Sensibilização Ambiental a partir do Plantio de Mudas Nativas, no Município de Guaçuí, Espírito Santo. M. V. Costa Filho 1* &. A.

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Sensibilização Ambiental a partir do Plantio de Mudas Nativas, no Município de Guaçuí, Espírito Santo.

M. V. Costa Filho1* &. A. Amaral2

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Licenciando em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, (Ifes) Campus de Alegre

2

Professor, Doutor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, (Ifes) Campus de Alegre

*Endereço para correspondência: marciofilho17@hotmail.com

Introdução

Culturas agrícolas substituíram as matas nativas e deram lugar aos centros urbanos e pastagens, ou seja, os biomas foram sofrendo destruição e fragmentação continua (Martins 2001). Camargo &Borsatto (2010) enfatizam que nos últimos séculos a destruição dos ecossistemas vem se acentuado e esse fato ocorre devido à busca a qualquer preço pelo crescimento econômico. Segundo Leandro (2003) várias práticas realizadas pelo homem ocorrem sem levar em conta os danos que ocasionam à natureza, esse fato ocorre devidoa falta de sensibilidade, pois os indivíduos que praticam atitudes incorretas não fazem ideia do tempo que a natureza leva para se reconstituir.De acordo com o referido autor ocorre a falta de sensibilização em relação à utilização correta dos recursos naturais da natureza e dessa maneira acarreta em vários prejuízos ambientais para o planeta.

Podem ser utilizados meios educacionais para trabalhar em cada indivíduo uma maneira diferente de pensar e agir em relação ao meio ambiente, tais instrumentos tem a finalidade de proporcionar aprendizagens e consequentemente educar os cidadãos promovendo a sensibilização. Tais instrumentos são chamados de Educação Ambiental que segundo Layrargues (2004) é o nome utilizado para práticas que visam educar os assuntos relacionados ao meio ambiente. De acordo com Boff (2008) é necessário buscar novas visões de futuro para a sociedade e o mundo, essas visões têm que se apoiar na essência do cuidado e é preciso ter atitudes diferenciadas com a vida do planeta e com a do próximo. Com o intuito de introduzir práticas educativas voltadas as questões ambientais foi criado um viveiro de mudas e orquidário na Escola “E.E.E.M Monsenhor Miguel de Sanctis” em Guaçuí-ES.Objetivou-se com o trabalho tratar dos problemas ocasionados pelo desmatamento e através da atividade promover a sensibilização dos educandos. A atividade educativa consta em apresentação de vídeos relacionados às temáticas expostas, discussão do assunto e plantio de sementes e mudas no entorno da escola.

Material e Métodos

A pesquisa foi realizada em setembro de 2013 com discentes da escola “Monsenhor Miguel de Sanctis” em Guaçuí no sul do estado do Espírito Santo em parceria com o Programa Institucional de Bolsa e Iniciação a Docência (PIBID) do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, Campus de Alegre totalizando 80 alunos dos terceiros anos do ensino médio. Ocorreu inicialmente uma introdução sobre o desmatamento, no qual o primeiro autor explanou a temática exposta em uma apresentação de slides. Foi disponibilizado tempo para que os educandos pudessem argumentar e logo após esse momento foi solicitado para os mesmos que destacassem uma folha e anotassem três questões abertas para serem respondidas momentaneamente. As perguntas foram as seguintes: (1) É importante a preservação das árvores? Por quê?; (2) Relacionado ao nível de desmatamento no Brasil, o que pode ser feito para melhorar essa condição?;(3) Que tipo de impacto o desmatamento pode causar?

A próxima etapa constou na apresentação de três vídeos, disponibilizados via internet através do site Youtube (www.youtube.com.br), intitulados, respectivamente,“Vídeo chocante desmatamento na Mata Atlântica”,“Os impactos que os desmatamentos na Amazônia causam no planeta” e “Vítimas da chuva de Teresópolis – RJ”. O pesquisador realizou algumas explicações sobre os vídeos apresentados, dando ênfase no acentuado desmatamento da Mata Atlântica que integra parte do relevo do Espírito Santo e comentou a importância da Amazônia para o equilíbrio do planeta.

Após a exibição dos vídeos os educandos foram convidados a se dirigir ao viveiro de mudas e orquidário da escola, nesse momento foi falado da importância de todos ajudarem o meio ambiente com atitudes ecologicamente corretas e sobre a importância de difundir essa ideia para o próximo.

A atividade prática foi divida em dois momentos. O primeiro constou no plantio de sementes de ipê e pitanga em recipientes reutilizáveis. O segundo momento todos os educandos realizaram o plantio de mudas no entorno da escola.

Para finalizar os discentes responderam a quatro perguntas:(1) Após a aula em sua opinião, qual a importância de preservar as árvores?;(2) Se cada um fizer sua parte na conservação do planeta podemos amenizar os problemas ambientais?;(3) Esse tipo de atividade realizada no dia de hoje, no seu ponto de vista é importante para seu crescimento como aluno e cidadão? Justifique sua resposta; (4) Após essas atividades suas atitudes irão mudar em relação à preservação ambiental? Cite o que irá fazer de diferente para que haja mudança.

467 Os dados foram tabulados e apresentados de maneira qualitativa sendo descritos a seguir.

Resultados e Discussão

Os vídeos apresentados sobre o desmatamento na Mata Atlântica e o desastre em Teresópolis foram os que impactaram mais os estudantes. Ficou nítida através da reação da maioria dos educandos que consideraram a ação de desmatar uma falta de sensibilidade do ser humano perante a natureza e os mesmo demonstraram muita sensibilização ao assistirem o vídeo dos desastres que ocorreram na região serrana do Rio de Janeiro.

A realização do plantio foi a etapa em que os estudantes se mostraram mais descontraídos e motivados e segundo Seniciato & Cavassan (2004), atividades realizadas em espaços naturais são consideradas um instrumento capaz de gerar resultados satisfatórios, pois estimulam crianças, jovens e constitui uma ferramenta que ajuda a driblar o conhecimento fragmentado.

Através dos argumentos expostos foi constatado que após as atividades de Educação Ambiental a maioria dos discentes considerou que a iniciativa acentuou a sensibilidade em relação aos problemas ocasionados pelo desmatamento e dessa maneira foi possível enxergar outra vertente do que a conservação realmente proporciona ao planeta Terra. Muitos estudantes ainda enfatizaram que a prática do plantio foi de suma importância, pois os mesmos se sentiram realizados ao ajudarem o meio ambiente com a iniciativa do plantio. Uma grande parte dos estudantes disse que as atividades proporcionaram maior capacidade de transmitir a outras pessoas ideias e condutas corretas e ainda alguns educandos ficaram mais atentos e tiveram melhor entendimento sobre as catástrofes que são resultadas da ação antrópica sobre o ambiente. Ficou nítido que o entendimento das dinâmicas ecossistêmicas facilita a mudança de atitude e que a prática do plantio pode gerar no estudante o desejo pelo reflorestamento.

De acordo com Bolzan & Gracioli (2012), atividades educacionais com o intuito de transformar sistematicamente o modo de ver e de agir da população mundial vem sendo trabalhada efetivamente. Segundo as autoras essas ações possibilitam uma aprendizagem expressiva com potencial de consolidação e mudança de valores e condutas, no qual realmente ocorre uma sensibilização ambiental a nível global.

Os resultados obtidos na pesquisa demonstraram que os educandos, por meio das atividades de plantio, foram estimulados a praticarem tais iniciativas. A maioria dos estudantes ao responderem aos questionamentos deixou nítido que, a partir dessas ações, o sentimento de preservação dos ecossistemas é aguçado. Após as atividades de plantio foi

verificado que os discentes consideraram que a preservação das árvores é importante para a vida de todas as espécies, inclusive a do ser humano, disseram que cada indivíduo tem que fazer sua parte na preservação ambiental, pois dessa maneira pode melhorar as condições do planeta tornando um futuro melhor. Ainda todos mencionaram que a atividade foi capaz de sensibilizá-los e que após as atividades irão adotar atitudes diferentes como preservar mais a natureza, desmatar menos, plantar mudas com maior frequência e difundir as ideias adquiridas. Esses argumentos utilizados foram construídos após as atividades educacionais, pois antes das mesmas os discentes esboçaram ideias com pouco fundamento e sem o sentimento preservacionista.

Segundo Reigota (1998)as atividades educacionais voltadas ao meio ambiente são ações pedagógicas com a finalidade de conscientizar e proporcionar mudança de comportamento e desenvolver competência e habilidades capacitando o educando a participar e avaliar as questões ambientais. Já Tristão (2002) enfatiza que a Educação Ambiental é um instrumento capaz de transformar as pessoas em cidadãos críticos comprometidos com o desenvolvimento que obedeça todas as formas de vida e tal pressuposto foi constatado no presente trabalho.

Conclusão

As atividades educacionais foram capazes de ampliar as aprendizagens em relação aos conteúdos voltados ao desenvolvimento sustentável e muitos educandos adquiriram sensibilização e uma visão mais ampla dos problemas ambientais.

Agradecimentos

Ao Programa Institucional de Bolsa e Iniciação à Docência (PIBID), a Escola Monsenhor Miguel de Sanctis e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CAPES) pelo auxílio e bolsa à pesquisa ao primeiro autor.

Literatura Citada

Boff, L. 2008.Sabercuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes. Bolzan, A. Z. ; Gracioli, C. R. 2012.Ações de educação ambiental na escola municipalde

ensino fundamental João pessoa - São Sepé, RS. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, 6:1007-1014.

469 Camargo, E. A. O. M. & Borsatto, R. S. 2010. Reflexões sobre o processo de conscientização ambiental de agricultores assentados a partir da implantação de um projeto de extensão universitária no assentamento 23 de maio - Itapetininga/SP. Layrargues, P. P. 2004. Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Brasília: MMA. Leandro, M. D. 2003. Queimadas e desmatamentos aceleram a degradação do

meioambiente. Disponível em:

http://www.furnas.com.br/arqtrab/ddppg/revistaonline /linha direta_artigo.pdf.(26/03/2014).

Martins, S. V. 2001. Recuperação de matas ciliares. Viçosa – MG: Aprenda Fácil.

Reigota, M. 1998. Desafios à educação ambiental escolar. In: Cascino, F.; Jacobi, P.; Oliveira, J. F.Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SMA/CEAM.

Seniciato, T. &Cavassan, T. O. 2004. Aulas de campo em ambientes naturais e aprendizagem em Ciências – um estudo com alunos do ensino fundamental. Ciência & Educação, 10(1):133-147.

Tristão, M. 2002. As dimensões e os desafios da educação ambiental na sociedade do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed.