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PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DA AIDS ENTRE HSH, HOMOSSEXUAIS E TRAVESTIS

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Academic year: 2021

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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MATO GROSSO DO SUL DIRETORIA DE VIGILANCIA EM SAÚDE

COORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA GERÊNCIA TÉCNICA DO PROGRAMA ESTADUAL DE DST / AIDS

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA

EPIDEMIA DA AIDS ENTRE HSH,

HOMOSSEXUAIS E TRAVESTIS

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Introdução

O desafio de um plano de enfrentamento da epidemia da Aids em população específica , de vulnerabilidade comprovada é um desafio para os programas estaduais e para os parceiros que se propõe a discutir, o risco deste grupo no contexto saúde pública.

As relações homossexuais e a saúde tem sido tema de grandes debates e muitas controvérsias e o aparecimento da Aids inicialmente neste grupo trouxe a tona e com grande intensidade o preconceito e complexificou as relações já difíceis deste grupo com a sociedade contemporânea.

Desde o inicio da epidemia até hoje, já se passaram mais de 20 anos e a AIDS continua um grave problema no vida diária de homens que fazem sexo com homens, gays e travestis . Todas as representações sociais que identificavam este grupo ora como vilões, ora como vítimas da AIDS, ainda permanecem vivas e presentes, fazendo com que, individualmente, estas pessoas continuem a sofrer com os estigmas e preconceitos decorrentes da associação AIDS-homossexualidade, categoricamente afirmada no inicio da epidemia, a tal ponto da Aids ser conhecida como peste gay.

O conhecimento epidemiológico acerca da doença, em seus aspectos qualitativos são bastante escassos neste grupo, o que prejudica no controle da epidemia .

A homofobia ainda bastante visível em nosso país e em nossos serviços de saúde tem sido um dos fatores impeditivos para a acessibilidade deste grupo

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aos serviços e ao tratamento adequado, diferentemente do que acontece nos EUA e alguns países da Europa Ocidental, onde há serviços sob a gestão de profissionais de saúde assumidamente homossexuais. Nestes locais, o acesso tem sido facilitado e o impacto disto percebido pelos estudos locais.

O pensar sobre a saúde , principalmente a prevenção e a assistência da Aids para os HSH, gays e travestis do Brasil, dentro da realidade de cada unidade federada pode realmente se constituir em uma poderosa arma diante da realidade epidemiológica regional e do país. Esse poder aumenta na medida em que o plano de enfrentamento é construído junto com o público alvo, que trás a baila as nuances da prevenção que muitas vezes fogem da percepção do profissional de saúde.

Uma parceria sólida e construída com um fim comum é o melhor alicerce que o plano de enfrentamento poderia ter e isto, por si só, já é garantia de sucesso diante de uma situação epidemiologicamente adversa com a que estamos vendo.

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CONTEXTUALIZAÇÃO Aspectos geográficos:

O estado de Mato Grosso do Sul nasceu com a divisão do Mato Grosso, definida por lei em outubro de 1977. Seu primeiro governo foi instalado em 1 de janeiro de 1979 e seus primeiros habitantes surgiram com a descoberta de ouro no Centro-Oeste do Brasil, no final do século XVI. Durante 400 anos a região fez parte do Estado de Mato Grosso e por sua localização geográfica privilegiada, a região desenvolveu-se rapidamente, recebendo imigrantes portugueses, espanhóis e paraguaios, assim como mineiros, paulistas e nordestinos.

A extensão territorial de Mato Grosso do Sul corresponde a 22,2% da região Centro-Oeste e 4,19% do Brasil, com 357.124,96 km².

Vinte e cinco por cento deste total corresponde ao Pantanal sul-matogrossense, com 89.318 km². Importante citar que a maior porcentagem do Aquifero Guarani dentro do país, está neste estado.

O Estado é dividido em duas grandes bacias hidrográficas: a do Rio Paraná, constituída basicamente de chapadões, planaltos e vales, e a do Rio Paraguai, constituída de patamares, depressões e depressões interpatamares, formando o Pantanal nas regiões chaquenha e pantaneira.

Ao sul, o estado faz fronteira o Paraguai e com a Bolívia, fazendo que se tenha uma extensa área de fronteira e todos os fatores sociais e políticos que afetam principalmente a saúde nesta área.

A população de Mato Grosso do Sul tem crescido a altos níveis desde 1.870, quando o estado passou a ser efetivamente povoado. Entre a década de 40 e o ano de 2008 a população aumentou quase dez vezes, ao passo que a população do Brasil , no mesmo período, aumentou pouco mais que quatro vezes. Isto está explicado, não devido a elevada taxa de natalidade no estado mas pelo processo de imigração no qual houve a entrada de grande

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quantidade de migrantes de outros estados ou imigrantes em Mato Grosso do Sul. Segundo o IBGE, no ano de 2005 , 30,2% da população residente no estado não era natural daquela unidade da federação , ao passo em que a taxa de fecundidade no estado no ano 2000 era a décima menor do Brasil, com 2,4 filhos por mulher.

Em 2009, segundo IBGE, a população de Mato Grosso do Sul é de 2.350.000 habitantes, distribuida em 78 municipios. Devido a grande área territorial, o estado apresenta uma baixa densidade demográfica, em torno de 5,0 hab/ km².

Aspectos epidemiológicos:

A epidemia da AIDS passou a fazer parte da epidemiologia das doenças transmissíveis deste estado em 1984, quando se registrou o 1º caso.

Ao longo de 25 anos a epidemia avançou apesar dos esforços envidados na contenção do agravo.

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As informações disponíveis demonstram que o total de casos notificados desde 1984 até 2008 em Mato Grosso do Sul perfazem 4.796 neste período. Na figura abaixo, evidencia-se a notificação de casos no período de 10 anos , 1998 a 2008, na qual se observa um incremento da notificação/conhecimento de casos no ano de 2005. Esta melhoria deve-se a ação de busca ativa de casos realizada em prontuários hospitalares, bem como aquela baseada em Declarações de Óbito. Este aumento demonstrou que a subnotificação de casos de AIDS ainda se constitui num importante ponto a ser superado no conhecimento epidemiológico do agravo.

Evolução da frequência de notificações de casos de AIDS segundo ano

Mato Grosso Do Sul, 1998-2008*

260 307 250 276 300 298 282 506 359 353 369 0 100 200 300 400 500 600 Ano de notificação N ú m e ro d e c a so s n o v o s Casos Notificados 260 307 250 276 300 298 282 506 359 353 369 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

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A faixa etária dos casos notificados está predominantemente entre os 20 e 49 anos, idade produtiva e sexualmente ativa da população. Esta informação não difere da realidade de outros estados.

Distribuição de casos de Aids notificados por faixa etária e sexo Mato Grosso do Sul, 1984-2008*

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 T o ta l d e C a so s Feminino 19 41 20 5 4 61 880 561 112 19 2 Masculino 22 39 17 6 1 53 1541 1264 257 47 5 >1 ano 1 a 4 5 a 9 10 a 12 13 a 14 15 a 19 20-34 35-49 50-64 65-79 80 e +

Quanto à categoria de exposição, os casos notificados no período estão predominantemente ligados a relações heterossexuais; importante frisar que 9% dos casos de AIDS relataram relações homossexuais e 6% bissexuais conforme informações explicitadas abaixo.

Em que pese a historicidade da AIDS , que mostrou claramente o deslocamento da epidemia do grupo homossexual para o grupo heterossexual, a persistência desta via de exposição nos casos notificados de AIDS ainda é uma preocupação legítima das equipes que atuam diretamente na prevenção e na epidemiologia deste agravo.

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Distribuição de casos de AIDS notificados segundo as principais categorias de exposição

Mato Grosso Do Sul, 1984-2008*

Heterossexual/Drogas 7% Transmissão Vertical 3% Drogas (sangüinea) 5% Bissexual (sexual) 6% Homossexual (sexual) 9% Heterossexual c/ parc.risco 11% Ignorado 19% Heterossexual (sexual) 40% Transmissão Vertical Drogas (sangüinea) Bissexual (sexual) Heterossexual/Drogas Homossexual (sexual) Heterossexual c/ parc.risco Ignorado Heterossexual (sexual)

A vulnerabilidade deste grupo, aliada às peculiaridades regionais do estado de Mato Grosso do Sul, justificam ações dirigidas ao público gay, HSJ e travestis, como uma prioridade técnica e política do Programa Estadual de DST/AIDS deste estado.

Metodologia de Elaboração do Plano de Enfrentamento:

A Coordenação de DST/AIDS e Hepatites Virais de Mato Grosso do Sul em parceria com o Programa Nacional de DST/AIDS, com a Sociedade Civil Organizada, representantes do Conselho Estadual de Saúde, representantes da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sistema Penitenciário) e outros parceiros, elaborou as seguintes atividades:

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S E C R E T A R IA D E E S T A D O D E S A Ú D E P R O G R A M A E S T A D U A L D E D S T /A ID S E H E P A T IT E S V IR A IS P L A N O E S T A D U A L D E E N F R E N T A M E N T O D A E P ID E M IA D E A ID S E D A S D S T E N T R E G A Y S , H S H E T R A V E S T IS M A T O G R O S S O D O S U L M E T A S A T IV ID A D E S P R E V IS T A S IN S U M O S M A T E R IA IS P ar ce ri as E xe cu tor es P e od o e xe cu ção 1. R ed u zi r vu ln er ab il id ad e soc ial d os G ays , H S H e T rave st is , vi ve n d o com H IV e A ID S . In cl u são d as P es soas V ive n d o com H IV /A ID S (H S H e T rave st is ) em P rog ra m as d e S egu ran ç a A li m en ta r. G ove rn os : M u n ic ip al , E st ad u al e F ed er al . A p ar ti r d e jan ei ro/ 2010, p ar a os m u n ic íp ios a p ar ti r d e agos to/ 2009. 2. F a ci li tar o ac es so d os G ays , H S H e T rave st is n os S er vi ços d e S d e S en si b il iz ar os p rof is si on ai s d a ár ea d e saú d e em at en d im en to p ar a G ays , H S H e T rave st is . S er vi ços : M u n ic ip al , E st ad u al , F ed er al e O S C . P e r m an en te : Jan ei ro d e 2010 3. A u m en ta r a q u an ti d ad e d e te st e ráp id o n o S A E d os m u n ic íp ios , p ri or iz an d o os G ays , H S H e T rave st is . 4. P r eve n ção P os it iva 5. A m b u lat ór io it in er an te p ar a a re al iz ão d e T es te R áp id o n os m u n ic íp io s d e M S . O fe re ce r t es tage m n as O N G ’s e c as a d a ci d ad an ia, p or p rof is si on al q u al if ic ad o d o C en tr o d e R ef er ên ci a O fe re ce r te st ag e m e m l oc ai s d e eve n tos d e p op u laç ão d e H S H , G ays e T rav es ti s -O fe re ce r te st age m e m loc ai s d e p op u laç ão em g er al : A ção G lob al , C â m ar a n o b ai rr o, P r ef ei tu ra P re se n te e fe st ivi d ad es d a c id ad e, en tr e ou tr os . -O fi ci n a d e ad es ão e m p re v en ção d e P V H A , n a p op u laç ão d e G ays , H S H e -K it d e te st e ráp id o -P re se rvat ivo -F ol d e rs -D ivu lgaç ão e m ge ral . Ó rgãos : M u n ic ip al , E st ad u al , F ed er al e O N G ’s -P er m an en te

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T rave st is . 6. A m p li ar a d is tr ib u ão d e p re se rvat ivo e ge l lu b ri fi can te p ar a G ays , H S H e T rave st is , n as U B F e E S F d os m u n ic íp ios S en si b il iz ão d os p rof is si on ai s d as U B F e E S F C R A S , n a d is tr ib u ão p ar a G ays , H S H e T rave st is . -P re se rvat ivos -G el -F ol d e rs Ó rgãos : M u n ic ip al , E st ad u al , F ed er al e O S C . P e r m an en te 7. In cl u ir o re cor te d e G ays , H S H e T rave st is n a P o ti ca d e S d e d o H om e m In cl u ir e se n si b il iz ar ór gãos p ú b li cos e m ovi m en to soc ial p ar a p ar ti ci p ar d o P lan o E st ad u al e M u n ic ip al -O N G ’s -S d e d o H om e m P e r m an en te 8. In ce n ti var as P ar ad as d a D ive rs id ad e e m tod o o E st ad o d e M S -A çõe s P re ve n ti vas -M at e ri al in for m at ivo -P re se rvat ivo -G el l u b ri fi can te -O N G ’s P rog ra m as : E st ad u al e M u n ic ip al S et e m b ro d e 2009 a D ez e m b ro d e 2009 9. S en si b il iz ar os p rof is si o n ai s q u e at en d e m a p op u laç ão car ce rár ia s ob re : H om of ob ia a G ays , H S H e T rave st is a tod os os d et en tos d as p en it en ci ár ias d e M S . R eu n ião co m os p rof is si on ai s en vol vi d o s n o S is te m a P en it en ci ár io -R el at ór ios -S is te m a P en it en ci ár io -S er vi ço d e S d e d o H om e m -S er vi ço d e R ef er ên -ci a às D S T e A id s P e r m an en te 10. Im p le m en tar at é 2011 õe s q u e vi sam f or tal e ce r a gr u p os d e ad es ão e ap oi o a p es soas vi ve n d o c om H IV D is cu ti r 11. E lab or ão at é d ez e m b ro d e 2009 d e p lan o d e ão co m ob je ti vo es p ec if ic o p ar a q u al if ic ão d e p rof is si o n ai s d e saú d e q u e at en d am G ays , H S H e -A rt ic u lar ju n to à ge n ci a d o H u m an iz a S U S , a in cl u são d a in for m a ção so b re a p op u laç ã o d e G ays , H S H e T rave st is em tod as a s c ap a ci taç õ es d a re d e d e s d e. -I m p lan tar a çõe s d e p re v en ção e a ss is n ci a as D S T /A ID S p ar a cas a is d o m es m o se x o

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T rave st is n os s er vi ços d e saú d e in cl u in d o cas a is s or o d is co rd an te s. -R ec ic la r/ cap ac it a r age n te s com u n it ár ios d e saú d e sob re D S T /H IV /A ID S , vol tad o p ar a as e sp ec if ic id ad es G ays , H S H e T rav es ti . -I n se ri r n as cap a ci taç õ es p re v is tas p el a C oor d en ã o E st ad u a l d e D S T /H IV / A ID S a in cl u o d e q u es tõe s a ss oc iad as a G ays , H S H e T rav es ti s . 12. C ri ar at é ju n h o/ 2010 cu rs os d e cap ac it ão e m el ab or ão d e p ro je tos p ar a os re p re se n tan te s d a S oc ie d ad e C ivi l D u as o fi ci n as p ar a vol u n tár ios e p ro fi ss ion a is d e O N G , so b re e lab o raç ã o d e P ro je tos p a ra c ap taç ão d e r ec u rs os -O ri en tad or 13. C ri ar a C a m p an h a d e E n fr en tam en to ao P r ec on c ei to às P e ss oas V ive n d o com H IV e r e d u ção d a vu ln er ab il id ad e P rod u zi r e ve ic u lar ca m p an h as d e com u n ic ão d e m a ss a sob re re laç õ es a fe ti va s/ se x u ai s en tr e cas ai s sor o -d is co rd an te s 14. Im p lan tar a ju lh o d e 2010 p ro je tos p ar a i n cl u são d o en fr en tam en to d as D S T /A ID S ju n to aos G ays , H S H e T rave st is e m o u tr os P rog ra m a d e S d e: A te n ção B ás ic a, S d e d a F a m íl ia, S d e d o Id os o, P es soas co m D ef ic n ci a, S d e M en tal e S d e d os Jove n s n o S is te m a P en it en ci ár io A rt ic u laç ão com as ár eas cn ic a s p ar a in cl u são d as i n fo rm a çõe s sob re a p op u laç ã o d e G ays , H S H e T rave st is em tod as a s cap ac it õe s d e s u a s r es p ec ti vas ár ea s.

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Referências

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