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Estratégia Regional de Enfrentamento ao Tráfico de Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual na Região do MERCOSUL

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Estratégia Regional de Enfrentamento ao Tráfico de Crianças e Adolescentes

para Fins de Exploração Sexual na Região do MERCOSUL

Rio Grande, abril de 2010.

Relatório Final do Diagnóstico Rápido Participativo dos Municípios

Fronteiriços do Estado do Rio Grande do Sul - Brasil

(2)

2 Instituição Financiadora

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

Instituição Governamental

Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH)

Organismo Executor

Fundação de Apoio à Pesquisa da Universidade do Mato Grosso do Sul (FAPEC/ UFMS)

Executores Técnicos Regionais no Brasil

Programa Escola de Conselhos da Universidade do Mato Grosso do Sul (UFMS)

Centro de Estudos Psicológicos sobre Meninos e Meninas de Rua da Universidade Federal do Rio Grande (CEP-RUA/FURG)

Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Apoio Técnico no Brasil

Secretaria da Justiça e Desenvolvimento Social - Departamento de Cidadania e Direitos Humanos – Governo do Estado do Rio Grande do Sul

Parceiros

Argentina - Secretaría de Derechos Humanos do Ministerio de Justicia e Derechos Humanos e

Comité Argentino de Seguimiento y Aplicación de la Convención Internacional sobre los Derechos del Niño (CASACIDN)

Paraguai - Ministerio de Educación y Cultura e Secretaría Nacional de la Niñez y Adolescencia

(SNNA) e Centro de Estudios en Derechos Humanos, Niñez y Juventud (CENIJU)

Uruguai - Instituto do Niño y Adolescente do Uruguay (INAU) e Ministerio de Educación y

(3)

3

Equipe Técnica da Universidade Federal do Rio Grande

Coordenadora

Profa. Dra. Simone dos Santos Paludo (CEP-RUA/FURG)

Bolsistas de apoio técnico

Ana Paula Carlosso da Silva Carlos José Nieto

Acadêmicas bolsistas do curso de Psicologia FURG

Catiuscia Munsberg Carneiro Eduarda Cirolini Buriol

Isabel Cristina Furtado Silveira Juliana Sonego Goulart

Luiza Santos Ferreira

Rita de Cássia Prado da Mata Taiola Sachini

Veronica Felippe de Lima Foes

Executor financeiro

Fundação de Apoio a Universidade Federal do Rio Grande (FAURG)

Equipe Técnica da Secretaria da Justiça e Desenvolvimento Social, Departamento de Cidadania e Direitos Humanos, do Estado do Rio Grande do Sul

Eudoxia Mendes Machado Tania Göller

Redação do Relatório Final

Profa. Dra. Simone dos Santos Paludo

Revisão Estatística e Confecção dos Mapas

(4)

4 Realização:

(5)

5 Sumário

1.Breve apresentação do Programa Rede Regional de Luta contra o Tráfico de Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual na Região do MERCOSUL

10

2.Informações gerais sobre o Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) 13 2.1 Metodologia do Diagnóstico Rápido Participativo 13 3. Relatório Final do Diagnóstico Rápido Participativo em São Borja/RS 14 3.1 Instituições/atores participantes do DRP – São Borja/RS 20 3.2 Instituições cadastradas no CMDCA 22 3.3 Infraestrutura e Funcionamento das Instituições 23

3.3.1 Estrutura física 23

3.3.2 Organização/Funcionamento 25

4. Análise por Eixos 28

4.1 Eixo da situação: a violência sexual contra crianças e adolescentes em São Borja 28 4.1.1 CMDCA 28 4.1.2 Defesa e Responsabilização 30 4.1.3 Atendimento e Prevenção 35 4.1.4 Comunidades 43 4.1.5 Movimentos Sociais 48

4.2 Eixo Mobilização e Articulação 54

4.2.1 CMDCA 54

4.2.2 Defesa e Responsabilização 55

4.2.3 Atendimento e Prevenção 56

4.2.4 Comunidades 60

4.2.5 Movimentos Sociais 60

4.3 Eixo Atendimento e Prevenção 61

(6)

6

4.3.2 Defesa e Responsabilização 63

4.3.3 Atendimento e Prevenção 64

4.3.4 Comunidades 70

4.3.5 Movimentos Sociais 70

4.3 Eixo Defesa e Responsabilização 71

4.4.1 CMDCA 71

4.4.2 Defesa e Responsabilização 71

4.4.3 Atendimento e Prevenção 72

4.4.4 Comunidades 73

4.4.5 Movimentos Sociais 73

5. Mapas de geoprocessamento das demandas 74 5.1 Geoprocessamento das demandas 75

(7)

7 Lista de Tabelas

Tabela 1. Instituições Entrevistadas no Diagnóstico Rápido Participativo 21 Tabela 2. Instituições cadastradas no CMDCA 22 Tabela 3. Tipo de imóvel utilizado pelos segmentos 23 Tabela 4. Satisfação com a infraestrtuura existente nos segmentos 24 Tabela 5. Planejamento das instituições 25 Tabela 6. Origem e o destino das denúncias/notificações de violência sexual 29 Tabela 7. Casos de violência sexual denunciados, atendidos, acompanhados e

desligados pelos segmentos de defesa e responsabilização (2008-2009)

30

Tabela 8. Distribuição quantitativa das vítimas de abuso sexual identificadas pelos serviços de defesa e responsabilização por faixa etária e por sexo

31 Tabela 9: Bairro/localidade de origem da vítima e localidade da ocorrência de

violência sexual

33 Tabela 10. Casos de violência sexual denunciados, atendidos, acompanhados e

desligados pelos segmentos de atendimento e prevenção (2008-2009)

36

Tabela 11. Distribuição quantitativa das vítimas de violência sexual identificadas pelos serviços de atendimento e prevenção por faixa etária e por sexo

38

Tabela 12: Bairro/localidade de origem da vítima e localidade da ocorrência de violência sexual

41

Tabela 13. Distribuição quantitativa das vítimas de violência sexual identificadas pelas comunidades

(8)

8

Tabela 14. Distribuição quantitativa das vítimas de abuso sexual identificadas pelas comunidades por faixa etária e por sexo

46

Tabela 15: Bairro/localidade de origem da vítima e localidade da ocorrência de violência sexual

48

Tabela 16. Bairros das instituições entrevistadas 49 Tabela 17. Distribuição quantitativa de casos de violência sexual observados

pelos movimentos sociais

51

Tabela 18. Distribuição quantitativa das vítimas de abuso sexual identificadas pelos movimentos sociais por faixa etária e por sexo

52

Tabela 19: Bairro/localidade de origem da vítima e localidade da ocorrência de violência sexual

53

Tabela 20: Articulação dos serviços de defesa e responsabilização com outras instituições, ações e programas

55

Tabela 21: Articulação dos serviços de atendimento e prevenção com outras instituições, ações e programas

57

Tabela 22: Características das entidades cadastradas no CMDCA 62 Tabela 23. Tipo e missão institucional do segmento de atendimento e prevenção

entrevistado

64

Tabela 24. Áreas atendidas pelos serviços de atendimento e prevenção entrevistados

(9)

9 Lista de Figuras

Figura 1. Tempo de existência da comunidade 43 Figura 2. Tempo de existência dos movimentos sociais entrevistados 50 Figura 3. Geoprocessamento das demandas próximas a Ponte Internacional 75 Figura 4. Geoprocessamento das demandas próximas ao Centro 75

(10)

10 1. Breve apresentação do Programa Rede Regional de Luta contra o Tráfico de Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual na Região do MERCOSUL

O Programa Rede Regional de Luta contra o Tráfico de Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual na Região do MERCOSUL é resultado de um acordo assinado entre as altas autoridades dos governos do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, a fim de implementar uma estratégia de enfrentamento a violência sexual contra crianças e adolescentes e tráfico para esses fins em 15 cidades gêmeas, a saber: Chuí (Brasil) e Chuy (Uruguay), Santana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguay), Uruguaiana (Brasil) e Paso de Los Libres (Argentina), Bella Unión (Uruguay) e Barra do Quaraí (Brasil), Santo Tomé (Argentina) e São Borja (Brasil), Jaguarão (Brasil) e Rio Branco (Uruguay) e na triplice fronteira Puerto Iguazu (Argentina), Ciudad del Este (Paraguay) e Foz do Iguaçu (Brasil).

A consolidação da Estratégia Regional de Enfrentamento ao Tráfico de Crianças e Adolescentes na Região do Mercosul está pautada na metodologia do Programa de Ações Integradas Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil no Território Brasileiro (PAIR). Tal método foi implementado no Brasil no ano de 2002, sugerindo a integração de políticas e a articulação entre instituições governamentais e sociedade civil para a construção de ações direcionadas a prevenção e ao atendimento de crianças e adolescentes vulneráveis as situações de exploração sexual (Motti, Contini & Amorim, 2008). Devido a experiência e a validade dessa metodologia já testada, em pelo menos 17 estados brasileiros até o ano de 2008, a equipe executiva do Programa Escola de Conselhos da Universidade do Mato Grosso do Sul, juntamente a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, optou pela expansão desta no âmbito da Região do Mercosul. Para contemplar as peculiaridades da cooperação binacional e transnacional a metodologia do Programa Pair-Mercosul foi reorganizada e está composta por cinco componentes: (I) processo de articulação politico-institucional e execução do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) para identificação da situação da exploração sexual nas 15 cidades selecionadas; (II) realização de seminários locais para a construção de planos de enfrentamento da situação identificada no DRP; (III)

(11)

11

elaboração de protocolos e fluxos de serviços de prevenção, atenção e responsabilização; (IV) estratégia regional, binacional e transnacional de enfrentamento dessa situação, que inclua mecanismos de consulta, cooperação e execução de intervenções comuns aos diferentes países e (V) registro e sistematização da experiência de construção do bem público e das metodologias de articulação, mobilização e desenvolvimento dos protocolos e fluxos de serviços. Essas ações visam a criação de uma rede integrada e cooperativa em regiões de fronteiras para a proteção das crianças e dos adolescentes vítimas de crimes transnacionais.

As seis cidades gêmeas do Rio Grande do Sul, Barra do Quaraí, Chuí, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja e Uruguaiana, através de seus gestores municipais aderiram ao Programa Rede Regional de Luta contra o Tráfico de Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual na Região do MERCOSUL no dia 15 de abril de 2009 na cidade de Porto Alegre, durante a reunião de trabalho organizada pela equipe executiva do Programa Escola de Conselhos em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e com a Secretaria de da Justiça e Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul. Na mesma ocasião, a Universidade Federal do Rio Grande, através do Centro de Estudos Psicológicos sobre Meninos e Meninas de Rua, assumiu a coordenação técnica das atividades do referido programa nas seis cidades gêmeas do Estado.

O projeto foi apresentado e aprovado no Instituto de Ciências Humanas e da Informação e na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Para a realização das atividades previstas na primeira etapa do projeto, uma equipe composta por oito acadêmicos do curso de Psicologia da Universidade Federal de Rio Grande e dois técnicos foram selecionados. Todos os integrantes receberam um treinamento durante os meses de maio, junho e julho totalizando 120 horas. Este incluiu a apresentação do Programa, a discussão de conceitos específicos à violência sexual, aulas sobre os marcos teóricos e legais de proteção a criança e ao adolescente, orientações sobre as entrevistas e simulações.

Ao mesmo tempo, foram iniciadas as atividades de articulação político institucional com o objetivo de mobilizar a comunidade e as redes existentes em cada uma das cidades gêmeas para o enfrentamento da violência e da exploração sexual de crianças e adolescentes. Diversas reuniões preparatórias foram privilegiadas visando a organização e a divulgação dos encontros

(12)

12

locais. As reuniões de articulação político institucional ocorreram nos meses de junho e julho de 2009. A primeira reunião aconteceu no dia 17 de junho no município do Chuí e contou com a participação de 27 representantes da rede de proteção e atendimento à criança e ao adolescente. Nessa ocasião, estiveram presentes representantes da cidade gêmea Chuy-Uruguay. No dia 18 de junho, a reunião ocorreu no município de Jaguarão e contou com a presença de 45 pessoas, tendo representações da cidade gêmea de Rio Branco-Uruguay. Dando seguimento as atividades, no dia 24 a equipe esteve reunida no município de São Borja juntamente com 44 representantes dos serviços locais e representantes de Santo Tomé-Argentina. A reunião no município de Barra do Quarai aconteceu no dia 25 de junho, estiveram presentes 38 representantes locais e da cidade gêmea de Bella Union-Uruguay. Já no dia 26 de junho a reunião aconteceu no município de Uruguaiana com 30 representantes locais, no entanto, nessa ocasião não houve representação da cidade gêmea de Passo de Los Libres–Argentina. Por fim, foi realizada a reunião no município de Santana do Livramento no dia 1 de julho, a qual contou com 23 representantes locais e uma representante da cidade gêmea de Riveira-Uruguay.

Tais reuniões de articulação tiveram como pauta principal a apresentação da Rede Regional, as orientações para a realização da primeira etapa do projeto e o planejamento do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP). Cabe salientar que nas cidades de Barra do Quarai, Chuí, Santana do Livramento e Uruguaiana foram retomados e discutidos os diagnósticos construídos no ano de 2006 a fim de possibilitar uma atualização das informações coletadas e de focalizar a continuidade dessas ações. Outro importante objetivo desta reunião foi a instalação da Comissão de Apoio Local de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, a qual tinha como tarefa subsidiar a equipe na identificação dos segmentos que poderiam participar do DRP e facilitar o agendamento das entrevistas. A composição da Comissão de Apoio formalizou o início do processo de execução do DRP em cada um dos seis municípios.

O DRP foi realizado no período de 20 de julho a 8 de agosto do ano de 2009, totalizando 294 entrevistas. A equipe foi dividida em dois grupos a fim de realizar a coleta de informações nos seis municípios, sendo que um grupo ficou responsável pelos municípios do Chuí, Jaguarão e Santana do Livramento e outro grupo se deslocou até Barra do Quaraí, São Borja e Uruguaiana.

(13)

13 2. Informações gerais sobre o Diagnóstico Rápido Participativo (DRP)

O Diagnóstico Rápido Participativo nos municípios de Chuí, Barra do Quaraí, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja e Uruguaiana seguiu as orientações da metodologia utilizada no PAIR e utilizou os formulários adaptados para a região do Mercosul. A coleta de dados nos municípios buscou identificar a situação de violência sexual, verificar as demandas existentes e mapear os serviços e os programas existentes na rede de proteção, defesa e atendimento. O levantamento dessas informações visa a construção de um plano operativo local e binacional para o enfrentamento da realidade encontrada nas cidades gêmeas.

2.1 Metodologia do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP)

O DRP prevê a realização de entrevistas aos diferentes segmentos que compõe a rede de prevenção, atendimento e defesa da criança e do adolescente através de cinco formulários padronizados e específicos para cada um dos seguintes órgãos:

Formulário 1 – CMDCA: destinado ao(s) representante(s) do Conselho Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente;

Formulário 2 - Defesa e Responsabilização: destinado a representantes do Conselho

Tutelar, Juizado, Promotoria e Defensoria da Infância e Juventude, Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, Polícia Rodoviária Federal, Secretaria de Justiça e Segurança Pública, Polícia Militar, Bombeiros, Consulado, Receita Federal.

Formulário 3 - Atendimento e Prevenção: destinado a representantes de instituições e

de programas governamentais e não governamentais.

Formulário 4 - Comunidades: destinado a lideranças comunitárias e presidentes de

bairro.

Formulário 5 - Movimentos Sociais: destinado a lideranças de movimentos sociais

(14)

14 3. Relatório Final do Diagnóstico Rápido Participativo em São Borja/RS

São Borja está situado no extremo oeste do Estado do Rio Grande do Sul. Situa-se na fronteira do Brasil com a Argentina e possui uma divisa seca (uma ponte) com o município de Santo Tomé (Argentina). É um dos municípios mais antigos, pois foi o primeiro dos Sete Povos das Missões. A sua povoação iniciou com as missões Jesuíticas espanholas instaladas na região a partir do ano de 1682. Foi elevada à categoria de município em 1887, quando se emancipou do município de Rio Pardo.

Por tratar de uma localidade fronteiriça, o município de São Borja está limitado pelos municípios de Garruchos (Brasil), Santo Antônio das Missões (Brasil), Itaqui (Brasil), Unistalda (Brasil), Itacurubi (Brasil) e Santo Tomé(Argentina), que dista 24 km do centro do município. A foto abaixo mostra a ponte São Borja-Santo Tomé que liga os dois países.

(15)

15

O fácil acesso ao país vizinho através da ponte pode ser um fator de risco para as situações de violência contra a criança e o adolescente. Fortalecer as fronteiras e articular o trabalho entre os países é uma das principais metas do PAIR-Mercosul.

Para desenvolver o programa Rede Regional de Luta contra o Tráfico de Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual na Região do MERCOSUL é imprescindível conhecer as potencialidades e as fragilidades que permeiam o território de São Borja. Para isso, alguns dados sobre o município estão destacados a seguir.

(16)

16

Indicadores demográficos: Segundo os dados do último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia Econômica (IBGE) referentes a 2000, constatou-se que o município é composto por 64.869 habitantes, distribuídos em uma área de 3615,4 km2. Sua ocupação é predominantemente urbana, com apenas cerca de 11,7% em área rural. Atualmente, estima-se que existam 61.662 habitantes, segundo as estimativas do IBGE1. Esta perda de habitantes ao longo da última década se deve ao declínio econômico da região no período.

Estrutura Étaria 1991 2000 Menos de 15 anos 19 968 18 679 15 a 64 anos 37 454 41 841 65 anos e mais 3 501 4 349 Razão de Dependência 62.7% 55.0%

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD, 2002

Indicadores de Longevidade, Mortalidade e Fecundidade, 1991 e 2000

1991 2000

Mortalidade até 1 ano de idade (por 1000 nascidos vivos)

18.6 16.3

Esperança de vida ao nascer (anos)

70.3 72.3

Taxa de Fecundidade Total (filhos por mulher)

2.6 2.2

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD, 2002

Índice de desenvolvimento humano (IDH): A figura abaixo apresenta o IDH do município, da educação, da renda e da longevidade.

1 Censo demográfico de 2010: resultados preliminares. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (14 de

(17)

17

Em 2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de São Borja era de 0, 798. Segundo a classificação do PNUD, o município está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8). Em relação aos outros municípios, São Borja apresenta uma situação boa quando comparado com os demais municípios do Brasil, mas regular quando comparado com os demais municípios do Estado, pois ocupa a 597ª posição no País e a 179ª posição no Estado.

Economia do município: O Produto Interno Bruto (PIB) per capita é de R$ 13.728 (IBGE, 2007). A economia do São Borja é predominantemente constituída pelo setor de serviços, mais especificamente pelo comércio, o qual representa 60,5% do PIB.

Educação: De acordo com os dados do Censo Educacional realizado no ano de 2009 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), São Borja possui setenta e seis unidades educacionais, sendo nove de ensino médio, trinta e quatro de ensino fundamental e trinta e três pré-escolas. O maior percentual de matriculas encontra-se no ensino fundamental (73%), seguido do ensino médio (19.1%) e pré-escola (7.9%). Essa distribuição exige um

(18)

18

número de docentes coerente com a demanda, tendo 574 professores para o ensino fundamental, 62 para a pré-escola e 184 para o ensino médio. De acordo com os dados do Censo do IBGE do ano de 2000 o nível educacional da população adulta é o seguinte:

Nível Educacional da População Adulta (25 anos ou mais), 1991 e 2000

1991 2000

Taxa de analfabetismo 15.6 10.9

% com menos de 4 anos de estudo 35.6 27.7 % com menos de 8 anos de estudo 72.3 66.4

Média de anos de estudo 5.1 5.9

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD, 2002

Saúde: Segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS, 2009) dezessete estabelecimentos municipais e nove privados, sendo um deles sem fins lucrativos, são responsáveis pelo cuidado à saúde da população.

Habitação: Informações referentes ao acesso da população a serviços básicos e a bens de consumo foram indicados no Censo do IBGE no ano de 2000.

Acesso a Serviços Básicos

1991 2000

Água Encanada 79.0 91.8

Energia Elétrica 91.9 98.1

Coleta de Lixo 91.7 98.1

(19)

19 Acesso a Bens de Consumo

1991 2000

Geladeira 79.4 91.7

Televisão 77.4 92.0

Telefone 14.4 28.3

Computador NR 6.6

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD, 2002

Vulnerabilidade Familiar: De acordo com o Censo do IBGE (2000) a situação de vulnerabilidade familiar enfrentada pelo município de São Borja era a seguinte:

Indicadores de Vulnerabilidade Familiar

1991 2000

% de mulheres de 10 a 14 anos com filhos ND 0.0 % de mulheres de 15 a 17 anos com filhos 3.0 11.1 % de crianças em famílias com renda

inferior à 1/2 salário mínimo 54.2 41.3 % de mães chefes de família, sem

cônjuge, com filhos menores

6.6 4.9

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD, 2002

As características do município foram base fundamental para a identificação da rede local e para organização e execução do Diagnóstico Rápido Participativo. A análise do material coletado em São Borja está apresentada nos capítulos a seguir.

(20)

20 3.1 Instituições/atores participantes do DRP – São Borja/RS

A rede de enfrentamento a violência sexual infanto juvenil em São Borja já está formalmente constituída. Existem serviços direcionados para essa problemática, especialmente o Conselho Tutelar e Centro de Referência Especializada em Assistência Social (CREAS/Sentinela), que já são reconhecidos pelos próprios serviços e pela própria comunidade. Diante desse cenário, os serviços e as instituições existentes no município foram mobilizados e convidados a participar do mapeamento a fim de enunciar a realidade da violação sexual para delinear futuras ações preventivas e combativas. Esse convite se estendeu para os representantes e líderes de bairro e para os movimentos sociais que representam a sociedade civil. A articulação da sociedade e as instituições/serviços em torno do enfrentamento de um grave problema como a violência sexual é desejável porque viabiliza a ampliação dos canais de acesso das crianças e adolescentes ao cuidado e à atenção de que necessitam, possibilita ações coordenadas e fortalece a imagem de cada participante.

Para auxiliar a equipe do PAIR-Mercosul na identificação dos serviços, das lideranças e dos movimentos sociais existentes em São Borja uma Comissão Provisória Local foi constituída. Dez pessoas compuseram o grupo de apoio: Nadia Fagundes, Ivone Mazzuco de Souza, Jaqueline Roso, Elisangela Floriano, Maria de Fatima Signori, Walleska Belloc Barbosa, Maria Adenir Vallinoto Camargo Gudolle, Sonia Maria Grass, Ana Medina e Debora Vares. Tal comissão teve um papel importante na mobilização de todos os setores para a efetiva execução do diagnóstico, através da indicação dos segmentos e do agendamento das entrevistas.

O Diagnóstico Rápido Participativo contou com a participação de 42 representantes de instituições localizadas município de São Borja, sendo um representante do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, oito representantes do segmento de defesa e responsabilização, 22 representantes do segmento de atendimento e prevenção, sete lideranças comunitárias e quatro representantes dos movimentos sociais. A Tabela 1, apresentada a seguir, descreve os serviços entrevistados em cada um dos segmentos envolvidos.

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21

Tabela 1. Instituições Entrevistadas no Diagnóstico Rápido Participativo

Formulário Instituição entrevistada

CMDCA (1) Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

Defesa e Responsabilização (8)

Bombeiros Conselho Tutelar Defensoria Pública

Juizado da Infância e Juventude Ministério Público

Policia Civil - Delegacia da 2º DP Policia Federal

Receita Federal

Atendimento e Prevenção (22)

Casa de Abrigo

Centro de Atendimentos Múltiplos (CAM)

Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS-ad) Centro de Referencia de Assistência Social (CRAS – Arneldo Matter)

Centro de Referencia de Assistência Social (CRAS – Paraboi) Centro de Referencia de Assistência Social (CRAS – Passo) Escola Municipal de Ensino Fundamental Ubaldo Sorrilha da Costa

Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias Hospital Ivan Goulart

Programa de Saúde da Família 01 (PSF-01) Programa de Saúde da Família 02 (PSF-02) Programa de Saúde da Família 04 (PSF-04) Programa de Saúde da Família 05 (PSF-05) Programa de Saúde da Família 06 (PSF-06) Programa de Saúde da Família 07 (PSF-07)

(22)

22

Programa de Saúde da Família 08 (PSF-08) Programa de Saúde da Família 09 (PSF-09) Programa de Saúde da Família 10 (PSF-10) Programa de Saúde da Família 11 (PSF-11) Programa Primeira Infância Melhor (PIM) Secretaria da Educação e Cultura

Serviço Sentinela (CREAS)

Comunidades (07)

Arneldo Matter

Associação Bairro Boa Vista Associação Vila da Praia Bairro Passo

Cabeleira Vila Ester Vila Goulart

Movimentos Sociais (04) Associação de Mulheres

Conselho Municipal de Assistência Social Conselho Municipal de Saúde

Jornal Folha de São Borja

3.2 Instituições cadastradas no CMDCA

Do total das 42 instituições entrevistadas, constatou-se que apenas três estavam cadastradas no CMDCA.

Tabela 2. Instituições cadastradas no CMDCA

Instituição Mês/ano de registro Tipo Centro de Formação Teresa

(23)

23

Associação de Amigos dos

Excepcionais NR Não Governamental

Centro de Atendimento de

Crianças e Adolescentes NR Não Governamental

NR= Nenhuma resposta

De acordo com o representante entrevistado, as duas instituições que atuam diretamente com as vítimas de violência sexual e as suas famílias ainda não estão devidamente cadastradas no CMDCA – Sentinela (CREAS) e Pastoral da Criança. Nenhum trabalho com o agressor foi identificado.

3.3 Infraestrutura e Funcionamento das Instituições

Uma série de questões investigou a infraestrutura existente, as necessidades emergentes e o funcionamento das instituições entrevistadas. A seguir estão apresentados os resultados encontrados.

3.3.1 Estrutura física

Tabela 3. Tipo de imóvel utilizado pelos segmentos

Próprio n(%) Locado n(%) Cedido n(%)

CMDCA Não informou Não informou Não informou

Defesa e Responsabilização 4(50) - 4(50) Atendimento e Prevenção 16(73) 3(13,6) 3(13,6)

(24)

24

Tabela 4. Satisfação com a infraestrutura existente nos segmentos

Espaço físico Mobiliário Equipamentos

Positiva n(%) Negativa n(%) Positiva n(%) Negativa n(%) Positiva n(%) Negativa n(%) CMDCA - 1(100) - 1(100) - 1(100) Defesa e Responsabilização 6(75) 2(25) 7(87,5) 1(12,5) 6(75) 2(25) Atendimento e Prevenção 14(63,6) 8(36,4) 11(50) 11(50) 5(22,7) 17(77,3)

É possível verificar na Tabela 4 que o representante do CMDCA avalia negativamente as condições de espaço físico, mobiliário e equipamento. Sua preocupação está voltada para a falta de um local próprio para o funcionamento adequado do trabalho.

Embora metade das instituições de defesa e responsabilização (50%) não possua um imóvel próprio para o seu funcionamento a maioria encontra-se satisfeito com as condições de trabalho disponíveis (ver Tabela 4). A avaliação negativa referiu-se a necessidade de um banheiro em seu espaço de trabalho e a má localização do prédio. A Defensoria Pública e a Policia Civil informaram a necessidade de novos equipamentos de informática.

Dentre as instituições que compõem o segmento de atendimento e prevenção 73% possuem imóvel próprio, sendo que 63,3% apresentaram avaliações positivas dos seus espaços físicos. Contudo, a necessidade de espaços mais amplos e maior número de salas foi citada pelos postos de saúde, pela Casa de Abrigo e pelo Sentinela (CREAS). O mobiliário antigo e escasso é um problema para metade dos serviços entrevistados. Contudo, a falta de equipamentos é quase unanimidade, pois 77,3% avaliaram de forma negativa seus materiais. Materiais hospitalares, equipamentos de informática e viaturas foram os problemas mais citados.

(25)

25 3.3.2 Organização/Funcionamento

Horário de atendimento: A maioria das instituições de defesa e responsabilização relatou que o serviço oferece atendimento em horário comercial, das 8hs às 18h de segunda a sexta-feira. Apenas os Bombeiros, a Policia Civil e a Policia Federal relataram manter o atendimento diário de 24 horas. Da mesma forma, a maioria das instituições do segmento de atendimento e prevenção indicou oferecer seus serviços de segunda a sexta-feira em horário comercial, somente o Hospital Ivan Goulart e a Casa de Abrigo afirmaram realizar plantões de 24 horas. As escolas seguem os horários e calendários pedagógicos, atendendo o público prioritariamente durante os turnos da manhã e tarde.

Planejamento: Todos os serviços realizam algum tipo de planejamento. Uma diversidade de respostas relacionadas à periodicidade do planejamento foi apresentada e estão descritas na Tabela 5.

Tabela 5. Planejamento das instituições

Segmento Instituição Periodicidade

CMDCA CMDCA Quinzenal e Anual Defesa e Responsabilização Bombeiros Anual

Conselho Tutelar Mensal

Defensoria Pública Não informou Juizado da Infância e Juventude Não informou Ministério Público Mensal,

semanal e diário Policia Civil - Delegacia da 2º DP Não existe Policia Federal Não é fixo Receita Federal Não informou

(26)

26 Atendimento e Prevenção

Casa de Abrigo Mensal

Centro de Atendimentos Múltiplos (CAM) Semanal Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e

Drogas (CAPS-ad) Semanal

Centro de Referencia de Assistência Social (CRAS – Arneldo Matter)

Diário, mensal e semestral Centro de Referencia de Assistência Social

(CRAS – Paraboi)

Diário, mensal e semestral Centro de Referencia de Assistência Social

(CRAS – Passo)

Semestral e mensal Escola Municipal de Ensino Fundamental

Ubaldo Sorrilha da Costa Quinzenal Escola Municipal de Ensino Fundamental

Duque de Caxias Quinzenal Hospital Ivan Goulart Semanal Programa de Saúde da Família 01 (PSF-01) Semanal Programa de Saúde da Família 02 (PSF-02) Semanal Programa de Saúde da Família 04 (PSF-04) Quinzenal Programa de Saúde da Família 05 (PSF-05) Semanal Programa de Saúde da Família 06 (PSF-06) Semanal Programa de Saúde da Família 07 (PSF-07) Mensal Programa de Saúde da Família 08 (PSF-08) Semanal Programa de Saúde da Família 09 (PSF-09) Semanal Programa de Saúde da Família 10 (PSF-10) Semanal e

(27)

27

Programa de Saúde da Família 11 (PSF-11) Semestral Programa Primeira Infância Melhor (PIM) Semanal Secretaria da Educação e Cultura Semanal e

Mensal Serviço Sentinela (CREAS) Semestral

Os segmentos de defesa e responsabilização organizam as suas atividades com base nas ocorrências e nas demandas. Já as escolas pautam suas atividades nos resultados das reuniões pedagógicas. A necessidade de reuniões com toda a equipe de profissionais para o planejamento das suas atividades foi consenso entre os serviços entrevistados. Essa organização evidencia que os serviços estão atentos não só as demandas existentes, como aquelas emergentes no município. Além disso, o planejamento garante que as ações sejam previamente discutidas e organizadas em torno de dados estatísticos e, até mesmo, nas verbas disponíveis.

Monitoramento: Todas as oito instituições do segmento de defesa e responsabilização afirmaram a existência de algum tipo de monitoramento. A maioria das instituições obedece a um modelo hierárquico, tendo seus serviços fiscalizados. O Conselho Tutelar, por exemplo, informou que é monitorado pelo Ministério Público, enquanto esse último é fiscalizado pela Corregedoria Geral do Estado. O monitoramento também foi confirmado para todas as instituições do segmento de atendimento e prevenção participantes do Diagnóstico Rápido Participativo. O Sentinela (CREAS) referiu responder as orientações da equipe técnica do CREAS.

(28)

28 4. Análise por Eixos

4.1 Eixo da situação: a violência sexual contra crianças e adolescentes em São Borja

Este eixo tem como objetivo mapear a atual situação da violência sexual contra crianças e adolescentes no município de São Borja. Nesse intuito foram analisadas as entrevistas a fim de caracterizar as modalidades de violência e exploração sexual existentes, bem como identificar as localidades e os principais autores dessas violações. O mapeamento reflete tanto a realidade denunciada, bem como as situações que ainda se mantinham veladas até o momento das entrevistas do Diagnóstico Rápido Participativo. A seguir estão apresentados os resultados obtidos em cada um dos segmentos participantes.

4.1.1 CMDCA

O CMDCA conta com um sistema de registro de informações manual e não padronizado. Embora sua construção ainda não seja digitalizada, o acesso aos dados é fácil e rápido. Tal sistema é alimentado a partir de informações das entidades cadastradas e de documentos (atas, memorandos, ofícios). Nenhum dado sobre as notificações de violência sexual é armazenado nesse banco, são mantidos apenas documentos restritos ao Conselho. O sistema é importante para o planejamento e o monitoramento de ações municipais.

Esse sistema recebeu um reforço em março do ano de 2009, quando o Conselho Tutelar realizou uma pesquisa sobre a situação de violência sexual no município de São Borja e disponibilizou os resultados as entidades que atuam nessa área a fim de contribuir com a construção de ações de enfrentamento. A partir desse documento foi possível visualizar melhor a situação da violência. Diante dessa realidade, quando questionado sobre a origem e o destino das denúncias/notificações de violência sexual, o entrevistado distribuiu suas respostas da seguinte forma:

(29)

29

Tabela 6. Origem e o destino das denúncias/notificações de violência sexual

Abuso sexual intrafamiliar

Origem: Conselho Tutelar

Destino: Promotoria da Infância e Juventude Bairro: Não soube informar

Abuso sexual extrafamiliar

Origem: Conselho Tutelar

Destino: Promotoria da Infância e Juventude Bairro: Não soube informar

Exploração sexual (prostituição)

Origem: Não soube informar Destino: Não soube informar Bairro: Não soube informar Pornografia infanto-juvenil Origem: Não soube informar

Destino: Não soube informar Bairro: Não soube informar

Turismo sexual Origem: Não soube informar

Destino: Não soube informar Bairro: Não soube informar Tráfico para fins de

exploração

Origem: Não soube informar Destino: Não soube informar

Bairro: Não soube informar

As respostas apresentadas pelo entrevistado evidenciam que os serviços de defesa têm sido pontuais na notificação de qualquer ato de violência contra a criança e o adolescente e que o Ministério Público assume o acompanhamento dos casos.

(30)

30

Os casos de prostituição, pornografia, turismo e tráfico sexual ainda não são conhecidos pelo representante do CMDCA. Embora não tenha informado nada sobre a ESCA, revelou que existem casos de tráfico para fins sexuais para a cidade gêmea de Santo Tomé na Argentina. De acordo com sua percepção, a região de saída para Santiago (a Vila Umbu) concentra um número expressivo de caminhões sendo indicado como um ponto vulnerável para a ESCA.

4.1.2 Defesa e Responsabilização

De acordo com as rotinas e os registros mantidos na instituição apenas cinco instituições disseram ter conhecimento da ocorrência de violência sexual no município de São Borja – Conselho Tutelar, Defensoria Publica, Juizado da Infância e Juventude, Ministério Público e a Delegacia da 2ºPolicia Civil – e manter um registro sobre a distribuição quantitativa dos casos de violência ocorridos. Entretanto, nem todos os serviços puderam ou tiveram autorização para acessar seus registros para informar os dados solicitados, sendo que apenas quatro instituições forneceram dados sobre a distribuição quantitativa solicitada.

Tabela 7. Casos de violência sexual denunciados, atendidos, acompanhados e desligados pelos segmentos de defesa e responsabilização (2008-2009)

Tipo de violência Instituição Denunciados Atendidos Acompanhado Desligados

Abuso sexual intrafamiliar Conselho Tutelar 16 16 16 3 Juizado da Infância e Juventude 10 0 0 0 Ministério Público 8 13 13 1 Policia Civil - Delegacia da 2º DP 6 6 6 1 Total 40 35 35 5 Abuso sexual extrafamiliar Conselho Tutelar 1 0 0 0 Ministério Público 2 3 3 0 Policia Civil - Delegacia da 2º DP 3 3 3 3

(31)

31 Total 6 6 6 3 Exploração sexual (prostituição) Ministério Público 1 3 3 1 Policia Civil - Delegacia da 2º DP 3 3 3 1 Total 4 6 6 2

Pornografia Juizado da Infância e Juventude 1 0 0 0 Policia Civil - Delegacia da 2º DP 1 1 1 1 Total 2 1 1 1 Turismo sexual - - - - - Tráfico sexual - - - - -

Como é possível verificar na Tabela 7, existem diferentes ocorrências de violência sexual contra a criança e o adolescente em São Borja, evidenciando a problemática no município. Até o momento da entrevista não havia nenhum registro de tráfico para fins sexuais e de turismo sexual. Os números indicados desvelam um número alto de ocorrências, especialmente de abuso sexual. Certamente esse número é ainda maior, uma vez que muitos casos de violência sexual nem sequer são denunciados.

Um maior detalhamento sobre cada uma das vítimas e dos agressores envolvidos nos respectivos casos não foi possível, pois os formulários não continham todas as informações solicitadas no Diagnóstico Rápido Participativo, contudo os dados oferecidos já permitem esclarecer alguns fatores de risco, os quais estão identificados na Tabela 8.

Tabela 8. Distribuição quantitativa das vítimas de abuso sexual identificadas pelos serviços de defesa e responsabilização por faixa etária e por sexo

Tipo de violência

Instituição 0-6 anos 7-12 anos 13-17 anos Feminino Masculino

(32)

32

intrafamiliar Juizado da Infância e Juventude NR NR NR NR NR Ministério Público 1 8 4 13 0 Policia Civil - Delegacia da 2º DP 3 3 0 4 2 Total 7 16 12 31 4 Abuso sexual extrafamiliar Conselho Tutelar 1 0 0 1 0 Ministério Público 0 1 2 3 0 Policia Civil - Delegacia da 2º DP 1 1 1 3 0 Total 2 2 3 7 0 Exploração sexual (prostituição) Ministério Público 0 0 3 3 0 Policia Civil - Delegacia da 2º DP 0 0 3 3 0 Total 0 0 6 6 0 Pornografia Juizado da Infância e Juventude 0 0 1 NR NR Policia Civil - Delegacia da 2º DP 0 0 1 1 0 Total 0 0 2 1 0 *NR = Nenhuma resposta

Como é possível verificar na Tabela 8, o Juizado da Infância e Juventude não tinha em seus registros informações sobre o sexo e a faixa etária dos casos notificados. Por outro lado, os outros informantes trouxeram informações que levam a identificar o sexo feminino como um fator de risco importante para qualquer tipo de violação sexual (verificar na Tabela 8). Casos relacionados ao sexo masculino foram identificados apenas no abuso sexual intrafamiliar, destacando que os meninos também podem ser alvo dessa violência.

Os casos de abuso sexual intrafamiliar e extrafamiliar foram praticados contra crianças de zero a 17 anos, revelando que não existe um padrão ou uma idade mais vulnerável, enquanto

(33)

33

para os casos de prostituição existe maior risco para adolescentes com idades entre treze e 17 anos.

A condição socioeconômica das famílias das crianças e dos adolescentes vítimas de violência sexual apareceu de forma bastante variada, reforçando que a violência pode ocorrer em qualquer contexto financeiro. Entretanto, a representante do Conselho Tutelar referiu que as classes mais altas não costumam realizar denúncias. Isso não significa que as violações não ocorram nessas famílias mais abastadas, mas provavelmente acessem serviços privados para atenção dos filhos violados. Nesses casos, é preciso atenção a conduta do profissional que atende a essas pessoas e não cumpre seu dever ético de notificação. Para os entrevistados é mais freqüente o envolvimento de meninas provenientes de famílias que recebem no máximo dois salários mínimos nos casos de abuso sexual e de prostituição. Familiares (pais, primos, padrastos e avô) foram identificados como os principais agressores nos casos de abuso sexual intrafamiliar e os vizinhos e pai de santo nos casos de abuso extrafamiliar. Os homens de meia idade foram indicados como os autores de prostituição e a mãe como intermediária/agenciadora nessa violação.

Os entrevistados não souberam precisar dados sobre o caso de pornografia, mas disseram que uma das vítimas pertencia a uma família que possuía uma boa condição financeira e que os autores dessa agressão foram colegas e pares. Muitos adolescentes violam a intimidade diante da possibilidade de exibir material pornográfico na mídia (através das redes sociais).

A fim de mapear as violações, foram solicitadas informações a respeito da origem das vitimas e das localidades de ocorrência dos casos de violência sexual identificados, sendo encontradas as seguintes respostas:

Tabela 9: Bairro/localidade de origem da vítima e localidade da ocorrência de violência sexual

Tipo de violência Instituição Bairro/localidade de origem da vítima

Bairro/localidade de ocorrência

Abuso sexual intrafamiliar

Conselho Tutelar Vila Umbu, Passo,

Vila João Goulart,

Vila Umbu, Passo, Vila João Goulart,

(34)

34

Paraboi e Pirahy Paraboi e Pirahy

Juizado da Infância e Juventude

NR Centro

Ministério Público Vila João Goulart,

Vila Mario Roque Weis e Pirahy

Vila Mario Roque Weis e Passo

Policia Civil - Delegacia da 2º DP

Passo, Vila Umbu e Tiro

Passo, Vila Umbu e Tiro

Abuso sexual extrafamiliar

Conselho Tutelar Vila Umbu Vila Umbu Ministério Público Não sabe Não sabe

Policia Civil - Delegacia da 2º DP

Passo e Vila Umbu Passo e Vila Umbu

Exploração sexual (prostituição)

Ministério Público Vila Umbu, Passo,

Centro e Aeroclube

Vila Umbu, Passo e Aeroclube

Policia Civil - Delegacia da 2º DP

Pirahy, Passo e Tiro Pirahy, Passo e Tiro Pornografia Juizado da Infância e

Juventude

Desconhecida Motel

Policia Civil - Delegacia da 2º DP

Tiro Motel fora da área urbana *NR = Nenhuma Resposta

Como esperado os dados permitem refletir que as situações de abuso sexual, intra ou extrafamiliar, estão concentradas nos bairros de origem das vitimas, uma vez que os casos ocorrem dentro do lar ou com vizinhos. Já os casos de prostituição evidenciam diferentes bairros que precisam de atenção e policiamento ostensivo. Os casos de pornografia ocorreram em motéis revelando que a entrada de menores nesses locais é possível, mesmo tendo uma legislação contrária a essa ação.

(35)

35

Outra informação importante oferecida informalmente foi possibilitada pelo representante da Receita Federal. Mesmo não tendo uma atuação direcionada para esse fim, o entrevistado afirmou já ter recebido do Judiciário algumas solicitações para controlar motoristas denunciados pelo fato de manterem dentro do automóvel ou caminhão menores de 18 anos. Essas suspeitas referem-se a transito de crianças e adolescentes entre São Borja e a cidade gêmea Santo Tomé na Argentina.

4.1.3 Atendimento e Prevenção

O segmento de atendimento e prevenção esteve representado através da participação de 22 instituições. Destas, quatro estavam envolvidas diretamente com a educação, sendo duas escolas, um Centro de Atendimentos Múltiplos e a Secretaria de Educação e Cultura de São Borja. A participação das escolas foi pequena devido ao surto epidemiológico do vírus H1N1 que suspendeu as aulas no momento em que a pesquisa estava sendo realizada e proibiu qualquer atividade dentro desse espaço. Muitas escolas que haviam se prontificado a participar optaram por cumprir as ordens municipais, fato que gerou uma baixa adesão ao Diagnóstico Rápido Participativo. Por outro lado, os postos de saúde mesmo lotados e caracterizando um ambiente de risco aderiram totalmente ao estudo. Participaram 10 postos de saúde da família, três Centros de Referencia de Assistência Social, um Centros de Atenção Psicossocial e um Hospital. Ainda na área da saúde foi entrevistado o Programa Primeira Infância Melhor (PIM). A Casa de Abrigo e o Sentinela (CREAS) completaram os segmentos de atendimento entrevistados. Cabe ressaltar que todas as medidas e os cuidados exigidos com o surto H1N1 foram tomadas para o cuidado da saúde da equipe.

Ao questionar as atividades realizadas no serviço as escolas afirmaram priorizar o atendimento e o acompanhamento de seus alunos, mas também informaram se dedicar a mobilizações, capacitações e palestras. Os serviços de saúde destacaram que atuam de forma bastante generalista, buscando efetivar suas ações através do atendimento, de estudos e pesquisas, mobilização e prevenção, capacitação e palestras. Relacionado as questões de

(36)

36

violência sexual está o Sentinela (CREAS). Todos os 22 serviços são responsáveis pelo atendimento de todo o município, sendo que o Sentinela (CREAS) também atende crianças e adolescentes vitimas de violência moradoras dos municípios vizinhos – Garruchos, Maçarambá e Itacurubi.

Todos os serviços entrevistados contam com um sistema de registro, arquivo e/ou manipulação das informações. As instituições educacionais armazenam a documentação de alunos, professores e funcionários e atendimentos em atas, enquanto nos serviços de saúde as informações referem-se ao histórico do paciente (exames realizados, atendimentos, dados patológicos) e são registradas em prontuários. O sistema de registro existente é padronizado, manual e de fácil acesso e serve para o monitoramento e para o planejamento de ações. Nesses serviços, raramente são armazenadas informações relacionadas à violência sexual contra crianças e adolescentes. Apenas o Sentinela (CREAS) destacou que seus registros tratam da temática. Contudo, os professores das escolas, os visitadores do Programa Primeira Infância Melhor (PIM), os médicos e os agentes de saúde foram identificados como possíveis fontes de informação sobre essas questões. Tal fato demonstra que as escolas e os serviços de saúde também são locais de referência para a revelação das violações da infância e juventude, mesmo que não possuam serviço especializado de denúncia. Dentre os 22 serviços entrevistados, 16 afirmaram ter algum conhecimento sobre a ocorrência de violência sexual no município, sendo que nove forneceram as informações solicitadas. A Tabela 10 apresenta os casos informados:

Tabela 10. Casos de violência sexual denunciados, atendidos, acompanhados e desligados pelos segmentos de atendimento e prevenção (2008-2009)

Tipo de violência Instituição Denunciados Atendidos Acompanhado Desligados

Abuso sexual intrafamiliar

Casa de Abrigo 2 2 2 0

CRAS Arneldo Matter 1 1 1 0

E.M.E.F. Ubaldo Sorrilha da Costa

2 0 0 0

PSF 04 1 1 1 0

(37)

37 PSF 01 3 3 3 0 PSF 08 1 1 1 0 PSF 09 2 2 2 0 PSF 02 1 1 1 1 Sentinela (CREAS) 19 19 19 0 Total 35 33 33 0 Abuso sexual extrafamiliar PSF 01 1 0 0 0 PSF 11 1 0 0 0 PSF 09 0 1 1 0 PSF 02 3 3 1 0 Sentinela (CREAS) 11 11 11 0 Total 16 15 13 0 Exploração sexual (prostituição) CAPS-ad 0 0 2 0 Casa de Abrigo 2 2 2 2 PSF 04 1 0 0 0 PSF 07 1 1 0 0 PSF 09 3 0 0 0 PSF 02 3 3 0 0 Sentinela (CREAS) 6 6 6 0 Total 16 12 10 2 Pornografia Centro de Atendimentos Múltiplos 1 0 0 0 E.M.E.F. Duque de Caxias 1 0 0 0 PSF 10 1 0 0 0 PSF 04 1 0 0 0 PSF 07 1 0 0 0 PSF 09 1 0 0 0

(38)

38

Sentinela (CREAS) 1 1 1 0

Total 7 1 1 0

Turismo sexual - - - - -

Tráfico sexual - - - - -

O número expressivo de denúncias registradas esteve relacionado a uma diversidade de violações sexuais, revelando que a problemática está presente no município e alcançando os serviços de atendimento. Até o momento do Diagnóstico Rápido Participativo nenhum caso de turismo e de tráfico sexual havia sido atendido nas entidades.

Comparando os números indicados na Tabela 10 (oferecidos pela rede de atendimento) com aqueles da Tabela 7 (oferecidos pelos serviços de defesa e prevenção) verifica-se um desencontro de informações, mostrando que o fluxo da rede está sendo interrompido em algum momento. A rede de defesa tem sido procurada com menor freqüência, por exemplo, os serviços de atendimento receberam 16 denuncias de prostituição e atenderam 12, enquanto que os serviços de defesa receberam apenas quatro notificações. Sem dúvida, o trabalho do agente comunitário de saúde está muito mais próximo da vítima e a possibilidade de revelação é maior, no entanto, é preciso que a rede seja cooperativa e também ajude as vitimas e seus familiares na denúncia para que o agressor possa ser punido e receber o tratamento adequado. Talvez esse seja um ponto que mereça atenção para garantir a proteção integral da criança e do adolescente.

Para conhecer quem são as crianças e os adolescentes vitimas da violência sexual atendidas em São Borja, questões sobre sexo e idade foram direcionadas aos representantes dos serviços de atendimento e prevenção.

Tabela 11. Distribuição quantitativa das vítimas de violência sexual identificadas pelos serviços de atendimento e prevenção por faixa etária e por sexo

Tipo de violência

Instituição 0-6 anos 7-12 anos 13-17 anos Feminino Masculino

(39)

39

intrafamiliar CRAS Arneldo Matter 0 1 0 1 0 E.M.E.F. Ubaldo Sorrilha da Costa 0 1 1 1 1 PSF 04 0 1 0 1 0 PSF 07 0 1 2 3 0 PSF 01 2 1 0 3 0 PSF 08 0 1 0 1 0 PSF 09 0 2 0 2 0 PSF 02 0 1 0 1 0 Sentinela (CREAS) 3 8 8 17 2 Total 5 18 12 32 3 Abuso sexual extrafamiliar PSF 01 1 0 0 1 0 PSF 11 0 1 0 1 0 PSF 09 0 1 0 0 1 PSF 02 0 2 1 2 1 Sentinela (CREAS) 1 8 2 10 1 Total 2 12 3 14 3 Exploração sexual (prostituição) CAPS-ad 0 1 1 1 1 Casa de Abrigo 0 1 1 0 2 PSF 04 0 0 1 1 0 PSF 07 0 0 1 1 0 PSF 09 0 0 3 3 0 PSF 02 0 0 3 3 0 Sentinela (CREAS) 0 3 3 5 1 Total 0 5 13 14 4 Pornografia Centro de Atendimentos Múltiplos NR NR NR NR NR E.M.E.F. Duque de NR NR NR NR NR

(40)

40 Caxias PSF 10 0 0 1 1 0 PSF 04 0 0 1 1 0 PSF 07 0 0 1 1 0 PSF 09 0 0 1 1 0 Sentinela (CREAS) 0 0 1 1 0 Total 0 0 5 5 0 *NR= Nenhuma resposta

Os casos de violência sexual que atingem os serviços de atendimento e prevenção revelam que as meninas ainda são as principais vitimas, seja no ambiente familiar ou não. Porém os meninos também foram citados nas ocorrências de abuso sexual intrafamiliar, abuso extrafamiliar e ESCA (prostituição). Embora as vítimas de abuso tenham idade entre zero e 17 anos, a faixa etária de sete a 12 anos parece ser mais vulnerável. Já os casos de ESCA acometem com frequência entre adolescentes com idades entre 13 e 17 anos.

Ainda, de acordo com os entrevistados, as vitimas pertenciam a famílias que recebem até dois salários mínimos, sendo que a ausência de qualquer rendimento era fator de risco para o envolvimento das crianças e dos adolescentes na ESCA, especialmente na modalidade de prostituição. Essas violações ocorrem em turnos variados, mas não houve precisão sobre o horário desta.

O padrasto, o pai, o tio, o primo e o avô foram referidos como os perpetradores do abuso sexual intrafamiliar, enquanto os vizinhos, amigos da família, empregados e homens de meia idade foram identificados como os autores do abuso sexual extrafamiliar. Nos casos de exploração sexual/prostituição os homens de meia idade, o namorado da mãe e o dono de local de trabalho foram os agressores mais citados. Os casos citados de pornografia envolveram jovens, pares e homens de meia idade. Os dados coletados indicam que a figura masculina ainda é predominante nos casos de violência sexual. Por outro lado, a figura feminina também tem sido identificada na violação. A mãe e a avó foram citadas como agenciadoras ou intermediárias nos

(41)

41

casos de prostituição. O envolvimento da família direta ou indiretamente ainda mantém veladas inúmeras situações de violência.

Para identificar as regiões vulneráveis e as localidades de ocorrência, foram solicitadas informações a respeito da origem das vitimas e dos bairros onde têm sido identificados os casos de violência sexual citados pelos serviços de atendimento e prevenção, sendo encontradas as seguintes respostas:

Tabela 12: Bairro/localidade de origem da vítima e localidade da ocorrência de violência sexual

Tipo de violência Instituição Bairro/localidade de origem da vítima

Bairro/localidade de ocorrência

Abuso sexual intrafamiliar

Casa de Abrigo Não sabe Não sabe CRAS Arneldo Matter Mario Roque

Weis

Mario Roque Weis

E.M.E.F. Ubaldo Sorrilha da Costa

Arno Andres Arno Andres

PSF 04 Passo Itachere

PSF 07 Paraboi Paraboi

PSF 01 Mario Roque

Weis

Mario Roque Weis

PSF 08 Vila Goulart Vila Goulart

PSF 09 Não sabe Não sabe

PSF 02 Passo Passo

Sentinela (CREAS) Umbu, Vila

Goulart, Centro, Paraboi, Mario

Roque Weis, Florêncio, Passo,

Pirahy, Betim e

Umbu, Vila Goulart, Centro, Paraboi, Mario Roque Weis,

Florêncio, Passo, Pirahy, Betim e

(42)

42

Vicentinos Abuso sexual

extrafamiliar

PSF 01 Ernesto Dornelles Ernesto Dornelles PSF 11 Aparício Sampaio Aparício Sampaio PSF 09 Vila Ester Vila Ester

PSF 02 Passo Passo

Sentinela (CREAS) Umbu,

Vicentinos, Passo, Goulart e Itachare Umbu, Vicentinos, Passo, Goulart e Itachare Exploração sexual (prostituição)

CAPS-ad Vila Matter e

Passo

Todo o município

Casa de Abrigo Não sabe Não sabe PSF 04 Itachere Itachere e Aeroporto PSF 07 Paraboi Paraboi e Cassino

PSF 09 Não sabe Betim

PSF 02 Passo Passo

Sentinela (CREAS) Cabeleira, Umbu,

Centro, Tiro Cabeleira, Umbu, Centro, Tiro Pornografia Centro de Atendimentos Múltiplos NR NR E.M.E.F. Duque de Caxias NR NR

PSF 10 Não sabe Não sabe

PSF 04 Não sabe Não sabe

PSF 07 Jaguari e

Cabeleira

Centro

PSF 09 Não sabe Não sabe

(43)

43

Como esperado os bairros de origem das vítimas são exatamente os mesmos quando analisados os casos de abuso sexual intra e extrafamiliar, especialmente, quando aqueles casos que ocorrem fora da família são perpetrados pelos vizinhos, como comunicado pelos serviços. Diferentes bairros foram apontados como localidades de prostituição, no entanto, informalmente as esquinas próximas ao aeroporto no bairro Itachere parecem ser as mais evidentes no município. Os entrevistados informaram ainda que alguns casos não chegam ao serviço de atendimento e prevenção, mas podem ser observados no cotidiano. Por exemplo, relataram que os moradores conhecem casos que envolvem o trânsito de meninas e meninos para Santo Tomé para fins sexuais, mas ainda não existem notificações sobre essa situação. Da mesma forma, sabem de uma mulher que aluga quartos e é suspeita de aliciar as adolescentes para exploração sexual. Segundo os participantes, o Conselho Tutelar não consegue dar conta de todos os eventos relacionados a esse tema e a comunidade ainda não colabora com denúncias.

4.1.4 Comunidades

Sete comunidades estiveram representadas no Diagnóstico Rápido Participativo do município de São Borja através dos seus líderes de bairro e agentes comunitários abrangendo os seguintes bairros: Passo, Boa Vista, Cabeleira, Vila Ester e Vila Goulart (Bairro Pirahy). Dentre as comunidades que participaram o Passo é a mais antiga com 50 anos de existência. A Figura 1 indica o tempo de existência das comunidades participantes.

Figura 1. Tempo de existência da comunidade

67% 33%

Entre 21 e 30 anos Acima de 41 anos

(44)

44

Como é possível verificar as comunidades apresentam tempos variados de existência, sendo que a maioria concentra-se na faixa entre 21 e 30 anos. Devido ao crescimento do município nos últimos anos, novos bairros e comunidades foram sendo formados.

Questões referentes aos residentes das comunidades foram investigadas a fim de delimitar as características da população local. Na percepção dos entrevistados, os moradores do bairro Passo possuem uma escolaridade diversa que varia desde analfabeto até ensino fundamental completo. No entanto, os três representantes são unânimes ao afirmar que a renda média das famílias residentes na comunidade situa-se em um salário mínimo. Atividades informais e “bicos” foram identificados como as atividades laborais dos homens (catadores, pescadores, pedreiros) e o trabalho de diarista e dona de casa são preponderantes entre as mulheres. Já no bairro Boa Vista os moradores possuem ensino médio incompleto e recebem até um salário mínimo, sendo que os homens trabalham na agricultura e na área mecânica e as mulheres não trabalham. Os moradores dependem do benefício oferecido pelo Bolsa Família. No bairro Cabeleira também se concentram pessoas que tem pouca escolaridade (em média possuem ensino fundamental incompleto) e pouca renda (recebem no máximo dois salários). A reciclagem do lixo e a construção civil são as principais atividades dos homens e o trabalho doméstico e de diarista das mulheres. A Vila Ester e a Vila Goulart também apresentam semelhanças com as comunidades descritas anteriormente. Ambas possuem residentes que tem em médio ensino fundamental e que recebem no máximo um salário. O trabalho informal na construção civil (pedreiro) e guarda são as atividades dos homens, enquanto o trabalho doméstico e de diarista predomina entre as mulheres.

Nestas comunidades sobressaiu a precariedade na infraestrutura e nos serviços existentes. Todas as comunidades relataram que ainda não existe rede de esgoto, nem pavimentação asfáltica em seus territórios. Por outro lado, se mostraram satisfeitos com a água tratada, a coleta de lixo e o transporte urbano e avaliaram de forma positiva o acesso à educação e a saúde. A inexistência de espaços de lazer, esporte e cultura foram salientadas por todas as comunidades entrevistadas, revelando a escassez de alternativas aos jovens. A preocupação com a segurança pública foi destacada, principalmente, pelo fato de que os furtos, os roubos e o uso de droga tem se mostrado problemas frequentes enfrentados nas comunidades entrevistadas.

(45)

45

Ao investigar os problemas específicos relacionados as diferentes faixas etárias, os problemas de origem respiratória foram os mais citados para as crianças e para os idosos, a hipertensão e a depressão para os adultos e o uso de drogas e gravidez para os adolescentes. Para o atendimento desses problemas, as comunidades contam com o serviço de saúde no seu próprio bairro. Os serviços de educação estão disponíveis em alguns bairros para o acesso fácil de crianças e adolescentes, no entanto, os moradores do bairro Boa Vista precisam recorrer as escolas no bairro próximo chamado São João Batista. Serviços de assistência social existem e estão disponíveis ao público – o CRAS, a AABB Passo e o GEMA – foram os mais referidos. A ausência de espaços de esporte e lazer, já apontado nesse documento, foi lembrada por todos os entrevistados.

No que tange a ocorrência de violência sexual cinco dentre os sete entrevistados indicaram essa violação como um problema enfrentado por crianças e adolescentes e afirmaram ter conhecimento de algum caso na suas comunidades e no município. As principais fontes de informações citadas foram a imprensa e aos comentários dos moradores. Nos casos denunciados recorreu-se ao Conselho Tutelar, a Brigada Militar e a Polícia.

Os entrevistados não souberam precisar os dados quantitativos, pois não possuem registros específicos, mas informaram números baseados em observações. A distribuição quantitativa para cada uma das modalidades de violência sexual indicada na comunidade e no município está apresentada na Tabela 13, a seguir.

Tabela 13. Distribuição quantitativa das vítimas de violência sexual identificadas pelas comunidades Abuso sexual intrafamiliar Abuso sexual extrafamiliar Exploração sexual (prostituição) Pornografia Turismo sexual Tráfico sexual Arneldo Matter (Bairro Passo) 4 casos na comunidade - 50 casos na comunidade - - -

Referências

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