTÁ DECEPCIONADO?

Bill Hybels quer apresentar-lhe o Deus que você procura. Esse Deus não apenas existe como anseia por um relacionamento íntimo com você. De fato, escreve Bill Hybels, Deus está perdidamente apaixonado por você.

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Mas, para que você possa encontrar a Deus, você precisa primeiro deixar de lado as caricaturas, os temores, as mentiras e os conceitos errados sobre quem Deus realmente é. Compreender a verdadeira personalidade e natureza de Deus pode transformar pessoas comuns em pessoas extraordinárias, e pessoas fracas em fortes.

Com uma percepção incisiva e ilustrações oportunas, Hybels revela Deus como ele realmente é: um Deus que conhece cada pensamento seu, é sempre misericordioso, sempre nos guia, tem um compromisso permanente conosco e está sempre presente. Um Deus que sente sua alegria e sua tristeza, um Deus que jamais deixa de dar, um Deus em cujas mãos amorosas sua vida está segura.

Bill Hybels é o pastor fundador da Willow Creek Community Church, em South Barrington, Illinois, nos Estados Unidos, e é presidente da Willow Creek Association. É autor dos best-sellers: Como Ser um Cristão Autêntico (publicado pela Editora Vida), Too busy not to pray, Descending into greatness e Rediscovering Church e co-autor, com Mark Mittelberg, de Becoming a Contagious Christian.

[Contracapa:]

MAIS CEDO OU MAIS TARDE Quase todo o mundo procura Deus.

Os bem-sucedidos que não têm mais degraus para galgar, os pouco esforçados que não têm mais esperança, os idosos, cujo tempo está chegando ao fim, e os jovens cujas alternativas estão-se escasseando.

MAIS CEDO OU MAIS TARDE Quase todo o mundo procura Deus.

Num aeroporto um rapaz que acabou de receber seu mestrado em administração de empresas conta sobre sua busca, motivada por um sussurro persistente: "Tem que existir alguma coisa além disso". No

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corredor de um hospital, uma viúva desnorteada fala da sua necessidade permanente de buscar a Deus – por motivos óbvios.

MAIS CEDO OU MAIS TARDE Quase todo o mundo procura Deus.

E esse não é o fim da questão – apenas o começo. Que Deus? Definido por quem? Revelado onde? Confirmado por quantos? Nestes dias, as prateleiras das livrarias estão vergando sob o peso das reflexões humanas a respeito de Deus. Escolha um Deus, qualquer Deus, mas saiba que está correndo um risco. Este livro trata do Deus que você procura. O Deus que revelou a Si mesmo, cuja identidade não é um mistério, cujo interesse por você não é mantido em segredo. Leia e considere e será eternamente grato por tê-lo feito. Porque ...

MAIS CEDO OU MAIS TARDE Quase todo o mundo procura Deus.

Dedicatória

A meus filhos, Shauna e Todd.

Se eu pudesse enfileirar todas as filhas e filhos do mundo inteiro...

Papai!

Como sempre, à congregação da

igreja Willow Greek Community Church... Que jornada! Agradecimentos

Um grande agradecimento especial a Judson Poling

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SUMÁRIO

Introdução:

Ele existe ou não existe? ...5 1. Você procura um Deus... que saiba de tudo? ...20 2. Você procura um Deus...que esteja sempre

presente quando você precisa dele? ...39 3. Você procura um Deus...que esteja no controle?...55 4. Você procura um Deus...que possa rir e chorar

com você?...73 5. Você procura um Deus...que lhe sirva de refúgio?...86 6. Você procura um Deus...que seja reto?...99 7. Você procura um Deus...que seja sempre

misericordioso?...114 8. Você procura um Deus...que seja sempre

dedicado a você?...131 9. Você procura um Deus...que sempre o guie?...150 10. Você procura um Deus...que esteja sempre

de mãos abertas?...169 11. Você procura um Deus...que nunca mude?...182

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ELE EXISTE OU NÃO EXISTE?

Você aguarda atrás de uma porta de carvalho maciço o oficial de justiça certificar-se da presença de todos. Com um aceno de cabeça, ele abre a porta e percebe-se a inquietação nervosa e disfarçada dos observadores assentados quando vocês entram arrastando os pés. Correndo os olhos ao redor, você nota que os outros jurados têm um ar de resolução estampado no rosto, e você se pergunta se o semblante que carrega não demonstra a mesma fadiga.

O juiz espera até você e o restante dos jurados ocuparem os devidos lugares, depois olha para o primeiro jurado.

– Os senhores chegaram a um veredicto? – pergunta. – Sim, Meritíssimo – responde o primeiro jurado.

Todo o tribunal tem os olhos fixos em você e nos demais jurados. Há um senso de admiração e de reverente respeito diante do que está prestes a ocorrer. Cada um de vocês – doze ao todo – foi escolhido a dedo pela defesa e pela acusação, sob a orientação de empresas de consultoria de júri de alto nível. Os advogados descobriram quais palavras evocariam quais emoções em qual jurado, e usaram esse conhecimento para apresentar os melhores argumentos possíveis.

Você e o júri passaram os últimos dias analisando indícios e depoimentos, respondendo também às perguntas que vocês mesmos formularam, e agora chegaram a uma decisão que logo anunciarão a toda a sala do tribunal.

Embora a maioria dos jurados esteja bem segura quanto à decisão a que chegaram, você se sente a pior das criaturas quando percebe que nenhum de vocês tem certeza absoluta do veredicto. Mas, lembrando-se das instruções firmes do juiz, você percebe que não precisa sentir-se assim. Mesmo num julgamento que decretasse vida ou morte para o réu, não há um único juiz no inundo que pudesse exigir do júri certeza absoluta. Os que vieram antes de nós já se convenceram de que, num

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julgamento, imaginar que haverá indícios e depoimentos suficientes para deixar os jurados sem nenhuma dúvida é tão ilógico quanto irrealista. A vida simplesmente não funciona assim.

A vida à mercê da probabilidade

Pense um pouco: em quase todas as dimensões da vida cotidiana, você toma decisões mais com base na alta probabilidade do que em provas irrefutáveis. A cada dia, centenas ele milhares de pessoas embarcam num avião rumo a outra cidade. Quase todos tomaram providências para a chegada – quem os apanharia e quando, corno chegariam ao hotel, onde ficariam –, mas ninguém pode saber com certeza se, depois de deixar a pista, mais tarde o avião pousará no destino pretendido. Mais de 99% de todos os vôos de fato pousam no local de destino; portanto, é no mínimo natural que a maioria dos passageiros tenha por certa uma chegada segura. Mas o terrorismo e as falhas mecânicas, com todo o pavor que nos causam, apresentam-se com freqüência suficiente para nos relembrar de que ninguém que embarque nuto avião pode ter certeza de alguma coisa.

Salvo no campo ela matemática e da lógica, a vida precisa ser negociada com base na probabilidade. É raro termos o privilégio de tomar decisões com base em indícios ou provas suficientes para silenciar totalmente o ceticismo.

Por que outro motivo as mãos suariam no dia do casamento? Não é possível ter certeza absoluta de que a união recém-formada completará a longa jornada.

Você não pode ter certeza absoluta de que terá um emprego amanhã cedo – e se um incêndio destruir a fábrica? E se uma fusão com outra empresa o forçar a sair? Você não pode ter certeza de que a carne que está comendo naquela lanchonete realmente não está estragada e isenta de lhe proporcionar uma boa dose de intoxicação alimentar. Todos somos forçados a viver com um grau de incerteza, e vamo-nos

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acostumando a analisar os indícios, examinar as informações e tomar decisões baseados na probabilidade.

Foi o que ocorreu com o julgamento que gerou este livro, embora, sou forçado a admitir, seja um julgamento muito diferente de qualquer outro. Ele fez algo que talvez deixe alguns de vocês chocados: sentou o próprio Deus no banco dos réus. Inquiriu se ele de fato existia. As perguntas pairam há milênios, e esta era a hora oportuna de responder.

Mas, corno em qualquer julgamento, precisa ser entendido desde o começo que não faz sentido exigir provas absolutas. A pessoa precisa estar em condições de declarar: "Estou convencido, a desperto de qualquer dúvida plausível, de que Deus existe. Os indícios são fortes o suficiente, e os argumentas, lógicos o bastante para me fazer concluir com sinceridade, fazendo uso das minhas melhores faculdades mentais; que existe um Deus".

Vamos rebobinar a fita e rever as provas. Você é membro do júri. Todo o céu e toda a terra estão esperando para ouvir sua resposta.

Demonstre o que diz!

O promotor é um homem sisudo, com um leve sotaque sulino, abrandado por tentar há anos tornar sua voz agradável a platéias variadas, sua habilidade retórica é refinada, e o peso das perguntas que fez deixou você e o restante do júri imóveis na cadeira.

A vantagem dele? Não tem de provar nada. Tudo o que precisa fazer é semear dúvidas suficientes, criar perguntas suficientes para que seja impossível o advogado de defesa responder a todas, e depois encontrar aquele jurado teimoso que simplesmente se recusa a ceder.

"'Tudo bem!", diz ele. "se Deus existe, expliquem-me como treze inocentes foram mortos – dos quais um bebê – no furacão da primavera passada. Se Deus existe, como dois recém-casados tomaram o vôo 800 da TWA para celebrar a nova vida conjunta, mas o avião explodiu no ar e jamais chegaram ao seu destino?"

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A cadência do promotor lembra um staccato e derruba as defesas de seus colegas jurados, enquanto você permanece sentado ali, hipnotizado por aquela voz. "Se Deus existe, como o câncer nos corrói por dentro ao mesmo tempo que a guerra e a fome nos ameaçam por fora?"

"Como pode ser?"

Você percebe que muitos membros do júri começam a confirmar as declarações com a cabeça. O "Como pode ser?" do promotor permanece no ar como uma neblina até que de continua: "Se Deus existe, por que não responde a todas as nossas preces? Se existe, como não conseguimos chegar a um acordo sobre como ele é? Ele é a não-existência dos budistas, o Deus severo dos maometanos ou, como dizem os cristãos, o Pai amoroso de Jesus Cristo? Como é possível sabermos quem está certo e quem está errado?

"Se Deus existe, por que há crianças que nascem para a fome, gente preciosa que é enterrada na pobreza e gente boa assolada por incêndios e terremotos? Se Deus não pode controlar o tempo, os elementos ou a nossa sociedade, como pode realmente ser um deus, afinal de contas?"

Um ar de confiança e de segurança toma conta do rosto do promotor ao esquadrinhar o semblante dos doze jurados. Ele sabe que cumpriu sua missão. Os argumentos que apresentou arrancaram de você a esperança e a vida – e nem foi tão difícil assim. Ele conhece a história de cada jurado. sabe que um de vocês perdeu a mãe com o mal de Alzheimer; outro perdeu um filho num trágico acidente de carro, sabe que dois de vocês perderam o emprego após onze e vinte anos de serviço, respectivamente. sabe que um de vocês perdeu um parente num terremoto da Califórnia. Ele manipulou os temores de vocês como um virtuoso do violino tocaria as cordas de seu instrumento, e agora conclui a argumentação antes que qualquer de suas dúvidas possa ser eliminada.

"Se Deus realmente existe", conclui ele, "por que menos gente acredita nele do que jamais acreditou? Por que demorou tanto para nos convencer de que pelo menos vive? Por que simplesmente não se revela e dirime todas as dúvidas – de uma vez por todas?".

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Ele faz uma pausa até que o olhar de cada jurado esteja fixado nele. "Aliás", diz, baixando voz, quase num sussurro, forçando-os a prestar atenção, "se Deus existe" elevando então a voz num brado – "por que não me faz cair morto agora por argumentar contra ele?!".

Você se recosta na cadeira horrorizado, quase esperando ver um raio cair sobre o tribunal. Mas nada acontece. O promotor faz uma pausa para que vocês recuperem o fôlego, depois dá um passo para trás, com um sorriso sereno, convencido.

"Ainda estou aqui", diz ele, "o que prova que Deus não está". Voltando-se para a frente do tribunal, ele acena com a cabeça para o juiz e diz: "Meritíssimo, dou por encerrada a minha argumentação".

A defesa

A advogada de defesa, senhora de aspecto profissional, em seus quarenta e poucos anos, com cabelos bem curtos e óculos presos ao pescoço por uma corrente, levanta-se e se aproxima de vocês.

"A única coisa que este senhor provou", declara ela com naturalidade, "é que precisamos de um Deus mais do que nunca. Não posso levá-los a ver Deus. Não posso fazer com que ele desfile à sua frente para que possam tocá-lo. Não posso prometer-lhes que ouvirão sua voz se chamarem seu nome.

'"Mas posso dizer-lhes que há diversas razões pelas quais podem confiar no ardor em seu coração que já lhes diz que Deus existe. Estes argumentos talvez não impeçam a avalancha de dúvidas, mas lhe darão um teto sob o qual podem abrigar-se."

Ainda atônito com a conclusão explosiva do promotor, você se vê recostando no banco, agradecendo a trégua trazida pela tranqüilidade da advogada de defesa.

"Primeiro – e não quero que a palavra os assuste –, há o que os historiadores chamaram argumento "cosmológico". A palavra cosmológico origina-se de duas palavras gregas: cosmos, que significa

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"mundo", e logos, que nesse caso significa "razão". Juntemos as duas e o que temos? A razão para o mundo.

"Há diversas variantes desse argumento, mas nesta manhã vou apresentar uma com três fundamentos lógicos diferentes. O primeiro é chamado princípio de razões suficientes. Começamos com a hipótese inegável de que algo existe. Toque seu braço."

A maioria dos membros do júri – até mesmo você – obedece.

"Vocês sentem algo, não sentem? Ao virem ao tribunal hoje de manhã, enquanto caminhavam lá fora, o que viram? Árvores? Grama? O lago Michigan? O sol, talvez? Sei que estamos em Chicago, e que nesta época do ano podemos até estar questionando se o sol existe. Aliás, como muitos habitantes de Chicago, tenho um adesivo no pára-choque do meu carro que declara exatamente como me sinto a respeito do nosso tempo. Qual foi a última vez que você verificou se o seu coração estava batendo?

Vocês riem. A advogada continua.

"Independentemente do que sintam, não podem negar que o tempo de Chicago existe. Alguns diriam que o tempo de Chicago acontece, mas, de qualquer forma, ele está aí, e vocês o sentem, não é mesmo?"

Você acena afirmativamente com a cabeça.

"A indagação cosmológica é: "Por que as coisas existem?". Vamos pensar por um momento que nada existisse. Será que o nada exigiria explicação? Procurem acompanhar-me – prometo não os levar a um passeio além da imaginação! Mas está claro que o nada não exige nenhuma explicação. Entretanto, na fração de segundos em que alguma coisa existe, nesse milésimo de segundo somos forçados a nos debater com a questão do porquê. Por que isso existe? Por que algo em vez de nada?

"O segundo fundamento lógico – o 'princípio da dependência' – está relacionado à necessidade que tudo tem de algo mais. As coisas, na maioria, dependem de algo que não elas me;mas. As árvores precisam de ar, a grama precisa de água e o nosso time de futebol precisa de fãs –

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sem falar de um bom zagueiro, mas não prosseguiremos por esse caminho.

"Nada é totalmente independente ou auto-suficiente. Por sinal, até mesmo as teorias predominantes da cosmologia confirmam nossas observações. Para a teoria do big-bang, por exemplo, já houve um tempo em que o universo nem existia e provavelmente não continuará existindo para sempre.

"A segunda lei da termodinâmica nos ensina que tudo em nosso universo está num estado gradual de entropia – desintegrando-se lentamente, perdendo gradualmente energia e complexidade. Se duvidarem disso, farei com que nossos pesquisadores desenterrem suas fotos de formatura do colegial, e as compararemos com outras bem recentes. Até os senhores estão num estado gradual de entropia!

"Esses dois primeiros fundamentos lógicos – o de que tudo é dependente de outra coisa e o de que tudo está-se deteriorando – nos levam ao terceiro fundamento lógico: Se tudo que existe é de fato dependente, quem ou qual é a explicação paro todos esses objetos e seres dependentes? Se tudo depende de alguma outra coisa, qual é a base que sustenta o todo?"

A advogada de defesa se aproxima da bancada do júri, inclina-se para a frente e prende o olhar de vocês. "Formulando a pergunta ainda de outra maneira: Se houve uma grande explosão, quem puxou o gatilho?".

Ela caminha em direção a um suporte e retira a cobertura de um grande quadro do universo. "Façam uma viagem imaginária comigo e ultrapassem o universo por um segundo. Olhem tudo que existe... imaginem todas as galáxias, as estrelas, os planetas, tudo. Agora" – ela apanha uma caneta vermelha de ponta de feltro – "vamos desenhar um circulo em torno de tudo, e estou falando de tudo mesmo. Não deixaremos de fora a mais insignificante partícula subatômica. Incluiremos todos os quarks e mésons, e toda a 'substância negra' que, segundo a teoria dos cientistas, está por lá."

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Com a mão direita, a advogada desenha um círculo em torno do lado externo do quadro. "Agora temos nesse círculo tudo o que existe no universo. Tudo dentro desse circulo depende de alguma outra coisa para existir, e tudo dentro desse círculo está-se deteriorando lentamente. Isso", diz ela, fitando o promotor "é a declaração de um fato irrefutável.

"Ora, a grande pergunta – a única que de fato importa – é: O que causou a existência de todas essas coisas dependentes, em primeiro lugar? E, em segundo, o que fez com que tudo isso começasse a se deteriorar?

"A resposta a essa pergunta deve logicamente estar em apenas um de dois lugares. A causa suprema de tudo deve estar localizada dentro do círculo ou fora do círculo. Não há outras opções. Então, qual a explicação que faz mais sentido?

"Sem dúvida não é dentro do círculo. Já vimos que tudo ali é dependente. Se algo é dependente, não é auto-suficiente; portanto, como pode ter causado tudo?

"Será que qualquer pessoa que pense um pouco não terá de concluir que a explicação para tudo o que existe dentro do círculo se acha fora do círculo? Se algo está fora do círculo, por definição deve ser não-dependente, não causado, auto-suficiente, totalmente independente. Em outras palavras, teria de ser eterno, ilimitado e todo-poderoso. E esses tipos de adjetivos chegam perigosamente próximos da definição clássica de Deus."

– Protesto! – a voz do promotor retumba pelo tribunal. – É óbvio que sim.

A advogada de defesa sorri. Volta-se para o juiz. "'Meritíssimo, inúmeras pessoas se debatem com esse 'quebra-cabeça' do universo há centenas de anos. Já o estudaram, dissecaram, debateram, e a maioria descobriu que ele tem sentido lógico, racional.

"Aliás", acrescenta ela, "tem muito mais sentido do que pensar algo, só porque alguém não o faz cair morto, não deve existir".

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– Se protesta tão veementemente, por que não me dá um tapa no rosto?

– Não fui criado para tratar uma senhora dessa forma – responde o promotor.

– Está dizendo que isso é contra a sua natureza? – Acho que poderia dizer que sim.

– Então talvez não condiga com a natureza de Deus abatê-lo caprichosamente, só porque o senhor não crê que ele existe. O silêncio – acrescentou ela – nada prova.

"Protesto indeferido", intervém a voz monótona do juiz. "Senhora, pode prosseguir com sua argumentação."

Genes de grife

"O primeiro argumento, aquele que os historiadores chamaram argumento cosmológico, olha o cosmo e pergunta: 'Quem pôs tudo ali?'. O segundo argumento, o chamado argumento teleológico, pergunta: 'Por que tudo é tão ordenado e complexo?'.

"Permitam-me pintar um quadro disso. Se vocês fossem a Las Vegas, rolassem um dado e conseguissem o número 1, não ficariam surpresos. Se depois vocês rolassem o dado de novo e obtivessem um 2, nem pensariam sobre o assunto. Mas, se da próxima vez que rolassem o dado, conseguissem um três, talvez se perguntassem o que estaria acontecendo. E se o rolassem outras vezes seguidas e obtivessem um 4, um 5 e depois um 6, começariam a ficar muito intrigados.

"Se continuassem rolando o dado o dia todo e o dia todo o mesmo padrão continuasse a se repetir, três-quatro-cinco-seis, um-dois-três-quatro-cinco-seis, vocês acabariam parando e dizendo: 'Isso não pode estar acontecendo por acaso. Alguém tem de estar me pregando uma peça'. Vocês diriam isso porque sabem que o acaso só pode ir até certo ponto.

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"Há séculos, as pessoas olham as complexidades e as maravilhas do universo e simplesmente pressupõem que haja um gênio planejador por trás de tudo. O bom senso diz isso às pessoas. Esse conceito tradicional continuou sendo aceito basicamente até o século XVIII – um tanto ironicamente chamado Idade da Razão –, quando os cientistas começaram a postular que as origens da vida podiam ser explicadas por processos casuais que duraram longos períodos."

A advogada faz uma pausa para prender o olhar de vocês e então pergunta: "Digam-me uma coisa: qual a probabilidade de que a explosão de uma fábrica de aço venha a criar um automóvel? E quais são as probabilidades matemáticas de uma colisão fortuita de gases flutuantes acabarem produzindo mesmo que apenas um único microorganismo vivo, quanto mais um processo tão complexo quanto a fotossíntese ou uma ação tão empolgante quanto uma águia a voar?

"Lembrem-se da afirmação básica do argumento teleológico: a explicação do acaso para a complexidade, para o projeto e para a ordem deste mundo é muitíssimo, muitíssimo improvável – tanto que chega a ser irracional. O filósofo William Paley escreveu certa vez: 'simplesmente não é possível haver projeto sem projetista. Não pode haver invenção sem inventor. Não pode haver ordem sem escolha'.

"Até mesmo Charles Darwin, o pai do evolucionismo, compreendia isso. Em A Origem das Espécies, admite: 'Supor que o olho, com tantas partes trabalhando elo conjunto, poderia ter sido formado pela seleção natural parece – reconheço francamente – absurdo'

"Bem, numa coisa estava certo. É absurdo. Para os que se interessam por números, um cientista eminente calculou que a probabilidade de a criação aleatória de uma única molécula de proteína ocorrer.seria uma vez em dez elevada a 243.a potência de número de anos. Isso é dez com 243 zeros do lado – bilhões e trilhões de anos – para uma única molécula de proteína, quanto mais para qualquer tipo de vida.

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"Quando analisamos a pura maravilha fisiológica de nossos olhos e ouvidos, nossa pele, os sentidos do tato e do olfato, nossas capacidades emocionais e mentais – bem, é preciso muito mais fé para crer tudo isso como resultado de uma explosão gasosa do que crer que fomos projetados sob medida por Deus.

"É possível imaginar uma mãe olhando o rosto do seu recém-nascido e dizendo: 'Nossa, que adorável colisão de gases?'. Não nos parece que um bebê tão lindo seja um 'acidente' da natureza, assim como acreditamos que a explosão de uma loja de tecidos possa fazer surgir no ar um par de calças jeans de marca. As roupas de grife foram projetadas por alguém, não são um acidente, e jamais acreditaríamos que possam simplesmente 'acontecer'. Mas os nossos genes são muito mais complexos do que um par de calças de grife."

Ciente de que o júri a está acompanhando de perto, a advogada de defesa apressa o ritmo.

Quem diz?

"Há ainda um terceiro argumento", diz ela, "que, na realidade, é muito simples. Como os seres humanos de todas as partes, no mundo inteiro, reconhecem um código moral comum?

"Pensem sobre isso. Se os seres humanos simplesmente evoluíram de gases primitivos, e são meros germes crescidos ou recentes melhorias de hominídeos bípedes, como se explica o fato de que em quase toda cultura do planeta as pessoas valorizam dizer a verdade em lugar do engano, a bondade em lugar da violência e a lealdade em lugar da traição? Será que gases, germes ou genes conseguiriam, por conta própria, criar de alguma forma um código admiravelmente coerente de valores e implantá-lo na mente e no coração de bilhões de indivíduos?

"Espanta-me o fato de muitos dos ateus que conheço serem membros de alguma causa humanitária ou beneficente. É de todo incoerente para um ateu crer que somos todos uma casualidade e ainda

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se importar com o que acontece casualmente com os outros! Por definição, o ateu está dizendo que não somos seres criados, feitos à imagem de Deus, e não temos uma lei moral impressa em nosso coração. Entretanto, esse ateu está ao mesmo tempo tentando recorrer a algum código de moral – de onde veio esse código, afinal, c por que deveríamos acatá-lo? – a fim de deter o extermínio 'selvagem' das baleias e despertar as pessoas para o problema dos sem-teto.

"Se todos somos uma casualidade, como vou saber que os sem-teto não são apenas alguma excrescência infeliz na escala evolucionária, o anti-social que não conseguiu muito bem 'chegar lá'? E por que eu deveria me importar?"

Eu sei que ele vive

"Estamos quase terminando"', continua a advogada.

"Há só mais um argumento que gostaria de apresentar, longe de ser irrefutável por si só. Mas, quando combinado com os outros, é muito forte. É o chamado argumento da experiência religiosa, e baseia-se no conceito de que milhões de pessoas confiáveis já sentiram a presença de Deus, sentiram a orientação dele na vida e experimentaram a força dele preparando-as para alguma tarefa.

"Claro que é possível uma pessoa iludida ou enganadora estar inventando coisas quando afirma ter tido uma experiência religiosa, mas não estamos falando de uma, de duas ou mesmo de algumas dezenas de casos. Estamos falando sobre milhares de anos de história em que nossos maiores e melhores pensadores – bem ajustados, não fumantes de maconha, em todo o mundo – testificaram uma experiência verdadeira com Deus. Líderes políticos, presidentes do supremo tribunal, cientistas, sociólogos, economistas, bem como honrados açougueiros, padeiros e artífices. Todos dão testemunho de sentir-se amados por Deus e afirmam ter recebido dele o perdão. De alguma forma, simplesmente sabem que ele é verdadeiro porque já o encontraram.

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"E, embora para aqueles que como nós têm um relacionamento cm Deus essas experiências constituam tesouro precioso, a verdadeira pergunta para os senhores do júri é: Como explicar todos esses cristãos de culturas e camadas sociais tão diferentes? Será que centenas de milhões de cristãos do mundo todo estão alucinados? Estão mentindo? Será que isso pode verdadeiramente ser descartado por se tratar de conspiração bem organizada?"

A advogada de defesa conclui sua argumentação. "Não dou por certo que alguém crerá na existência de Deus apenas com base no argumento religioso, mias este mesmo argumento, considerado com os outros – 1) deve haver alguma explicação fora do universo para a existência de todas as coisas; 2) deve haver algum projetista por trás de um mundo arquitetado de maneira tão complexa; 3) deve haver algum autor por trás de um código moral de coerência admirável –, quer-me parecer tremendamente persuasivo."

Mas e você?

O Deus que você procura

A advogada de defesa apresentou a sua argumentação, e agora você tem nas mãos os elementos que o conduzirão ao veredicto. Agora que a atenção do julgamento converge para vocês, do júri, você tem a obrigação de tomar uma decisão. A resposta pode ser mais importante – e muito mais necessária – do que você pensa.

Você sabe... um dia terá de prestar contas do que fez com esses indícios da existência de Deus. Terá de responder por si mesmo: "O que fez com que algo fosse criado em lugar do nada? O que fez com que esse algo fosse ordenado? E o que fez com que esse algo ordenado se tornasse 'alguéns' – pessoas com senso do certo e do errado? Por último, como milhões desses 'alguéns' dizem sentir-se amados por Deus e conversar com ele?".

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Por sinal, gente respeitável de toda parte já confessou ter havido uma ocasião, tarde da noite, fitando o teto, em que Deus se fez presente e disse, não de modo audível, mas no coração dessa gente: Vamos lá. Pare de fugir. Pare de fingir que não precisa de mim. Pare de me afastar como se eu não existisse. Abra seu coração para mim. Descubra quem sou de fato e qual o meu plano. Deixe que lhe mostre o que eu poderia fazer em sua vida.

A pergunta para você neste exato momento é: Qual vai ser a sua reação?

Se já é cristão, por favor, não se acanhe, nem deixe de anunciar com ousadia que você caminha e conversa regularmente com um Deus que existe. Você não tem razão para recuar quando alguém lhe desafia a fé, porque sua fé não se baseia em areia movediça ou na mera concretização de desejos. Ela tem viu fundamento sólido, um fundamento racional e um fundamento persuasivo – lógico, mas também empírico.

Posso ter por certo, sem medo de errar, que alguns de vocês que estão lendo estas palavras são pessoas que estão "procurando", preocupadas o suficiente com a verdade para gastar tempo lendo um livro como este, mas ainda sem condições de dizer: "Estou convencido, a despeito de qualquer dúvida plausível". Talvez você se considere alguém "do lado de fora, olhando para dentro" – isto é, ainda analisando os indícios e os depoimentos.

Tenho uma sugestão para você. Da próxima vez que Deus o visitar – e de falo o visitará –, diga simplesmente: "Está bem. Sei que o senhor é real. Bem no fundo, eu já sabia disso o tempo todo. Por favor, meu Deus, perdoe-me pelas evasivas e pelo que passou".

Se precisar, sinta-se à vontade para acrescentar: "Deus, é preciso que te faças conhecido a mim. Ajuda-me a entender quem és. Ajuda-me a entender quem é Jesus e o que fez por mim na cruz; no momento, isso não faz sentido para mim, mas ajuda-me a combinar tudo isso em minha mente de modo que eu possa entender e agir logo, logo".

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Desconfio que o Deus que conheço é o Deus que você procura. Não é o Deus dos seus pesadelos. Não é o Deus da vociferação de um evangelista fanático. Não é o Deus que espera impaciente o seu fracasso para poder executar sua sentença de ira com entusiasmo irrefreado.

Ao contrário, é um Deus que deseja ter um relacionamento íntimo com você. É o Deus que orquestrou cada acontecimento de sua vida para lhe dar a melhor oportunidade de vir a conhecê-lo, para que possa experimentar a plenitude do seu amor.

Aposto que não há uma pessoa em um milhão que entenda totalmente quanto Deus a ama. Uma coisa posso afirmar com certeza: Deus se importa com você muito mais do que você pensa.

Este é um convite para descobrir isso. É a sua oportunidade de deixar de lado as caricaturas, os temores, as mentiras e os conceitos errôneos que se acumularam através dos séculos a respeito de quem Deus de fato é.

Mas, primeiro, você tem algo por terminar. Como votou? Está convencido da existência de Deus e ansioso por conhecer a esse Deus de cuja existência você agora tem certeza? Se está, fique firme... você vai descobrir, como já descobri, que a melhor parte de crer em Deus é descobrir quão absolutamente maravilhoso ele é.

Mas talvez você ainda esteja-se debatendo com algumas perguntas insistentes. Talvez esteja dizendo consigo mesmo: "É, Bill, você foi convincente em algumas questões, mas...".

Tudo bem. Fique comigo. O próximo passo que precisa dar é conhecer a natureza desse Deus que eu – além de milhões de cristãos como eu – afirmo existir.

Pode ser que você ainda não creia nele. Mas pelo menos tem uma dívida consigo mesmo de conhecer o verdadeiro Deus da Bíblia. Por quê? Porque creio, de todo o coração, que o Deus que conheço e amo é o Deus por quem você de fato procura.

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VOCÊ PROCURA UM DEUS ...QUE SAIBA DE TUDO?

Quando eu estava no colegial, uma vez por ano, durante duas semanas inteiras, cada grama de minhas forças era dedicado a um alvo: entrar para o time de basquete. Quando eu acordava de manhã, pensava sobre o que teria de fazer no treino para impressionar o técnico. Durante o almoço, eu pensava em que tipo de alimento me permitiria jogar da melhor forma. À medida que as três da tarde iam chegando, eu me via menos capaz de me concentrar nos estudos e quase totalmente obcecado com a preparação mental para os testes de seleção.

E todos os dias, das 3 às 5h, trinta rapazes viravam "propriedade" do técnico de basquetebol. Ele era o sol ao redor do qual orbitávamos. Se nos mandasse correr até acharmos que nossas pernas iam despencar, corríamos o que ele mandava e um pouco mais. Se nos mandasse desprezar as bolhas nos pés ou os dedos machucados das mãos, cerrávamos os dentes e fazíamos de conta que nada doía. Se nos mandasse manter as mãos erguidas para a defesa, assim fazíamos até os ombros doerem com o esforço.

Todos os nossos esforços pareciam concentrados numa única coisa. Queríamos entrar para o time, e estávamos dispostos a sacrificar praticamente qualquer coisa para isso.

Finalmente, perto do fim da segunda semana de seleção, o técnico nos reunia em torno de si e fazia seu discurso anual. "Rapazes", dizia; "há trinta de vocês tentando um lugar no time, mas apenas onze serão escolhidos. sexta-feira, às 15 horas, vou afixar uma lista no lado de fora do meu escritório, no vestiário. se você estiver naquela lista, está no time. Se não estiver na lista, não está no time. Não haverá erros de datilografia nem pessoas que foram acidentalmente deixadas fora da lisa, por isso nem pensem em perguntar. Entendido?"

Trinta cabeças se moviam afirmativamente em uníssono.

"Tudo bem. Vocês têm mais um treino para me convencer de que seu nome deve ir para aquela lista!"

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Tentando desesperadamente convencer o técnico do nosso valor, suávamos naquele treino o suficiente para formar uma pequena lagoa. Quando as cinco horas iam-se aproximando, não havia nenhum sujeito no quadra que não sentisse que suas pernas tinham sido vitimas de um contorcionista sádico. Nossos pulmões ardiam, os olhos queimavam com o suor que escorria pelo rosto, e mancávamos em direção dos chuveiros, perguntando se nossos esforços tinham servido de alguma coisa.

No dia seguinte, às três da tarde, ocorria um sério engarrafamento no lado de fora do escritório do técnico. Trinta rapazes, cheios de delirante esperança e uma boa dose de pavor, curtiam para lá assim que a sirene tocava. Apenas onze integrariam o time. Lembro-me de chegar por trás da turma, vendo a troca de tapas de vitória, ouvindo os berros, mas vendo também os rostos dos rapazes que se afastavam silenciosa e tristemente.

A turma era tão grande que me lembro de tentar ler a lista a uma distância de mais de três metros.

Nessas situações, você pede que seus olhos façam o impossível: encontrem seu nome imediatamente numa lista de onze. Você deseja que seu nome será o primeiro que você vê, pois correr os olhos pela lista é um exercício aflitivo demais para um adolescente esperançoso que está estourando com a esperança e até a certeza de ter entrado na lista, mas também com medo de que isso não tenha acontecido.

Por dez eternos segundos, tem-se a impressão de que a única coisa no mundo que importa, a única coisa que importará pelo resto da vida, é ver o nome na lista (felizmente, o meu constou da lista em três dos meus quatro anos de colegial).

Voltando mentalmente àquela época, aproximadamente trinta anos depois, fico quase acanhado pela importância daquela lista, mas, ao mesmo tempo, muitas vezes me chama a atenção a importância de outra lista – a que contém o nome de todos os que pertencem a Deus. Chegará a hora em que cada um de nós estará claramente ciente dessa Última Lista. Nessa hora, não nos importaremos com quanto dinheiro obtivemos

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nem com quantas vezes nosso nome apareceu nos jornais; não nos importaremos com o tipo de casa em que moramos, nem com o tipo de poder que tivemos, nem mesmo com quanta emoção experimentamos. A única coisa que importará é que o nosso time conste daquela lista.

E como no time de basquetebol, há apenas uma pessoa que pode inscrever o nosso nome nessa lista. Mamãe não pode. Nossos melhores amigos não podem. Nosso pastor não pode. Somente o "técnico", o próprio Deus, pode fazer isso.

Dois tipos de pessoa vão estar lendo este li;ro. O primeiro grupo nem mesmo tem certeza de que acredita no Técnico. Para essas pessoas, a última Lista compete com Papai Noel e com o Coelhinho da Páscoa na categoria de bonitinhos contos de fada que tentam nos levar a uma vida com maior senso moral. Mas, no caso de o Técnico realmente existir, estão dispostas a procurar saber como ele seria.

As pessoas do segundo grupo, com variações, estão desejosas ou até mesmo ansiosas por agradar o Técnico e entrar para o time. Alguns desse grupo sentem-se veteranos; já jogaram com o Técnico por diversas temporadas e já estão familiarizados com seus rituais pré-partida, seus traços de personalidade e o que de fato quer dizer quando pigarreia. Outros são novatos. Ouviram falar do Técnico, observaram-no de longe, mas não têm idéia de como ele realmente é.

Talvez você se surpreenda quando eu disser que todos vocês – os que estão buscando, os novatos e os veteranos – têm no fundo a mesma necessidade básica. Isso me foi relembrado quando ouvi a pergunta lançada a um homem que respeito muito. Perguntaram a R. C. Sproul, filósofo e teólogo:

– Qual é hoje, em sua opinião, a maior necessidade espiritual no mundo?

O Dr. Sproul fez uma pausa, depois respondeu:

– A maior necessidade na vida das pessoas hoje é descobrir a verdadeira identidade de Deus.

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Ele mostrou que a maioria das pessoas não-religiosas realmente não entende o Deus que está rejeitando. Se entendesse, provavelmente declararia uma trégua – pelo menos uma trégua temporária – para verificar se continuar a batalha é algo que vale a pena.

Outra pessoa, então, fez ao teólogo uma pergunta relacionada:

– Qual é, em sua opinião, a maior necessidade espiritual na vida da igreja?

Fiquei encantado quando o Dr. Sproul atirou de volta a mesma resposta:

– Descobrir a verdadeira identidade de Deus. Se os crentes realmente compreendessem o caráter, a pessoalidade e a natureza de Deus, isso revolucionaria suas vidas.

Aí está. A mesma coisa que servirá de alimento para o que busca também ajudará a adestrar o novato e até aperfeiçoará as aptidões do veterano: entender o caráter e a natureza de Deus. Se conseguirmos isso, diz Sproul, experimentaremos uma "revolução" em nossa vida.

Você precisa de uma revolução" É alguém que está buscando, mas nunca participou da seleção de Deus? Ou é um seguidor de Cristo que simplesmente não está sendo grande coisa como cristão? Você percebe que apenas melhorar uma ou duas áreas não é suficiente? Será que está precisando de um recondicionamento completo?

Você está pronto para uma revolução?

É disso que este livro realmente trata. O poder do cristianismo está na natureza do Deus a quem servimos – ainda assim, a maioria dos cristãos pouco entende da verdadeira identidade de Deus. Os que ainda estão questionando se ele é o Deus que procuram sabem menos ainda,

Felizmente, Deus não faz de sua identidade um segredo cósmico. Não brinca de esconde-esconde, em que as pistas sobre sua presença e natureza estão escondias por trás de planetas distantes ou mantidas fora de alcance, em quebra-cabeças esotéricos. Deus se manifestou com um ponto de exclamação, anunciando sua natureza numa espécie de autobiografia, um livro chamado Bíblia, Quando lemos seu livro e o

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contemplamos por algum tempo, obtemos uru quadro incrivelmente claro de quem Deus de fato é – e a nossa vida estará preparada para a mais incrível revolução que jamais poderíamos imaginar.

Este capitulo (além dos próximos) tratará das características "oni-'s" se Deus – sua onisciência, sua onipresença e sua onipotência. Oni significa simplesmente "todo"; portanto, estou falando de como Deus é totalmente alguma coisa – totalmente conhecedor (onisciente), presente (onipresente) e poderoso (onipotente).

"Já creio nisso tudo", alguns de vocês podem estar dizendo. "Por que preciso ler tudo de novo?"

Tem certeza de que acredita nisso plenamente" Isso influencia a sua vida diária?

Voltemos aos meus dias de colegial por um momento. Durante duas semanas, a vida de trinta rapazes girava em torno de um técnico ranzinza e enérgico. O conhecimento dele nos desafiava, sua presença nos perseguia e seu poder de nos escolher para o time nos tornava humildes e às vezes humilhados.

Durante catorze dias, aquele homem mudava cada um de nós. Concordo em que algumas das mudanças eram de pouco valor, e mal se pode dizer que transformaram nossa vida – a maneira de arrastarmos os pés na defesa, o acompanhamento após os arremessos livres – , mas, em certos aspectos, podia-se dizer que ele "revolucionou" nossas técnicas como jogadores de basquete.

Da mesma forma Deus deseja revolucionar a nossa vida – ao nos mostrar em que sentido conhecê-lo pode ser a força mais poderosa para nos ajudar a ser tudo o que queremos ser.

Comecemos com um oni - que talvez amedronte alguns dos que estão à procura de Deus e mesmo alguns cristãos superficiais, e ao mesmo tempo traga consolo sem precedentes para os que são profundamente dedicados a Deus: a onisciência de Deus.

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Ele conhece todas as coisas

Quando a Bíblia ensina que Deus é onisciente – tem pleno conhecimento de tudo –, não está dizendo que Deus é brilhante. Não está dizendo que é perspicaz. Nem mesmo está dizendo que é um gênio. Essas são expressões finitas de pessoas tremendamente limitadas por tempo e espaço.

O que a Bíblia na realidade está mostrando é que Deus conhece tudo. Nenhuma pergunta pode deixá-lo perplexo. Nenhuma pergunta pode confundi-lo. Nenhum acontecimento pode surpreendê-lo. Ele tem conhecimento eterno, intrínseco, abrangente e absolutamente perfeito.

Nada é novidade para Deus.

Mas seu conhecimento ultrapassa os acontecimentos de hoje. Deus conhece o funcionamento de todas as coisas. Pense nisso. Ele tem conhecimento completo de todos os mistérios da biologia, fisiologia, zoologia, química, psicologia, geologia, física, medicina e genética. Ele conhece as ordenanças do céu, a razão e o curso do sol e da lua e o equilíbrio das nuvens.1

E, ao contrário do conhecimento de todas as outras pessoas, o de Deus não se limita ao tempo. Ele lê nosso futuro tão claramente quanto lê nosso passado. Quem seremos daqui a cinqüenta anos é tão indubitável para Deus quanto quem fomos há dez anos.

Deus não apenas conhece por que e como as coisas funcionam, mas também conhece as minúcias de sua existência diária. Ao contrário do computador, ele não tem nenhum problema de memória, exigindo que se limpem os seus bancos de memória para proporcionar espaço para mais informação. Embora ele não perca de vista a lua e as estrelas, nem um único pássaro cai ao chão sem que ele saiba exatamente o que está acontecendo.2 Seu conhecimento abrange até o aparentemente sem importância, como a última contagem dos cabelos da cabeça.3 Hebreus 4:13 fala disso da seguinte forma: "Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos [dele]...".

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Ora, nesse caso, o que vale para a natureza em geral vale para nós também. Não há motivações, pensamentos, atos ou palavras produzidos pelo nosso ser que fujam à atenção plena e abrangente de Deus.

Quando estávamos buscando ser selecionados para o time de basquetebol e acaso cometíamos um erro ao passar a bola ou perdíamos uma jogada, a primeira coisa que fazíamos era olhar pala o outro lado da quadra a fim de ver para onde os olhos do técnico estavam voltados. Às vezes, nós nos safávamos de um erro embaraçoso. Outras vezes, entretanto, ficávamos indignados ao perceber que o técnico havia perdido uma de nossas melhores jogadas.

Isso não ocorre com Deus. E a beleza dessa verdade é tão assombrosa que quase reduz ao silêncio um dos mais brilhantes artífices de palavras de toda a Escritura, um homem que viveu há três mil anos e, contudo, conheceu o mesmo Deus que conheço, o mesmo Deus a quem talvez você procure: o rei Davi.

Espantado

Embora muitos dos salmos comecem com um vigoroso "Louvai ao Senhor" ou "Bendizei ao Senhor" ou "Exultai [...] ao Senhor", no salmo 139 o conhecimento que Davi tem da onisciência de Deus é tão irresistível, que ele não consegue emitir mais que um sussurro de espanto: "Ó Senhor...".

É como se estivesse admitindo desde o início que as palavras não poderiam transmitir uma fiação que fosse do poder dessa verdade. Seu "Ó Senhor" é como um gesto de: "Como posso expressar isso?". Davi podia regozijar-se no poder de Deus, podia celebrar a beleza de Deus, podia deleitar-se na provisão de Deus, mas, quando se tratava da maneira íntima como Deus desejava conhecê-lo por dentro e por fora (a intimidade pela qual cada um de nós anseia, mas pala a qual muitas vezes nos tornamos endurecidos diante dos fracassos de dada relacionamento), quando se tratava desse tipo de paixão, Davi ficava

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totalmente emudecido. o poderoso guerreiro é derrotado. O poeta lírico fica mudo. O poderoso rei perdeu a aparência tranqüila. Está espantado.

"Ó Senhor..."

Nada de floreios aqui. Nenhuma metáfora complicada resolverá. Apenas servirá uma referência sem rodeios a uma verdade incrivelmente poderosa, pois não há analogia que se possa fazer. A verdade em si parece tão maravilhosa, que é impossível exprimi-la, por isso Davi simplesmente deixa escapar: "... tu me sondaste e me conheces".

O que faz Davi ficar tão atônito é a compreensão aguçada que tem de que Deus, em sua onisciência, dirige a atenção para ele e especificamente trata de conhecer a ele. Sim Deus entende os intricados mistérios do átomo e a interligação complexa de nosso sistema planetário, mas tudo isso empalidece diante da compreensão que Davi tinha de que Deus conhecia a ele. "... tu me sondaste e me conheces".

Esse conhecimento se estende à monotonia do nosso cotidiano, a atividades tão insignificantes quanto sentar e levantar. "Tu conheces o meu assentar e o meu levantar".4 Deus não perde nada. Está sempre interessado em tudo. Cruze as pernas, e Deus perceberá, porque somos o objeto do seu conhecimento.

"... de longe entendes o meu pensamento." Deus conhece tudo o que pensamos. Todo devaneio da meia-noite, toda estratégia calculista, toda hora de adoração particular, todo ato de bondade. Deus vê tudo. Jamais precisamos olhar para o lado para ver se os olhos de Deus estão abertos ou voltados em outra direção. Eles estão sempre direcionados exatamente para nós, e Deus nunca pisca. Você nunca teve um pensamento que Deus não conhecesse.

A seguir, em Salmos 139:3, Davi reconhece que Deus acompanha os nossos caminhos. "Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar; conheces todos os meus caminhos." Deus guarda uma cópia do nosso itinerário antes que seja impresso. Nunca fizemos uma viagem que ele tenha deixado de perceber. Se estivermos no topo de um arranha-céu ou

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enterrados na massa humana que se movimenta nos metros subterrâneos, Deus tem os olhos fixos em nós.

Deus sabe também o que dizemos: "Sem que haja uma palavra na minha língua, ó Senhor, tudo conheces" (v. 4). Antes mesmo que digamos qualquer coisa, Deus registra nossas palavras e até os sentimentos que podem acabar produzindo as palavras. Pense nisso – Deus monitora nossa temperatura! Ele sente a raiva subir, observa o medo se espalhar e vê a confiança produzir a calma. Seja o bem, seja o mal, Deus a tudo vê.

Mas ainda mais maravilhoso, mostra Davi, é que Deus conhece a nossa necessidade. No versículo 5, ele declara: "Tu me cercaste em volta; puseste sobre mim a tua mão". Esse é um tipo perfeito de proteção, no qual todas as alinhas necessidades são conhecidas. Se tenho sede, Deus sabe. Se estou solitário, Deus sente. Ele não é como um ganhador de loteria que se afasta dos amigos na hora em que mais precisam dele. Ao contrário, em meio às minhas necessidades, ele põe sobre mim a sua mão. Que tal? Um Deus que promete chegar especialmente perto logo antes de uma necessidade se apresentar!

E nesse momento acho que Davi fica tão desarmado, que precisa parar de escrever. A mão treme, os olhos lacrimejam e o espírito explode. Por fim, ele consegue rabiscar o versículo 6: "Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; elevado demais para que possa atingir".

"Se eu escrevesse qualquer coisa ou outra coisa"; parece dizer o salmista, "seria simplesmente impróprio. Não consigo pôr no papel a sensação de me relacionar com um Deus que conhece tão profundamente todos os meus caminhos. É maravilhoso demais para mim."

O grande conquistador de Israel admite derrota. "É melhor largar a caneta, tirar os sapatos e portar-me humildemente em terra santa."

Já senti a mesma coisa diversas vezes. E você? Gostaria de ter sentido isso? Esse momento convida ao culto, à entrega, à adoração. É isso que Davi se vê falando. Adorando. Ele é sacudido por uma dedução empolgante, a qual espero que todo leitor deste livro leve consigo. Se

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sou o objeto desse perscrutar soberano, há apenas uma conclusão a que posso chegar: Devo mesmo ser importante para Deus. E um Deus que se importa a esse ponto é o Deus que eu procuro.

Esse Deus não examina atentamente as árvores tanto quanto examina a mim. Não conhece na intimidade os caminhos das rochas e dos arbustos. Conhece na intimidade a mim, porque se enternece ardentemente por quem sou.

Isso deveria fazer com que todos nos prostrássemos de joelhos. Certo domingo, uma senhora me deteve na entrada da igreja depois do culto. Quando começamos a conversar, ela se descontrolou, chorou e me abraçou forte.

– Nunca pare de nos dizer como somos importantes para Deus, porque isso mudou a minha vida.

– Não vou parar – respondi –, porque isso mudou a minha vida também, e ainda hoje a está mudando.

A má notícia: ele conhece os seus segredos

Embora Davi tenha ficado desarmado com a idéia da onisciência de Deus, sei que alguns de vocês podem estar-se remexendo um tanto inquietos na poltrona. O colarinho pode estar apertando um pouco neste momento, e talvez você esteja-se perguntando quem aumentou a temperatura.

Como sei isso? Já estive aí.

Quando reflito sobre o fato de que Deus conhece tudo a meu respeito, tenho de admitir que, às vezes, essa atenção representa uma bênção em duas direções. Compreende? A boa notícia é: ele de fato deve importar-se comigo, uma vez que quis conhecer-me tão bem. A má noticia é: se ele conhece intimamente todos os meus caminhos, isso significa que conhece todo o meu pecado.

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Quando eu era garoto e morava em Michigan, a empresa de frutas e verduras do meu pai comprou uma fazenda logo depois de Kalamazoo. Todos os dias, eu esperava meu pai chegar a casa depois do trabalho e, quando o carro dele ia chegando, eu corria para falar com ele, parando tão perto da porta do carro que ele não conseguia abri-la sem bater em mim. Assim que a porta se abria um pouquinho, eu começava a implorar:

– Papai, deixe-me ir de bicicleta da escola até a fazenda, e você pode ensinar-me a dirigir o trator.

Deeeeeixa, pai!

Não havia nada que eu quisesse fazer mais do que riscar e dragar um campo com o trator. sentar-me naquele banco, dar partida e dirigir de um lado para o outro do campo até o sol se pôr era para mim um sonho.

– Você é muito criança, não é? – respondia papai.

– Eu consigo, papai, sei que consigo. Só me dê uma chance, por favooooor?

Finalmente, ele concordou em se encontrar comigo na fazenda. Explicou como dar partida no motor, onde estavam a embreagem e a transmissão, e como engatar o equipamento e acionar a parte hidráulica.

Eu mal podia esperar. Para mim, felicidade se soletrava t-r-a-t-o-r, e eu estava prestes a dirigir um.

Após minha primeira lição, papai me levou até a bomba de gasolina.

– Uma regra fundamental – e nunca a quebre é que jamais se abastece um trator quente. Quando terminar e precisar reabastecer essa coisa, traga e desligue na frente da bomba de gasolina. Depois, dê uma volta, vá dormir nas palhas do celeiro, faça o que quiser, mas não tente pôr gasolina num trator quente. Ele pode pegar fogo.

– Sem problema – falei enquanto assentia com a cabeça. E com minhas aulas particulares completas, embarquei numa aventura agrícola.

Semanas a fio, eu saltava para a bicicleta depois da escola e ia até a fazenda, ansioso para dirigir aquele trator. Diverti-me bastante, riscando e dragando aquele campo. Aprendi até a desengatar o equipamento no

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fim do dia, fazer o trator andar depressa, depois enfiar o pé num dos freios, fazendo o trator andar em círculos. Meu irmão me ensinou orgulhosamente a acelerar o motor e a soltar a embreagem, fazendo o pneu da frente saltar do chão. A vida não podia ser melhor do que era!

Um dia eu estava mais do que nunca ansioso para terminar um campo quando olhei o marcador de gasolina e percebi que o tanque estava quase vazio. De todo o coração, eu estava decidido a terminar, porque sabia quanto meu pai se orgulharia. Se eu esperasse até o trator esfriar para reabastecer, entretanto, não teria tempo. Dirigi o trator até a bomba de gasolina e desprezei a advertência de papai: "Jamais abasteça um trator quente".

Ele nunca vai saber, raciocinei. Aliás, para ir um pouco mais rápido, nem me dei ao trabalho de desligar o motor! Em vez disso, subi numa escadinha e comecei a despejar gasolina no tanque que ficava logo acima do motor quente.

Então o desastre desabou sobre mim. Meu pé escorregou da escada. A gasolina derramou por todo o motor, e subitamente uma bola de fogo foi arrojada do trator, a explosão jogando-me para trás. Revirei para o chão, chocado e apavorado com o que tinha feito. Levantei-me e fiquei olhando horrorizado as chamas engolirem o trator e chegarem a derreter os pneus bem diante dos meus olhos.

"Sou um homem morto", disse comigo mesmo.

A volta de bicicleta para casa pareceu ter mais de quinhentos quilômetros. Olhei cautelosamente na entrada de carros e fiquei aliviado quando percebi que o carro do meu pai não estava lá. Quando entrei em casa e perguntei por ele como quem não quer nada, descobri que ele estaria fora por diversos dias.

A princípio, achei que eu era o maior felizardo de Michigan. Mas, após algum tempo, a espera se tornou torturante. Vou ter de contar quando ele voltar para casa, pensava eu, e os castigos imaginados que viriam com certeza foram parecendo cada vez mais drásticos com o passar do tempo.

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Finalmente papai voltou; mas meu medo tinha chegado a um grau tão intenso, que eu não podia me forçar a dizer nada. Antes, eu não fala;.a nada além daquele trator estúpido, e agora era como se eu ficasse coberto de brotoejas se alguém chegasse a mencionar a palavra.

Por fim resolvi seguir o tratamento diplomático e desprezar o problema. Vou esperar até ele tocar no assunto, raciocinei. Quem sabe? Talvez ele nunca descubra.

Depois do jantar, algumas noites mais tarde, meu pai abriu o congelador e tirou uma caixa de sorvete, que passou a servir para todos. Deu duas bolas para a minha mãe, duas bolas para o meu irmão e as minhas irmãs e depois virou-;e para mim.

Uma bola.

Olhei para ele e pensei: Ele me deu menos... ele sabe! Embora eu estivesse tomando sorvete, podia sentir o suor formando gotas em minha testa. Tenho de contar, pensei. Ele já sabe, de qualquer forma. Cada minuto que resisto nada mais é do que pura traição.

Depois da sobremesa, entrei de sopetão pela sala de TV.

– Papai, pisei na bola. Enchi o tanque com o motor ainda funcionando e acabei queimando o trator até os pneus. Se quiser que eu passe o resto da vida pagando o trator, passarei. E prometo nunca mais fazer isso.

– Filho, venha aqui.

Aproximei-me lentamente de meu pai e ele me abraçou com ternura.

– Dei-lhe aquelas instruções porque eu não queria você se machucasse. Da próxima vez, escute um pouco mais, está bem? Agora, não se preocupe com isso, o trator estava no seguro, e já compramos outro. Acabou. Só quero que você esteja lá segunda-feita, pronto para trabalhar de novo.

Quando saí da sala, tinha uma compreensão inteiramente nova da teologia da confissão e do perdão.

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Alguns de vocês estão envolvidos em coisas que Deus não quer vê-los fazendo. São culpados. Sabem que pecaram contra Deus e infringiram os ensinamentos da Bíblia. Podem ser os únicos seres humanos sobre a face da terra que sabem do seu pecado – mas deixem-me dar uma notícia que é tão boa quanto séria.

Não precisam passar noites de ansiedade perguntando-se quando Deus vai "descobrir". Ele já sabe. Talvez vocês finjam que ele não saiba, mas sabe sim. Não se dêem ao trabalho de tentar perpetuar a impostura.

Acabou. Ele sabe.

"Tudo bem", você talvez responda, "então o que Deus quer de mim?".

Simplesmente isto. Quer que você pare de acobertar o que fez. Abra o jogo e concorde em mudar seus caminhos. Ele não vai condená-lo; simplesmente quer libertá-lo da culpa que tem carregado e estabelecer para você um novo rumo. Como ele já sabe tudo a respeito, o que poderia mesmo impedi-lo de confessar francamente seu pecado e pedir que Deus lhe perdoe?

Como eu, alguns de vocês precisam entrar de sopetão pela "sala" do Pai e dizer:

– Papai, pisei na bola. Realmente pisei na bola. E depois esperar para ouvir a resposta.

Alguns de vocês vão ficar chocados, porque descobrirão que, embora ele saiba tudo sobre seu pecado, ainda os ama. A resposta que dará não será tão diferente da que deu o meu pai:

– Acabou. Apenas comece de novo, de forma diferente... e eu ajudarei.

É isso que o Deus a quem conheço me diz. Essa é a boa noticia, apesar da má. E há mais boas notícias em relação à onisciência de Deus: ele não apenas conhece o seu pecado, mas também conhece tudo a respeito de suas cicatrizes. Em outras palavras, não apenas sabe o que você fez, mas também o que fizeram com,você.

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A boa noticia: ele também conhece suas cicatrizes

Toda pessoa tem ferimentos, de um tipo ou de outro. Quanto mais envelheço, mais vou-me convencendo disso. É incrível o número de pessoas que teia a auto-estima destroçada. E, quando conversamos sobre isso, dizem: "Se soubesse o que acontecia na minha casa, se soubesse como fui tratado quando pequeno...", ou "Se soubesse a violência que meu pai praticava contra minha mãe", ou "Se conhecesse o alcoolismo e como ele afetou nossa família...".

É claro que não sei – não posso saber –, mas Deus sabe. Ele esteve lá, e não perdeu um milésimo de segundo do que aconteceu.

As cicatrizes não são apenas as que vêm da infância. Alguns de vocês têm ferimentos mais recentes, que ainda doem tanto que não podem sei chamados "cicatrizes". São feridas abertas, sangrentas. Muitos de vocês estão sangrando emocional e espiritualmente porque seus sonhos foram desfeitos. Experimentaram reveses nos negócios ou sofreram dias e noites de agonia que terminaram num divórcio amargo. Alguns de vocês já conheceram o horror de perder um filho numa enfermidade terminal ou num acidente trágico. Outros talvez estejam sofrendo com fracassos nos relacionamentos. Fracassos acadêmicos, catástrofes financeiras e o que quer que seja.

É assustador pensai em quantas pessoas estão andando por aí com o espírito despedaçado. Na semana passada, na academia de ginástica, um sujeito me reconheceu e disse:

– Você é o pastor da igreja Willow Creek.

Quando começamos a conversar, ficou evidente que ele estava triste com alguma coisa, por isso lhe perguntei:

– O que está acontecendo?

– Acabei de enterrar minha mãe hoje à tarde. Cheguei agora do enterro... Ela era muito moça.

Para muitos de vocês, as paredes parecem estar-se fechando impiedosamente. Talvez vocês cheguem até a ouvir seus gritos e

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gemidos de agonia ecoando nessas paredes e voltando delas para você, zombando, provocando-o e fazendo-o sentir-se pior ainda. "Meu cônjuge não sabe o que estou sentindo. E, o que é pior, nem quer saber." "Meus pais nem se importariam se eu desaparecesse amanhã. Ninguém sentiria falta de mim."

Os que já emitiram esses gritos precisam ser relembrados de algumas verdades poderosas.

Primeira: vocês precisam agarrar-se à tábua de salvação segura fornecida pela verdade de que Deus sabe. Ele conhece intimamente todos os seus caminhos. Não fica a observá-los de longe. Nenhum sentimento, nenhuma mágoa, nenhuma cicatriz, nenhuma ferida jamais deixaram de ser notados por ele.

Ele não apenas conhece, mas também se importa. Os Salmos declaram: "Tu conheces bem as perseguições que eu sofri". Deixe que a próxima frase invada a sua compreensão: "Contaste e recolheste num jarro todas as minhas lágrimas. Anotaste cada lágrima no teu livro".5

Na antiga cultura do oriente Médio, quando um soldado saía para a guerra, comprava um "frasco para lágrimas" – pequeno vidro em que as lágrimas seriam depositadas – e dava à esposa ou à mãe. Esta prometia: "Sua ausência me deixará tão triste que chorarei todas as noites. E, quando chorar, guardarei as lágrimas neste frasco Quando você voltar, verá minhas lágrimas e saberá quanto é precioso para mim".

Que tal isso? Quando Deus nos saudar no céu, poderá balançar nosso frasco de lágrimas diante de seu rosto sorridente. "Não perdi nenhuma", dirá ele. "Nem uma única lágrima."

Além disso, ele não apenas guarda cada lágrima mas também registra cada uma delas num livro: "Eu as anotei em meu livro". Deus nunca é descuidado com as nossas lágrimas, mágoas e feridas. Isso mostra quanto somos importantes para ele.

Com um amor tão observador e terno assim, certamente Deus conquistou o direito de dizer: "Conheço intimamente todas as suas lágrimas e cicatrizes".

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Esse é o Deus da Bíblia, o Deus que Jesus deseja que você conheça, o Deus que você procura. Você nunca precisa chorar sozinho. Nunca.

Aos poucos, tuas de modo resoluto, refugie-se na onisciência e na compaixão de Deus. Diga em voz alta, se precisar: "Sei que alguém sabe. E sei que alguém se importa".

Agora outra notícia maravilhosa: a onisciência de Deus significa que ele conhece nossos atos secretos de serviço.

Outra boa notícia: ele conhece seu serviço

Se eu fizesse um arremesso de longe quando concorria à seleção para o time de basquetebol, mas o técnico não visse, era como se ele nunca tivesse ocorrido. Não me adiantava nada. Se eu fizesse uma ótima jogada defensiva, mas a atenção dele estivesse ocupada com alguma outra coisa, eu percebia que, em certo sentido, havia desperdiçado meu esforço. Isso não me ajudaria a entrar para o time.

Mesmo hoje, às vezes fico desanimado porque o que faço não parece ser notado ou apreciado. E o silêncio horrível, irritante que se segue aos meus atos secretos de serviço muitas vezes me tenta a concluir: "De que adianta? Por que me dar ao trabalho de fazer papel de escoteiro? Quem está ligando? Os bonzinhos terminam por último, afinal".

É então que preciso deste lembrete: "... teu Pai, que vê em secreto, te recompensará".6 Deus é o observador celeste que tudo anota. Ele sabe a respeito daquela vez em que você mordeu a língua quando poderia ter contribuído para uma fofoca. Ele nota toda vez que você cumprimenta um estranho ou visita uma pessoa no hospital ou na prisão. Cada ato secreto de caráter, de convicção e de coragem foram observados em cores por nosso Deus onisciente.

Você tem sempre uma platéia. Em toda atividade e em toda conversa, Deus está presente e diz: "Eu vi. Vá em frente! Faça de novo! Eu o recompensarei. Vou retribuir. Você não terá trabalhado em vão".

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É óbvio que suas boas obras não farão com que Deus o ame mais (seu amor por você já está trabalhando "a pleno vapor"), mas é gostoso saber que ele celebra suas boas obras – mesmo quando passam despercebidas dos outros.

Finalmente, a onisciência de Deus pode instilar em você uma confiança sobrenatural que pode transformar sua vida. Se você conseguir apreender essa verdade, ela encherá seu espírito com uma coragem divina para enfrentar os maiores desafios da vida.

Confiança sobrenatural

Quando eu estava começando a aprender a navegar o veleiro de meu pai no lago Michigan, ele me dizia sempre: "Pode sair com o barco, mas leva um amigo junto".

Um veleiro de catorze metros numa extensão de água do tamanho do lago Michigan é uma grande responsabilidade. Mas, sempre disposto a enfrentar um desafio, eu encontrava um amigo da escola para me acompanhar, e passávamos pelo quebra-mar, içávamos as velas e nos dirigíamos para o alto-mar. Mas, assim que eu via qualquer formação de nuvens em nossa direção ou o vento começando a aumentar, eu remava à praia, recolhia as velas e voltava a respirar normalmente apenas quando estávamos atracados com segurança no embarcadouro. Na maior parte do tempo, era divertido ter um amigo comigo, mas, numa tempestade, eu sabia que o garoto não ajudaria muito.

Outras vezes, contudo, meu pai chegava do trabalho e saíamos juntos. Quando eu velejava com meu pai, buscava as formações de nuvens e tinha a esperança de encontrarmos bastante vento. Eu amava sentir os ventos fortes e as enormes ondas!

Papai havia velejado no Oceano Atlântico. Suportara velejar cinco dias em meio a um tufão. Era um veterano, e eu estava confiante de que seria capaz de enfrentar qualquer coisa que o lago Michigan pudesse aprontar convosco. Tudo mudava quando meu pai estava a bordo.

Referências

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