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CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE. Teixeira de Camargo Leda, da Silva Fassina Vinicius, Novaes Teixeira Eglé*

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Academic year: 2021

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CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE Teixeira de Camargo Leda, da Silva Fassina Vinicius, Novaes Teixeira Eglé*

Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Rua Hugo Gallo, 520 Jd. Sorirama Campinas/SP-cep 13130-390. c. eletrônico: egle@fec.unicamp.br

RESUMO

A grande dificuldade encontrada para a caracterização dos resíduos de serviços de saúde, mais especificamente, os resíduos hospitalares perigosos orientou este trabalho, que objetiva obter uma alternativa para a caracterização, de forma que não haja contato direto das pessoas com esses resíduos.

Foi executado, experimentalmente, na enfermaria de gastro-cirurgia do Hospital das Clínicas da UNICAMP, medições diárias da geração de resíduos totais durante uma semana. Simultaneamente, foi realizado o controle de materiais e medicamentos utilizados na enfermaria durante este período e do número de leitos ocupados. Foram analisados, em termos de total gerado de resíduos e de consumo de materiais, de forma a permitir uma avaliação dos resíduos potencialmente perigosos (potencialmente contaminados e pérfuro-cortantes) e totais. A taxa de geração de resíduos foi 0,96 kg/leito.dia e a de consumo, 0,65 kg/leito.dia. A metodologia proposta foi tida como adequada e eficaz podendo, com alguns cuidados, ser generalizada.

Palabras clave : resíduos sólidos, resíduos de serviços de saúde, resíduo perigoso, resíduo hospitalar.

INTRODUÇÃO

Os resíduos de serviços de saúde têm uma abrangência muito ampla em sua definição : são aqueles resíduos gerados em unidades que prestam assistência sanitária à população, englobando desde os resíduos de varrição externa, passando pelos internos até aqueles gerados em salas de cirurgia e UTIs. São resíduos de serviços de saúde os produzidos em hospitais, clínicas médicas e veterinárias, laboratórios de análises clínicas, consultórios médicos e dentários, farmácias, postos médicos, ambulatórios, etc.

Neste trabalho foram contemplados apenas os resíduos de hospitais - hospitalares - por serem, individualmente, os mais significativos em termos quantitativos nos municípios.

Em um hospital, os resíduos gerados têm características diferentes em função da área em que são produzidos: no preparo de alimentos, o resíduo é altamente diferente daquele obtido em um centro cirúrgico. Os resíduos podem ser classificados, desta forma, em infectantes, especiais (radioativos, químicos, etc.) e comuns (semelhantes aos resíduos domésticos). Tanto os primeiros, como os segundos, exceto os radioativos, são comumente classificados como resíduos perigosos : os infecciosos por patogenicidade e os especiais por reatividade ou toxicidade ou inflamabilidade ou, ainda, por corrosividade.

O manejo de resíduos e, portanto, seu acondicionamento, coleta, transporte e armazenamento, se não for adequadamente realizado pelo pessoal envolvido, pode colocá-los em risco, assim como à população extra-hospitalar e ao ambiente, conforme MONREAL (1993), OBLADEN (1993) , BYRNS e BURKE ( 1992).

Para o projeto de um Programa de Gerenciamento dos resíduos sólidos de um hospital ser adequado e eficaz, deve estar embasado em estudo de caracterização dos resíduos, tanto quantitativos como qualitativos, pois permitirá uma otimização do sistema através da segregação dos diferentes tipos. A segregação na origem, segundo a UCV/GTZ ( 1992), possibilita a reciclagem e o reuso de determinados tipos, propiciando a

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minimização dos resíduos a serem dispostos. Para CHEREMISINOFF e SHAH (1990), quando a disposição dos resíduos é adequada e eficiente, seu custo passa a ser otimizado, evitando-se desperdícios.

Assim, a caracterização dos resíduos é uma etapa extremamente importante. Apesar disso, não existe hoje consenso, nem mesmo internacional, a respeito da metodologia a ser empregada para sua realização. A grande divergência encontra-se no período de amostragem, já que há concordância quanto à pesagem e segregação dos diversos tipos de materiais.

UCV/GTZ (1992) e CASTRO (1995) caracterizaram os resíduos hospitalares por 7 dias consecutivos. SILVA (1993) avaliou, em uma fase, por 30 dias consecutivos, concluindo que, para o período analisado, se tivesse utilizado 7 dias obteria dados equivalentes e, na etapa seguinte, passou a usar 7 dias consecutivos. CORREAL e GORRAIZ (1993) usaram 1 dia em dois anos consecutivos, MACHADO Jr et al (1978) caracterizaram 5 hospitais por um dia e apresentaram um valor médio. REGO e NODA (1993) caracterizaram o hospital por setor, por 8 horas em 2 dias diferentes.

Como pode ser observado, não existe um consenso no tempo de duração e todos os pesquisadores tiveram contato direto com os resíduos durante a caracterização (composição), o que pretende-se evitar com este trabalho.

METODOLOGIA

A proposta deste trabalho foi testar uma metodologia para a obtenção da quantidade dos resíduos gerados em determinada unidade de um hospital. Para este teste optou-se por uma unidade pequena, de movimento não muito grande, e que possuísse uma área própria de armazenagem de materiais, que neste trabalho será denominada almoxarifado. Foi escolhida uma enfermaria de 18 leitos, da área de gastro-cirurgia do Hospital das Clínicas da UNICAMP-Campinas.

A metodologia consiste na pesagem dos resíduos gerados, no controle dos materiais consumidos diariamente na enfermaria, na pesagem destes materiais e de suas embalagens e no controle do número de leitos ocupados. Assim :

Pesagem dos resíduos: durante sete dias consecutivos os resíduos gerados nessa enfermaria foram pesados, assim que coletados, dentro da própria enfermaria;

Controle de materiais: o controle foi feito através dos prontuários dos pacientes e da entrada e saída de materiais do almoxarifado da enfermaria;

• Controle através do prontuário . Diariamente foram levantados, a partir dos prontuários dos pacientes, os medicamentos ministrados e os procedimentos realizados. Nos prontuários são marcados, pelas enfermeiras, os medicamentos ministrados aos pacientes, bem com suas dosagens;

• Controle dos materiais do almoxarifado: Diariamente, sempre no mesmo horário, foram levantados todos os materiais guardados e/ou presentes no almoxarifado. Também contabilizadas todas as entradas de materiais. Foram controlados os seguintes materiais: luvas descartáveis, algodão, papel toalha, esparadrapos, fita crepe, seringas ( 1ml, 5ml, 10ml e 20ml), agulhas, equipos, catéteres, e ataduras. Assim, diariamente, foi levantado o consumo (em peso-kg) de cada material;

• Controle de papel higiênico: Como este elemento não era armazenado no almoxarifado da enfermaria, seu consumo foi estimado com base em informações das faxineiras;

• Consideração da umidade: Através de um trabalho paralelo foi determinada a contribuição da umidade no peso do papel toalha. Para o papel higiênico adotou-se a metade da umidade do papel toalha, exceto para aqueles utilizados em clister, quando adotou-se o mesmo valor do papel toalha;

• Taxa de geração de resíduos (kg/ leito ocupado.dia) : É a relação entre o peso total dos resíduos gerados no dia e o número de leitos ocupados. Os leitos ocupados foram levantados a partir dos prontuários;e,

• Resíduos perigosos: Foram considerados como resíduos perigosos aqueles provavelmente contaminados biologicamente ( materiais que entraram em contato com sangue, secreções, etc), aqueles contaminados quimicamente (frascos de remédios) e os pérfuro-cortantes (agulhas e ampolas).

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RESULTADOS

Os materiais controlados representaram 67%, em massa, do total de resíduos gerados neste período. A taxa média de geração de resíduos obtida foi de 0,96 kg/ leito ocupado.dia, a taxa média de geração de resíduos perigosos obtida foi 0,49 kg/ leito ocupado.dia e a taxa média de consumo de materiais obtida foi 0,65 kg/ leito ocupado.dia. Na Figura 1 são apresentadas as curvas de geração de resíduos, a de consumo de materiais e a de geração de resíduos perigosos - estimada a partir do levantamento dos materiais que se contaminarão, dos pérfuro-cortantes, etc. Na Figura 2 é apresentada a composição destes resíduos perigosos.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

2/out 3/out 4/out 5/out 6/out 7/out 8/out

dia kg/dia

resíduo materiais controlados resíduos perigosos

Fig.1: Geração de resíduos x Materiais controlados x Resíduos perigosos- obtida através do controle de materiais B 7% C 17% D 13% E 9% F 5% G 29% H 12% I 4% A 4% A- esparadrapo 4% B- atadura/gase/algodão 7% C- luvas 17% D - pérfuro-cortantes 13% E- seringas 9% F- catétere/equipo 5% G- papel higiênico 29% H- frascos de medicamentos 12% I- bolsa de sangue 4%

Fig. 2: Composição dos resíduos perigosos - obtida através do controle de materiais.

DISCUSSÃO

Foi observado que o resíduo pesado estava em defasagem com o controle do almoxarifado e das prescrições de um dia, ou seja, o material que dava baixa em um dia no almoxarifado só iria ser pesado como lixo no dia seguinte, o que não deixa de ter lógica.

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Os dados obtidos da pesagem dos resíduos (lixo) tiveram comportamento similar ao dos provenientes do controle de almoxarifado e prescrições, sendo que a diferença pode ser atribuída a material externo (vindo de outro almoxarifado, trazido por visitantes, entre outros.).

Para a composição dos materiais provavelmente perigosos, como ficou explícito na metodologia, foi considerado segregação interna já na geração dos resíduos, pois caso contrário todos os resíduos seriam perigosos por contato com aqueles. É válido considerar-se tal fato uma vez que a tendência mundial e, mesmo o bom senso, assim recomendam.

A metodologia mostrou-se eficaz e poderá ser generalizada desde que se observe todas as entradas de materiais e/ou seja testada em maior número de locais ou por período maior, de forma a que possa ser alcançado o fator de correlação entre os dados controlados e os resíduos pesados. Com o controle quantitativo é possível estimar-se, com aproximação considerável, a composição física dos resíduos perigosos e sua taxa de geração com base nos materiais do almoxarifado e nas prescrições. Recomenda-se também um estudo de aferição desses resultados, embora acreditando em sua representatividade.

CONCLUSÃO

A metodologia proposta foi considerada adequada e extremamente segura pois evita o contato direto com o lixo na segregação, e, mesmo durante o período de aferição, as pessoas responsáveis pela caracterização dos resíduos apenas pesam os sacos já fechados.

REFERÊNCIAS

BYRNS, G. R. S., BURKE, T. (1992). Medical waste management implications for small medical facilities. Journal of Environmental Health. v.5, n.3. p.12-15. nov/dez. 1992.

CASTRO, Verônica L. F. de (1995). Modelo de gerenciamento interno dos resíduos sólidos do Centro Médico-Campinas,SP. FEC/UNICAMP, dissertação de mestrado. Campinas-SP. junho/1995.

CHEREMISINOFF, P. N., SHAH, M. K. (1990). Hospital waste management. Pollution Engineering. p.60-66, april. 1990.

CORREAL C., Rodrigo, GORRAIZ, José V. (1993). Diagnóstico e planejamento de los resíduos hospitalarios del hospital San Raphael de la ciudad de Tunja-Boyacá. in: Seminário Internacional sobre Resíduos Sólidos Hospitalares. Cascavél, 15 a 18/nov. Prefeitura Municipal de Cascavél-PR.

MACHADO Jr, Mario C., CASTRO NETO, Pedro P., SOBRAL, Glória M. Resíduos Hospitalares in: Congresso de Limpeza Pública,3. São Paulo-SP, ago. 1978.

MONREAL, J. (1993). Consideraciones sobre el manejo de residuos hospitalares en America Latina. Organização Pan Americana de la Salud. mar. 1993.

OBLADEN, Nicolau L. (1993). Conceitos Gerais e aspectos sanitários dos resíduos hospitalares. in:Seminário Internacional sobre Resíduos Sólidos Hospitalares. Cascavél, 15 a 18/nov. Prefeitura Municipal de Cascavél-PR. 1993.

REGO, Rita C. E. do, NODA, Roberto. (1993). Caracterização preliminar de resíduos sólidos de estabelecimentos hospitalares. in: Seminário Internacional sobre Resíduos Sólidos Hospitalares. Cascavél, 15 a 18/nov. Prefeitura Municipal de Cascavél-PR. 1993.

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SILVA, Leda T. C. V.da (1993). Caracterização dos resíduos hospitalares: uma inferência `a patogenicidade. FEC/UNICAMP. dissertação de mestrado. 1993.

UCV/GTZ. (1992). Classificacion y cuantificacion de los desechos generados en los centros hospitalarios de Caracas. in:Seminário Internacional sobre Resíduos Sólidos Hospitalares. Cascavél, 15 a 18/nov. Prefeitura Municipal de Cascavél-PR. 1993.

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