Para uma vida
saudável
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Capivari‑SP – 2018 –
Donizete Pinheiro
Para uma vida
saudável
Ficha catalográfica
Pinheiro, Donizete, 1956
Para uma vida saudável – breve ensaio sobre as virtudes /
Donizete Pinheiro – 1ª ed. fev. 2018 – Capivari, SP: Editora EME. 200 p.
ISBN 978‑85‑9544‑051‑7
1. Espiritismo. 2. Ensaio sobre as virtudes. 3. Desenvolvimento espiritual. 4. Autoajuda. I. TÍTULO.
CDD 133.9
© 2018 Donizete Pinheiro
Os direitos autorais desta obra são de exclusividade do autor. A Editora EME mantém o Centro Espírita “Mensagem de Esperança” e patrocina, junto com outras empresas, a Central de Educação e Atendimento da Criança (Casa da Criança), em Capivari‑SP.
CAPA | André Stenico
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO | Marco Melo REVISÃO | Editora EME
Sumário
Virtudes ...7
Vida saudável e feliz ...9
Abnegação ...12 Alegria ...15 Alteridade ...18 Amizade ...23 Benevolência ...28 Caridade ...32 Companheirismo ...37 Coragem ...40 Desapego ...44 Dignidade ...47 Disciplina ...52 Discrição ...56 Doçura ...59 Empatia ...61 Esperança ...66 Fé ...69 Fraternidade ...72 Generosidade ...77
Gentileza ...81 Gratidão ...84 Honestidade ...89 Humildade ...94 Justiça ...97 Juvenilidade ...101 Lealdade ...104 Mansuetude ...107 Misericórdia ... 110 Moderação ... 113 Otimismo ... 117 Paciência ...120 Perseverança ...123 Piedade ...127 Prudência...131 Pureza ...135 Resignação ...139 Resiliência ...144 Responsabilidade ...149 Sabedoria ...154 Serenidade ...158 Simplicidade ...161 Sinceridade ...164 Solidariedade ...169 Tolerância ...174 Trabalho ...178 Vontade ...182
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Virtudes
Estudando e vivenciando os ensinamentos do espi‑ ritismo há vários anos, percebo o quanto é difícil nos tor‑ narmos virtuosos. Os hábitos infelizes, adquiridos nas diversas reencarnações, teimam em se manifestar, ainda que o propósito de acertar já se faça presente. Vale para nós a mesma indignação do apóstolo Paulo em sua carta aos romanos: “Acho então esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo” (7:21).
Mas afirmou Jesus que “somos deuses”, querendo dizer que carregamos latentes todas as boas qualidades e potencialidades, ou seja, as virtudes necessárias para nos transformarmos em espíritos puros, consequente‑ mente felizes. Desabrochá‑las e desenvolvê‑las é traba‑ lho nosso, embora possamos contar com a contribuição do próximo. É um longo e árduo trabalho, mas inevi‑ tável, porque a lei do progresso nos obriga a caminhar sempre para frente. Melhor que seja espontâneo, porque os recalcitrantes são compelidos pelo sofrimento.
Quando mais amadurecidos, compreendemos a ra‑ zão da lei divina e surge o desejo de crescer, de libertar‑
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‑se e de alcançar logo a felicidade. Buscamos então do‑ minar os nossos instintos e nos pautar por uma conduta mais ética. Aprender a distinguir o bem do mal, eis a primeira grande dificuldade de quem pretende se ini‑ ciar nas coisas espirituais. Para isso, faz‑se necessário observar, analisar, refletir e tirar conclusões.
Este ensaio é justamente o meu esforço de tentar com‑ preender as virtudes. É fruto de pesquisa, meditação e, com certeza, da inspiração de bondosos amigos espiri‑ tuais. Trata‑se de breve estudo, limitado à minha capaci‑ dade. O que concluí é meta que pretendo atingir um dia, em hipótese alguma qualidade que já possuo. Espero que possa ser útil a você que agora o tem em mãos.
O leitor amigo deverá estranhar que não falei espe‑ cificamente do amor. É que o amor não é uma virtude, mas o somatório de todas as virtudes, assim como a luz branca é o conjunto de todas as cores. Cada virtude ex‑ pressa uma parcela do amor. Quando incorporarmos todas as qualidades, seremos plenos, radiantes de luz, sustentando para sempre uma vida saudável e feliz.
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Vida saudável e feliz
Os avanços da medicina contribuíram para uma cons‑ ciência mais preocupada com o bem‑estar das pessoas, promovendo ações coletivas e individuais que garan‑ tam a saúde, o conforto e a dignidade humana. O que se pretende é alcançar um estado duradouro de felicidade, com a diminuição das causas geradoras das doenças, di‑ ficuldades emocionais e conflitos sociais.
O 3º objetivo da ONU‑Organização das Nações Uni‑ das é: “Assegurar uma vida saudável e promover o bem‑ ‑estar para todas e todos, em todas as idades”. O propósi‑ to está conforme o artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela ONU em 1948:
Todo ser humano tem direito a um padrão de vida ca‑ paz de assegurar‑lhe, e a sua família, saúde e bem‑estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
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A “Organização Mundial de Saúde” (OMS) define a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfer-midades”.
O conceito de saúde e de bem‑estar, no entanto, na atualidade, alcança outros aspectos da individualida‑ de, para abranger também as questões psicológicas (emoções e sentimentos) e espirituais, reconhecendo‑se que são inerentes ao ser humano e motivam felicidade ou sofrimento.
Allan Kardec, o codificador do espiritismo, pergun‑ tou aos espíritos superiores se há alguma soma de felici‑ dade comum a todos os homens, e obteve a seguinte res‑ posta: “Com relação à vida material, é a posse do neces‑ sário. Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro” (questão 922, de O Livro dos Espíritos).
O espírito Joanna de Ângelis considera felicidade como sendo:
[...] o sentimento agradável que resulta das emoções saudáveis, aquelas que acalmam e enriquecem de jú‑ bilo, eliminando as sensações perturbadoras. Pode‑se, desse modo, experimentar a felicidade, mesmo em es‑ tados orgânicos deteriorados, em face da compreensão da ocorrência e da sua aceitação, que é uma espécie de entendimento pela razão (Encontro com a paz e a saúde, cap. 7, psicografia de Divaldo Pereira Franco).
Desse conjunto conclui‑se que se a ausência de re‑ cursos materiais e de oportunidades pode gerar sofri‑ mento, este será melhor compreendido, minimizado ou
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suportado se a pessoa for portadora de valores morais e espirituais mais elevados. Podemos, enfim, desfrutar de uma certa paz, de serenidade e de alegria mesmo expe‑ rimentando sérias adversidades, o que na Terra já signi‑ fica uma felicidade relativa.
Ser moral e espiritualmente elevado significa desen‑ volver virtudes, as potências da alma ensementadas em todos nós quando criados por Deus. Daí a importância de entendermos os conceitos das variadas virtudes e suas aplicações em nossas vidas, para nos dedicarmos ao seu aprimoramento.
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Abnegação
Essa virtude é marcada essencialmente pela renúncia, que é a capacidade de abrir mão dos próprios desejos e prazeres em favor de outrem.
É sempre uma atitude pelo bem e voltada para o bem. Pode apenas significar um silêncio, um esperar, um não fazer. Mas quase sempre é um fazer, um am‑ parar, um socorrer, um ensinar. Nunca será confundida com um indiferente “deixar acontecer”, com a anulação de si mesmo ou com a covarde submissão aos domina‑ dores e prepotentes.
Exige do seu portador humildade e grande sacrifício pessoal, motivo pelo qual não é facilmente encontrada. Traz consigo altas doses de fraternidade, solidariedade, fé, desapego e caridade. “Devotamento e abnegação... resumem todos os deveres que a caridade e a humilda‑ de vos impõem”, são palavras do Espírito de Verdade (O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. VI).
Apesar do sacrifício, o abnegado age de forma volun‑ tária e se sente feliz por saber que sua renúncia, esforço e trabalho proporcionarão o bem para um ou para muitos.
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Diz o mentor Emmanuel, que essa virtude se mostra viva em todo aquele que, podendo acolher‑se ao bem próprio, procura, acima de tudo, o bem para todos; podendo exigir, não exige; podendo pedir, nada pede; podendo complicar, não complica; e podendo parar de servir, prossegue servindo (Religião dos espíritos, tema 79,
psicografia de Francisco Cândido Xavier).
O abnegado é o que vai muito além do dever, mas vai com consciência, espontaneidade e prazer de servir.
Pode não experimentar na Terra momentos de paz exterior, porque permanentemente ocupado em ajudar, mas, como caminha rapidamente para a pureza, será um bem‑aventurado no mundo espiritual.
São abnegados os pais que muitas vezes suportam cansativos afazeres profissionais e domésticos para pro‑ porcionar à prole sustento, educação e saúde, chegando mesmo à anulação completa de si mesmos no zelo por filhos doentes ou problemáticos. E também as pessoas que abrem mão de ter uma família para cuidar de crian‑ ças, jovens ou idosos desamparados.
Mas a abnegação encontra sua plenitude quando se estende à Humanidade.
São médicos ou cientistas que deixam o aconchego do lar e os carinhos da família para, isolados em labora‑ tórios, dedicarem‑se à pesquisa de novos meios de curar enfermidades; são filósofos e pensadores dia e noite en‑ volvidos em compreender as verdades que solucionem os problemas do destino dos seres humanos; e missioná‑ rios religiosos entregando‑se de corpo e alma ao socorro dos ignorantes, miseráveis e aflitos.
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renúncias. Pode‑se começar deixando prevalecer vez por outra a vontade daqueles com quem se convive ou, então, fazendo‑lhes algumas gentilezas não solicitadas. Nas filas, cedendo o lugar aos velhos, doentes ou mais apressados; nas competições, não querer sempre ven‑ cer; no trânsito, permitir que outros motoristas tenham preferência de passagem; no conflito de opiniões, ser os primeiros a silenciar e a compreender a intransigência.
Aceitar, também, que as coisas da Terra são emprés‑ timos de Deus, cujo uso se deve prestar contas na vida futura, e que os seres humanos são irmãos em evolução, uns mais à frente de outros, reunidos pela afinidade para o crescimento espiritual. Viver, assim, com simplicidade e desapego, para que o acúmulo de tesouros não impeça de conquistar os valores da alma. E deixar que cada cria‑ tura, por mais que a ame, faça as próprias escolhas e siga o destino que desejar.
Allan Kardec perguntou aos espíritos qual seria “o meio mais eficiente de combater‑se o predomínio da na‑ tureza corpórea”, obtendo a seguinte resposta: “Praticar a abnegação” (questão 912 de OLE).
Por isso, é nesse esforço constante para negar‑se a si mesmo pelo bem geral, praticando a abnegação, que nos elevaremos à condição de espíritos luminosos, fazendo jus aos louros divinos da paz de consciência e da condi‑ ção feliz de servos do Senhor.
