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ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO LITORAL NORTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

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Academic year: 2021

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II Reunión sobre el Cuaternário de América del Sur

ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO LITORAL NORTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Cunha1, E. M. S.; Maia2, L. P.; Leal2, J. R. L. V.;Gastão2, F. G. C.

1

IDEMA - Instituto de Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Norte - Av. Nascimento de Castro, 2127- Lagoa Nova - CEP:59056-450-Natal-RN; 1eugeniomsc@rn.gov.br

2

LABOMAR -Instituto de Ciências do Mar - Av. da Abolição, 3207 - Meireles.CEP:60.165-081- Fortaleza-CE, 2limaverdeleal@gmail.com,2parente@ufc.br,2geo_gleidson@yahoo.com.br

RESUMO

O Programa de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) foi estabelecido pelo Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal através de diretrizes. Sua função é proporcionar uma base técnico-científica e operacional para o planejamento da ocupação do território. O projeto realizou o mapeamento geoambiental do litoral setentrional do RN, identificando os ambientes e suas unidades geoambientais, estudando suas capacidades de suporte, usando técnicas de geoprocessamento, sensoriamento remoto e campanhas de campo. Neste trabalho foram identificados três ambientes nos quais foram englobadas todas as unidades: Frente Marinha, Corredor Fluvial e Terras Altas. A Frente Marinha abrange desde a plataforma no limite das 12 milhas marítimas, até as praias com seus acidentes geográficos, bermas ou falésias, os depósitos submersos e recifes de arenito, calcário e beachrocks, os cordões litorâneos, os terraços marinhos, planície de deflação, campos de dunas móveis e fixadas por vegetação, paleodunas e eolianitos. O Corredor Fluvial corresponde ao canal do rio, à vegetação, às barras, aos riachos e à planície de inundação. As Terras Altas são representadas no litoral norte do RN pelos tabuleiros sobre as Formações Barreiras e Jandaíra. Excetuando os tabuleiros, todas as unidades geoambientais mapeadas no litoral do Estado, ou são APP’s, ou devem ser estudadas antes de liberação para qualquer uso e ocupação. Palavras chave: Unidades Geoambientais, Geomorfologia Costeira, Geoprocessamento.

ABSTRACT

The program of Ecological-Economic Zoning (EEZ) was proposed by the Ministry of Environment and Legal Amazonia. It has as aim to offer a technical-scientific base useful to plan the territory occupation. This project prepared geo-environmental maps of the Northern Rio Grande do Norte coast, identifying the environments, and its geo-environmental unities, studying the (support capacity), using techniques of remote sensing and field survey. It was identified three environments that embody all environmental unities: Marine Front, Fluvial Corridors and High Lands. The marine front gather the platform until the limit of 12 miles, the beaches with berms and cliffs, submarine deposits, sandstone, limestone and beachrocks reefs, spits, marine terraces, deflation planes, dunes fields mobile, fixed by vegetation, paleodunas and eolianites. The fluvial corridor corresponds to the river channel, vegetation, banks, bars, tributaries and flood plains. The high lands are represented by “tabuleiros” developed on Barreiras and Jandaíra formations. Except the “tabuleiros”, all the environmental unities mapped on the Northern Rio Grande do Norte coast are Permanent Preservation Areas (APP) or must be studied before liberation to antropic activities.

Keywords: Units Geoambientais, Coastal geomorphology, Geoprocessament. INTRODUÇÃO

O Programa de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) foi estabelecido pelo Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal através de um roteiro metodológico: Diretrizes Metodológicas para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil (2004), que fornecem os arranjos institucionais, os fundamentos conceituais, além das diretrizes para os procedimentos operacionais exigidos para sua realização no território nacional visando à criação de uma base técnico-científica e operacional para o planejamento estratégico de uso e ocupação do território, gerando propostas sustentáveis para o uso dos recursos naturais. As informações levantadas neste projeto serão levadas às comunidades envolvidas através de audiências públicas para discussões e sugestões, antecedendo a legislação de uso e ocupação da zona litorânea do Estado.

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No trabalho foi realizado o Mapeamento Temático Geoambiental da Zona Costeira do RN nas escalas de 1:10.000 e 1:25.000, respectivamente para as células costeiras e a nível de município (Fig. 1), identificando os ambientes e suas unidades geoambientais, individualizando-as e diferenciando-as em mapas, além de determinar suas capacidades de suporte, sugerindo suas aptidões de uso e ocupação. Os estudos estão baseados na utilização de técnicas de geoprocessamento (Duarte & Amaral 1998, Silva & Dutra 2005), sensoriamento remoto e campanhas de campo com a utilização de receptores GPS para checagem local, utilizando para tanto imagens dos satélites LANDSAT (2002), SPOT (2005), Quickbird (2005/2006) e Ortofotocartas (IDEMA / PRODETUR-2006), visando à individualização e quantificação das unidades geoambientais mapeadas e a concepção de um Banco de Dados Geográfico em estrutura SIG (Sistema de Informações Geográficas), além da programação de uso e ocupação do solo da região costeira, juntamente com a integração com os mapeamentos já realizados nas áreas estuarinas do litoral do estado do Rio Grande do Norte.

Figura 1 – Zona Costeira do Estado do Rio Grande do Norte. Destaque das áreas estudadas no litoral setentrional.

Técnicas de Geoprocessamento

O tratamento das imagens de satélite contou com duas etapas, nas quais são: pré-processamento digital e o processamento digital.

Pré-Processamento Digital

Em muitas aplicações de processamento de imagens é necessário comparar várias delas contendo a mesma cena, adquiridas por diferentes sensores, ou imagens de mesmo sensor, mas de épocas diferentes. Essas imagens podem ter relativa translação, rotação e escala, e outras transformações geométricas entre elas (Silva & Dutra 2005).

No presente trabalho a correção geométrica (registro de imagens) foi a técnica utilizada para resolver essa questão das transformações citadas no parágrafo anterior. Silva & Dutra (op. cit.), comentam que o registro de imagens estabelece a correspondência entre duas imagens e determinar a transformação geométrica que alinhe uma com a outra. E através do registro de imagens é possível realizar a análise multi-temporal, a combinação de imagens de diferentes sensores, a combinação de resolução espacial com espectral, a elaboração de mosaicos, a integração de uma imagem à base de dados existente num

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Sistema de Informação Geográfica (SIG). Para que seja feita a correção geométrica das imagens, os autores sugerem a obtenção de pontos de controle em diferentes imagens de satélites. A obtenção destes pontos é feita a partir de feições que estão presentes tanto na imagem base como na imagem ajuste. Definem-se como feição, estruturas salientes nas imagens, nas quais são: regiões significativas (florestas, lagos e campos), linhas (contornos de regiões, linhas costeiras, estradas e rios) ou pontos (cantos de regiões, intersecções de linhas e pontos em curvas com alta curvatura).

Processamento Digital

O sistema de processamento digital das imagens possibilitou a extração de informações dos produtos obtidos, gerando imagens temáticas. Para o presente trabalho foram geradas imagens que realçaram os limites das unidades geoambientais mapeadas.

A principal técnica de geoprocessamento aplicada foi a composição colorida (Duarte e Amaral 1998) das imagens LANDSAT.

As composições coloridas foram obtidas por um processo que combinou simultaneamente três bandas das imagens multiespectrais com as três cores primárias – RGB (Red, Green e Blue), vermelho, verde e azul. A seleção dos melhores tripletes foi realizada através de observação visual. Os tripletes estão definidos nas diferentes composições das bandas multiespectrais e cada composição tem sua resposta para determinado objetivo. Para o presente trabalho foram usadas as composições 321, 432 e 543.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste trabalho foram identificados três ambientes nos quais foram englobadas todas as unidades: Frente

Marinha, Corredor Fluvial e Terras Altas. A Frente Marinha abrange desde a parte submersa da

plataforma no limite das 12 milhas marítimas, até as praias com seus acidentes geográficos, bermas ou falésias, os depósitos submersos e recifes de arenito, calcário e beachrocks, os cordões litorâneos e os terraços marinhos, as feições modeladas pelo vento como planície de deflação, campos de dunas móveis, fixadas por vegetação, paleodunas e eolianitos, lagunas e lagoas freáticas ou formadas por barramento dos rios, nas proximidades da foz. Os depósitos litorâneos submersos são formados pelo avanço do rio no mar, gerando barras longitudinais ou diques, que podem aumentar, mas permanecendo submersas devido à ação das ondas. São mais comuns na foz dos rios Piranhas-Açu, Apodi-Mossoró (Figura 2) e no sistema estuarino Galinhos-Guamaré. Os calcários da Formação Jandaíra e Touros e os arenitos da Formação Açu e Barreiras, além dos beachrock (Figura 3), que se sobressaem na praia ou na superfície do mar servem como dissipadores de energia das ondas do mar. No litoral do Rio Grande do Norte foram todos agrupados como recifes.

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Figura 3 – Beachrock em praia reflectiva.

As praias são áreas recobertas de areias ou pedregulhos, compreendidas entre o nível de maré baixa e maré alta. As falésias tanto podem ser o limite superior das praias, como ocupar totalmente o estirâncio, quando elas têm o sopé avançando além do nível mais inferior de baixa-mar. O limite superior, além das falésias, pode ser marcado pelas bermas, terraços marinhos e vegetação da planície de deflação. Mais raramente, pelas dunas. Os cordões litorâneos se formam na praia pelo recuo do mar, são paralelos ao litoral e constituídos de areias não consolidadas, ligados ou não ao continente. São comuns nas desembocaduras de rios em regiões dominadas por marés ou ondas (Figura 4). No Rio Grande do Norte a maior distribuição dos cordões litorâneos está condicionada ao litoral norte, devido à dinâmica eólica paralela à costa. Os terraços marinhos são formados quando o mar recua deixando um depósito arenoso de forma tabular, plano e pouco elevado. Eles têm granulação média, são dominantemente quartzosos, mas contendo fragmentos de conchas e seixos. As planícies de deflação são superfícies planas que iniciam no limite de maré alta em que predomina erosão por processos eólicos e se prolongam até o sopé dos campos de dunas. Elas podem ser formadas pela deflação do vento que vai retirando as areias mais finas, até atingir o nível freático ou pelo avanço de campo de dunas progressivas rumo ao continente, deixando para trás uma superfície plana e horizontalizada.

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As dunas móveis são depósitos de areias eólicas não consolidadas, formando elevações e desprovidas de vegetação. As dunas fixas diferem das dunas móveis por serem recobertas por vegetação (Figura 5), enquanto que paleodunas são depósitos eólicos mais antigos, de cor avermelhada, sem forma definida, apresentando na porção superior o desenvolvimento de solos. Os eolianitos ou cascudos foram definidos como: “depósitos eólicos cimentados por carbonatos em ambiente continental com diagênese próxima à superfície, envolvendo principalmente águas pluviais” (LABOMAR-SEMACE, 2006). A vegetação tem muita influência nas formas das dunas costeiras e algumas são características da ação fixadora das plantas: dunas hummock, parabólicas e lineares vegetadas. A formação dos grandes campos de dunas móveis e lençóis dunares (sand sheets), se dá quando ocorre a subsidência das costas, com erosão intensa dos sedimentos litorâneos e redistribuição ao longo das praias, onde os ventos retiram as areias para construir as dunas.

Os Corredores Fluviais correspondem aos canais dos rios e a vegetação em ambos os lados dos canais, as barras, riachos e a planície de inundação que é composta do estuário com sua planície flúvio-marinha, os afluentes e gamboas, e a planície fluvial com seus meandros abandonados e lagoas. As planícies flúvio-marinhas são as superfícies planas dos estuários com cotas entre o nível médio de maré baixa de sizígia e o nível médio de maré alta equinocial. Nela estão os manguezais, salgados e apicuns. A planície fluvial é a superfície imediatamente acima do nível superior do médio-litoral superior. Ela é uma planície de inundação do rio, mas sem influência marinha. As Terras Altas nunca são inundadas, mesmo nas maiores enchentes.

Figura 5 – Campo de dunas móveis vegetadas em planície de deflação entre ponta do calcanhar e touros. CONCLUSÕES

As unidades geoambientais mapeadas no litoral norte do estado Rio Grande do Norte mais estáveis, do ponto de vista de uso e ocupação, são os tabuleiros. As planícies de deflação e fluvial vêm em seguida, porém com restrições, principalmente nos estuários do litoral setentrional. As demais, ou são Áreas de Preservação Permanente (APP) ou devem ser estudadas em detalhe antes de liberação para qualquer uso e ocupação. A aplicação mais imediata deste mapeamento é o disciplinamento do uso e ocupação do solo e para isso será necessário a criação de uma legislação que proteja as unidades geoambientais e os acidentes geográficos mais sensíveis. Os mapas gerados neste projeto devem servir de base para tomada de decisão pelos órgãos licenciadores para estabelecimento de prioridade nos projetos turísticos e indicação de áreas interditadas a edificações, além do estabelecimento de critérios de prioridade das obras estruturantes fundamentais ao desenvolvimento sócio-econômico do Estado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUARTE, M. I. M., & AMARAL, G. 1998. Processamento Digital de Imagem do Landsat5-TM na Região NE do Quadrilátero Ferrífero (Supergrupo Rio das Velhas), MG – Brasil. Anais IX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Santos, Brasil, 11-18 setembro 1998, INPE, p. 384-394.

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LABOMAR-SEMACE 2006. Zoneamento Ecológico-Econômico do Ceará (Zona Costeira). Elaborado pelo Instituto de Ciências do Mar – LABOMAR e Publicado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE, Fortaleza.150 pp.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. 2004. Diretrizes Metodológicas para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil. Brasília - Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável. MMA. 124 pp.

SILVA, J. C. & DUTRA, L. V. 2005. CASA-F: Uma Ferramenta para Obtenção de Pontos de Controle por Casamento de Feições. Centro Técnico Aerospacial (CTA) e Instituto de Pesquisa Espacial (INPE).

Referências

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