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ESTÁGIO DE DOCÊNCIA: A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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ISSN 2176-1396

ESTÁGIO DE DOCÊNCIA: A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ariadne de Sousa Evangelista1 - FCT Grupo de Trabalho – Educação da infância Agência Financiadora: FAPESP Resumo

O presente trabalho apresenta a experiência do estágio de docência, vinculado ao Programa de Pós-Graduação, em nível de Mestrado em Educação e ao Departamento de Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP, realizado no terceiro ano do curso de Pedagogia, período vespertino. O estágio busca conciliar a teoria estudada para a realização da pesquisa intitulada “As concepções e expectativas das crianças e dos profissionais da educação sobre o espaço educacional” e a prática docente em nível superior. Foram regidas duas aulas com o tema “A organização do espaço escolar”, principalmente no que se refere à educação infantil. Além da apresentação dos conteúdos foram propostas duas atividades práticas. A primeira foi a análise de oito imagens de salas da educação infantil e a segunda foi montar uma sala de aula de educação infantil, a partir das miniaturas de mobiliários em MDF, previamente apresentados. As duas atividades foram em grupos de trabalho. Na primeira atividade os alunos tiveram um ótimo desempenho ao mencionar os aspectos positivos e negativos das imagens, quanto aos elementos presentes, alguns não foram identificados. Na segunda atividade os alunos se dedicaram na produção dos materiais que compuseram a sala de aula, porém notamos que ainda há resistência quanto à delimitação por áreas proposta por autores que estudam o tema. Em relação ao tema trabalhado concluímos que é de suma importância para futuros professores das crianças pequenas, porém é necessário um tempo maior para que se desconstrua a imagem tradicional do arranjo espacial da sala de aula. O estágio docente atingiu o objetivo de unir teoria e prática e de proporcionar experiência em nível superior.

Palavras-chave: Estágio de docência. Organização do Espaço Escolar. Educação Infantil. Introdução

O programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT/UNESP exige o cumprimento de oito créditos que correspondem a quinze horas cada, em atividades complementares. Destas atividades, até seis créditos ou noventa

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Graduação em Pedagogia: Faculdade de Ciências e Tecnologia - UNESP. Mestranda em Educação: FCT/UNESP. Bolsista FAPESP. ariadne_ev@hotmail.com

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horas podem ser atribuídas ao estágio de docência, desde que este apresente alguma relação com a sua pesquisa.

A proposta da realização do estágio de docência foi apresentada ao Departamento de Educação e ao Programa de Pós-Graduação com o objetivo de elaborar referenciais teóricos, técnicos e práticos para docência no ensino superior de forma a aprimorar a formação pessoal e profissional; e aprofundar conhecimentos sobre espaço, ambiente e lugar educacional, considerando a estrita relação com o projeto de pesquisa de mestrado e sua contribuição para o desenvolvimento do trabalho com crianças pequenas. Além de cumprir com as exigências do regulamento do programa para a qualificação.

Conforme o Plano de estágio apresentados aos órgãos citados, o estágio foi realizado na disciplina Conteúdos, Metodologia e Prática de Ensino de Geografia I, ministrada pela orientadora da pesquisa de mestrado Prof.ª Dr.ª Fátima Aparecida Dias Gomes Marin, no terceiro ano do curso de Pedagogia da FCT/UNESP, no período vespertino, durante o primeiro semestre de 2015.

Para se atingir noventa horas, foram realizadas as seguintes atividades: observação de atividade teóricas e/ou prática (35h/a); preparação para regência (20h/a); regência (10h/a); participação em eventos (10h/a); preparação do relatório (15h/a). Neste trabalho apresentamos as atividades relacionadas à regência.

A principal contribuição teórica em relação às observações feitas em sala de aula refere-se ao conceito de lugar na concepção humanística, segundo Tuan (2013, 2014). Essa “[...] linha de pensamento caracteriza-se principalmente pela valorização das relações de afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em relação ao ambiente.” (LEITE, 1998, p.9). Questões que versam sobre pertencimento, enraizamento, experiências, subjetividade são relevantes para se pensar a construção da noção de lugar pelas crianças diante do espaço escolar.

Em relação à formação profissional colaborou principalmente para a postura do professor de nível universitário, na compreensão das características específicas desse nível de ensino, no respeito que se deve ter pelos alunos e por suas opiniões, na paciência em explicar novamente até que entendessem e em escutá-los.

Para fundamentar as aulas propostas e montar os slides de apresentação utilizamos vários autores das áreas da Educação, Geografia, Psicologia Ambiental, Arquitetura e Urbanismo. Os principais foram: Barbosa (2006); Barbosa e Horn (2008); Blanc e Lesann (2012); Blower (2008); Buffa e Pinto (2003); Campos-de-Carvalho e Menegheni (1998;

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2003); Campos-de-Carvalho e Souza (2008); Carvalho e Rubiano (2000); Cunha (2009); Drumond (2007); Edwards, Gandini e Forman (1999); Fonseca (2013); Forneiro (1998); Frago e Escolano (1998); Kishimoto (2001); Kramer e Guimarães (2009); Horn (2004); Jaume (2004); Rheingantz et al. (2009); Tuan (2012, 2013); Zabalza (1998).

No próximo tópico apresentaremos os objetivos, os conteúdos, a metodologia e as atividades de avaliação das aulas regidas.

A regência das aulas sobre a “Organização do espaço educacional”

O conteúdo é extenso, não seria possível apresentá-lo em uma única aula, por isso foram regidas duas aulas com cinco horas/aula cada. Vale ressaltar que não há uma divisão clara na apresentação da primeira e da segunda aula, porque com exceção das atividades; os conteúdos e os slides foram construídos de forma que atingissem os seguintes objetivos:

1. Compreender os conceitos de espaço, ambiente e lugar na área da Educação, bem como a relevância da organização espacial, principalmente escolar, para o desenvolvimento da criança;

2. Capacitar para a produção de um arranjo espacial e uma decoração, principalmente em sala de aula, que estimule a interação, a autonomia e a sensibilidade estética infantil; 3. Refletir e avaliar o espaço educacional real, e propor mudanças que se adéqüem as

condições sociais, culturais e econômicas das crianças;

4. Compreender quais as possibilidades e limitações do professor na organização do espaço escolar, bem como a importância da participação ativa das crianças nesse processo;

5. Capacitar para organização de um espaço acolhedor, estimulante, aconchegante para todas as crianças, principalmente as crianças com necessidades educativas especiais; 6. Possibilitar a compreensão de que conceitos geográficos podem ser trabalhados desde

a educação infantil através de jogos e brincadeiras.

Para atingir esses objetivos foi utilizada como metodologia a aula expositiva dialogada, com a utilização de slides para auxiliar na apresentação dos conteúdos. Os alunos tiveram a oportunidade de fazer perguntas e acrescentar experiências de leitura e exemplos que se aproximavam dos conteúdos trabalhados.

Na regência das aulas do estágio foram abordados os seguintes conteúdos: a diferença entre espaço, ambiente e lugar; a importância da organização do espaço; o papel do educador na organização do espaço; o papel da criança na organização do espaço; organização

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do espaço na Educação Infantil: dimensões físicas, temporais, relacionais e funcionais; os elementos condicionantes do espaço escolar; critérios da organização do espaço: estruturação, delimitação, transformação, pluralidade, estética, autonomia, segurança, diversidade e polivalência; materiais, mobiliário e decoração (estética, identidade, cultura, significados educativos, cores, publicidade, texturas); interações criança-criança/criança-adulto; a instituição como lugar: iniciativas de pertencimento, acolhimento e documentação; espaços e inclusão; cantos temáticos de Geografia.

O termo espaço foi apresentado numa concepção da área de Educação, específica da Educação Infantil, segundo Forneiro (1998). Para a autora o termo ambiente é diferente do conceito de espaço, assim

O termo espaço refere-se ao espaço físico, ou seja, aos locais para a atividade caracterizados pelos objetos, pelos materiais didáticos, pelo mobiliário e pela decoração.

Já, o termo ambiente refere-se ao conjunto do espaço físico e às relações que se estabelecem no mesmo (afetos, as relações interpessoais entre as crianças, entre crianças e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto). (FORNEIRO, 1998, p. 232-233)

O termo lugar, no senso comum, é utilizado diversas vezes como sinônimo de espaço, porém neste trabalho compartilhamos do conceito proposto por Tuan (2012, 2013). Para o autor, “O que começa como espaço indiferenciado transforma-se em lugar à medida que conhecemos melhor e o dotamos de valor.” (TUAN, 2013, p. 14)

A escola é constituída por um espaço, à medida que é povoada por crianças e profissionais, que se relacionam diariamente, torna-se um ambiente. A experiência vivida neste ambiente, carregadas por afetividade o transforma em um espaço valorizado, um lugar, ou seja, se ela percebe o espaço da escola como seu, sente-se protegida e segura nele, estará pronta para desenvolver-se, além de retribuir-lhe essa proteção, preservando-o. Para Villela e Archangelo (2013), é necessário despertar três sentimentos nos alunos para que a escola torne-se significativa: acolhimento, reconhecimento e pertencimento.

Neste sentido, a organização do espaço escolar é importante para o desenvolvimento global infantil, pois além de influenciar no aspecto emocional da criança, tem o poder de impedir ou favorecer que determinadas atividades e relações que nele se estabelecem. (FORNEIRO, 1998).

Cabe ao professor organizar o espaço escolar, de maneira que favoreça principalmente a autonomia infantil e as interações entre os pares. Jaume (2004), Forneiro (1998), Friedmann (2003), Barbosa e Horn (2008) trabalham com a questão do papel do

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professor na organização do espaço escolar na educação infantil, principalmente no que se refere a sala de aula. Embora usem diversas nomenclaturas para as etapas, podemos sintetizá-las em quatro: planejamento, execução, avaliação, reorganização.

Neste processo os desejos e necessidades das crianças devem ser o principal fio condutor. As crianças têm capacidade de auxiliar em todas as etapas citadas. Para Barbosa e Horn (2008) à medida que as crianças participam da organização do espaço, o respeitam mais e se sentem mais pertencentes a ele.

Forneiro (1998) assevera que ao organizar o ambiente o professor precisa considerar suas quatro dimensões que são independentes, porém inter-relacionadas. São elas: dimensão física, que se refere ao aspecto físico da escola; dimensão funcional, que menciona a função que determinado espaço tem em um horário definido; dimensão temporal, que se remete ao tempo de uso dos espaços; e dimensão relacional, faz referência às relações estabelecidas em determinados espaços.

Esta autora ainda determina nove critérios de organização do espaço da sala de aula, são eles: estruturação, delimitação, transformação, pluralidade, estética, autonomia, segurança, diversidade e polivalência. Ao definir critérios se exclui a idéia de modelo padrão, proporcionando reflexão a partir das especificidades de cada escola.

Conforme Forneiro (1998), o espaço deve ser estruturado por áreas de maneira que a criança possa escolher de qual atividade deseja participar. Além disso, as subdivisões do interior da sala de aula devem ter delimitações claras das áreas. Os mobiliários e materiais também podem permitir a transformação rápida da sala de aula. A organização da sala de aula precisa favorecer a autonomia das crianças, principalmente no manuseio dos materiais. Por outro lado, é importante garantir a segurança, a higiene e a salubridade da sala e de tudo que há nela. A diversidade deve ser garantida em quatro diferentes modalidades: na estruturação das áreas, nos agrupamentos, na posição corporal e no conteúdo. A polivalência se refere às diversas funções que um espaço pode ter de acordo com o período do dia e sua organização material. Também se faz necessário educar para a sensibilidade estética. Por fim a

pluralidade se remete a mostrar para as crianças a ampla diversidade social, cultural, étnica,

de modo que sejam capazes de respeitar as diferenças.

A decoração do interior da sala de aula é o elemento de maior autonomia do professor, sua função principal deve ser educar para a sensibilidade estética as crianças pequenas. Cunha (2009) ao estudar as culturas visuais em escolas de educação infantil afirma ter encontrado um grande número de elementos midiáticos expostos nas paredes, além de um alto índice de

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decoração apenas como material de apoio para as atividades diárias dos professores. Forneiro (1998) defende a participação das crianças na decoração da sala de aula e a exposição de atividades delas, este fato aumenta a sensação de pertencimento.

O arranjo espacial, que é “[...] a maneira como os móveis e equipamentos existentes em um local posicionam-se entre si [...]” (CARVALHO; RUBIANO, 2000, p. 128), altera a qualidade das interações na sala de aula.

Campos-de-Carvalho e Meneghini (1998, 2003) advogam que os arranjos espaciais semiabertos, ou seja, com uma presença maior de zonas circunscritas propiciam uma maior interação entre os pares, enquanto o arranjo aberto, com um amplo espaço central, favorece à interação adulto-criança. Neste contexto, compartilhamos das reflexões de Horn (2004), Forneiro (1998), Blanc e Lesann (2012), Jaume (2004); Rossetti-Ferreira (1998) que consideram os arranjos espaciais semiabertos os mais adequados para as salas de aula de educação infantil.

Ao organizar o espaço escolar também é necessário garantir a acessibilidade a todos os seus usuários. Embora a inclusão de crianças com necessidade educativas especiais faça parte da lei educacional brasileira há algum tempo, na prática ela enfrenta sérias dificuldades e várias delas estão relacionadas ao espaço físico escolar.

No caso de deficiências físicas com o uso de cadeira de rodas, por exemplo, é necessário que sejam construídas rampas de acesso, que os banheiros sejam adaptados, entre outros. Essas mudanças estruturais estão além das limitações do professor, porém podem ser solicitadas as autoridades responsáveis.

Em relação aos materiais de apoio e mobiliários, vários estudos sobre as diferentes necessidades educativas especiais têm permitido que sejam criados objetos adequados a necessidade do aluno. É importante que os professores conheçam e solicitem esses materiais para que a inclusão seja realmente garantida.

Os conteúdos trabalhados em Geografia podem e devem ser inseridos desde a educação infantil, porém devido à idade das crianças as atividades propostas tendem a ser mais lúdicas. Por exemplo, as noções topológicas podem ser trabalhadas com brincadeiras como gato e rato e coelho sai da toca, além de diversos jogos de encaixe e outros que podem ser confeccionados pelo próprio professor.

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Resultados e análise da primeira atividade

A atividade proposta consistia em analisar, em grupos, oito imagens de salas de aula de educação infantil, que selecionamos previamente e preencher na folha de registro com: a idade ou turma indicada para estudar naquele local, os aspectos positivos, os aspectos negativos e os elementos presentes na sala de aula, estudados na teoria. Os resultados podem ser visualizados no quadro a seguir.

Quadro 1 – Primeira Atividade

FOTO FAIXA ETÁRIA ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS ELEMENTOS PRESENTES Figura 1

Fonte: Colégio Cene (2012)

Pré-escola Cor: tonalidade das paredes; Decoração; Lousa branca. Arranjo espacial; Armário não acessível; Carteiras e cadeiras pesadas.

Textura da parede; teto branco; não há brinquedos expostos; iluminação boa.

Figura 2

Fonte: Colégio Discere Laboratum (2011)

Pré-escola Sala espaçosa; Boa iluminação; Carteiras individuais. Estante alta; Espaço sobrecarregado de materiais; Espaço mal organizado.

A sala tem espaço amplo, porém mal organizado. Possui carteiras

individuais, armários com divisórias, no entanto altos e congestionados, o espaço não foi utilizado de maneira correta. Figura 3

Fonte: Ser mãe é tudo (2015)

Maternal (2-3 anos)

Janelas baixas com possibilidade de visão externa; Iluminação e ventilação no teto; Cantos de atividades e brinquedos acessíveis.

Janelas fechadas sem ventilação;

Mobília com cores fortes, piso escuro, Falta de porta de acesso para a área externa

Televisão, mural de atividades, brinquedos, livros de literatura infantil, mobiliários de fácil

locomoção, tapete flexível.

Figura 4 Fonte: Baú de atividades (2015) Pré (4-6 anos) Cantos temáticos; Fácil acesso as crianças (brinquedos, espelho);

Mesa para trabalho em grupo.

Difícil acesso (livros, painel com

atividades); Chão escuro; Vidro/janela alto que impossibilita a visão da criança para fora da sala.

Espaço, cores, arquitetura, ambiente, educação infantil. Figura 5 Fonte: A autora (2014) Maternal (2

– 3 anos) Espaço organizado; Tapete para realização de atividades polivalentes; Decoração favorável ao espaço. Espaço pequeno; Estante alta, dificultando o acesso das crianças; Pouca iluminação. Tapete, colchões, armários, caixa de brinquedos, mesa de adulto, decoração de EVA, estante.

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Figura 6

Fonte: A saber (2011)

Maternal Teto branco para expandir a luminosidade; Muitos brinquedos e existe pufs e tapete; Grande porta de vidro que permite que a criança visualize a área externa.

Não há janelas (a sala não tem circulação de vento, pois também não tem ventiladores e a porta está fechada;

Armário alto não permite que as crianças sozinhas peguem os brinquedos. Possibilidade de visualização da área externa, teto branco, brinquedos acessíveis, cor das paredes.

Figura 7

Fonte: Oliveira (2008)

5 e 6 anos É um espaço que possibilita a interação entre as crianças; As atividades das crianças estão presentes nas paredes da sala; A sala é organizada, iluminada e colorida.

A sala tem excesso de objetos e elementos; Aparentemente falta espaço;

Aparentemente há muitos alunos.

Trabalhos das crianças; carteiras que possibilitam a interação entre as crianças; tapete grande; materiais/caixas, armários, enfeites e alfabeto na parede. Figura 8 Fonte: DesignShare (1998-2014) Não preencheu Espaço amplo (grande); Mesas para trabalhos coletivos; Teto branco.

Faltam cores (cores não são atrativas, não são vivas);

Falta exposição de brinquedos e alguns materiais;

Não vemos janelas, para iluminação natural e ventilação.

Mesas redondas, cores, exposição de trabalhos feita pelos alunos, armários, piso e teto, objetos fora do alcance das crianças, janelas.

Através do quadro podemos notar que os principais aspectos positivos e negativos das salas foram abordados, em relação aos elementos presentes houve muita confusão. Acreditamos que não tenha ficado claro o que se esperava dessa parte da atividade, assim alguns alunos continuaram apresentando aspectos positivos e negativos (figura 1), outros avaliaram a sala (figura 2), outros citaram alguns elementos presentes, mas não apresentaram suas características principais (figura 3) e outros ainda acrescentaram palavras-chaves da teoria (figura 4).

Notamos também erros quanto a alguns termos presentes na parte teórica, por exemplo, na figura 3, nos elementos presentes, os alunos escreveram “tapete flexível”, acreditamos que se referiam a função polivalente do espaço do tapete, mencionada por Forneiro (1998).

Por fim, vários elementos presentes nas imagens, propositalmente escolhidas não comparecem na atividade, por exemplo, na figura 8, há um espaço anexo a sala, nele há um elemento natural. Além disso, é a única imagem que tem dispositivos tecnológicos.

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Resultados e análise da segunda atividade

Na segunda atividade foi proposto que a partir dos mini-mobiliários em MDF, previamente apresentados, os alunos se organizassem em grupos e montassem uma sala de educação infantil. Foram disponibilizadas seis mesas redondas, vinte e quatro cadeiras menores, uma mesa quadrada maior, uma cadeira maior, dois armários altos fechados, dois armários altos abertos e dois armários baixos abertos.

A turma formou três grupos, e produziram as salas que podem ser observadas nas fotografias abaixo:

Figura 9: Grupo 1 Figura 10: Grupo 2 Figura 11: Grupo 3

Fonte: A autora Fonte: A autora Fonte: A autora

Em todas as salas montadas a diversidade de áreas não atingiu sua potencialidade máxima, se considerarmos os mobiliários oferecidos. Na figura 9, há a presença de três áreas: leitura, teatro e brinquedos. Na sala do grupo 2 também há três áreas: leitura, brinquedos e artes. Enquanto no grupo 3 há apenas a área da leitura. Forneiro (1998) afirma que “A sala de aula deve estar organizada em diferentes áreas de jogo – trabalho que favoreçam a diversidade de opções e, portanto, a escolha por parte da criança.” (FORNEIRO, 1998, p. 256).

Em relação à delimitação das áreas também houve falhas, principalmente na posição dos armários. Se observarmos a figura 9, há dois armários baixos nos cantos do teatro e dos brinquedos, delimitando-as corretamente. Porém, próximo ao tapete que provavelmente é utilizado para a comunicação inicial há dois armários abertos encostados na parede. Embora sejam altos, estes armários são vazados permitindo a visualização da criança, então poderiam delimitar uma quarta área. O mesmo acontece na figura 10, um armário é posto na frente do tapete para delimitar a área dos brinquedos, seria mais interessante se ele e o outro armário baixo da área da leitura estivessem ao lado dos cantos. Para Forneiro (1998), “As áreas de jogo-trabalho devem estar claramente delimitadas, de modo a que a criança possa distinguir facilmente os limites de cada uma.” (FORNEIRO, 1998, p. 257).

O canto de brinquedos é algo amplo e sem um propósito claro. O canto da casinha seria o mais indicado, porém não foi contemplado na organização das áreas. Conforme Blanc

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e Lesann (2012, p. 43), “O trabalho na escola apóia-se na reprodução inicial do ambiente da casa do aluno e de sua vida familiar para, aos poucos, enriquecer e diversificar as atividades propostas.”

Os grupos consideraram e respeitaram a necessidade do território e dos mobiliários próprios para os adultos na sala de aula. Porém, no que se refere a carteiras e cadeiras das crianças consideraram um número mínimo de alunos, incomum na escola pública.

O capricho com que confeccionaram os materiais, aproveitando de materiais reutilizáveis como potes de sorvete, pincel de esmalte e retalhos merece destaque. Os alunos consideraram a variedade, a qualidade e a segurança dos materiais mencionada por Forneiro (1998). A produção do próprio material, aproveitando de objetos descartáveis também foi ressaltada pela professora da disciplina, em favor de uma sociedade menos consumista.

Considerações finais

O estágio de docência é extremamente relevante na formação profissional do pós-graduando. Através dele é possível que se cumpra o princípio da universidade de associar ensino, pesquisa e extensão. Além disso, favorece uma postura profissional ética e apropriada para o nível superior de ensino.

A organização do espaço escolar é um tema que precisa ser trabalhado com futuros educadores de crianças pequenas. Conforme Frago e Escolano (1998) o espaço escolar é um elemento curricular silencioso, que interfere na qualidade do desenvolvimento infantil, ainda que o professor esteja consciente. Edwards, Gandini e Forman (1999), afirmam que o espaço é o terceiro educador, nas escolas de Reggio Emilia.

A partir dos resultados das atividades observamos que precisamos reavaliar a maneira de apresentar a primeira atividade. Além disso, constatamos que dez horas/aula sobre o tema se mostrou insuficiente para desconstruir a imagem de sala de educação infantil tradicional, com carteiras em grupos e armários encostados nas paredes. Este modelo de arranjo espacial não atende mais as necessidades da sociedade contemporânea é necessário desconstruí-lo, com urgência, e não há espaço mais adequado que na formação inicial.

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