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ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DAS ESTRADAS LIGADAS AO PLANTIO FLORESTAL NOS MUNICÍPIOS DE CUNHA E GUARATINGUETÁ, SP

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DAS ESTRADAS LIGADAS AO

PLANTIO FLORESTAL NOS MUNICÍPIOS DE CUNHA E

GUARATINGUETÁ, SP

Roberto de Souza Brandão1, Getulio Teixeira Batista² Celso de Souza Catelani1 UNITAU - Universidade de Taubaté

Estrada Municipal Dr. José Luiz Cembraneli, 5000 (Agronomia), CEP- 12.081-010,Taubaté, SP, Brasil e-mail: getulio@agro.unitau.br; celso@agro.unitau.br

Telefone: +55-12-3625-4116

1

Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté.

2

Professor do Curso de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté.

RESUMO

A crescente atividade do setor florestal voltado à produção de papel e celulose no vale do Paraíba no Estado de São Paulo tem despertado indagações sobre os potenciais impactos que essa atividade pode causar ao meio ambiente. Dentre outros pontos a serem avaliados, as estradas rurais que dão acesso aos maciços florestais de eucalipto têm ligação direta com a qualidade dos recursos hídricos existentes nas bacias onde são implantados os talhões de eucalipto, principalmente no que se refere à erosão e ao transporte de material erodido para os cursos d’água. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo analisar as condições das estradas utilizadas nos plantios de eucalipto nos municípios de Cunha e Guaratinguetá, SP. Para isso foram analisados os estados de conservação e de manutenção das vias, tais como o revestimento, a largura, os sistemas de captação e escoamento de enxurradas; assim como, o controle de erosão, limpeza e terraplanagem. Os resultados apontaram boas condições de trafegabilidade, levando em conta que as estradas requerem e têm recebido manutenção constante em razão dos altos níveis pluviométricos que ocorrem na estação chuvosa na região estudada.

(2)

ANALYSIS OF THE CONDITIONS OF THE ROADS FOR FOREST

PLANTATIONS IN THE MUNICIPALITIES OF CUNHA AND

GUARATINGUETÁ, SP

ABSTRACT

To growing activity of the forest sector concerned with paper and cellulose production in the region of Vale do Paraíba do Sul, São Paulo has raised issues concerning the potential impacts of that activity on the environment. Among several issues to be appraised, the rural roads that provide access to the forest plantations of eucalyptus have direct connection with the quality of the water resources in the basins where they are planted, especially concerned with erosion and sediments transport to the water courses. In that context, the present work had the objective of analyzing the conditions of the roads used in the eucalyptus plantations in the municipal districts of Cunha and Guaratinguetá, SP. Thus, the conservation and maintenance conditions of the roads were analyzed, such as the covering surface, width, drainage systems, runoff contention practices, occurrence of erosion, cleaning and earth filling control. The results indicated that the roads have good conditions, with frequent maintenance activities to minimize the effects of the intense rainy season of the studied area.

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INTRODUÇÃO

As florestas sempre foram uma das maiores fontes de recursos naturais necessários à humanidade, sua utilização durante a evolução do homem teve fundamental importância como fonte de abrigo, energia, alimentos, fármacos e muitos outros produtos de origem florestal. Contudo, no processo de civilização e com o aumento populacional, certas regiões ricas em recursos florestais se tornaram cada vez mais vulneráveis à destruição e ou à fragmentação dos maciços florestais nativos com conseqüências danosas aos recursos hídricos em sua área de influência. Esses fatos observados na região do vale do Paraíba no Estado de São Paulo acentuam a importância da silvicultura como alternativa de atendimento à crescente demanda por produtos oriundos de recursos florestais.

No setor florestal, a rede viária é de vital importância para o transporte de matéria-prima. Os custos e preços na cadeia produtiva da silvicultura estão diretamente associados às condições das estradas que ligam as indústrias de transformação aos maciços florestais. No entanto, as precárias condições de construção e traçado, bem como o freqüente mau estado de conservação dessas vias têm sido um dos principais fatores que promovem a erosão das vias e o assoreamento dos cursos d’água próximos aos maciços florestais comerciais, se tornando, portanto, uma das principais causas do comprometimento da trafegabilidade das estradas não pavimentadas, causando dessa forma prejuízos econômicos.

Segundo Guerra et al. (1999), a grande causa dos processos erosivos é provocada pela água das chuvas, principalmente em lugares de clima tropical onde o processo tende a acelerar à medida que mais terras são desmatadas para a exploração de madeira ou para a produção agrícola, uma vez que os solos ficam desprotegidos da cobertura vegetal, com aumento do escoamento superficial.

A construção de estradas promove a impermeabilização do solo e a retirada da cobertura vegetal e exige manutenções periódicas com técnicas de contenção de taludes de corte e aterro, bem como mecanismos e dispositivos de redução de concentração e velocidade de enxurradas.

Para Griebeler et al. (2005), o leito das estradas deve apresentar características adequadas para suportar a carga que será submetida sem que ocorra a deformação capaz de modificar a conformação original do leito trafegável, possuir uma drenagem adequada para que a umidade não altere suas características de resistência e para que a erosão não comprometa sua utilização. A drenagem da estrada é realizada por meio de seu abaulamento e da condução apropriada das águas retiradas do leito e daquelas advindas de áreas externas a esta, a qual normalmente é feita por meio de canais de drenagem.

A erosão consiste no processo de desprendimento e arraste das partículas de solo causado pela ação da água (erosão hídrica) ou do vento (erosão eólica). No Brasil, localizado em grande parte na região tropical, a erosão hídrica apresenta maior interesse por ser de ocorrência mais freqüente, processar-se com maior rapidez e causar grandes prejuízos não só ao setor agrícola, como também a diversas outras atividades econômicas e ao próprio meio ambiente (PEREIRA e PRUSKI, 2003).

De acordo com Lopez et al. (2002) outro aspecto importante é o padrão das estradas florestais, uma vez que este influencia diretamente o desempenho

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energético dos veículos, e sua durabilidade e eficiência operacional. Todos estes aspectos estão ligados à manutenção, através das geometrias horizontal e vertical, da qualidade de rolamento e largura das pistas.

Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo verificar as condições das estradas que servem de acesso para o escoamento e manutenção de maciços florestais nos municípios de Cunha e Guaratinguetá no Estado de São Paulo.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento deste trabalho foram feitas quatro visitas de campo para constatar as condições das estradas utilizadas nos plantios de eucalipto nos municípios de Cunha e Guaratinguetá, SP.

Os equipamentos utilizados foram o GPS (“Global Position System”), da marca GARMIN, modelo 12XL, para o georreferenciamento das estradas; cartas topográficas na escala de 1:50.000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); uma máquina fotográfica digital, trena para medir a largura das vias e imagens de satélites para a visualização geral das vias e um SIG (Sistema de Informação Geográfica) completo (SPRING) para a respectiva espacialização dos pontos verificados em campo e análise dos dados. A imagem de satélite utilizada para visualizar a área de estudo localizada no município de Cunha foi obtida do satélite LANDSAT-7 ETM+. Para visualizar a área de estudo localizada no município de Guaratinguetá foi empregada a imagem do satélite ASTER - Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer L2B VNIR, (Figura 1).

Figura 1. “A”, Imagem do Satélite ASTER, no município de Guaratinguetá, SP; “B” Imagem do Satélite LANDSAT-7, no município de Cunha, SP.

Com base em Lopez (2002), as áreas testes foram analisadas segundo os seguintes critérios:

a) Largura

• Estrada com pista simples: Possui pista de rolamento com faixa única e largura inferior a 5m, o que permite o tráfego de veículos em único sentido.

b) Superfície da Pista de Rolamento

• Estrada com revestimento primário: É aquela revestida com material granular (saibros, cascalhos etc.), o que permite o tráfego de veículos durante todo o ano.

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• Estrada sem revestimento: É aquela que não apresenta qualquer tipo de revestimento, portanto, geralmente, não permite o tráfego de veículos durante a época chuvosa.

c) Limpeza e Terraplanagem

Referem-se às atividades de corte de árvores, destoca, remoção de resíduos, remoção de matéria orgânica, execução de corte, aterro e compactação.

d) Drenagem

Referem-se à construção de bueiros e sarjetas e à colocação de manilhas e caixas de contenção de enxurradas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos dados obtidos em campo e comparado-os com a classificação das estradas florestais proposta por Lopez (2002), foram obtidos os seguintes resultados:

Tanto as estradas do município de Cunha quanto as estradas do município de Guaratinguetá, apresentavam, em geral, revestimentos primários, ou seja, revestidas com material granular, principalmente em situações que apresentavam segmentos em declividades (Figura 2). Entretanto, havia estradas sem revestimentos em segmentos mais planos como mostrado na Figura 3.

Figura 2 - Estrada com revestimento primário no município de Guaratinguetá; é visível a falta de proteção do talude e em decorrência erosão.

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Figura 3 - Estrada sem revestimento no município de Cunha.

Em relação à limpeza e à terraplanagem, as estradas mantinham boas condições de trafegabilidade; quanto à manutenção e à remoção de detritos da faixa carroçável, mantinham boa qualidade, conforme mostra a Figura 4. Verificou-se que estes fatos estavam diretamente ligados ao custo final da produção.

Figura 4 - Estrada apresentando boas condições de manutenção, limpeza e terraplanagem.

As estradas apresentavam larguras que variam entre 4 e 6 metros, e em caso de declividade mais acentuada, possuíam caixas de contenção de sedimentos provenientes de enxurradas como mostra a Figura 5. Estas caixas de contenção são extremamente importantes em casos de níveis pluviométricos mais elevados, segundo Griebeler (2005) a erosão provocada pela água no leito e nas margens de estradas não-pavimentadas está intimamente relacionada à má drenagem.

Para Garcia et al. (2003) a variação na declividade e o comprimento do segmento da estrada influenciam significativamente o volume de enxurrada. A velocidade de enxurrada influencia significantemente a quantidade de sedimentos transportados, ou seja, quanto maiores as declividades e o comprimento do segmento, maior será a velocidade da enxurrada e, conseqüentemente, a quantidade de material transportado. À medida que a precipitação aumenta, ocorre incremento no volume de enxurrada e, por conseguinte, na perda de solo.

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Figura 5 - Caixa de contenção de enxurrada, com sedimentos depositados em seu reservatório.

CONCLUSÕES

Os resultados do trabalho permitiram concluir que:

As condições das estradas de acesso aos maciços florestais nos municípios de Cunha e Guaratinguetá apresentam de modo geral boa trafegabilidade e manutenção, levando em conta que requerem e tem recebido manutenção constante, como forma de prevenção contra os altos níveis pluviométricos das estações chuvosas na região estudada.

A instalação de dispositivos de contensão de enxurradas considerando a declividade, a distância do segmento de estrada e a área de contribuição e captação de água da chuva é essencial para a preservação das condições de trafegabilidade das estradas.

As estradas de acesso aos maciços florestais nos municípios estudados apresentam-se com revestimento primário ou sem revestimento, isso se deve provavelmente aos custos de manutenção das vias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GARCIA, Alessandra Reis, MACHADO, Carlos Cardoso, SILVA, Elias et al. Volume

de enxurrada e perda de solo em estradas florestais em condições de chuva natural. Rev. Árvore, vol.27, no.4, p.535-542, jul./ago. 2003.

GRIEBELER, Nori Paulo, PRUSKI, Fernando Falco, SILVA, José Márcio Alves da et al. A model to determine the spacing between water outlets in unpaved roads.

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Rev. Bras. Ciênc. Solo, vol. 29, n°3, p.397-405. ISSN 0100-0683. May/June

2005.

GUERRA, A. J. Teixeira, SILVA, Antônio s. da, BOTELHO, Rosangela G. M., (Organizadores), Erosão e conservação dos solos: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

PEREIRA, Silvio B., PRUSKI, Fernando F., SILVA, Demetrius D. da, MATOS, A.T. Desprendimento e arraste do solo pelo escoamento superficial. Rev. Bras.

Eng. Agríc. Ambient., vol. 7, nº. 3, p. 423-429, set./dez. 2003.

LOPEZ, Eduardo da Silva, MACHADO, Carlos Cardoso e SOUZA, Amaury Paulo de. Classificação e custos de estradas em florestas na região sudeste do Brasil.

Referências

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