I SIMPÓSIO SOBRE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS PARA
ESTRUTURAS DE CONCRETO
ENSAIOS ELETROQUÍMICOS PARA
AVALIAÇÃO DA CORROSÃO DAS
ARMADURAS
Prof. Enio Pazini Figueiredo, UFG
epazini@terra.com.br
•Livro Concreto: Ciência e Tecnologia
•Editor: Geraldo C. Isaia
Enio Figueiredo – UFG
Gilberto Nery – USP
Pedro A. O. Almeida – USP
Monitoração de estruturas de concreto
Capítulo 35
• Inclusão do tempo como parâmetro de projeto no
código modelo fib 2010
• Estruturas devem ser resistentes à deterioração
• Estratégia de manutenção deve ser desenvolvida
junto com o projeto da estrutura
• A monitoração estrutural já é bem difundida no
mundo e em inglês recebe o nome de Structural
Health Monitoring, SHM
• SHM aplicada à conservação das construções
segundo o Código Modelo fib 2010
Defini as
atividades em 4 estágios
–
Estágio 1 – Na conclusão da obra, com ensaios de
recebimento
–
Estágio 2 – Na fase de operação da obra
–
Estágio 3 – Depois da ocorrência de um evento não
esperado em condições normais de projeto
–
Estágio 4 – Depois de uma intervenção (reparo ou
substituição)
Conceitos do SHM
• Técnicas para avaliação da corrosão ou do risco
de corrosão
–
Técnicas não perturbativas
•
Resistividade elétrica superficial do concreto
•
Potencial de eletrodo
•
Macropares galvânicos
•
Ruído Eletroquímico
–
Técnicas perturbativas
•
Resistência de polarização
•
Curva de polarização
•
Impedância eletroquímica
Sistemas de monitoramento da
corrosão
TÉCNICAS IMPORTANTES NO PERÍODO DE PROPAGAÇÃO
PERDA DE MASSA GRAVIMÉTRICA X ELETROQUÍMICA
∆MG = Mi – Mf
Onde,
∆MG
é a perda de massa gravimétrica
Mi
é o peso inicial da armadura após a limpeza
Mf
é o peso final da armadura após o ensaio e nova limpeza para retirar
os
produtos de corrosão.
Perda de massa gravimétrica (∆MG)
∆ME = 0,025 x iT
Onde,
∆ME
é a perda de massa eletroquímica
0,025
é uma constante de Faraday
iT
é a densidade de corrosão total
PERDA DE MASSA GRAVIMÉTRICA X ELETROQUÍMICA
Revestimento:
1 - argamassa de cimento e polímero monocomponente;
2 - argamassa de cimento e polímero termoplástico bicomponente com cargas especiais;
3 - argamassa de cimento e polímero
termoplástico bicomponente com inibidor de corrosão;
4 - argamassa de cimento e polímero termofixo tricomponente com inibidor de corrosão;
5 - epóxi rico em zinco;
6 - revestimento polimérico de base epóxi; 7 - revestimento polimérico com chumbo.
Comparação entre perdas de massa gravimétricas e eletroquímicas de
armaduras protegidas com diferentes revestimentos (FIGUEIREDO, 1994).
Icat – INTENSIDADE CATÓDICA
TÉCNICAS IMPORTANTES NO PERÍODO DE PROPAGAÇÃO
Medida a um potencial de –750 mV (ECS)
DIFUSÃO DE OXIGÊNIO
Para determinar o fluxo de oxigênio até a superfície da armadura do concreto, mede-se inicialmente a intensidade de corrente catódica (Icat), a um potencial constante de -750 mV, em relação a um eletrodo de calomelano saturado (ECS). Nesse potencial a única reação catódica possível é a redução de oxigênio (GJORV et al, 1986; ANDRADE et al, 1990). A Icat é registrada quando a curva corrente versus tempo alcança o chamado estado estacionário.
Com o valor de Icat no estado estacionário aplica-se a lei de Faraday para obter o fluxo de oxigênio (J(O2)) até a armadura.
J(O2) =
Icat
(GJORV et al, 1986}
n . F
onde,
J(O2) é o fluxo de oxigênio em mol/s;
Icat é a intensidade de corrente catódica no estado estacionário em Amper (A); n é o número de elétrons de valência (4);
F é a constante de Faraday (96500 C/mol).
DIFUSÃO DE OXIGÊNIO
A partir do J(O2), e utilizando a primeira lei de Fick, calcula-se o coeficiente de difusão
aparente de oxigênio Dap (O2)
Dap(O
2) = J(O2) . e
S . Co
(PAGE e LAMBERT, 1987)onde,
Dap(O2) é o coeficiente de difusão aparente de oxigênio em cm²/ s; J(O2) é o fluxo de oxigênio em mol/s;
e é a espessura do cobrimento em cm;
S é a área da armadura onde o oxigênio pode ser reduzido em cm²;
Co é a concentração de oxigênio em uma solução saturada de Ca(OH)2, em mol/cm³ (1,06 x 10-6 mol/cm³ , segundo PAGE e LAMBERT, 1987).
DIFUSÃO DE OXIXÊNIO
Valores de D
ap(O
2) para argamassa obtidos por diversos autores.
AUTOR
Dap(O
2) (cm²/s)
Gjorv et al (1986)
1,3 x 10
-6a 3,4 x 10
-6*
Andrade et al (1990)
2,44 x 10
-6**
Kobayashi et al (1991)
8,4 x 10
-6Hansson (1993)
2,36 x 10
-6**
Figueiredo (1994)
2,07 x 10
-6* Varia em função do cobrimento
** calculado a partir dos dados autores
Situação Atual
RESISTIVIDADE
A resistividade elétrica do concreto é decisiva para a definição do período de
iniciação da corrosão e, ao lado da difusão de oxigênio, fundamental para a
propagação da corrosão. A resistividade pode ser obtida através do Método
de Wernner, ou método dos quatro eletrodos. A fórmula mostrada a seguir e
empregada para a obtenção da resistividade do concreto.
ρ = 2 . π . a . V
I
onde,
ρ
é a resistividade em ohm . cm;
a
é a distância entre os eletrodos em cm;
V
é a voltagem medida entre os eletrodos centrais em volts;
I
é a corrente em Amper.
RESISTIVIDADE
Esquema da medida da resistividade do método dos quatro eletrodos.
• Resistividade elétrica superficial do concreto
Pode ser influenciada por vários fatores
Figura 5 - Modelos de sensores para monitorar a resistividade superficial do concreto baseados na técnica dos quatro eletrodos (http://www.proceq.com)
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
PROPRIEDADES ELÉTRICAS DO CONCRETO
Os concretos, bem como outros materiais, têm propriedades elétricas que os caracterizam, especificamente relacionadas com a RESISTIVIDADE ELÉTRICA. Resistividade elétrica Condutividade elétrica Unidade KΩ.cm ou Ω.m
RESISTIVIDADE
Interpretação dos resultados do ensaio de resistividade
RESISTIVIDADE (ohm . cm)
RISCO DE CORROSÃO DA
ARMADURA
< 5000
MUITO ALTO
5000 A 10000
ALTO
10000 A 20000
BAIXO/MODERADO
> 20000
BAIXO
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Resistividade elétrica nas primeiras 24 horas
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura - Comparativo da resistividade elétrica das três misturas que foram submetidas à cura de 7 dias (1-7 dias).
POTENCIAL DE CORROSÃO
Potencial de equilíbrio é o que se estabelece a partir de uma situação de equilíbrio entre duas tendências: a dos átomos metálicos, em deixar o metal e passar para a dissolução, ionizando-se e hidratando-se, e a dos cátions, em depositar-se sobre o metal. A esse equilíbrio dinâmico é correspondido uma densidade de corrente de intercâmbio, equivalente à velocidade de dissolução anódica ou de depósito de cátions, segundo a Lei de Faraday.
A utilização da medida do Potencial de Corrosão tem a vantagem de ser uma técnica não destrutiva e de fácil aplicação, não sendo necessário o emprego de aparelhos caros e sofisticados. Porém, apresenta a desvantagem de apenas fornecer uma idéia relativa e aproximada do processo de corrosão instalado sobre a armadura, ou seja, do seu registro não se obtém nenhum dado quantitativo da cinética da corrosão.
A medida do Potencial de Corrosão da armadura consiste no registro da diferença de voltagem entre a armadura e um eletrodo de referência, que é colocado em contato com a superfície do concreto. A ASTM C-876 (1991) apresenta uma correlação entre intervalos de diferença de potencial, em relação a um eletrodo de referência de Cu/S04Cu, e a probabilidade de ocorrência de corrosão.
Sensores de potencial de corrosão
•Figura 18 - Eletrodo de Cobre/Sulfato de Cobre (HTTP://corrosion-doctors.org/Corrosion-Thermodinamics/Reference-Half-Cells-Cooper)
Sensores de potencial de corrosão
•
(a) (b)
•
Figura 19 – (a) Eletrodos comerciais de dióxido de manganês (MnO
2); (b)
Instalação de eletrodo de referência de dióxido de manganês (FORCE
POTENCIAL DE CORROSÃO
Critérios de avaliação segundo a ASTM C-876.
Ecorr (mv, Cu/SO
4Cu)
PROBABILIDADE DE
CORROSÃO
> -200
< 5%
entre -200 e -350
50%
< -350
> 95%
A utilização dessa técnica para a obtenção de um mapa de linhas
equipotenciais pode ser bastante útil no momento de identificar as regiões de
caráter anódico de uma estrutura de grandes dimensões (FIGUEIREDO et al.,
1991). Esses mapas têm sido usados para planejar trabalhos de reparo de
estruturas de concreto.
Sensores de potencial de corrosão
•
Probabilidade de corrosão em função do potencial em relação
ao eletrodo de referência de Ag/AgCl
Ecms (mV) Estado da Armadura
< - 270 Sem corrosão
- 270 a -370 Possibilidade de corrosão
Sensores de potencial de corrosão
•Figura 18 - Eletrodo de Cobre/Sulfato de Cobre (HTTP://corrosion-doctors.org/Corrosion-Thermodinamics/Reference-Half-Cells-Cooper)
Potencial de eletrodo
•
Influência da umidade do concreto seco e úmido sobre o potencial de
corrosão medido (modificado de VENNESLAND et all., 2009)
Potencial de eletrodo
•Influência da distância entre o eletrodo de referência e a região em processo de corrosão sobre o potencial de corrosão medido devido às linhas de equipotenciais formadas ao redor
Potencial de eletrodo
•
Influência da espessura do cobrimento sobre o potencial de corrosão
medido (modificado de VENNESLAND et all., 2009)
CURVAS DE POLARIZAÇÃO
A expressão gráfica da função potencial-intensidade de corrente é conhecida como Curva de Polarização.
POURBAIX (1949) parece ter sido o primeiro a realizar curvas de polarização sobre armaduras de aço imersas em dissoluções saturadas de Ca(OH)2. Posteriormente,
Kaesche, Baumel e Engell realizaram o mesmo em corpos-de-prova de argamassa sem adições. Desde então, as curvas de polarização vêm sendo amplamente empregadas em concreto armado para estudar fenômenos como a formação de pares galvânicos, corrosão sob tensão e efeito da carbonatação e cloretos sobre a corrosão eletroquímica.
O traçado dessas curvas proporciona informação tanto sobre a intensidade de corrosão (método de intersecção) como sobre a morfologia do processo: corrosão generalizada ou por pites (corrosão localizada). No entanto, essa técnica apresenta o inconveniente de ser destrutiva, sendo necessário confeccionar novos corpos-de-prova após a realização de uma medida. Além disso, devido à elevada resistência ôhmica do concreto, faz-se necessário compensar essa resistência ôhmica a cada momento do traçado da curva. A técnica é empregada em laboratório.
RESISTÊNCIA DE POLARIZAÇÃO
A Resistência de Polarização é obtida da inclinação de uma rampa potenciodinâmica (ΔE /ΔI) decorrente da imposição de uma polarização catódica inicial de 10 mV/minuto em torno do potencial de equilíbrio (ANDRADE et al., 1986). A Resistência de Polarização é obtida da pendente da curva formada pela variação da corrente (ΔI) em função da variação do potencial (ΔE).
Rp = ΔE ΔI
A velocidade ou intensidade instantânea de corrosão (Icorr) é obtida a partir da Resistência de Polarização e da aplicação da fórmula de STERN; GEARY (1957).
Icorr = __B__
Rp onde,
B é a constante que varia em função das características do sistema metal/meio e que dificilmente abandona o intervalo entre 13 a 52 mV.
• Monitoração com sensores portáteis
•
(a) (b)
•
Figura 4 – (a) Sensor portátil para monitorar resistividade do concreto;
(b) Sensor para monitorar o potencial e a velocidade de corrosão
• Monitoração com sensores embutidos no
RESISTÊNCIA DE POLARIZAÇÃO
Para o caso de armaduras embebidas no concreto ou argamassa, ANDRADE; GONZALEZ (1978) encontraram experimentalmente valores para "B", que levaram à obtenção de uma aceitável concordância entre as perdas de massa gravimétricas e eletroquímicas. As discordâncias encontradas foram normalmente menores do que o fator de 2 sugerido por STERN; WEISERT (1959).
Ao dividir a intensidade de corrosão, Icorr, pela área efetiva de estudo "S", obtém-se a densidade de corrosão, icorr.
icorr = __B__ Rp. S onde,
icorr é obtida em μA/cm²; B é dado em mV;
Rp é dada em kohm; S é dada em cm².
RESISTÊNCIA DE POLARIZAÇÃO
Critérios para avaliar os resultados de velocidade de corrosão (DURAR,
1997).
icorr (μA / cm²)
VELOCIDADE DO
PROCESSO
> 1
MUITO ELEVADA
0,5 a 1
ELEVADA
0,1 a 0,5
MODERADA
< 0,1
DESPREZÍVEL
IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA
A expressão gráfica da função potencial-intensidade de corrente é
conhecida como Curva de Polarização.
O traçado dessas curvas proporciona informação tanto sobre a
intensidade de corrosão (método de intersecção) como sobre a
morfologia do processo: corrosão generalizada ou por pites (corrosão
localizada). No entanto, essa técnica apresenta o inconveniente de
ser destrutiva, sendo necessário confeccionar novos corpos-de-prova
após a realização de uma medida. Além disso, devido à elevada
resistência ôhmica do concreto, faz-se necessário compensar essa
resistência a cada momento do traçado da curva. A técnica é
empregada em laboratório.
IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA
Modelo de Randles que simula o sistema eletroquímico metal/solução
(RANDLES, 1947).
TÉCNICAS IMPORTANTES NO PERÍODO DE PROPAGAÇÃO
Re resistência do eletrólito
Cdc capacidade da dupla camada eletroquímica
Rt resistência de transferência (Rp)
IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA
Diagrama de Nyquist (a) e Bode (b), referentes ao circuito equivalente de
RANDLES, 1947.
TÉCNICAS IMPORTANTES NO PERÍODO DE PROPAGAÇÃO
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 0 0 1 1 0 Z im ( o h m s ) Z r e ( o h m s ) N y q u is t (D e f) Re Re+Rp máx 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 . 0 0 0 0 1 0 . 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 |Z | (o h m s ) F r e q u e n c y ( H z ) 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 p h a s e o f Z ( d e g ) B o d e | Z | & P h a s e (D e f) (g ra u s) Freqüência (Hz) |Z | (O h m s) 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 . 0 0 0 0 1 0 . 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 |Z | (o h m s ) F r e q u e n c y ( H z ) 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 p h a s e o f Z ( d e g ) B o d e | Z | & P h a s e (D e f) (g ra u s) Freqüência (Hz) |Z | (O h m s)
IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA
Uso da técnica de Impedância para avaliação da corrosão (FIGUEIREDO,
1994).
MEDIDA DE INTENSIDADE GALVÂNICA
Para medir a intensidade galvânica (Ig) que circula em uma pilha de
corrosão,
existem
vários
métodos.
MANSFELD
(1970),
FRAUNHOFER (1972), apud MARIBONA (1991) foram os primeiros
pesquisadores que ampliaram o uso do potenciostato para medir a
Intensidade Galvânica em estruturas de concreto.
A técnica consiste em aplicar uma diferença de potencial nula entre o
eletrodo de trabalho e o de referência, que, por sua vez, encontra-se
curto-circuitado ao contra eletrodo. A corrente indicada diretamente no
potenciostato é a Intensidade Galvânica, que circula através dos dois
tramos conectados ao potenciostato. De uso restrito ao laboratório,
essa técnica é importante no estudo das macro-pilhas de corrosão.
Um exemplo que vem sendo regularmente estudado é a influência do
tamanho do cátodo na velocidade de corrosão do ânodo.
RUÍDO ELETROQUÍMICO
Flutuações do potencial em corpos-de-prova de concreto com cloretos
(HARDON et al, 1988).
y = 0,1416e-0,005x R² = 0,8547 R = 0,9245 0,1 1 10 -800 -600 -400 -200 0 Ico rr (uA /cm² ) Ecorr (mV)