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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA

BIODIVERSIDADE

Interações entre cetáceos e o turismo de observação no Arquipélago

Fernando de Noronha/PE, Brasil.

Doutoranda (2014): Marina Consuli Tischer/ mctbio@yahoo.com.br Orientador: Alexandre Schiavetti/ aleschi@uesc.br

Co-orientador: José Martins da Silva Júnior/ rotador@golfinhorotador.org.br Linha de pesquisa: Ecologia e conservação de populações

Ilhéus novembro/2014

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RESUMO

O turismo de observação de cetáceos é uma atividade turística que envolve grande montante econômico para diversas comunidades locais e uma importante ferramenta na conscientização sobre a conservação marinha. No entanto, se não controlada, pode gerar impactos de curto e/ou longo prazo sobre as populações, visto que os animais podem reagir à presença do barco como a de um predador natural. Dentre os fatores que influenciam o turismo de observação, a plataforma usada, características da espécie e do local e o perfil do visitante são os que mais influenciam na sua qualidade. Este trabalho tem o objetivo de analisar as interações ecológicas e operacionais entre cetáceos e o turismo de observação em Fernando de Noronha. Para a avaliação das possíveis alterações no comportamento dos cetáceos serão usados métodos de observação de ponto fixo, na presença e ausência de embarcações. Informações observacionais, oficiais de órgãos públicos e questionários com os turistas e com prestadores de serviço serão usados no diagnóstico da atividade. Com base nas informações coletadas iremos analisar o resultado desta interação ecológica. Este trabalho poderá ser usado como subsídio para a gestão das unidades de conservação de Fernando de Noronha (APA-FN, Parnamar-FN).

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1. Introdução

O turismo de observação de cetáceos é uma forma de uso não letal, reconhecida formalmente em 1993 pela IWC (International Whale Comission) (ORAMS, 2000), que pode ter papel de agente de conscientização sobre questões ambientais para os participantes (IFAW, 1997) e servir como ferramenta de informação para pesquisadores, tornando-se assim um meio para alcançar a preservação e conservação marinha.

Muitos estudo têm mostrado que em sua forma embarcada, o whale watching pode causar efeitos negativos de curto (NOWACEK et al., 2001; LUSSEAU, 2003; CONSTANTINE et. al., 2004) ou longo prazo (BEDJER et al., 2006; LUSSEAU et al., 2006) nos cetáceos. Frid & Dill (2002) sugerem uma abordagem ecológica e evolutiva para as respostas de animais a distúrbios antropogênicos baseada no risco de predação, argumentando que os animais respondem à presença humana da mesma forma que responderiam a um predador natural. Estrategistas k, como os cetáceos, tem sua história de vida moldada, entre outros fatores, pela predação (HEITHAUS et al., 2009). Não apenas a predação com o consumo propriamente dito tem efeito nas populações, mas os efeitos indiretos do risco de predação são importantes, tendo efeitos por exemplo no fitness e cuidado parental dos indivíduos, pelo alto custo energético das estratégias de evitar o predador (FRID & DILL, 2002).

Desde seu início, na década de 1950 na costa da Califórnia, o turismo de observação de cetáceos , comumente conhecido como "whale watching”, vem apresentando um grande crescimento e desenvolvimento, tornando-se uma das mais importantes atividades econômicas em algumas comunidades costeiras (HOYT, 2001; O’CONNOR et al., 2009).

Dos fatores envolvidos na atividade, os que mais influenciam o sucesso do turismo de observação são: o tipo de plataforma usada (barco ou terra), a espécie e a geografia peculiar do local onde esta se encontra e os turistas, com sua tipologia e expectativa (HIGHAM et al., 2014). Uma abordagem que leve em conta todos esses fatores e ainda as consequencias para os animais é a mais completa que se pode ter para o real entendimento das possibilidades de esta se tornar uma atividade sustentável.

O Brasil possui grande potencial para o desenvolvimento desta atividade, visto a ocorrência de diversas espécies em locais de fácil acesso para avistagem. Dentre os locais de maior destaque está o Arquipélago de Fernando de Noronha, com ocorrência do golfinho-rotador (Stenella longirostris), golfinho-pintado-pantropical (Stenella attenuata), baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), baleia-piloto (Globicephala macrorhynchus) e golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) (SILVA-JR., 2010). Em Fernando de Noronha, apenas a observação de golfinhos-rotadores é conhecida e divulgada; para as outras espécies a observação ainda é ocasional e oportunística.

2. Objetivos

2.1 Objetivo geral

Analisar as interações ecológicas e operacionais entre cetáceos e o turismo de observação no Arquipélago Fernando de Noronha, Pernambuco.

2.2 Objetivos específicos

1 - Verificar se diferentes tipos de interação (tipo de motor, tempo de interação, manobras e velocidades) modificam a resposta dos grupos de cetáceos.

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Hipótese: Interações de mais tempo, com embarcações de motor de popa e manobras diretas

causam mais respostas de afastamento dos animais.

2 - Identificar o padrão de segregação na distribuição espacial dos grupos de cetáceos quanto ao sexo e classe etária em função da presença de embarcações.

Hipótese: Existe um padrão de segregação quanto ao sexo e classe etária em função da

presença de embarcações, devido à necessidade de proteção da prole, já que os animais podem reagir à presença do barco como reagiriam a presença de um predador natural.

3 - Caracterização do turismo de observação de cetáceos realizado atualmente quanto á demanda, tipos de avistagem, embarcações usadas e capacitação dos prestadores de serviço.

4 - Descrever a visão dos prestadores de serviço e visitantes envolvidos nesta atividade procurando concordâncias e discordâncias.

5 - Descrever e analisar as interação entre cetáceos e o turismo através de ferramenta de análise de interação ecológica.

Hipótese: As variáveis inerentes aos cetáceos tem maior peso no tipo de interação que as

variáveis da demanda turística, por ocorrerem em áreas protegidas.

3. Material e métodos

3.1 Espécies

A espécie de cetáceo mais facilmente observada em Fernando de Noronha é o golfinho-rotador (Stenella longirostris), por isso será a mais detalhada neste projeto.

Golfinhos-rotadores (Stenella longirostris, Gray 1828) (Figura 1) são encontrados ao longo da faixa tropical e subtropical de todos os oceanos (NORRIS et al., 1994). Apresentam hábitos pelágicos com preferência de águas profundas, mas também frequentando a costa dos continentes, ilhas, bancos e atóis (PERRIN & GILPATRICK, 1994), como ocorre no Havaí, onde procuram enseadas de águas calmas e rasas principalmente para o descanso (NORRIS & DOHL, 1980) e no Arquipélago Fernando de Noronha (SILVA-JR. et al., 1996).

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Figura 1- Golfinho-rotador (Stenella longirostris, Gray 1828). Foto: Liisa Havukainen

O Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2008) classifica o golfinho-rotador como DD - Deficiente em Dados e o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos Aquáticos - Pequenos Cetáceos (ICMBio, 2011) coloca a espécie como integrante da lista das espécies sob maior pressão antrópica, sendo o aumento do turismo em Fernando de Noronha a principal ameaça em águas brasileiras, mas também de importante preocupação a captura acidental em redes de pesca. Dentro das ações prioritárias para a espécie, citam-se estudos do uso de áreas e avaliação do impacto do turismo na população de Fernando de Noronha.

As outras espécies com ocorrência no arquipélago são: golfinho-pintado-pantropical (Stenella attenuata), baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), baleia-piloto (Globicephala macrorhynchus) e golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) (SILVA-JR., 2010).

3.2 Área de estudo

O Arquipélago de Fernando de Noronha distante 345km de Natal (RN), Brasil, (3o50’ latitude Sul e 32o24’ longitude Oeste) é formado pela ilha principal e mais 17 ilhotas (SILVA-JR., 2010), totalizando 26km2. A ilha principal, de mesmo nome do arquipélago é a única habitada e possui 17 km2. A população de Fernando de Noronha, estimada em 2.884 habitantes em 2014 (IBGE, 2014), são de moradores permanentes; há ainda os moradores temporários, não quantificados nesta estimativa. Moradores permanentes são as pessoas nascidas na ilha ou estão a mais de dez anos comprovadamente morando e trabalhando em Fernando de Noronha. Pessoas que casam com moradores permanentes também podem receber esta licença, assim como os filhos. Moradores temporários são aqueles que chegam na ilha à trabalho e estão obrigatoriamente vinculados a uma empresa local.

Fernando de Noronha é um distrito do Estado de Pernambuco e por esta condição é administrada por Administrador indicado pelo governo do Estado. Possui sua unidade administrativa contendo os mesmo setores necessários em um município, com a inclusão do setor de Controle Migratório.

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Todo o território do Arquipélago integra duas Unidades de Conservação Federais: o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNAMAR-FN), criado em 1988 correspondendo a 70% do arquipélago, sendo destes, 80% de área aquática (FUNATURA/IBAMA, 1990); e a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha – Rocas – São Pedro e São Paulo (APA-FN), criada pelo Decreto Nº92755 de 05 de junho de 1986 e que corresponde às praias do Mar de Dentro e a parte terrestre urbana (IBAMA, 2005). Os 75.000 visitantes anuais em média (Fonte: ADM, DEFN) que chegam à Fernando de Noronha vem das mais diversas localidades, nacionais e internacionais. A chegada ocorre apenas por meio aéreo, com dois voos diários partindo de Recife/PE e um de Natal/RN e marítimo com cruzeiros regulamentos de novembro a março.

As duas áreas de maior ocorrência dos golfinhos-rotadores no arquipélago, Baía dos Golfinhos e Baía de Santo Antônio/Entre Ilhas, estão localizadas nas extremidades opostas do Mar de Dentro (Figura 2). Outros cetáceos não têm distribuição padronizada no arquipélago.

Figura 2 – Arquipélago de Fernando de Noronha, nordeste do Brasil. Em destaque a Baía dos

Golfinhos e a Baía de Santo Antônio/Entre Ilhas, locais onde os golfinhos-rotadores são comumente avistados.

Como a área de estudo envolve parte da APA – FN e parte do PARNAMAR – FN o tráfego de embarcações é constante durante o dia.

3.3 Coleta de dados

Observações diretas em ponto fixo (Objetivo 1).

As observações serão feitas no Forte Nossa Senhora dos Remédios, localizado na borda da Baía de Santo Antônio. Os dados a serem usados abrangerão coletas entre os anos de 2009 a 2015.Os dados serão coletados entre 5h30min até 15h, ou até a saída do último grupo da área de estudo. As observações serão feitas com auxílio de binóculo 10x50, contador mecânico e as anotações em planilhas padronizadas. As interações dos grupos de cetáceos com as embarcações serão registradas pela técnica de amostragem contínua de grupo focal (ALTMANN, 1974). Os seguintes dados serão coletados para cada embarcação que se aproximar dos grupos: nome da embarcação, tempo de atividade da embarcação dentro da

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enseada e tempo perto do grupo de cetáceos, tipo de manobra e classe de velocidade utilizada pela embarcação, resposta dos animais e tamanho do grupo. Todas as embarcações que passarem a menos de 50 metros dos cetáceos serão registradas.

Com relação às atividades executadas pelos cetáceos, serão amostrados os seguintes parâmetros:

1-Tamanho dos grupos:

Para golfinhos-rotadores, um grupo será definido como uma associação de indivíduos que estejam ocupando a mesma área, à menos de 100 metros um do outro. Serão categorizados quanto ao número de indivíduos da seguinte forma:

 A - 1 a 50 indivíduos;  B - 51 a 100 indivíduos;  C - 101 a 200 indivíduos;  D - > 200 indivíduos.

Para os outros cetáceos, um grupo será definido como uma associação de indivíduos, a uma distância de até 100 metros um do outro e que estejam se movendo na mesma direção e de maneira coordenada. Serão registrados, quando possível, o número de indivíduos e a composição do grupo quanto o número de adultos e presença de filhotes.

Para as atividades executadas pelos mestres das embarcações: 1-Velocidade da embarcação:

 lento – no máximo 5 nós (velocidade definida na legislação para encontro de embarcação com golfinhos);

 rápido – acima de 5 nós.

A indicação da velocidade das embarcações será realizada pelo observador considerando treinamento prévio.

2-Manobra:

Já em relação às interações, serão registradas as resposta dos grupos como: 1-Deslocamento dos animais em relação às embarcações:

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( + ) Positivo – animais foram em direção à embarcação; ( - ) Negativa – animais se afastaram da embarcação;

( Ø ) Neutra – animais não abandonam o lugar ou não mudaram de direção no deslocamento. Para minimizar os efeitos cumulativos decorrentes das interações, de um mês para o outro, serão usados os dados dos 15 dias centrais de cada mês. Desta forma, a resposta dos grupos realmente estará refletindo as alterações decorrentes das atividades atuais deste mês, e não um reflexo do mês anterior, não influenciando também o mês posterior.

Análise dos dados

Os dados serão analisados através de testes estatísticos, utilizando o software R. Para todas as análises estatísticas será utilizado o nível de significância de 5% (α = 0,05).

Testes paramétricos (no caso de homocedasticidade das variâncias) e/ou, testes não-paramétricos (no caso de heterocedasticidade das variâncias), serão utilizados, sendo estes a definir após a distribuição das amostras, a serem aplicados com o objetivo de comprovar respectivamente a significância de diferenças entre dois e entre mais de dois grupos independentes de amostras (SIEGEL & CASTELLAN-JR., 2006).

Os dados serão analisados levando em conta o período completo do estudo e também a sazonalidade do turismo no arquipélago, sendo divididos neste caso em: alta do turismo (dezembro a fevereiro e julho e agosto) e baixa do turismo (meses restantes).

Estão previstas análises preliminares de correlação entre a resposta dos grupos e as variáveis relacionadas às embarcações. Havendo correlação, será testado se elas ocorrem com respostas positivas e negativas dos grupos. As análises serão realizadas para um grupo único de embarcações de modo geral e separadamente para os dois tipos de motor: centro e popa.

Posteriormente estão previstas análises de regressão visando detectar se existe um grau de dependência entre alguns parâmetros associados e as respostas dos grupos.

Identificação do padrão de segregação na distribuição espacial dos grupos de cetáceos na presença de embarcações (Objetivo 2).

Para definição do sexo e classe etária dos golfinhos-rotadores que acompanham embarcações serão usados dados já coletados através de identificação morfológica visual em barco com casco transparente, foto-identificação e caracterização genética.

Para os outros cetáceos será feita a identificação visual do sexo e classe etária, quando possível, sendo filhote definido com menos de 50% do tamanho de um adulto.

As variáveis a serem analisadas nos dados de cada método são: proporção de macho e fêmeas e proporção de adultos e filhotes ou subadultos.

Análise dos dados

Os dados serão analisados através de testes estatísticos, utilizando o software R. Para todas as análises estatísticas será utilizado o nível de significância de 5% (α = 0,05).

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Além de análise descritiva exploratória, serão realizados testes de qui-quadrado a fim de verificar se existe diferença significativa nas frequências de cada variável analisada.

Caracterização do turismo de observação (Objetivo 3).

Será feito um diagnóstico das atividades de turismo de observação de cetáceos realizadas atualmente, tanto embarcadas como a partir de terra.

Para as atividades embarcadas serão feitas observações diretas em ponto fixo, junto às operadoras de turismo e levantamento direto de informações, analisando: número de pessoas que procuram por esta atividade em Fernando de Noronha, quais as embarcações utilizadas atualmente, procedimentos adotados desde a venda do passeio, informações passadas a bordo, as principais manobras utilizadas pelas embarcações no momento do encontro com os animais até grau de informação sobre cetáceos e treinamento dos tripulantes.

Para as atividades de observação de cetáceos a partir de terra, serão analisadas quais as formas disponíveis atualmente de participação dos turistas nesta atividade: pontos de observação, necessidade de condução por guias e informações disponíveis nos pontos de observação.

Buscaremos dados oficiais de órgãos públicos e dados das associações envolvidas para quantificação das atividades.

Análise dos dados

Serão feitas análises descritivas e de freqüências dos resultados.

Caracterizar a visão dos prestadores de serviço e visitantes envolvidos nas atividades de turismo de observação de cetáceos (Objetivo 4) .

Serão realizadas entrevistas com os prestadores de serviço envolvidos na atividade e visitantes que participaram das duas formas de turismo de observação de cetáceos em Fernando de Noronha. Três meses após a visita, para os visitantes que concordarem, serão enviados questionários via e-mail para avaliar a possível mudança de opinião.

Entrevistas com prestadores de serviço envolvidos nas atividade de turismo de observação de cetáceos

Com base em experiência pessoal prévia serão elaborados questionários para estudo piloto com uma parcela da população-alvo para testar o roteiro de entrevista. A realização de entrevistas-piloto é de extrema importância, pois serve como treino para o entrevistador, possibilita identificar problemas relacionados à maneira de conduzir a entrevista, a compreensão por parte dos entrevistados e a funcionalidade do questionário (DITT et al., 2003).

Após a validação do roteiro de entrevista, a coleta de dados oficial terá início com as entrevistas baseadas em questionários estruturados onde cada participante será questionado com as mesmas perguntas e na mesma sequência. Todos os entrevistados assinarão um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, garantindo seu direito ao anonimato das informações. As entrevistas serão registradas por escrito. Podem conter perguntas abertas, que permitem uma maior liberdade ao entrevistado para discorrer sobre o assunto abordado, ou fechadas, onde o entrevistado deve responder sim ou não ou optar por uma resposta de múltipla escolha (ALBUQUERQUE et al., 2010).

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O objetivo é entrevistar as pessoas envolvidas na prestação de serviços do turismo de observação de cetáceos em Fernando de Noronha, sejam eles, condutores, barqueiros e/ou tripulantes das embarcações. A amostragem será aleatória, realizada no Porto de Santo Antônio e no Mirante dos Golfinhos procurando abranger amostra suficiente que represente a população-alvo. A pesquisa pode ser encerrada caso não haja colaboração dos entrevistados.

As entrevistas serão feitas pelo pesquisador autor deste projeto, já residente em Fernando de Noronha, o que facilita a interação com a comunidade garantindo maior confiança entre o pesquisador e o entrevistado.

O roteiro de entrevista será organizado em quatro partes:

- Parte 1: dados sobre o entrevistado e sobre o barco que trabalha, quando for o caso. - Parte 2: percepção e conhecimento sobre Unidades de Conservação.

- Parte 3: percepção e conhecimento sobre os golfinhos-rotadores e outros cetáceos de ocorrência no arquipélago.

- Parte 4: Atitudes

Entrevistas com visitantes que participaram de atividades de turismo de observação de cetáceos em Fernando de Noronha

Com base em experiência pessoal prévia serão elaborados questionários para estudo piloto com uma parcela da população-alvo para testar o roteiro de entrevista.

Após a validação do roteiro de entrevista, a coleta de dados oficial terá início com as entrevistas baseadas em questionários estruturados onde cada participante será questionado com as mesmas perguntas e na mesma sequência. As entrevistas serão registradas por escrito. As entrevistas podem conter perguntas abertas, que permitem uma maior liberdade ao entrevistado para discorrer sobre o assunto abordado, ou fechadas, onde o entrevistado deve responder sim ou não ou optar por uma resposta de múltipla escolha(ALBUQUERQUE et al., 2010).

O objetivo é entrevistar os visitantes que tenha participado das duas formas de observação de cetáceos no arquipélago. A amostragem será aleatória, realizada no Porto de Santo Antônio e no Mirante dos Golfinhos procurando abranger amostra suficiente que represente a população-alvo, estimada em 75.000 visitantes ao ano.

As entrevistas serão feitas pelo pesquisador autor deste projeto. O roteiro de entrevista será organizado em quatro partes: - Parte 1: dados sobre o entrevistado.

- Parte 2: percepção e conhecimento sobre Unidades de Conservação.

- Parte 3: percepção e conhecimento sobre os golfinhos-rotadores e outros cetáceos de ocorrência no arquipélago.

- Parte 4: Atitudes

Possíveis complementações podem ser feitas ao método deste objetivo. Sendo elas: - aplicação de questionário aos visitantes antes da chegada ao arquipélago, afim de verificar sua expectativa prévia;

- uso de mais de um método para a coleta de dados junto aos prestadores de serviço, com o objetivo de triangulação para uma maior confiabilidade das respostas.

Análise dos dados

Serão realizadas análises estatísticas de qui-quadrado utilizando-se o software R, buscando identificar a existência de um padrão ou perfil e combinando com dados das

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entrevistas com os prestadores de serviço procurando concordâncias e discordâncias quanto aos serviços prestados atualmente. Para os dois questionários, na Parte 4 - Atitudes, será usada a Escala de Likert para análise das respostas.

Descrever e analisar as interação entre cetáceos e o turismo através de ferramenta de análise de interação ecológica (Objetivo 5).

Ferramenta de análise de interação ecológica ainda não definida. As possíveis opções são:

- Máxima entropia (THORNE et al., 2012)

- Sistema de índice agregado: informação do peso da entropia (IEW) + modelo do grau de coordenação da ligação turismo/meio ambiente (CCDM) (TANG, 2014)

- SIG – Sobreposição (KREMEN et al., 1999; LIU et al., 1999; TREVES et al., 2004)

4. Implicações do estudo para conservação

Sendo o Arquipélago Fernando de Noronha um dos principais locais de observação de cetáceos no Brasil e um destino turístico cada vez mais procurado por brasileiros e estrangeiros; local de grande importância ecológica para diversas espécies de cetáceos e tendo em vista a operação muitas vezes desordenada do turismo náutico, se faz necessário um estudo amplo sobre as conseqüências deste desordenamento. A partir dos resultados do impacto das atividades sobre os cetáceos e de um diagnóstico das atividades atualmente realizadas, a elaboração de um plano de ação para o desenvolvimento e operacionalização sustentável desta atividade ajudará na gestão das Unidades de Conservação de Fernando de Noronha (APA-FN, Parnamar-FN), dando subsídios para o ordenamento das atividades de turismo náutico no Arquipélago. A adequação da legislação que regulamenta o turismo de observação no arquipélago também poderá ocorrrer.

A diminuição do conflito entre economia e conservação também é uma consequência da aplicação dos resultados desta tese.

Os resultados também serão divulgados à população local e visitantes de Fernando de Noronha, através de palestras no Centro de Visitantes do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, também nas reuniões dos conselhos das duas UC's locais.

Esta tese irá atender à demanda de pesquisa dos Planos de Ação Nacionais de pequenos e grandes cetáceos (ICMBio, 2011); além de ajudar a preencher a lacuna de estudos de múltiplas abordagens relacionados a este tema no Brasil.

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CRONOGRAMA

Atividades/Anos Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4

Pesquisa e levantamento bibliográfico X X X X

Disciplinas obrigatórias e optativas X

Aplicação das entrevistas X

Coleta de dados Objetivo 3 X

Processamento e análise de dados – Objetivo 1 X

Processamento e análise de dados – Objetivo 2 X Processamento e análise de dados – Objetivo 3 X

Processamento e análise de dados – Objetivo 4 X X

Processamento e análise de dados – Objetivo 5 X

Redação dos capítulos X X

Doutorado Sanduíche X

Submissão do primeiro capítulo X

Referências

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