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Análise dos efeitos da Eletroestimulação a partir da Corrente Russa e FES no reparo ósseo pos fratura Walter Oliveira da Costa 1

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Análise dos efeitos da Eletroestimulação a partir da Corrente Russa e FES no

reparo ósseo pos fratura

Walter Oliveira da Costa1 walteroli8@yahoo.com.br Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-graduação em Traumato-Ortopedia com Ênfase em Terapias Manuais – Faculdade Ávila Resumo

A eletroestimulação é um importante recurso utilizado por Fisioterapeutas no restabelecimento da funcionalidade, principalmente no processo de reparo ósseo pos fratura. Esta pesquisa buscou analisar bibliograficamente os efeitos da Corrente Russa e do FES no reparo ósseo pos fratura, utilizando artigos científicos referendados na base de dados indexados: Scielo, Google Acadêmico e Livros. Os mais diversos autores pesquisados relataram em seus estudos ganhos principalmente de força muscular, fato este relacionado ao período de imobilidade pos fratura que acentua a perda de força muscular, outro ponto observado foi uma aceleração no processo de formação do calo ósseo, na qual a corrente elétrica acelerava a produção de substancias químicas responsáveis por tal evento. Contudo, foi possível verificar que protocolos bem elaborados de eletroestimulação pos fratura contribuem para a aceleração da formação do calo ósseo e da volta da funcionalidade do paciente, porém um ponto a ser observado quando se utiliza a eletroestimulação no processo de reparo ósseo pos fraturas é o fato de haver um desconforto sensorial, uma vez que trata-se do uso de corrente elétrica e cada indivíduo possui um limiar de sensibilidade, podendo assim afetar a coleta dos resultados.

Palavras-chave: Corrente Russa; FES; Reparo Ósseo; Fraturas; Eletroestimulação

.

1 Introdução

O conhecimento de que a condução elétrica por sistemas biológicos altera eventos fisiológicos é tão antigo quanto à descoberta de que os sistemas biológicos são um meio condutor (HAYES, 2003).

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. Pós-graduando em Traumato-Ortopedia com Ênfase em Terapias Manuais. 2

.Orientadora: Fisioterapeuta. Especialista em metodologia do ensino superior. Mestrado em Bioética e Direito em saúde.

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Dentre os diferentes tipos de (EENM), o objeto de pesquisa abrange a Corrente Russa e o FES, por serem as mais utilizadas.

1 Introdução

O conhecimento de que a condução elétrica por sistemas biológicos altera eventos fisiológicos é tão antigo quanto à descoberta de que os sistemas biológicos são um meio condutor (HAYES, 2003).

Dentre os diferentes tipos de (EENM), o objeto de pesquisa abrange a Corrente Russa e o FES, por serem as mais utilizadas.

A estimulação elétrica funcional (FES) é a estimulação elétrica de um músculo privado do controle normal para produzir uma contração funcionalmente útil, o primeiro estimulador portátil foi desenvolvido em 1960 por Wladimir Liberson para promover assistência ao pé do hemiplégico. O FES serve para provocar a contração de um músculo paralisado e para afetar as vias sensoriais, contribuindo para a normalização das atividades reflexas motoras básicas (KITCHEN, 2003).

A Corrente Russa foi investigada pela primeira vez pelo Dr. Y. M. Kots na Rússia, em um atleta olímpico para ganho de força, consiste em uma corrente de média freqüência homogeneamente alternada de 2.500 Hz, aplicada com uma série de disparos separados (LOW, 2001).

A estimulação elétrica tem sido usada como um recurso fisioterapeutico dentro de protocolos que objetivam o restabelecimento da função motora. Após uma fratura ocorre um processo de reparo ósseo no qual a utilização do FES e da Corrente Russa promovem a aceleração da consolidação destas fraturas. Contudo, são poucos os estudos realizados com seres humanos utilizando eletroestimulação para acelerar o processo de reparo ósseo.

A fratura de um osso é definida como a perda da continuidade e integridade mecânica e a consolidação é um processo biológico no qual o osso é capaz de reparar-se sem cicatriz, isto é repara-se mais por osso que por tecido fibrótico, regenerando o osso normal (BROWNER, 2000).

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A partir de quatro a seis dias de imobilização de um membro, ocorre a perda de proteínas musculares, porém a quantidade de mioglobina permanece inalterada. Após o sétimo dia, há perda de tecido conjuntivo e também de fibras musculares por área de secção do músculo, promovendo alterações como atrofia muscular e redução da atividade contrátil. Essas alterações ocorrem também durante longos períodos de inatividade muscular. Ocorre ainda substituição de miofibras atróficas por células de gordura (PELIZZARI, 2008).

O processo de reparo ósseo após as fraturas pode ser influenciado pela idade do paciente, condição nutricional e metabólica e o tratamento instituído. Dentre os protocolos de tratamentos não invasivos, está a utilização de correntes elétricas que objetivam acelerar e induzir o metabolismo para promover o reparo ósseo.

No processo de cicatrização a síntese de DNA das células osteoprogenitoras sofre aumento, em conjunto com os fibroblastos, acelerando a calcificação da matriz cartilaginosa. Com a utilização da eletroterapia ocorre um aumento do número de íons de Hidroxila e pH, diminuindo a oxigenação do tecido no local do cátodo, comprovando que a oxigenação em baixa pressão estimula a formação óssea e o aumento da calcificação do tecido lesado (ZORLU,1998).

A eletroterapia com campos elétricos potencializa a reparação de tecidos conjuntivos, representando uma opção para auxiliar a reparação de fraturas, acelerando o processo de cicatrização (SOUZA, 2001).

Dentro do contexto fisiológico a eletroterapia é utilizada após uma fratura, não somente com o objetivo de acelerar o processo de reparo ósseo, mas também com o objetivo de restaurar as propriedades fisiológicas dos músculos das regiões adjacentes ao foco da fratura.

A estimulação elétrica neuromuscular é uma técnica de fortalecimento baseada na estimulação dos ramos intramusculares dos motoneurônios, que induz à contração muscular, utilizada na reabilitação para o tratamento de hipotrofia, espasticidade, contraturas e fortalecimento, aceleração do processo de reparo ósseo, além de programas de treinamento em atletas, gerando um ganho de torque isométrico (PICHON et al., 1995).

Como os demais recursos fisioterapeuticos, a eletroterapia apresenta suas contra-indicações e o fato de que sua aplicação está atrelada a sensibilidade do paciente, pois cada indivíduo apresenta um limiar de sensibilidade que determinará ou não o desconforto sensorial.

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Segundo Kitchen (2003), o conforto comparativo é uma questão chave e tende a limitar a aplicação disseminada da estimulação elétrica. A forma de onda do estímulo e duração de pulso tem um papel importante no conforto do indivíduo.

Em contrapartida Weineck (1991), discorre que com a eletroestimulação a inibição da fadiga do sistema nervoso central é evitada, com isto é possível maior número de repetições e, portanto, maior carga, o que também leva a maior massa muscular. Além disso, é possível um treinamento isolado. Quando são aplicadas forças mecânicas sobre o osso incentiva-se a biossíntese de moléculas da matriz óssea pelos osteoblastos, tal propriedade foi definida por alguns autores como efeito piezoelétrico.

Corroborando, Low (2001), afirma que a estimulação elétrica terá o mesmo efeito que a contração muscular voluntária normal para causar um aumento temporário no metabolismo, assim como o aumento na captação de oxigênio e produção de dióxido de carbono, ácido láctico e outros metabólitos, assim como o aumento da temperatura local e maior fluxo sanguíneo local. Diante das alterações evidenciadas bibliograficamente, aliada a escassez de estudos direcionados ao uso da eletroterapia no processo de reparo ósseo após uma fratura, surgiu o problema:

“Quais os efeitos da corrente russa e do FES no processo de reparo ósseo após fraturas?”.

Contudo ressalta-se que o presente estudo teve por objetivo analisar os efeitos fisiológicos da utilização do FES e da Corrente Russa no processo de reparo ósseo após uma fratura, verificando os efeitos de um protocolo com o uso isolado destas correntes, bem como a presença de desconfortos durante e após o tratamento.

O presente estudo tratou-se de uma revisão bibliográfica a partir de materiais científicos pesquisados nas bases de dados indexados: Scielo, Google Acadêmico e Livros, os quais serão coletados no período de março de 2010 a agosto de 2011. Foram escolhidos artigos de pesquisa de campo e de revisão bibliográfica.

2 Revisão da Literatura

Clinicamente, a estimulação elétrica é usada para fortalecimento em casos envolvendo imobilização ou onde haja contra-indicação para o exercício dinâmico. Nos estágios iniciais de reabilitação após lesão ou cirurgia, o controle voluntário pode estar diminuído havendo uma inabilidade para empregar a força muscular (KITCHEN, 2003).

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A eletroterapia é segura e eficiente para proporcionar padrões de exercícios quando os pacientes são incapazes de realizá-los devido à dor, restrições na amplitude de movimento, ou outras disfunções do sistema neuromuscular. Mesmo em indivíduos saudáveis, a estimulação elétrica tem se mostrado benéfica quanto a ganhos de força muscular, com a ressalva de que sejam considerados critérios e profissionalismo na aplicabilidade da eletroestimulação (PIAZZI et al, 2004).

O sinal elétrico aplicado através de eletrodos de superfície induz linhas de campo dentro do membro, de forma que os íons de sódio, localizados externamente à membrana do nervo motor, sofram um influxo súbito para dentro do nervo, gerando o potencial de ação. Esta perturbação se propaga então pelo axônio até a fenda sináptica e o músculo então é contraído (KOVÁCS, 1997). Em regimes de treinamentos atléticos e esportivos, a estimulação elétrica pode ser usada como complemento ao exercício voluntário, especialmente no final de uma sessão quando a motivação para continuar se exercitando pode começar a declinar. Tem-se conseguido ganhos de força com diferentes parâmetros de estimulação, desde baixas freqüências (25-200 Hz) até trens de pulsos senoidais de alta freqüência (KITCHEN, 2003).

Atribui-se às correntes de média freqüência maior conforto sensorial à estimulação, pois esse tipo de corrente, em função da alta freqüência de sua onda portadora (2.500Hz), minimizaria o desconforto sensorial na pele, permitindo que a estimulação seja mais intensa e profunda, o que resultaria em maior indução de força de contração muscular. O estudo realizado por Ward et al(2006), demonstra que as correntes de média freqüência são mais agradáveis que as correntes pulsadas de baixa freqüência, corroborando os achados de Kots. Entretanto, outros estudos não confirmam essa superioridade da “corrente russa” sobre os estimuladores de baixa freqüência convencionais.

Durante a realização de ações musculares voluntárias concêntricas ou isométricas, a seqüência de ativação das unidades motoras (UM) ocorre de forma relativamente constante, seguindo o princípio do tamanho (Henneman et al., 1965). As unidades motoras menores (compostas de fibras lentas) são recrutadas inicialmente, pois possuem um baixo limiar de ativação. São inúmeros os autores que sugerem que a ativação muscular durante uma sessão de eletroestimulação possui características similares às ações musculares excêntricas, ocorrendo a reversão do princípio do tamanho (Pichon et al., 1995; Poumarat et al., 1992; Sinacore et al.,

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1990). Este recrutamento reverso ocorreria, pois, contrariamente à contração voluntária, quando expostos a corrente elétrica exógena, os motoneurônios das UM rápidas apresentam limiar de ativação inferior ao das UM lentas, pois possuem uma menor resistência (Sinacore et al., 1990) ou impedância (Feiereisen et al., 1997; Karba et al., 1990) à passagem de corrente elétrica. Outro fator poderia explicar a mudança no padrão de recrutamento das unidades motoras. A eletroestimulação estimula os receptores cutâneos que ativam os motoneurônios das fibras rápidas inibindo os motoneurônios das fibras lentas (Garnett & Stephens, 1981).

Contudo, foi observado o padrão de recrutamento preferencial das UM rápidas mesmo após estimulação direta do nervo motor (Feiereisen et al, 1997). Constatou-se, então, que os motoneurônios mais próximos do campo elétrico foram preferencialmente ativados em relação àqueles mais distantes. A disposição superficial das fibras musculares IIa e IIb no músculo poderia explicar a ativação preferencial durante a passagem de corrente devido a uma maior proximidade física do campo elétrico (Lexell, et al., 1983). Entretanto, durante a eletroestimulação a ação da corrente elétrica estimula principalmente os neurônios motores sendo as fibras musculares ativadas indiretamente (ENOKA, 1988).

Salgado (1999) afirma, também, que a contração muscular voluntária recruta preferencialmente as fibras do tipo I e, segundo Low (2001), a contração por estimulação elétrica recruta, em primeiro lugar, as fibras do tipo II. Essas diferenças neurofisiológicas entre os tipos de fibras recrutadas são confirmadas por Zatsiorsky (1999), a seguir:

1) na estimulação elétrica temos a ativação predominante das fibras de contração rápida;

2) na contração convencional por atividade física temos a ativação predominante das fibras de contração lenta. Em teoria essa é uma vantagem da estimulação elétrica.

Recentes estudos têm demonstrado que a estimulação elétrica altera a incorporação de íons de cálcio nas células. O transporte de cálcio acoplado a atividade da ATPase é essencial para o crescimento e reparo ósseo. A estimulação elétrica eleva o potencial de membrana da célula, elevando a condutividade da membrana celular afetando as funções das proteínas e lipídeos da membrana celular (BRIGHTON et al, 2001).

A deformação de materiais orgânicos como osso, dentina ou pele pode desenvolver potenciais elétricos "in situ" que cessam na ausência da deformação. Essa propriedade desenvolveu o conceito da piezoeletricidade, isto é, pequenas correntes elétricas são produzidas no osso quando

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se aplicam forças mecânicas sobre o mesmo influenciando a biossíntese dos osteoblastos. O histórico da piezoeletricidade envolve trabalhos de BASSEIT et aI. (1964) e BASSETI (1982) que desenvolveram o conceito de que pequenas correntes são produzidas no osso mediante um estresse mecânico. DE ANGELIS (1970) sugeriu que os elementos responsáveis pela coordenação das modificações ósseas se devem à propriedade piezoelétrica das fibras colágenas. Tal mecanismo funciona como um gatilho que inicia um efeito piezoelétrico no tecido ósseo. Segundo esse autor, alterações do ambiente elétrico devem regular a diferenciação das células osteoprogenitoras sobre as superfícies estimuladas.

O tecido ósseo e o conjuntivo, ao serem deformados, geram potenciais elétricos locais, denominados de SGPs (potenciais gerados por deformação), os quais contribuem para o reparo ósseo por atuarem como estímulos para células formadoras de osso. Desta forma, a aplicação de corrente elétrica promove micro-deformações nos ossos, submetidos à sua energia mecânica, cria SGPs e estimula formação óssea. As células atuam então, como um transdutor biológico, onde uma maior atividade mitótica da célula é produzida pelo estímulo elétrico (BASSET, 2000). A eletroestimulação gera pulsos elétricos, bifásicos, não polarizados, que variam geralmente na freqüência, na configuração do pulso, simetria ou assimetria e nas modulações. De acordo com Selkowitz (1985), as freqüências variam numa faixa de 10Hz a 100Hz e em freqüências elevadas, como a freqüência de 2.500Hz.

Para Agne (2005), o músculo pode adaptar-se fisiologicamente perante eletroestimulação prolongada, para tanto, a corrente russa é um eletroestimulador neuromuscular e seus impulsos elétricos estão voltados para a contração muscular.

A técnica FES tem como base a produção da contração através da estimulação elétrica, que despolariza o nervo motor, produzindo uma resposta sincrônica em todas as unidades motoras do músculo. Este sincronismo promove uma contração eficiente, mas é necessário treinamento específico, a fim de evitar a fadiga precoce que impediria a utilização funcional do método com o objetivo reabilitacionais.

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3 Material e Métodos

Este estudo foi elaborado a partir de materiais científicos, como requisito principal para a conclusão da pós graduação em Traumato-Ortopedia com Ênfase em Terapias Manuais da Faculdade Ávila, sendo realizada uma pesquisa na base de dados indexadas: Scielo, Google Acadêmico e Livros, datado de 1981 e 2008 que foram coletados no período de março de 2010 a Agosto de 2011, analisando os materiais que estavam disponíveis nos idiomas portugueses e ingleses.

As palavras-chaves utilizadas foram Corrente Russa, FES, Eletroterapia, Fraturas e Reparo Ósseo, foram utilizadas combinações das seguintes palavras: Eletroterapia x Fraturas, Corrente Russa x Reparo Ósseo, FES x Reparo Ósseo.

Ressalta-se que, o motivo da escolha do objeto de estudo foi a escassez de estudos com seres humanos, uma vez que a maiorias dos estudos utilizando a eletroterapia no reparo ósseo após fraturas, se dá com animais. Além disso, a eletroterapia é um recurso de tratamento fisioterapeutico que não requer procedimento invasivo.

4 Resultados e Discussão

O mecanismo pelo qual a estimulação elétrica promove o reparo ósseo é um método não farmacológico que ainda está em especulação científica, porém os estudos existentes já demonstram efeitos positivos no processo de reparo ósseo.

Nogami e colaboradores (1982) pesquisaram in vitro os efeitos da corrente elétrica contínua no processo de condrogênese, porém verificaram a não-diferenciação de células mesenquimais em condrócitos, mas alguns autores observaram, na região do cátodo, a proliferação de condrócitos pré-existentes.

O estímulo elétrico pode ainda desencadear maior vascularização no local lesado, explicando o aumento da osteogênese por meio desse método terapêutico (AARON; CIOMBOR, 1993). Segundo Andrews e colaboradores (2000), os efeitos da imobilização sobre o osso são semelhantes aos observados em outros tecidos conjuntivos. A perda óssea é um achado consistente em resposta à menor sustentação de peso e contração muscular. A resistência óssea

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diminui uniformemente com a duração da imobilização.

Carvalho e colaboradores (2002) constatam que, em alguns casos clínicos, a regeneração óssea ou aumento da massa óssea não ocorre da forma esperada, o que torna necessário o implemento de métodos coadjuvantes para a obtenção dos resultados satisfatórios.

O reparo tecidual não é um simples processo linear no qual fatores de crescimento iniciam a proliferação celular, mas sim uma integração de eventos dinâmicos relacionados à regulação do reparo e mecanismos de interação célula-célula e célula matriz. O osso exibe um inigualável potencial de regeneração, e durante o seu desenvolvimento tem a propriedade de crescer numa forma determinada que posteriormente pode ser modificada pelas forças de tensão e compressão aplicadas sobre ele. O tecido ósseo também é capaz de responder a demandas metabólicas. Para Carvalho (2002), o estímulo mecânico é importante para desencadear uma resposta óssea local havendo uma relação entre a intensidade da deformação aplicada e ativação dos osteoblastos. Quanto maior a deformação, mais intensamente ocorrerá o crescimento e remodelamento do tecido ósseo. Modelamento e remodelamento ósseo são incitados por microlesões, estímulos mecânicos, ultra-som pulsado de baixa intensidade, laser e estimulação elétrica, fatores que mostraram efeitos positivos na promoção da osteogênese.

Os estudos utilizando correntes elétricas datam desde a década de 50 quando Fukada & Yasuda (1957), objetivavam em seu estudo descobrir qual a utilização das correntes elétricas no processo de reparo ósseo e concluíram que a estimulação elétrica exógena pode agir como estímulo para o osso.

Posteriormente em décadas seguintes objetivou-se estudar mais profundamente os efeitos fisiológicos da eletroestimulação no processo de reparo ósseo e estudiosos como Wolcott (1969), Cheng (1982) e Ijiri (1995), observaram em seus diversos estudos que as correntes elétricas de diferentes intensidades promoveram aceleração do reparo ósseo, menor tempo de cicatrização, efeito bacteriostático em feridas contaminadas e aumento da permeabilidade vascular.

No estudo realizado por Mendonça (2005), utilizou-se ratos da linhagem Wistar com fratura na tíbia, os mesmos foram tratados com corrente elétrica após a redução cirúrgica da fratura por 28 dias e concluíram que houve aceleração da recuperação óssea, tal conclusão foi possível pois realizaram comparação com outro grupo não tratado com eletroestimulação e ambos foram analisados através de Raio X.

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Um ponto a ser observado quando se utiliza a eletroestimulação no processo de reparo ósseo após fraturas é o fato de haver um desconforto sensorial, uma vez que trata-se do uso de corrente elétrica e cada indivíduo possui um limiar de sensibilidade, podendo assim afetar a coleta dos resultados.

No estudo realizado por Liebano e Alves (2007), no qual objetivaram comparar o desconforto sensorial durante o uso de correntes elétricas, concluíram que não houve diferença entre o desconforto sensorial causado por correntes elétricas, desta forma deve-se levar em consideração as demais variáveis que ainda necessitam de investigação científica.

Em contrapartida segundo Kitchen (2003), o conforto comparativo é uma questão chave e tende a limitar a aplicação disseminada da estimulação elétrica. A forma de onda do estímulo e duração de pulso tem um papel importante no conforto do indivíduo.

O fato é que após uma fratura, principalmente em membros inferiores o indivíduo entra em um processo de imobilismo. Podemos tomar como exemplo uma fratura no terço distal do fêmur, na qual se faz necessária a realização de uma tração para alinhar a fratura enquanto realiza-se a redução cirúrgica, ao tempo em que o paciente permanece restrito no leito ocorre grande perda muscular principalmente do quadríceps femoral, fato este que após o procedimento cirúrgico deverá agravar-se pelo tempo em que o paciente não irá realizar descarga de peso total com o membro afetado. Nesse sentido o uso da eletroestimulação apresentará tanto benefícios no processo de reparo ósseo quanto na recuperação da força muscular do quadríceps.

A eletroestimulação é um método suplementar de treinamento de força muito útil. Ela pode aumentar não somente a força máxima estimulada, mas também a força voluntária, a velocidade do movimento e a resistência muscular. O tempo para acomodação é geralmente de 20 a 25 dias para a velocidade máxima (GRILLO & SIMÕES, 2003).

Ainda no estudo de Grillo & Simões (2003), ao compararem a eletroestimulação com a musculação concluíram que o treinamento da eletroestimulação obteve um resultado de expressão, tal qual o treinamento com sobrecargas. Ambos os grupos obtiveram resultados positivos, ou seja, melhoraram a capacidade de força muscular em aproximadamente 50% e resistência muscular em média 20%, em relação ao início do trabalho.

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A corrente russa é muito utilizada na recuperação do trofismo muscular do quadríceps, nos estudos de Brustolin et al (2007), foi utilizada a corrente russa para recuperação do trofismo muscular do quadríceps, no qual foi observado nas dez primeiras sessões.

Herrera (1987) em seus estudos, constatou que a corrente elétrica contínua de 4,5 V reduziu em 50% o tempo de consolidação óssea em fraturas recentes. Aumento significativo na velocidade de regeneração, em torno de 20 a 30%, por meio de estímulos elétricos, também foi descrito por Reuter e colaboradores (1987). Na literatura existe um percentual mais elevado, em torno de 80%, relatado por Haupt (1984) e Spadaro e colaboradores (1972).

Por outro lado, resultados diferentes são encontrados nos estudos de Bose e colaboradores (1988) e Klezzynski (1988). Para estes autores, a estimulação elétrica não acelera a cura das fraturas recentes uma vez que os aspectos histológicos, biomecânicos e radiológicos do calo constituído em estímulo elétrico não diferencia do constituído de forma espontânea.

No estudo realizado por Botelho (2007), os músculos dos grupos controle e os músculos contralaterais dos grupos eletroestimulados apresentaram padrão morfológico muscular normal. Os músculos eletroestimulados e analisados após 3 e 5 dias apresentaram sinais de fibras lesadas e em regeneração, tais como infiltração, hipercontração, fibra com basofilia, fibra com núcleo centralizado e nucléolo proeminente, bem como fibras com áreas de menor calibre. Em relação aos sinais de lesão, o grupo eletroestimulado e analisado após 3 dias apresentou predominância de infiltrado celular e hipercontração dos miofilamentos, sinais indicativos de lesão precoce. Já o grupo eletroestimulado e analisado após 5 dias apresentou, além da alta incidência de infiltrado celular, maior porcentagem de fibras em processo de regeneração, sendo essas caracterizadas pela basofilia e fibras com núcleo centralizado e nucléolo proeminente.

No experimento de Pelizzari (2008), os cães do GII (Grupo II) receberam tratamento de eletroestimulação de Média Freqüência Russa, três vezes na semana, com intervalo de 48 horas entre as sessões, com duração de 30 minutos cada. As sessões iniciaram 48 horas após a retirada do fixador esquelético até o 60° dia após remoção. Foi notado, neste experimento, que os animais do grupo II, para apresentarem desconforto durante a eletroestimulação com Corrente Russa, necessitavam de uma maior intensidade de corrente, quando comparada à corrente de baixa freqüência (FES).

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Isso pode ser explicado pela freqüência da corrente Russa, que permite a passagem dos impulsos elétricos através da pele com menor resistência, ou seja, impedância, proporcionando estimulação agradável e mais eficiente, por recrutar maior número de fibras musculares.

5 Conclusão

O processo de reparo ósseo após uma fratura não inclui somente a fisiologia para que o mesmo ocorra. O processo de adaptação funcional do indivíduo é um ponto que deve ser considerado para a escolha do tratamento correto.

A Corrente Russa e o FES são descritas como auxiliares no processo de formação do calo ósseo nos diversos trabalhos analisados nesta pesquisa, promovendo aceleração na liberação de substâncias químicas necessárias ao reparo ósseo pós fraturas.

Um ponto a ser considerado na instituição do tratamento a partir da eletroestimulação em um paciente pós fratura é o fato de cada indivíduo possuir um limiar de sensibilidade, que interferirá ou não no seu tratamento. Outra variável a ser observada é a impedância que existe em determinadas áreas do corpo, na qual o acúmulo de tecido adiposo poderá comprometer os resultados do tratamento.

Contudo, o uso do FES e da Corrente Russa no processo de reparo ósseo pós fraturas foi muito bem descrito nos estudos analisados, demonstrando seus efeitos como tratamento auxiliar.

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