ACESSO A BIBLIOTECAS DIGITAIS
Manuella Oliveira do Nascimento /UFRN1 Ronnie Anderson nascimento de Farias/UFRN2 Eliane Ferreira da Silva/UFRN3
RESUMO
Analisa o acesso a bibliotecas digitais, mediante uma revisão de literatura e demonstração de equipamentos específicos disponibilizados na Biblioteca digital do Senado Federal. Procura salientar os trabalhos desenvolvidos na pesquisa de métodos eficazes na interface dos sites, interoperabilidade e a biblioteca digital de acesso remoto. Demonstra a metodologia aplicada na organização dos documentos digitais que fazem parte da oferta das bibliotecas digitais com a disseminação das informações. Faz referência as vertentes difundidas: disponibilidade dos documentos digitais, como esses estarão ofertados e quais meios os portadores de necessidades especiais os alcançarão. Relata a importância do profissional da informação no momento atual de desintermediação e na nova prática de alfabetização para informática. Descreve um breve detalhe de equipamentos requeridos no projeto da Sala de acesso a biblioteca digital. Reuni, como objetivo, bases de pesquisa para avaliação de como se dá o tratamento da informação pelos profissionais da informação para disponibilizá-los digitalmente. Resulta uma diversidade de material que trata do tema com pertinência e objetividade. Conclui-se que o material disponibilizado para pesquisa é de interesse relevante na sociedade do conhecimento, pois com a informação disseminada seguramente a cidadania se consolida nesse mundo globalizado.
Palavras – chave: Acessibilidade. Biblioteca digital. Acesso remoto. Interoperabilidade. Bibliotecas em rede. Necessidades especiais.
1 INTRODUÇÂO
O acesso a biblioteca digital é a novidade organizacional das bibliotecas tradicionais. Por isso na fase de transição da biblioteca tradicional para a biblioteca digital há a caracterização da desintermediação (conceito que será enfocado adiante), e para isso deve-se priorizar a acessibilidade a todos os usuários.
Com essa lógica de acessibilidade, este artigo relata as necessidades de equipamentos, programas e serviços que permitam ao portador de necessidades especiais o acesso às informações por meio da internet e ao acervo disponível na Biblioteca Digital, incluindo como exemplo a do Senado Federal.
A metodologia através do resgate de revisão de literatura (GIL, 1999). Relata como se dá o processo da transformação da informação pelos profissionais até se tornar documento digital. E com
1
Graduanda do Curso de Biblioteconomia /UFRN. Bolsista de Iniciação Científica CNPQ. - manuellamsn@hotmail.com
2
Graduando do Curso de Biblioteconomia /UFRN. Iniciação Científica PROPESQ/UFRN. - ronniefarias@hotmail.com
isso, todo o processo que se passa pelas bibliotecas para oferecerem esse novo modelo de acervo bibliotecário e de como disponibilizá-lo para o usuário de forma eficiente e produtiva.
Por conseguinte, neste trabalho, destaca-se à importância do profissional bibliotecário na fase de transição da biblioteca tradicional a digital, como centro de referencia do usuário até que ele mesmo se torne independente. A partir desse processo entra-se na fase da desintermediação (tópico 3) que adentra caminho a passos largos a biblioteca digital com recursos materiais cada vez mais desenvolvidos.
2 BIBLIOTECAS DIGITAIS
O desenvolvimento de tecnologias da informação propiciou a oferta de inúmeros serviços de informação e com isso o desenvolvimento das bibliotecas digitais em todo o mundo, resultado das atividades de várias comunidades interessadas neste fenômeno. Inúmeras definições foram dadas ao longo dos últimos anos, bibliotecas eletrônicas, virtuais e digitais.
Da mesma forma acontece com a biblioteca digital, ainda hoje não possui um conceito único e definitivo, uma das definições considerada em muitos estudos sobre a biblioteca digital, é a da Digital Library Federation (1999?), que diz:
Bibliotecas digitais podem ser definidas como organizações que provem recursos, incluindo os profissionais especializados para selecionar, estruturar, oferecer acesso intelectual, interpretar, distribuir, preservar a integridade dos documentos e garantir a persistência das coleções digitais, de tal forma que elas sejam lidas e disponíveis economicamente para uso de uma comunidade ou grupo de comunidades.
Uma biblioteca digital oferece coleções e serviços digitais para as suas comunidades em uma variedade de maneiras como: catálogos, periódicos eletrônicos, livros eletrônicos e bases de dados, ou documentos com textos completo junto com imagens, documentos sonoros e visuais em diversos formatos, é necessário diferentes programas de computador para o uso da informação, ou seja, na biblioteca digital as coleções devem ser transformadas através da integração dos formatos.
O acesso a bibliotecas é muito mais complexo do que se imagina, pelo fato da diversidade de coleções por ela oferecida, o que implica em uma série de problemas como:
interface de busca;
interoperabilidade das bibliotecas digitais;
integração dos recursos digitais. 2.1 INTERFACE
A interface é o instrumento com o qual o usuário pode fazer as buscas e visualizar as informações que precisa. As pesquisas sobre acesso a bibliotecas digitais têm concentrado muitos esforços nesta área, a fim de facilitar a interação homem-máquina. O grande problema é que quem desenvolve uma interface de busca, em geral são especialistas em informática que não tem experiência na prestação do serviço.
Visando facilitar a vida dos usuários e promover a usabilidade das interfaces é importante uma parceria entre os profissionais da área de informática e bibliotecários para a otimização das interfaces de busca.
O processo de busca de informação, não é tão simples quanto aparenta, Shneiderman, Byrd e Croft apud Tammaro, Salarelli (2008) apresentam o processo de busca em quatro fases:
formulação da busca
o usuário deve ter claro quais são sua necessidades. ação
fase comumente mais fácil, com um botão ou um clique pode-se realizar a ação. avaliação de resultados
normalmente é ajudada pela interface que apresenta as informações de acordo com os critérios de ordenação dos resultados.
refinamento de busca
o refinamento de buscas se dá por meio de filtros, muitas vezes oferecida pelo próprio sistema.
O acesso a documentos na biblioteca digital, conforme explicam Tammaro, Sararelli (2008), é denominado acesso e fornecimento de documento, ou seja, o fornecimento de uma cópia do documento digital solicitado pelo usuário. Nesse contexto, o modelo de serviço ideal de acesso a uma biblioteca digital, deveria conter:
Login
para acessar o usuário precisa se identificar. pesquisa ou folheio
funcionalidades que devem ser possíveis a permitir chaves de buscas para pesquisas.
escolha do tipo de recurso
livros, periódicos, imagens, imagens em movimento, dados numéricos etc.). visualização
resultados da busca relacionado de acordo com a ordem de relevância. escolha do tipo de fornecimento
coerente com as exigências do usuário, como rapidez no fornecimento, conveniência econômica, etc.
ordem
apresentação dos documentos identificados. gestão dos direitos de acesso
relacionado aos direitos autorais, cobrança de despesas a cargo do usuário. acesso a recursos
recursos disponíveis na estação de trabalho do usuário. manipulação e uso
de recursos, se permitido pelas devidas licenças de acesso.
Este modelo de serviço foi elaborado, com o foco no usuário, tendo como expectativa um modelo eficiente e com expectativa de um acesso unificado e rápido a inúmeros recursos digitais, com uma interface única para acesso ao documento. Atualmente o serviço ideal ainda não esta totalmente
disponível, apesar da tecnologia oferecer oportunidade de transmitir enorme quantidade de textos e dados em alta velocidade, através da Internet. Com isso, entra-se no âmbito da interoperabilidade.
2.2 INTEROPERABILIDADE
A interoperabilidade é um aspecto fundamental para que as bibliotecas digitais possam trocar e compartilhar documentos, pesquisas, serviços e o intercambio desses itens em uma única biblioteca digital. Nesse contexto, a interoperabilidade é a capacidade de associar os diferentes componentes de uma biblioteca digital sem afetar a interface do usuário.
Sob um ponto de vista técnico a interoperabilidade entre bibliotecas digitais é possível, mas tem custos que são proporcionais à qualidade da funcionalidade oferecida.
A interoperabilidade tem muitas faces, sendo que a mais visível é a interoperabilidade técnica, que tem como objetivo o desenvolvimento de padrões e protocolos de comunicação, transporte, armazenamento e codificação de informações, tais como Z39.50, OAI-PMH, entre muitos outros.
As bibliotecas que compartilham registros de catálogos on-line usam o protocolo Z39.50 e como alternativa , que poderá ter um desenvolvimento notório no futuro e esta acessível livremente, consolida-se o OAI-PMH (Open Acsess Initiative Protocol Metadata Harvesting). Essas funcionalidades de acesso tende a facilitar a interoperabilidade tanto entre os sistemas, tais como máquinas de busca e comércio eletrônico, quanto entre bibliotecas digitais. É através da interoperabilidade que se disponibiliza a integração das bibliotecas.
2.3 INTEGRAÇÃO
Para a promoção do acesso remoto aos conteúdos e serviços oferecidos pelas bibliotecas digitais é necessário a integração de diversos sistemas de modo a oferecer um serviço coerente. De modo que os componentes tecnológicos básicos já existem, o que é preciso é acelerar a integração dos diferentes serviços. Tammaro, Sararelli (2008), esclarecem que os serviços mais importantes de descobrimento da informação são chamados de infra-estrutura, no sentido que se tornaram serviços disponibilizados através pela agregação de diversos módulos, hoje oferecidos separadamente, tais como:
controle dos acessos; comércio eletrônico; serviços de localização
identificação do recurso;
representação do conhecimento;
organização por relevância;
A interoperabilidade e a integração são elementos que compõe a nova organização de acesso a biblioteca digital e auxilia a desintermediação do usuário.
3 DESINTERMEDIAÇÃO
Com o desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação – TIC‟s surge um novo conceito, a desintermediação, que permite ao usuário realizar sozinho operações que antes eram desempenhadas por bibliotecários como busca no catálogo coletivo, em bases de dados, entre outros. De acordo com Tammaro, Sararelli (2008), “um efeito lógico da desintermediação é que os usuários dirigem-se cada vez menos à biblioteca e desejam obter cada vez mais informação”.
O usuário da biblioteca digital pode utilizar seus serviços onde e quando achar necessário, uma vez que a finalidade dos serviços oferecidos é levar o usuário remoto à informação que lhe sirva de maneira eficaz, melhorando a usabilidade e acessibilidade do sistema e cumprindo a lei de Ranganathan: poupe o tempo do leitor. Diante dessa reflexão, o que dizer então sobre a Biblioteca Digital á Distância?
4 BIBLIOTECA DIGITAL À DISTÂNCIA
Segundo Tammaro (2008) todo o serviço que torna disponível o acesso à biblioteca pelo usuário remoto caracteriza a evolução da biblioteca tradicional para a digital. A novidade organizacional que caracteriza os serviços da biblioteca digital está na desintermediação, isto é, no fato de o usuário não precisar mais ir até uma biblioteca para ter acesso à informação e, sobretudo, não mais se dirigir ao bibliotecário para solicitar um serviço.
Podemos daí deduzir que o valor adicional oferecido pelos serviços da biblioteca digital em comparação com os serviços da biblioteca tradicional seja o autosserviço (selfservice) onde cada vez mais o usuário se torna independente para sua pesquisa.
Para que isso ocorra, estão disponíveis diversas formas de ferramentas que auxiliam o usuário ao acesso, como veremos a seguir.
4.1 SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS EM REDE
A estrutura organizacional dos serviços das bibliotecas em rede não está em aplicar as novas tecnologias ao usuário, mas, ao contrário, mudar a organização da biblioteca. A meta final dos serviços avançados em rede é a plena integração funcional da biblioteca na organização, freqüentemente com um papel ativo de agente de mudança, por exemplo, com a integração dos serviços da biblioteca nos sistemas de gestão da aprendizagem eletrônica nas universidades (TAMMARO, 2008).
Esses serviços podem oferecer:
O sítio da Rede e o OPAC4, o catálogo da biblioteca em linha;
4 OPAC (online publíc access catalogue)
o portal, como ponto de acesso a uma coleção de recursos e serviços preparados pela biblioteca;
os serviços de fornecimento de documentos e de referência digital que permite ao usuário interagir e se comunicar como pessoal da biblioteca;
os serviços avançados e personalizados, que permitem realizar em linha todas as transações que lhes são pertinentes, e até mesmo integrá-Ios com outros serviços da instituição a que a biblioteca esteja subordinada.
O OPAC (catálogo online de acesso público) para um usuário remoto, que, portanto, não pode aproveitar a assistência do bibliotecário, será preciso melhorar seu funcionamento e muitas vezes baseia-se em programas proprietários e oferece geralmente as seguintes funcionalidades:
busca nos registros catalográficos relativos aos itens presentes no acervo;
rolagem de listas (tesauros, entradas de autores, etc.);
possibilidade de aplicar filtros e outros limites à busca, a fim de diminuir o ruído nas respostas.
Um serviço do catálogo online de uma biblioteca pode ter sua ampliação para „Portal‟ que agrega um universo de recursos de informação que reúne:
os acervos de outras bibliotecas;
as bases de dados que fornecem acesso a artigos de periódicos;
as bases de dados e os recursos digitais produzidos pela própria Biblioteca;
por meio da internet, o acesso a uma grande variedade de recursos digitais.
Assim como o catálogo online permite que o usuário remoto encontre sua busca, o fornecimento de documentos digitais despenha papel fundamental na biblioteca digital.
4.2 PROVISÃO DE DOCUMENTOS DIGITAIS
Na ótica da biblioteca digital, o acesso aos documentos digitais é um serviço essencial, pois estão localizados em diversos lugares: se em uma coleção de dados existente no local, se no acervo de uma biblioteca associada, numa editora ou num fornecedor comercial. O usuário poderá, na mesma sessão, identificar que existe o documento que responde à sua necessidade e imediatamente acessá-Io. O serviço é tão fácil de usar que não exige nenhuma intervenção do pessoal bibliotecário.
Dentre os documentos e serviços mais ofertados na biblioteca digital temos:
Fotocópia de recursos impressos e impressão de recursos digitais;
transmissão dos recursos digitais como resultado imediato da busca;
fornecimento digital de documentos por meio de uma rede;
empréstimo e transmissão de recursos impressos ou de suportes off line pelo correio (e-mail);
digitalização de recursos impressos e transmissão em rede;
transmissão de documentos de outras bibliotecas por empréstimo interbibliotecário ou outros esquemas cooperativos.
Segundo Tammaro (2008) o grau de importância dos documentos digitais aos usuários é relatado a seguir:
A busca é feita pelo próprio usuário sem intermediação, pelo menos visível, do bibliotecário;
o usuário consulta os sistemas de busca e as bases de dados, por exemplo, os serviços de atualização com base na literatura periódica, como os sumários correntes (TOCS) e serviço de notificação corrente combinado com o fornecimento de artigos (CASIAS);
as referências bibliográficas recuperadas são localizadas no OPAC ou, em caso contrário, em bases de dados e serviços comerciais de fornecimento de documentos;
o eventual custo do fornecimento, bem como o pagamento pelo direito autoral são debitados ao usuário (no caso de não ser cobrado da biblioteca), por meio de cartão de crédito.
Para que o usuário possa se orientar e resgatar as informações dos documentos digitais é fornecido o serviço de referencia digital, que é relatado no próximo item.
4.3 O SERVIÇO DE REFERÊNCIA DIGITAL NAS BIBLIOTECAS
Para Tammaro (2008) o serviço de referência digital, entendido como serviço de informação bibliográfica e de referência a recursos digitais onde pode ser encontrada a informação solicitada, fornece ao usuário uma assistência pessoal que o ajuda a encontrar aquilo que precisa. Como podemos ver na citação:
O serviço de referência é o processo pelo qual se estabelece o contato entre o leitor e seus documentos de modo personalizado. Seus documentos significa todos e exatamente os documentos de que precisa naquele momento. Significa também todos os documentos que provavelmente serão úteis naquele momento. Significa ainda estabelecer o contato sem perda alguma de tempo para ele. Não é possível fazer tudo isso para um leitor sem ter uma compreensão profunda de seu interesse exato naquele momento (RANGANATHAN apud TAMMARO, SALARELLI, 2008, p.271).
Esse serviço é oferecido ao usuário remoto por diversos sistemas de informação, dentre eles: o Serviços de informação oferecidos pelas editoras, fornecedores de informação e
instituições especializadas;
o Serviços de informação oferecidos pelas bibliotecas e especialistas individuais por meio da internet;
o Serviços de informação em que o usuário tem à sua disposição um certo número de fontes de informação, mas deve fazer uma busca para encontrar a informação de que precisa (denominados também balcões de referência virtuais).
Não adianta fornecer recursos digitais se os usuários não têm a capacidade necessária para a interação. Sendo assim, os usuários remotos ou pessoas com necessidades especiais de
atendimento precisam possuir uma capacitação básica (deverão ser alfabetizados) para ter acesso à informação e aos conteúdos das bibliotecas digitais. E isso, será abordado adiante.
4.4 COMPETÊNCIA INFORMACIONAL
A nova modalidade de aprendizado é a educação para a informática. O conceito mais amplo de alfabetização informática foi introduzido por Shapiro e Hughes apud Tammaro, Salarelli (2008) que descrevem o programa de estudo baseado em sete aspectos, que são correlatos com diversos tipos de alfabetização que torna a pessoa apta para integrar a biblioteca digital:
instrumentos: compreensão e uso dos instrumentos da TI, inclusive equipamentos, programas e multimídia;
recursos: compreensão dos tipos e métodos de acesso aos recursos digitais, principalmente os disponíveis em rede;
estrutura social: compreensão dos aspectos sociais e de produção da informação;
pesquisa: uso dos instrumentos da Tecnologia da Informação (TI) para a pesquisa e a comunicação científica;
publicação: capacidade de comunicar e publicar a informação;
tecnologias emergentes: capacidade de compreender a inovação tecnológica e de fazer uso inteligente das novas tecnologias
A capacitação do usuário permite acesso ao meio informatizado levando ao profissional bibliotecário a outro nível de interação com o usuário e também com outros profissionais. Com isso vemos que os documentos digitais são oferecidos de diversas formas e meios para o usuário, mas como poderão acessá-los se não houver equipamentos específicos a esse fim? Para isso será considerado então o exemplo da Biblioteca Digital do Senado Federal.
5 BIBLIOTECA DIGITAL DO SENADO FEDERAL
Na continuidade, descrever-se-á o projeto de acessibilidade e seus requisitos para um bom funcionamento da Biblioteca. Esse projeto especifica as necessidades de infra-estrutura, equipamentos, programas e serviços que permita ao deficiente, em sala reservada dentro das instalações da Biblioteca do Senado Federal, o acesso às informações por meio da internet e ao acervo digital disponível na Biblioteca Digital do Senado Federal. E para quem é essa sala afinal? É o que será descrito a seguir.
No Brasil, o acesso à informação é um direito constitucional como está escrito no Capítulo I Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (BRASIL, 1988), Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XIV - é assegurado a todos o acesso à informação.
Outra garantia é dada pela Lei nº. 10.753/2003 (BRASIL, 2003), que estabelece a Política Nacional do Livro, garantindo acesso da pessoa com deficiência visual ao livro acessível, e não só garante essa direitos a eles, como a outros portadores de necessidades especiais.
Também o Decreto nº 5296 de 02 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004) regulamenta as Leis no 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências:
Capítulo VI - Do acesso à informação e à comunicação...:
(...) Art. 47. No prazo de até doze meses a contar da data de publicação deste Decreto, será obrigatória a acessibilidade nos portais e sítios eletrônicos da administração pública na rede mundial de computadores (internet), para o uso das pessoas portadoras de deficiência visual, garantindo-lhes o pleno acesso às informações disponíveis.
A Tecnologia Assistiva é o termo utilizado para identificar todo o conjunto de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e conseqüentemente promover vida independente e inclusão. É com essa lógica que trabalha a biblioteca digital do senado, conforme demonstrado no próximo item.
5.2 SALA DE ACESSIBILIDADE
A Sala de Acessibilidade está voltada para pessoas com deficiências visual, motora, tátil, auditiva e dislexia, com segundo grau e que tenham conhecimento prévio de parte das tecnologias assistivas ali disponibilizadas. São oferecidos os seguintes serviços:
Orientação para acesso aos recursos de tecnologia assistiva para a pessoa com deficiência;
orientação para acesso ao site da Biblioteca e às obras digitais;
orientação à pesquisa bibliográfica e consulta às bases de dados;
acesso e transferência do acervo de livro digital falado e documentos textuais pela internet;
reprodução das obras existentes em mídia fornecida pelo usuário.
Os recursos da tecnologia assistiva referem a qualquer, equipamento, item, produto ou sistema fabricado ou não em série, utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência. Vejamos então os requeridos no projeto para serem utilizados na Sala de Acessibilidade.
5.3 EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
Um breve relato sobre um conjunto de tudo que pode servir para equipar de forma elementar na atual conjuntura tecnológica é exposto e explanado em figuras abaixo.
Figura 1: Fones de ouvido com microfone
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
Fones de ouvido (Headsets) estéreo digital com microfone e conexão USB que servirão de interface entre os deficientes e os programas de tecnologia assistiva.
Figura 2: Mouse estacionário (TrackBall)
.
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
Mouses do tipo “Trackball” ou estacionário, com conector USB, que servirão de alternativa aos mouses normais na sala de apoio, para deficientes com dificuldades motoras.
Figura 3: Scanner de Mesa
Scanner de mesa que será utilizado como equipamento de apoio, permitindo a digitalização de qualquer material impresso.
Figura 4: Impressora Laser
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
Impressora laser que servirá como equipamento de apoio às atividades daquela área.
Figura 5: Impressora Braille
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
Impressora Braille que será utilizada para pequenas impressões para deficientes visuais.
Figura 6: Ampliador automático de livro/ documento impresso
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
Equipamento ampliador de livros impressos, com captura e reconhecimento de imagem digital, de modo a eliminar a necessidade de deslocamento do material a ser lido, com tela colorida de no mínimo 15 (quinze) polegadas e com capacidade de aumento de pelo menos 40(quarenta) vezes.
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
Uma Linha Braille é um dispositivo composto por uma fila de células eletrônicas Braille que podem reproduzir o texto presente na tela computador. É uma alternativa ao sintetizador de fala, ou um complemento deste.
Figura 8: Leitor Autônomo de material impresso
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
O leitor autônomo é um equipamento capaz de reconhecer e ler o texto de qualquer material impresso sem necessidade de conhecimento de informática por parte do usuário.
Figura 9: Programa de autoria e produção de livros digitais falado - DAISY.
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
São programas que viabilizam a leitura de informações textuais via sintetizador de voz e, assim, podem ser utilizados por pessoas com deficiência visual, idosos, por pessoas que estejam com a visão direcionada a outra atividade, ou até mesmo por aquelas que tenham dificuldade para ler.
Figura 10: Programa conversor de fala para texto.
Este programa faz a sintetização de voz para texto de um editor, de forma automática. Este tipo de programa requer treinamento intenso do reconhecimento da voz do usuário.
Figura 11: DICIONÁRIO da língua Brasileira de sinais LIBRAS.
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
Será disponibilizado o Dicionário Libras, que mostra na linguagem de sinais a palavra pesquisada, este programa foi gentilmente cedido pela Organização Acessibilidade Brasil (www.acessobrasil.org.br), na pessoa do Sr. Guilherme de Azambuja Lira, um dos autores do projeto.
Figura 12: Programas para pessoas com deficiência motora severa
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
O projeto Micro Fênix v 2.0 foi criado pelo professor Antonio Borges, no Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2004/5, para facilitar o uso do computador pelos portadores de deficiência física grave como os tetraplégicos, portadores de distrofia muscular entre outros portadores de patologias que apresentam limitações que impossibilitam o uso dos membros superiores ativamente.
Figura 13: Programa Braille Fácil.
Fonte: http://cdij.pgr.mpf.gov.br/noticias/palestra_cbbd/P4_A1.pdf
O programa Braille Fácil foi igualmente desenvolvido pelo NCE/UFRJ (http://intervox.nce.ufrj.br/brfacil/). O programa permite que a criação de uma impressão Braille seja uma tarefa mais simples e fácil, que possa ser realizada com um mínimo de conhecimento da codificação Braille.
A acessibilidade a bibliotecas digitais parte o principio constitucional de que todo tem acesso à informação. Dessa lógica o Senado Federal disponibiliza a Sala de acesso a sua biblioteca digital, a qual pode ser utilizada por qualquer usuário, independentemente de ter necessidades especiais ou não. No entanto, para sua utilização será dada prioridade para as pessoas com necessidades especiais e os idosos.
Foi demonstrado que os profissionais bibliotecários e áreas afins devem estar preparados para atingir seu usuário, remoto ou não, através da biblioteca digital. Com a interoperabilidade e as bibliotecas em redes fica mais fácil o acesso remoto do usuário. Portanto, recursos e serviços como: acessibilidade, interface de fácil acesso, catálogos online, tecnologia assistiva e a competência informacional farão parte da rotina dos profissionais.
Esse avanço na Biblioteconomia refere-se à obediência ao princípio constitucional que garante o acesso a informação para todos, sem distinção. Mas será que estamos garantindo o acesso aos nossos usuários? Estamos facilitando, até mesmo com poucos recursos, um resgate efetivo e produtivo da informação digital?
Essa indagação pode ser respondida através dos vários recursos tecnológicos que são disseminados a cada dia, e vemos cada vez mais os profissionais e os centros de informação voltados à acessibilidade. A biblioteca digital é uma ferramenta eficaz para pesquisar, direcionar e resgatar a informação ao usuário portador ou não de necessidades especiais, o qual a cada dia conhece mais os seus direitos e acredita nos profissionais da informação para seu crescimento intelectual.
REFERÊNCIAS
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n. 212-A,31 out. 2003. Seção 1, p.1.
BRASIL. Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF,
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GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,1999.
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