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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA, LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULA PROJETO DE PESQUISA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA, LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULA

PROJETO DE PESQUISA

Jogos de Codificação de Linguagem à luz da Teoria de Multiprecedência e Linearização: aspectos morfológicos, fonológicos, fonéticos e psicolingüísticos

PESQUISADORES

(em ordem alfabética)

Guimarães, Maximiliano (CAPES/PRODOC, UFPR/DELIN) Nevins, Andrew (Harvard University, Linguistics Department)

Silva, Adelaide (UFPR/DELIN)

(2)

1: Apresentação & Histórico

Este projeto de pesquisa reúne os pesquisadores Dra. Adelaide Silva (UFPR/DELIN), Dr. Maximiliano Guimarães (CAPES/PRODOC, UFPR/DELIN) e Dr. Andrew Nevins (Harvard University, Linguistics Department) numa empreitada interdisciplinar e interinstitucional. Trata-se de um projeto amplo, com várias vertentes internas (teóricas, analíticas e experimentais), e com objetivos a serem atingidos a médio e longo prazo, no decorrer dos próximos três a quatro anos. Nesta empreitada, contaremos com a participação de diversos colaboradores, estudantes de graduação e pós-graduação em Letras da UFPR.

A proposta de trabalho aqui inaugurada nasce como um desdobramento natural do trabalho que Maximiliano Guimarães e Andrew Nevins vêm desenvolvendo ao longo do último ano, e que culminou no artigo Opaque

Nasalization in the Língua do Pê of Salvador, Brazil (Guimarães & Nevins 2006, a ser

apresentado no GLOW, em Barcelona, em Abril de 2006), no qual se investigam padrões morfológicos e fonológicos em jogos de codificação de linguagem, mais especificamente, a Língua do Pê (LdP), usada por crianças falantes de Português Brasileiro (PB).

Um dos dialetos da LdP consiste, grosso modo, na reduplicação iterativa de todas as sílabas da palavra, substituindo-se o onset por /p/, como em (1a). Outro dialeto consiste, grosso modo, na infixação iterativa do morfema /pe/ imediatamente antes de cada uma das sílabas da palavra, como em (1b).

(1) Língua do Pê

a: dialeto I: input: /mør.ta/ output: [mør.pør.ta.pa] b: dialeto II: input: /mør.ta/

output: [pe.mør.pe.ta]

A rigor, o objeto de pesquisa tanto daquele trabalho como deste projeto não são os jogos de codificação de linguagem per se, mas sim os mecanismos mais gerais de estruturação morfológica, em especial aqueles que derivam instâncias de reduplicação e infixação. Nessa perspectiva, o estudo minucioso de jogos de codificação de linguagem se constitui numa estratégia metodológica para se testarem hipóteses várias acerca do componente morfológico da Teoria da Gramática, no que tange à estrutura, à aquisição e ao processamento psicolingüístico.

O quadro teórico que norteia o projeto é a Teoria de Multiprecedência &

Linearização (Raimy 2000a, 2000b, 2004; Nevins & Vaux 2003, Iba & Nevins 2004;

Fitzpatrick & Nevins 2004, 2005; Fitzpatrick 2004, 2005; Idsardi & Raimy 2006; Guimarães & Nevins 2006a, 2006b).

Sob essa ótica, fenômenos de reduplicação, como em (2), não envolveriam ‘afixos template’ preenchidos por operações de cópia de segmentos (McCarthy &

(3)

Prince 1995), como em (3), mas sim o estabelecimento de múltiplas relações de precedência imediata (indicadas por setas na notação), criando loops na estrutura no eixo temporal, como em (4).

(2) Reduplicação de Primeira Sílaba em Ilokano (Kenstowicz 1994: 624)

a: [kal.di˜] ‘cabra’ b: [kal.kal.di˜] ‘cabras’ (3) a: σ σ σ # _ _ _ _ k _ a _ l _ d _ i_ ˜ _ # σ σ σ # _ k _ a _ l _ k _ a _ l _ d _ i_ ˜ _ # copiar (4) σ σ # _ k _ a _ l _ d _ i_ ˜ _ #

A partir de uma representação como (4), um output como [kal.kal.di˜] – cf. 2b – é obtido da seguinte maneira.1 O algoritmo de linearização, responsável pela conversão de uma representação fonológica numa representação fonética,2

1 A exposição que se segue é uma versão simplificada do algoritmo de mapeamento assumido

nos trabalhos que originaram este projeto. Para detalhes acerca da axiomática do sistema, remetemos o leitor a Guimarães & Nevins (2006)

2 Note-se que algum mecanismo formal análogo a esse algoritmo de linearização é estritamente

necessário independentemente da Teoria de Multiprecedência & Linearização, pois as relações de precedência codificadas na representação fonológica são ainda relações abstratas atemporais, que precisam ser interpretadas e mapeadas no eixo linear do tempo cronológico. A hipótese central da Teoria de Multiprecedência & Linearização é que ordem linear stricto sensu (i.e. assimetria,

(4)

identifica o primeiro segmento (i.e. aquele que não é imediatamente precedido por nenhum outro segmento) e segue mapeando (i.e. realizando, implementando) os segmentos um a um, procedendo como uma máquina de

estados finitos (cf. Partee, ter Meulen & Wall 1993: 453-484) de acordo com as

relações de precedência imediata especificadas no input. O início da derivação é trivial, e sendo os três primeiros estados tais como em (5a-c).

(5) a: estado 1: [k] b: estado 2: [ka] c: estado 3: [kal]

Na transição do terceiro para o quarto estado, o autômato de linearização encontra uma bifurcação. Há, no input, duas relações de precedência imediata a partir de /l/. Ou seja, /l/ precede imediatamente tanto /d/ como /k/. Ocorre que é fisicamente e fisiologicamente impossível se pronunciar uma mesma ocorrência de [k] antes E depois de uma mesma ocorrência de [l], assim como também é impossível se pronunciar plenamente [k] e [d] de modo simultâneo.3 Diante disso, o sistema é forçado a fazer uma escolha. Por hipótese, essa decisão é tomada de modo deterministico, guiada por dois princípios gerais que regem o processo de linearização: (i) completude e (ii) economia (cf. Fitzpatrick & Nevins 2004). O princípio de completude demanda que a maior quantidade possível de informação presente no input seja mapeada no output (onde ‘informação’ significa: segmentos e relações de precedência entre segmentos). O princípio de economia demanda que o output deve conter a menor quantidade possível de redundância quanto a mapeamentos de informações do input. Apliquemos essa lógica ao caso concreto em (4), dando continuidade ao mapeamento em (5).

irreflexividade, transivitivade e totalidade) é uma propriedade do output fonético apenas, obtida através de um algoritmo de mapeamento; sendo possível, em níveis de representação mais abstratos (morfo-fonológicos) haver representações não-lineares (e.g. precedência reflexiva (x precede x) ou simétrica (x precede y & y precede x)). Dessa forma, seriam capturados padrões estruturais morfofonológicos, de modo a se conseguir um tratamento unificado para prefixação, sufixação, infixação, reduplicação e truncação, através dos mesmos mecanismos formais.

3 A nível fonético, observam-se vários casos de coarticulação, que, no limite, podem ser

consideradas como um tipo de “pronúncia simultânea de segmentos”, na qual, grosso modo, os articuladores se movem para posições intermediárias entre as posições-alvo da pronúncia canônica de cada segmento. Entretanto, tal fenômeno dinâmico de superfície não deve ser tomado como evidência para se dispensar um algoritmo de linearização para representações com segmentos em múltiplas relações de precedência imediata, sob pena de se fazerem previsões empíricas erradas, esperando-se muito mais simultaneidade e coarticulação do que o observado. Note-se, por exemplo, que, em relação a (4), a simultaneidade não se resumiria a {/d/ & /k/}, mas também a {/i/ & /a/} e {/˜/ & /l/}, de acordo com o ‘caminho de precedência’ estabelecido na representação. Além disso, o sistema concebido seria ineficiente em termos de processamento (e, conseqüentemente, de aquisição) pois, do ponto de vista da percepção, haveria a necessidade de freqüentemente se ‘calcular’ os segmentos simultâneos a partir de um sinal acústico excessivamente carregado de coarticulações, demandando uma complexidade computacional super elevada.

(5)

Ao detectar a bifurcação {(l_d),(l_k)}, o sistema opta por mapear a relação ‘l_k’ no estágio imediatamente seguinte, como em (5d), a fim de satisfazer o princípio de completude. Caso contrário (i.e. se a opção fosse ‘l_d‘), o autômato cairia num ‘caminho sem volta’ (i.e. d_i_˜_#F), não sendo mais possível que a máquina chegasse a um estado em que a informação ‘l_k’ pudesse ser recuperada e mapeada no output. Assim, a partir do mesmo segmento /k/ no input, é gerada uma segunda ocorrência de [k] na margem final da seqüência de símbolos do output, como em (5d).4 O mapeamento segue de modo trivial nos dois estados seguintes (cf. 5e-f).

(5) d: estado 4: [kal.k] e: estado 5: [kal.ka] f: estado 6: [kal.kal]

Na transição do sexto para o sétimo estado, o autômato de linearização novamente se depara com a mesma bifurcação {(l_d),(l_k)}. Dessa vez, o sistema opta por mapear a relação ‘l_d’ no estágio imediatamente seguinte, como em (5g), a fim de satisfazer o princípio de economia. Caso contrário (i.e. se a opção fosse ‘l_k‘), o autômato cairia novamente no mesmo loop (i.e. l_k_a_l), incorrendo na redundância de se mapear certos segmentos e certas relações de precedência mais vezes que o estritamente necessário. O mapeamento segue de modo trivial nos dois estados seguintes (cf. 5h-i).

(5) g: estado 7: [kal.kal.d] h: estado 8: [kal.kal.di] i: estado 9: [kal.kal.di˜]

Ao se atingir o nono estado, o algoritmo de linearização identifica /˜/ como o último segmento da estrutura (i.e. aquele que não precede imediatamente nenhum outro segmento), determinando a terminação do mapeamento.

Conforme demonstrado por Fitzpatrick & Nevins (2004) e Fitzpatrick (2005), o formalismo de Multiprecedência & Linearização permite capturar, através de um único mecanismo, vários tipos de padrões estruturais morfofonológicos tradicionalmente concebidos como envolvendo mecanismos distintos. Por exemplo, comparemos o fenômeno de reduplicação de primeira sílaba em Ilokano com os já familiares processos morfológicos de prefixação e sufixação em PB ilustrados em (6).

4 Essa multiplicação de occorrências de [k] (e, em seguida, de [a] e [l]) ocorre porque esta é a

única maneira de o sistema mapear todas as relações de precedência imediata em que /l/ participa. Ao se criarem duas ocorrências de [k] a partir do mesmo segmento /k/ do input pré-linearizado, tem-se uma situação em que cada uma das ocorrências de [k] instancia uma de suas propriedades relacionais, dado que seria impossível instanciá-las todas no plano fonético com apenas uma ocorrência de [k].

(6)

(6) a: prefixação

/fa.zer/ : /des.fa.zer/

b: sufixação

/ka.za/ : /ka.zas/

O que ocorre em (6) é, em essência, o seguinte. Combina-se uma palavra (ou raiz) com um morfema X que contém (i) um material segmental (com seus segmentos e relações de precedência entre eles) e (ii) dois pontos de ancoragem, especificando exatamente o que será imediatamente precedido e o que será imediatamente seguido pelo morfema X em questão. Em (6a), o material segmental é /d_e_s/, seu ponto de ancoragem inicial é a margem inicial da palavra, e seu ponto de ancoragem final é o primeiro segmento da palavra. Em (6b), o material segmental é /s/, seu ponto de ancoragem inicial é o último segmento da palavra, e seu ponto de ancoragem final é a margem final da palavra.

Em (7), introduzimos a notação utilizada para se referir a pontos de ancoragem.5 (7) a: argumentos X segmento O onset R rima N núcleo C coda σ sílaba Σ pé métrico

#I fronteira inicial de palavra #F fronteira final de palavra

b: predicados S acentuada F primeira L última ∀ toda

5Nesta notação, está implícito que aquilo que precede imediatamente o material segmental é o segmento final da unidade estrutural especificada pela âncora inicial; enquanto aquilo que se segue imediatamente ao material segmental é o segmento inicial da unidade estrutural especificada pela âncora final.

(7)

c: exemplos de pontos de ancoragem possíveis

F(X) = primeiro segmento S(σ) = sílaba acentuada L(O) =onset da última sílaba F(Σ) = primeiro pé

Nessa perspectiva, os casos de prefixação, sufixação e reduplicação de primeira sílaba vistos acima podem ser uniformemente modelados como em (8).

(8) a: prefixação

#I _ d _ e _ s _ F(s) /fa.zer/ : /des.fa.zer/

b: sufixação

L(X) _ s _ #F /ka.za/ : /ka.zas/

c: reduplicação de primeira sílaba

F(σ) _ ∅ _ F(s) /kal.din/ : /kal.kal.di˜/

Do mesmo modo, os fatos de Língua do Pê em (1) podem ser modelados como em (9) e (10), respectivamente. (9) reduplicação iterativa a: ∀(R) _ p _ ∀(R) /mør.ta/: /mør.pør.ta.pa/ b: #I _ m _ ø _ r _ t _ a _ #F   ↓↑ p1 p2 (10) infixação iterativa:6 a: X _ ∀(σ) /mør.ta/:/ pe.mør.pe.ta/ ↓ ↑ p _ e b: #I _ m _ ø _ r _ t _ a _ #F ↓ ↑ ↓ ↑ p1_ e1 p2_ e2

Em um estudo preliminar realizado por Guimarães e Nevins em Salvador-BA, em 2005, atestou-se um padrão de subaplicação de processos fonológicos na LdP que desafia as análises de reduplicação correntes e fornece evidências em favor do modelo de Multiprecedência e Linearização.

(8)

É um fato notório acerca daquele dialeto que /s/ em posição de coda é realizado como [ß] diante de coronal, de acordo com a regra de palatalização em (11), conforme exemplificado no quadro comparativo de dialetos em (12).

(11) s  ß / __ C[+coronal]

(12) São Paulo Rio de Janeiro Salvador

a: caspa /«kas.pa/ [«kas.pa] [«kaß.pa] [«kas.pa]

b: casca /«kas.ka/ [«kas.ka] [«kaß.ka] [«kas.ka]

c: casta /«kas.ta/ [«kas.ta] [«kaß.ta] [«kas.ßta]

Ao serem solicitados a produzir a palavra casta de forma codificada pela LdP (dialeto reduplicativo), as resposta típica dos falantes do dialeto de Salvador foi (13), sem palatalização alguma.

(13) [kas.pas.ta.pa]

A não palatalização da primeira ocorrência de /s/, imediatamente anterior a [p], não surpreende, dado que a regra só prevê palatalização de /s/ diante de coronais (cf. 11). O que surpreende é que a segunda ocorrência de /s/, imediatamente anterior a [t], não seja sistematicamente realizada como [ß], pois, nesse caso, /s/ se encontra exatamente no ambiente de aplicação especificado pela regra. Em princípio, o que se espera é que o output fosse [kas.paß.ta.pa]. Logo, estamos diante de um fato de ‘subaplicação’ de regra.

Uma possível interpretação para esse fato é que a subaplicação emerge diante de um conflito entre dois requerimentos contraditórios. Um deles seria a própria regra de palatalização em (11). O outro seria, por hipótese, uma condição de que, na sílaba reduplicada, todos os segmentos (exceto o [p] do onset) devem ser cópias fiéis dos seus análogos na sílaba original. Por esta razão, o [s] que se encontra imediatamente antes de [t] em (13) não se palataliza, apesar de estar no ambiente de aplicação da regra, isso porque esse [s] deve, sobretudo, satisfazer o requerimento de ser uma cópia fiel do [s] da sílaba original, o qual, por sua vez, deve ser não-palatal, por estar diante de [p] e, conseqüentemente, não estar sujeito à regra. Note-se que esta análise pressupõe um formalismo baseado em afixos template, preenchidos através de operações de cópia de segmentos (McCarthy & Prince 1995). Uma séria questão residual é a seguinte: por que o requerimento ‘cópia fiel’ seria mais importante que o requerimento de palatalização especificado pela regra em (11)? Se fosse o contrário, a forma prevista seria [kas.paß.ta.pa]. De onde vem essa assimetria no ‘peso relativo’ de cada requerimento? A possibilidade imediatamente óbvia é que tais requerimentos seriam restrições violáveis num sistema tal como previsto pela Teoria de Otimalidade (Prince & Smolensky 1993), e o ‘peso relativo’ observado

(9)

nos dados típicos do dialeto de Salvador seria apenas uma das parametrizações possíveis previstas pela Gramática Universal (GU).

Tal análise, entretanto, faz previsões erradas acerca de outros fatos da LdP falada em Salvador-BA.

A fim de controlar devidamente as variáveis, Guimarães & Nevins criaram uma variante daquele mesmo jogo de codificação de linguagem chamada de Língua do Tê. Trata-se do mesmo mecanismo do jogo de reduplicação iterativa em (9), porém o segmento que preenche os onsets das sílabas reduplicadas não é /p/, mas sim a oclusiva coronal /t/, como em (14).

(14) Língua do Tê

a: ∀(R) _ t _ ∀(R) /kas.pa/: /kas.tas.pa.ta/ b: #I _ k _ a _ s _ p _ a _ #F

  ↓↑ t1 t2

Aqueles mesmos informantes, quando fluentes na Língua do Tê (após terem sido devidamente treinados), foram solicitados a codificar palavras como

caspa nesse novo jogo, e a resposta típica foi como em (15), também sem

palatalização alguma. (15) [kas.tas.pa.ta]

Nesse caso, a análise em termos de Teoria de Otimalidade esboçada acima faria a previsão errada de que o output seria a forma não-atestada *[kaß.taß.pa.ta], pois o /s/ que se encontra na sílaba original precede imediatamente /t/, sendo portanto sujeito à regra de palatalização e sendo convertido em [ß]; enquanto o /s/ que se encontra na sílaba reduplicada deveria ser também realizado como [ß] para satisfazer ao requerimento das cópias fiéis.

Diante desse segundo fato, uma hipótese a ser considerada é que, por alguma razão, a regra de palatalização em (11) simplesmente não se aplicaria em jogos de codificação de linguagem desse tipo, que talvez não fossem regidos pela gramática propriamente dita, mas sim por outros mecanismos cognitivos de formação de estrutura no plano metalingüístico. Entretanto, tal possibilidade deve ser descartada diante do fato de que a regra de palatalização realmente opera em tais contextos, como no exemplo a seguir. Os mesmos informantes foram solicitados a codificar palavras como casta na Língua do Tê, e a resposta típica foi como em (16), com ambas as ocorrências de /s/ realizadas como palatal.

(10)

De acordo com o modelo de Multiprecedência & Linearização, é possível modelar os fatos com base nos desiderata do sistema. As estruturas morfológicas dos exemplos (13), (15) e (16) acima, seriam (17a), (17b) e (17c), respectivamente. (17) a: #I _ k _ a _ s _ t _ a _ #F [kas.pas.ta.pa]   ↓↑ p1 p2 b: #I _ k _ a _ s _ p _ a _ #F [kas.tas.pa.ta]   ↓↑ t1 t2 c: #I _ k _ a _ s _ t _ a _ #F [kaß.taß.ta.ta]   ↓↑ t1 t2

Note-se que, em todos os casos, há apenas uma instância de /s/ na estrutura morfofonológica que serve de input para a aplicação da regra. A previsão imediata é que, no nível fonético após a linearização, todas as ocorrências deste segmento sejam idênticas, pois foram criadas a partir de um mesmo e único segmento, que será palatal ou não a depender do fato de a regra ter sido aplicada ou não.

Em (17a) e (17b), o segmento /s/ é imediatamente precedido tanto por /t/ como por /p/, o que viola o requerimento implícito na regra em (11) de que, para ser convertido em [ß], o segmento /s/ deve ser imediatamente precedido por coronal em todos os seus ambientes. Remetemos o leitor a Guimarães & Nevins (2006) para os detalhes de formalismo matemático envolvendo quantificação sobre ambientes.

Apesar da previsão de que a fricativa se palatalize a depender da aplicação da regra em (11) e de que todas as ocorrências desse segmento sejam idênticas, justamente como resultado da aplicação da regra mencionada, é preciso considerar uma outra previsão, a de que haja variabilidade na palatalização da fricativa, em função não só da natureza da consoante seguinte a ela, mas também a fatos como a força de fronteira – como, no caso, a fronteira silábica.

2. Objetivos

Um dos objetivos imediatos deste projeto é testar as diversas previsões empíricas feitas pelo modelo de Multiprecedência e Linearização em relação a processos de alofonia em estruturas morfológicas complexas contendo loops a serem linearizados.

(11)

Em especial, serão estudados casos de sobreaplicação, subaplicação e aplicação normal em estruturas de reduplicação e infixação iterativas de jogos de codificação de linguagem, nos quais um material segmental extra é intercalado entre as sílabas originais, alterando o ambiente de aplicação da regra.

Seguindo (e refinando) a metodologia usada no estudo piloto realizado em Salvador-BA (mencionado no fim da seção anterior), a proposta deste projeto é proceder com a comparação entre dados de diversos jogos de linguagem produzidos pelos mesmos falantes. Até onde sabemos, tal metodologia nunca havia antes sido implementada em estudos sobre jogos de linguagem, e faz-se crucial para que se possa efetivamente isolar todas as variáveis relevantes relativas ao material segmental que se intercala entre as sílabas, e, conseqüentemente, controlar o ambiente de aplicação da regra.

Desse modo, serão realizados vários experimentos com novos jogos de linguagem, criados especialmente para os propósitos desta pesquisa.

Dentre as muitas hipóteses a serem testadas, há um destaque natural para a previsão forte de que estruturas reduplicativas devam sempre exibir ou sobreaplicação ou subaplicação, nunca aplicação normal, devido ao fato de a regra se aplicar a uma estrutura que contém apenas um token do segmento a ser afetado.

Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, tal previsão do modelo não é incompatível com fenômenos de aparente aplicação normal de regras fonológicas, como em (18b).

(18) /s/  [z] / ___ [+sonoro]

a: fisgar [fiz.gah]

b: fispisgarpar [fis.piz.gah.pah]

Fenômenos deste tipo podem ser contra-exemplos para a nossa hipótese ou não, a depender dos padrões fonéticos exibidos na alofonia, e que só podem ser devidamente observados através de experimentos fonético-acústicos sistemáticos. Essa possibilidade de que fenômenos do tipo (18) não sejam contra-exemplos reais reside numa nuance importante da previsão do modelo. O que se prevê é que apenas as alofonias oriundas de processos estritamante fonológicos de manipulação de símbolos em representações abstratas não possam exibir aplicação normal (pois a hipótese central é que tal manipulação de símbolos se dá a partir de uma estrutura com loops apontando para um mesmo segmento, em vez de múltiplas cópias deste segmento). Isso não impede que haja alofonias originadas no plano fonético, pós-linearização, oriundas não de regras fonológicas, mas sim de mecanismos dinâmicos na implementação. Com o arsenal experimental adequado, esta hipótese pode ser facilmente testada, pois alofonias dinâmicas desse tipo se apresentam de forma gradiente. A previsão última é que casos de aplicação normal se apresentem de forma gradiente, enquanto casos de sobreaplicação e subaplicação se apresentem de forma não gradiente.

(12)

Fatos como a variabilidade de realização de um segmento eram, até a década de 80, considerados pela literatura como um “detalhe fonético” de natureza meramente implementacional e que, por isso, não deveriam ser contemplados na gramática de uma língua. A partir de então, porém, vários estudos relatam que a variabilidade de produção se mostra condicionada por fatos prosódicos, como força de fronteira ou velocidade de fala – vide, e.g., Sproat & Fujimura, 1993; Huffman, 1997; Gick, 1999; Silva & Albano, 1999; Albano, 2001 – ou ainda pela natureza de segmentos adjacentes ao observado – vide, e.g., Keating, 1985.

Esses novos achados levaram ao argumento de que esses fatos, ou esse “detalhe fonético”, não são meramente mecânicos e devem ser contemplados nas gramáticas das línguas. Tal argumento suscita a questão de como contemplar fatos gradientes em modelos categóricos como os existentes até a primeira metade da década de 80. Surgem, então, com o objetivo de tentar representar na gramática fatos de natureza gradiente, os modelos dinâmicos de produção da fala, cujo expoente é a Fonologia Articulatória de Browman & Goldstein (1986, 1989, 1990, 1992).

A Fonologia Articulatória (FAR) assume o gesto articulatório como primitivo teórico, abandonando noções como as de traços distintivos ou segmentos. A natureza do gesto articulatório é, ao mesmo tempo, numérica (concreta) e discreta (abstrata). Por um lado, o gesto articulatório é numérico devido ao fato de ser definido em termos da equação dinâmica que descreve o movimento oscilatório de um sistema dinâmico simples, do tipo massa-mola7. Por outro lado, Browman & Goldstein (op. cit.) argumentam que o gesto articulatório é um padrão de movimentos, e uma vez que tal padrão é aprendido, é internalizado pelo sujeito, tornando-se assim uma unidade simbólica. Assumem, portanto, que unidades discretas emergem de unidades numéricas.

Cabe acrescentar que, por ser definido em termos de uma equação dinâmica, o gesto articulatório tem tempo intrínseco. Esta propriedade resulta diretamente do parâmetro “rigidez”, especificado na equação dinâmica e responsável pela sobreposição gestual, a qual promove as alofonias gradientes.

A Fonologia Articulatória pode, então, fornecer boas explicações para fatos como aqueles descritos acima, e também para outros que reproduzimos abaixo, igualmente extraídos de Guimarães & Nevins (2006):

(19) [fa.«mi.li.a]8

a: [fa.pa.mi.pi.li.pi.a.pa] b: [fa.pa.mi.pi.Òa.pja] c: [fa.pa.mi.pi.Òa.pa]

7 Para maiores detalhes acerca dessa equação, como os parâmetros que a definem, remetemos o

leitor a Browman & Goldstein (1986).

8 Embora tentemos oferecer uma transcrição fonética dos dados, esta é uma transcrição larga, que

(13)

Os autores encontraram entre os sujeitos três codificações possíveis para a palavra “família” na língua do Pê. Assim, (19a) poderia ser o output para sujeitos que consideram um input exatamente como [fa.«mi.li.a], a qual apresenta a seqüência “lateral alveolar + [i]”. (19c) é um output possível para falantes que consideram um input com uma seqüência “lateral palatal + [i]”, ao invés da lateral alveolar. Esse input corresponderia a [fa.«mi.Òa], uma pronúncia freqüente, no português brasileiro, para a seqüência de sons em questão.

De qualquer modo, o item mais interessante é (19b). Como mencionado na nota 8, acima, a transcrição proposta é uma transcrição larga, por isso (19b) poderia também ter sido transcrito como [fa.pa.mi.pi.lja.pja]. Ou seja, é como se o falante reconhecesse que a palatalização se sobrepõe à lateral, gerando uma espécie de “lateral palatalizada”, não uma lateral palatal. Como resultado, diferentemente dos outros dados, o onset silábico não é inteiramente substituído por [p] – o que corresponderia à aplicação da regra geral da Língua do Pê -, mas apenas um “pedaço” do onset, aquele que corresponde à lateral, é substituído. A palatalização permanece intacta, como a vogal do núcleo silábico.

Diante do exposto, surge a questão sobre como lidar com tal fato. Os modelos fonológicos que assumem primitivos teóricos com tempo extrínseco poderiam lidar com ele assumindo que alguns traços da lateral se espraiam na direção da consoante da sílaba seguinte. Mas isto seria esperado em todos os casos, evitando assim a ocorrência de (19b).

Uma análise à luz da FAR, por outro lado, pode lidar com (19b) e (19c), ao mesmo tempo, assumindo que os gestos responsáveis pela palatalização e lateralização estão faseados e, dependendo das especificações das relações de fase na equação dinâmica, os gestos podem ser mais ou menos sobrepostos, o que resultaria em representações como estas presentes nas pautas gestuais em (20), abaixo:

(20) (a) (b) (c)

As pautas gestuais9 acima são uma sobressimplificação da representação proposta por Browman & Goldstein (op. cit.) e ilustram, respectivamente em

9 As pautas gestuais são a representação proposta pela Fonologia Articulatória para o tempo de

ativação de um gesto (dado pelo eixo horizontal das caixinhas), a magnitude gestual (expressa pelo eixo vertical das caixinhas) e as relações de faseamento entre os gestos. Em (20), assumimos que: (i) a magnitude e a ativação dos gestos responsáveis pela lateralização e pela palatalização são idênticas; (ii) que a representação da lateralização e da palatalização requerem, cada uma,

l i l i l i

(14)

(20a), (20b) e (20c) os graus de sobreposição que se podem esperar dos gestos.10 Obviamente, há graus intermediários de sobreposição entre (20a) e (20b), bem como entre (20b) e (20c), mas nós não sabemos, ainda, as conseqüências empíricas dessa assunção teórica.

De qualquer modo, espera-se, como resultado da sobreposição gestual, que quanto menor ela for, a exemplo do esquematizado em (20a), menos o segmento constituído pelos gestos em questão tenderá à lateral alveolar, o que levaria a outputs semelhantes a (19a); inversamente, quanto maior a sobreposição gestual, como em (20c), mais o segmento tenderá à lateral palatal, engendrando assim outputs como (19c). Em casos de sobreposição parcial, como esquematizado na pauta em (20b), espera-se, como output, algo como (19b), exibindo a lateral palatalizada.

Caso fatos como os de (19), acima, se mostrem consistentes em jogos de linguagem, entre um maior número de sujeitos, teremos, então, fortes evidências a favor de uma representação dinâmica para os processos fônicos verificados e, conseqüentemente, argumentos robustos para se inserir uma abordagem dinâmica no modelo de Multiprecedência e Linearização.

Por outro lado, empregar a FAR na análise dos dados obtidos dos jogos de linguagem pode ser uma tarefa de mão-dupla: podemos fornecer uma análise acurada para os dados e, além disso, podemos tentar melhorar alguns aspectos teóricos do modelo. Como o modelo originalmente assume a inexistência de um nível fonológico – Browman & Goldstein (1992) argumentam que o nível fonético pode dar conta tanto da representação como da implementação dos segmentos, devido à natureza do gesto articulatório – a expectativa é de que a fonética interaja diretamente com a sintaxe. Esta assunção deixa algumas lacunas para serem preenchidas, especialmente quando consideramos fatos morfológicos que interagem com os fonológicos.

Em praticamente todos os trabalhos dentro do modelo de Multiprecedência e Linearização,11 há dados de reduplicação que fornecem bons exemplos desses fatos. Há casos de reduplicação de primeira sílaba, de sílaba acentuada, do primeiro pé, da palavra inteira, etc, havendo reflexos no nível morfológico (flexões nominais e verbais de número, pessoa, tempo, etc). Mais ainda, alguns fatos da cadeia da fala – como assimilação – se aplicam devido à interação com o nível fonológico.

Tais dados, conseqüentemente, corroboram a hipótese de que não é possível ao nível fonético enxergar o sintático diretamente, sem níveis intermediários, como argumentado por Browman & Goldstein (op.cit.)

Este é um aspecto da FAR que precisa ser melhorado, para que o modelo dê conta também de fatos relacionados ao nível morfológico. Não sabemos, apenas um gesto. Como uma simplificação da representação, (20) basta por hora, mas é necessário averiguar se as assunções em (i) e (ii) de fato são verdadeiras.

10 Sobreposição nula em (20a), sobreposição parcial em (20b), e sobreposição total em (20c).

11 cf. Raimy 2000a, 2000b, 2004; Nevins & Vaux 2003, Iba & Nevins 2004; Fitzpatrick & Nevins

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ainda, como tais alterações podem ser implementadas ao modelo, mas talvez pensar na interação com a Teoria de Multiprecedência e Linearização possa ser – também nesse sentido – um caminho interessante e profícuo.

3. Experimentos

Para testar as hipóteses levantadas acerca da natureza dinâmica de certos fatos observados por Guimarães & Nevins (2006), como a palatalização da fricativa em dados como (12-17) supra, ou como a realização variável da lateral palatal, como em (19), nos jogos de linguagem, será necessário conduzir experimentos de produção mais controlados do que o piloto inicial a partir dos quais se obtiveram os dados em questão.

Desta vez, como os membros do projeto no Brasil são filiados à Universidade Federal do Paraná, o dialeto tomado para a investigação será o dialeto falado no estado do Paraná ou adjacências. A condição para a escolha de um dialeto específico será a existência, aí, de fatos análogos aos observados para o dialeto de Salvador, ou seja, a variabilidade de realização de coda silábica aparentemente condicionada pela natureza da consoante do onset da sílaba seguinte.

Identificado no dialeto um fato semelhante aos já observados, terá procedência a montagem do experimento.

Esta etapa deve consistir, basicamente, na escolha de palavras que constituirão o corpus a ser codificado durante a aplicação de um dos jogos de linguagem – como a língua do P ou outros jogos de linguagem a serem inventados, como a língua do T, a exemplo do que já se tinha feito, por ocasião do estudo-piloto com o dialeto soteropolitano. Ressalte-se que a escolha das palavras do corpus deverá atender ao critério estrutural que prevê uma consoante em coda silábica, seguida de consoante em onset a qual, hipoteticamente, promova a variabilidade de produção da coda.

Numa etapa seguinte, serão escolhidos os sujeitos para o experimento. Cabe observar que, inicialmente, este projeto prevê que os sujeitos do experimento sejam adultos e também crianças, as quais receberão, como os adultos, um treinamento para aprenderem os jogos de linguagem. A inclusão de crianças como sujeitos do experimento visa a testar a possível ocorrência de vieses da escrita na codificação dos adultos, conforme mencionado na sessão anterior Dados produzidos por crianças em idade pré-escolar seriam supostamente mais “limpos” que dados produzidos por adultos, que podem recorrer a uma memória ortográfica de determinada palavra no momento de convertê-la.

Os dados deverão ser colhidos em ambiente com tratamento acústico12 para se obter sinal de boa qualidade. O sinal acústico, então, será submetido a

12 Temos utilizado o LACOMUS, laboratório de música do Departamento de Artes da UFPR, para

coleta de dados. Deveremos continuar a utilizá-lo, dada a inexistência de espaço semelhante no Departamento de Lingüística.

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análise, a qual visa observar especialmente a existência de coarticulação entre os segmentos das palavras-alvo – i.e., aquelas convertidas durante a aplicação de um jogo de linguagem – e a realização da consoante em coda supra referida. Parâmetros físicos como medida de freqüência dos formantes e duração dos segmentos serão tomados para se observar o comportamento dos segmentos. Nossa hipótese inicial é a de que muita coarticulação entre consoante de coda e consoante seguinte pode sinalizar a opacidade do segmento inserido durante o jogo de linguagem à influência da consoante originalmente seguinte à coda. Assim, por exemplo, numa palavra como “casta”, convertida na língua do P como “cas-pas-ta-pa”, a existência de grande coarticulação, que em hipótese resultaria na palatalização do segmento /s/, pode ser pista de que a consoante /t/ influencia a realização da fricativa, mesmo havendo entre elas a sílaba “pas”. Além disso, a eventual observação intra-sujeitos de gradiência na palatalização de /s/ será pista da natureza dinâmica do fato verificado e argumento em favor do tratamento dinâmico dos procedimentos envolvidos nos jogos de codificação da linguagem, como mencionado no item 3 deste projeto. Caso, porém, não se verifique a gradiência na realização da fricativa e nem uma forte coarticulação entre a fricativa e a consoante que a segue, tem-se o fortalecimento de um outro argumento, o de que as fronteiras silábicas desempenham papel importante na codificação em questão e, conseqüentemente, que modelos dinâmicos de produção de fala necessitam incorporar noções como as de sílaba13 para poderem lidar com fatos semelhantes aos tratados.

Assim, em suma, este primeiro conjunto de experimentos deverá fornecer dados empíricos para que se teste: (a) o alcance de Teoria de Muldiprecedência e Linearização, no que diz respeito à análise fônica dos fatos encontrados nos jogos de codificação de linguagem; (b) os limites de modelos dinâmicos de produção de fala – especialmente a Fonologia Articulatória – para lidar com fatos de natureza morfofonológica.

Frise-se que o objetivo do projeto é justamente esse: testar os limites dos dois modelos mencionados, buscando nos dados obtidos através dos jogos de linguagem evidências e contra-evidências empíricas para os argumentos construídos. Ao mesmo tempo, trata-se de buscar a interação entre os dois modelos, num esforço inédito na literatura lingüística.

4. Resultados Esperados

Pretende-se, no desenrolar deste projeto, produzir diversos artigos acerca dos vários subtemas da pesquisa e submetê-los a publicação em periódicos (nacionais e internacionais), bem como apresentá-los em conferências (nacionais e internacionais), com trabalhos em co-autoria, inclusive envolvendo os alunos ligados ao projeto. Espera-se ainda, num prazo maior de tempo, que os alunos

13 Cabe ressaltar que, num modelo como a Fonologia Articulatória, a noção de sílaba não se faz

presente devido ao pressuposto de que a fonética “enxerga” diretamente a sintaxe, não havendo entre esses dois níveis outros intermediários, como o fonológico ou o morfológico.

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desenvolvam projetos de iniciação científica e dissertações de mestrado, abordando temas relacionados a aspectos que terão ajudado a desenvolver no interior do grupo.

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Referências

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