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PAS TO APÓS SOJA 4 ANOS DE VALIDAÇÃO DA ILP 2005/08

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Academic year: 2021

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Engenheiro Agrônomo Sênior (ESALQ-USP, 1936).

Fundador e ex-Presidente da Manah S.A. Atual Presidente da Fundação Agrisus - Agricultura Sustentável - São Paulo.

4

A

NOS DE

V

ALIDAÇÃO DA

ILP

2005/08

U

M

R

ELATÓRIO

Fernando Penteado Cardoso1

“Quando você pode medir aquilo sobre o que você está tratando e expressa-lo com números, você mostra que sabe algo sobre o assunto; mas quando você não pode medir, quando você não é capaz de descrever com números, seu conhecimento é de um tipo escasso e insatisfatório”. (Lorde Kelvin - Ingl. 1824/1907).

Voltamos a relatar o caso da Estância JAE em Santo Inácio/PR, onde se realizam pesquisas, validações e demonstrações apoiadas pela Fundação Agrisus. Por 4 anos consecutivos vem se produzindo forragem para gado de leite no intervalo de duas culturas de soja de verão. As observações e demonstrações abrangem uma área de 8 ha, subdivididas em duas parcelas iguais. É o que se chama de integração lavoura pecuária - ILP em pequena propriedade familiar, onde as “plantação e criação se alternam na mesma área”.

O Solo

O solo, da série Arenito Caiuá, com 70% de areia, recoberto originalmente por mata alta de perobal denso não muito grosso, porém sem os padrões de alta fertilidade como figueira branca p.ex. Plantado com café na década de 1950 que durou poucos anos, no limite da fertilidade inicial e em conseqüência das geadas intensas.

Seguiu-se algodão substituído por pastagem devido à erosão. A braquiária cede hoje lugar aos cereais depois de adotado o plantio direto. A fertilidade original é média, com teores de bases (2/3 cmol/ dm3) e MO (1/2 %) baixos, compatíveis com a textura arenosa com menos de 30% de argila e silte. O P extraído por resina é baixo, seguindo a regra da maioria dos solos tropicais. A acides é média (pH 5/6- H2O), sem toxidez por Al ou muito baixa. A CTC (4/5 cmol/ dm3) e a saturação (50/60%) são médias, a primeira dentro da faixa das terras com mais de 70% de areia como o solo em questão.

O Clima

Na seqüência dos 4 anos em revista as chuvas de abril a outubro somaram de 388 a 520 mm, a temperatura média das máximas ficou entre 26 e 32º C, a média das mínimas foi de 10 a 18º C; e a mínima absoluta de 0 a 13º C (Q.1).

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Q.1 - CLIMA AMENO DE 2005 a 2008 (Abril/Set.)

2005 2006 2007 2008 Temp. média das max. 32 27 29 26 Temp. média das mín. 10 15 18 15 Temp. mínima absoluta 6 13 13 G Precipitação mm 520 406 496 388

O clima ameno foi favorável às gramíneas tropicais sendo que a geada leve em maio de 2008 afetou mais o Tanzânia que a Ruziziensis, ainda que muito de leve.

A Pastagem

Após diversos experimentos, a produção comercial adotou o melhor resultado que é o sobre-semeio na soja (Fig.1) de capins Tanzânia consorciado com Brachiaria ruziziensis, utilizando sempre sementes revestidas (ditas peletizadas) na proporção de 1.200 pontos de valor cultural por ha, sendo metade de cada espécie.

FIG. 1 - Sobre-semeadura de B. ruz.+Tanz. - Fev. 06.

O pasto formado (Fig.2), que recebeu 30 kg/ha de N por ano, mostrou na seqüência dos 3 anos 6,7 a 12,9 touceiras por m2, com proteína bruta - PB de 10,6 a 12,8% e nutrientes digestíveis totais - NDT de 64,2 a 69,4% (Q.2).

FIG. 2 - Pastagem pronta para uso - Set. 06.

Calculando uma ingestão diária de 3% de matéria seca - MS sobre o peso vivo, somada à matéria seca aferida no final do pastoreio, pode-se estimar a produção de forragem em 3,6 a 7,4 t/ha durante 130 dias, a partir da colheita da soja até o fim do pastoreio. A redução verificada em 2007 explica-se pelas variações climáticas com maiores intervalos sem chuva, quando a persistência da cobertura residual na soja reduziu a germinação pelo menor contato da semente com o solo, reduzindo o número de touceiras p/m2. Q.2 - PRODUÇÃO E QUALIDADE DA PASTAGEM MATÉRIA SECA - KG/HA 2005 2006 2007 2008 Consumo (12 kg MS/cab/dia) 2.820 2652 1.701 2.808 Estoque no fim do pastoreio 4.630 3.186 1.886 2.184 Soma 7.450 5.838 3.587 4.992 Proteína bruta-PB % 12,8 11,78 10,6 11,4

Nutr. Digest.

Totais-NDT % 64,2 69,42 64,8 65,1 Touceiras por m2 8,7 9,4 6,7 12,9

A Produção de Leite

O pastoreio de vacas cruzadas girolanda (Fig.3), em regime exclusivo de pasto, perdurou por 35 a 52 dias nos meses de

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agosto/setembro, com 125 a 234 diárias e uma pressão de pastoreio de 2,5 a 5,7 cabeças/ha, proporcional à duração do pastoreio.

FIG. 3 - Vacas de leite em pastejo Set/Out.06.

A produção diária de leite durante o período de pastoreio variou entre 8,2 e 11,2 litros/cabeça, correspondentes 1927 a 2319 litros/ha, exclusivamente a pasto. A menor produção em 2007 resultou da menor oferta de forragem (Q.3).

Q.3 – PRODUÇÃO DE LEITE

2005 2006 2007 2008 Inicio do pastoreio 03/ago 20/ago 20/ago 14/ago Número de diárias 234 220 125 208 Pressão de pastoreio- cab/ha 5,7 6,3 2,5 4,0 Prod. Diária- litros/vaca 8,2 9,1 10,5 11,2 Prod. p/ área- litros/ha 1927 2019 1325 2319

A Fitomassa

Findo o pastoreio, a área teve um período de 30 dias para regeneração do capim, o qual após dessecação mostrou uma fitomassa de 4,1 a 6,9 t/ha (Q.5), sobre a qual foi semeada nova cultura de soja em Novembro e início de Dezembro (Fig. 4).

FIG. 4 - Semeadura de soja sobre fitomassa dessecada - Nov. 06.

A aferição da cobertura morta aos 90 dias indicou uma persistência de 35 a 47% da quantidade inicial (Fig.5). O volume de resíduos remanescentes por ocasião do sobre-semeio da gramínea dificultou em 2007 a germinação reduzindo a densidade de touceiras por m2, como mencionado anteriormente.

Q.5 - FITOMASSA APÓS PASTOREIO

kg MS /ha 2005 2006 2007 2008 Final do pastoreio (medido) 4.630 3.186 1.886 2.184 Recuperação na rebrota de 30 dias (calculado) 1.462 3.724 2.214 2.616 No Plantio (medido) 6.092 6.910 4.100 4.800 Persist. após 100 dias % 44 35 47 44 Produtividade da soja -

após pasto em sc/ha 48,9 51,2 52,5 53,5

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A produção de soja após a produção indicada de leite e de fitomassa foi de 48,9 a 53,5 sc/ha durante o período em revista (Fig.6), sendo que no último ano alcançou o dobro das lavouras da região sem cobertura morta no solo, devido aos 40 dias sem chuva após a germinação.

Pesquisa conduzida anteriormente (2005), cotejando a produtividade da soja sobre fitomassa de diferentes origens, mostrou certa vantagem em favor da B.ruziziensis, admitindo-se um efeito sinérgico favorável dessa espécie. Pesquisas complementares virão definir o significado desse sinal promissor.

A Economia

Os custos dos procedimentos são cuidadosamente anotados a partir da sobre-semeadura das gramíneas antes da colheita da soja até o momento da dessecação para plantio da cultura de verão (Q.6). A alternativa oferecida seria de pasto raspado mais cana e ração no cocho, cujo custo, na opinião dos proprietários, seria mais elevado se calculado por diária, para uma produção de leite inferior à alcançada no sistema de ILP. Q.6 - DESEMPENHO ECONÔMICO NO INVERNO p/ha 2005 2006 2007 2008 Receita bruta R$ 1.060 1.060 1391 Desp. Sementes R$ 160 140 150 Fertilizantes R$ 80 117 70 Defensivos R$ 25 18 - Serviços R$ 55 70 50 Soma R$ 320 345 270 Custo por diária R$ 1,45 2,76 1,30 Lucro bruto* R$ 740 715 1.121

* Exclusive amortização e seguro dos animais,

bem como supervisão.

No ano de 2007 usou-se sulfato de amônio em vez de uréia por falta deste produto. Houve acréscimo no custo do produto bem como da aplicação em maior quantidade para manter a norma de 30 kg N por ha. O menor número de touceira por m2 a as condições climáticas menos favoráveis reduziram o número de diárias de pastoreio com correspondente acréscimo do respectivo custo. O acompanhamento cuidadoso dos procedimentos possibilitou um controle técnico e econômico satisfatório capaz de consolidar a conclusão da viabilidade da produção de forragem pastoril de baixo custo e alta qualidade no intervalo entre dois plantios sucessivos de soja.

A elevada produtividade da soja comprova que está sendo mantida a alta fertilidade do solo e, consequentemente, a sustentabilidade da produção e do sistema.

A ILP descrita está comprovada tanto na dimensão da pequena propriedade familiar, na qual vem sendo realizada, como em estabelecimentos de qualquer escala, pois os princípios técnico-administrativos envolvidos são universais.

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Considerações Finais

O objetivo da educação coletiva vem sendo alcançado através de 8 Dias de Campo (Fig.7) no período em revista, com comparecimento de mais de mil participantes que, após presenciarem as demonstrações ao vivo, têm oportunidade de debaterem a matéria com os responsáveis pelo projeto. Presentes ao debate os professores da Universidade Estadual de Maringá - UEM, os quais vêm tomando parte nos trabalhos de pesquisa e acompanhamento técnico desde o inicio.

FIG. 7 - Dia de Campo para demonstração - Ago. 07.

A Fundação Agrisus sente-se gratificada em poder oferecer os resultados acima à agropecuária do país, esperando que assim venha a contribuir para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável e lucrativa, como é seu objetivo.

Falta, todavia, avaliar a adoção efetiva da tecnologia demonstrada, o que será objeto de próximo levantamento do estado da arte do ILP no NO do Paraná. Pouco ou nada representa o trabalho feito de pesquisa, validação e demonstração se não vier a ser adotado e praticado pelos produtores em benefício próprio e de seus sucessores.

A Agrisus agradece aos proprietários da Estância JAE pela valiosa colaboração, bem como aos professores e seus colaboradores da UEM pelo planejamento, acompanhamento e incontáveis aferições do projeto. Ao engenheiro agrônomo Fernando Sichieri, coordenador do projeto, nossas felicitações pelo êxito de um trabalho bem feito.

Rua da Consolação, nº 3367, cj. 72 - 01416-000 São Paulo, SP. (11) 3064-8776 - agrisus@agrisus.org.br

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