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Aula 116 DESAPROPRIAÇÃO. Súmula 70. Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em julgado da sentença.

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Curso/Disciplina: Direito Administrativo

Aula: Desapropriação: acumulação de juros compensatórios e moratórios. Desapropriação para fins

de reforma agrária – 116

Professor (a): Luiz O. Jungstedt

Monitor (a): Luis Renato Ribeiro Pereira de Almeida

Aula 116

DESAPROPRIAÇÃO 1. Acumulação de juros compensatórios e moratórios.

Quando a doutrina indaga sobre a acumulação de juros compensatórios e moratórios, o que se questiona é se estes podem correr concomitantemente. A doutrina sempre aceitou essa possibilidade, especialmente em razão do Súmula 70 do STJ, segundo a qual a mora correria logo após o trânsito em julgado. Súmula 70. Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em julgado da sentença.

Assim, os juros compensatórios correriam desde a imissão prévia na posse até o efetivo pagamento. Com o trânsito em julgado, nascem os juros moratórios, que correm junto com os compensatórios até o dia do pagamento.

Nesse sentido, o STJ editou as Súmulas 12 e 102.

Súmula 12. Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios.

Súmula 102. A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei.

Não há que se falar em anatocismo vedado em lei (juros compostos, usura) pois são juros com fundamentos diferentes: um em razão da demora no pagamento e outro em razão da perda da posse. Logo, podem perfeitamente se acumular.

Contudo, a EC 62/09 trouxe um impacto expressivo em matéria de acumulação de juros compensatórios e moratórios, acrescentando o §12 ao art. 100 da CRFB. Assim, a edição da Emenda 62 somada a previsão do art. 15-B, do DL 3.365/41 (que deslocou o momento do início dos juros moratórios) não mais permite a acumulação para as pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado que utilizam o sistema constitucional do precatório.

Art. 100. §2.º. Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao

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triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.

Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se a recompor a perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão final de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição.

Com isso, ficaram superadas as Súmula 70, 12 e 102 do STJ para as pessoas jurídicas que se valem do sistema constitucional do precatório.

De acordo com a Súmula Vinculante 17:

Súmula Vinculante 17. Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

Obs.: onde se lê “§1.º”, leia-se “§5.º”.

Se o precatório é pago em dia (ou seja, de 1.º de julho até 31 de dezembro do seguinte financeiro seguinte), não incidem juros moratórios, pois a CRFB definiu esse lapso temporal para que o Estado pague. Somente existirá mora a partir de 1.º de janeiro do exercício seguinte àquele que o pagamento deveria ser feito.

1.º JUL. 2018 1.º JAN. 2019 31 DEZ. 2019

1.º JAN. 2020

LOA 2019 EXERCÍCIO

FINANCEIRO SEGUINTE

Em razão disso, a Súmula 70 do STJ (que define a mora a partir do trânsito em julgado) não é válida para as pessoas jurídicas que adotam o sistema constitucional do precatório.

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Ademais, o art. 100, §12, da CRFB/88, na forma da EC n.º 62/09, dispõe que fica excluída a incidência de juros compensatórios no sistema constitucional do precatório. Portanto, com o advento da EC 62/09, não há mais que se falar em acumulação de juros compensatórios com moratórios.

Art. 100. §12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios.

Com isso, os juros compensatórios correriam desde a imissão prévia na posse até 1.º de julho, e o valor somente será pago no exercício financeiro seguinte. Quando pago, o valor será atualizado monetariamente. Se não for pago, nasce a mora.

Logo, os juros compensatórios e moratórios não correm juntos, pois seus períodos de incidência não coincidem no tempo.

O STJ textualmente já se manifestou nesse sentido:

“Segundo jurisprudência assentada por ambas as Turmas da 1 Seção, os juros compensatórios, em desapropriação, somente incidem até a data da expedição do precatório original. Tal entendimento está agora também confirmado pelo § 12 do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC 62/09. Sendo assim, não ocorre, no atual quadro normativo, hipótese de cumulação de juros moratórios e juros compensatórios, eis que se tratam de encargos que incidem em períodos diferentes: os juros compensatórios têm incidência até a data da expedição de precatório, enquanto que os moratórios somente incidirão se o precatório expedido não for pago no prazo constitucional” (REsp n. 1.118.103/SP, rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, j. 24-2-2010).

Maria Sylvia Zanella Di Pietro entende que a acumulação não é mais devida. O art. 15-B e art. 100, §12 (n/f EC 62) são fundamentais para se chegar a essa conclusão.

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Contudo, em 2017, no RE 579.431/RS, o STF entendeu que da data da realização dos cálculos até 1.º de julho são devidos juros moratórios, criando um novo lapso temporal em que correrão juros moratórios, incidindo cumulativamente juros moratórios e compensatórios (acumulação).

O caso, inicialmente, era referente à RPV – Requisição de Pequeno Valor (art. 100, §3.º, CRFB/88). Assim, entre o cálculo fixando o valor final da indenização até o pagamento da RPV (60 dias após a condenação) incidirão juros moratórios.

Art. 100. §3.º. O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

A decisão, contudo, estendeu o entendimento também para o precatório, que assim como a RPV é uma espécie do gênero “requisições de pagamento”.

“São devidos juros de mora no período compreendido entre a data da feitura do cálculo e a data da expedição da requisição de pequeno valor – RPV. (...) No Supremo, a Presidência suscitou questão de ordem, tendo o Plenário concluído (i) pela existência de repercussão geral do tema relativo à incidência dos juros da mora no período compreendido entre as datas de elaboração dos cálculos e de expedição da requisição de pequeno valor ou do precatório” (STF, RE 579.431/RS).

Portanto, atualmente, há possibilidade de acumulação de juros moratórios e compensatórios, não na forma e no momento em que se acumulavam antigamente, mas em outro momento: entre o cálculo do valor final da indenização a ser pago e 1º de julho (inscrição no precatório).

Obs.: a acumulação dos juros compensatórios e moratórios é mantida para as desapropriações promovidas por empresas estatais prestadoras de atividade econômica e por delegatórios de serviço público, pois são pessoas jurídicas de direito privado fora do sistema constitucional do precatório. Portanto, não se

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aplicam o art. 15-B, do DL 3.365, nem o art. 100, §12, da CRFB/88. Não sendo aplicáveis esses dispositivos, são mantidas as Súmulas 70, 12 e 102, do STJ.

Assim é feito o cálculo da indenização prévia, justa e em dinheiro, prevista no art. 5.º, XXIV, da CRFB/88. Há, contudo, variações da indenização na desapropriação que devem ser estudadas, com na desapropriação para fins de reforma agrária (art. 184, CRFB/88), sanção urbanística (art. 182, §4.º, III) e desapropriação confisco agrário (art. 243), em que não haverá indenização.

Na reforma agrária, a indenização será paga em TDA, com pagamento das benfeitorias; na desapropriação sanção urbanística, em TDP e não será justa; e na desapropriação confisco agrário não haverá indenização.

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2. Desapropriação para fins de reforma agrária (art. 184, CRFB/88 e art. 2.º, LC 76/93).

CRFB/88. Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

LC 76/93. Art. 2.º. Art. 2º A desapropriação de que trata esta lei Complementar é de competência privativa da União e será precedida de decreto declarando o imóvel de interesse social, para fins de reforma agrária. Para essa desapropriação são necessários 4 pressupostos cumulativos:

• interesse social; • imóvel rural;

• fins de reforma agrária;

• pagamento em TDA (títulos da dívida agrária).

Quando presentes essas 4 noções, somente a União pode desapropriar para fins de reforma agrária, a competência é privativa da União. Se o pagamento for em dinheiro, todos os entes da Federação podem desapropriar para fins de reforma agrária.

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A CRFB elenca imóveis rurais que não podem ser desapropriados para fins de reforma agrária (art. 185).

Os conceitos de pequena e média propriedade rural estão previstos no art. 4.º, II e III, da Lei 8.629/93; e o conceito de propriedade produtiva no art. 6.º da mesma Lei.

Art. 4.º. Para os efeitos desta lei, conceituam-se:

II - Pequena Propriedade - o imóvel rural: a) de área até quatro módulos fiscais, respeitada a fração mínima de parcelamento;

III - Média Propriedade - o imóvel rural: a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais; Art. 6.º. Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente.

Pequena e média propriedade rural são definidas pelo princípio do dimensionamento eficaz. De 1 a 4 módulos fiscais considera-se pequena propriedade; acima de 4 e até 15, média propriedade rural. O módulo fiscal é uma unidade de medida criada pelo princípio do dimensionamento eficaz.

Levando em consideração o produto rural típico da região, o INCRA, através de instruções normativas, faz os cálculos e define que o módulo fiscal em cada Município equivale a um determinado número de hectares. As instruções normativas do INCRA definem o módulo fiscal para cada Município do País.

Além do módulo fiscal há outras unidades de medida, como o módulo rural (feito por região, isto é, por Estados), mencionado no Estatuto da Terra. A unidade de medida do dimensionamento eficaz que prevalece é a da Lei 8.629 (módulo fiscal, feito por Município).

A pequena e média propriedade rural não podem ser desapropriadas para fins de reforma agrária porque cumprem o fim para o qual foram definidas, isto é, dão condições ao agricultor para que possa viver da terra; e a área abaixo da pequena propriedade rural é considerada minifúndio.

A propriedade produtiva não pode ser desapropriada porque atende a sua função social (art. 186, I, CRFB/88). Esta propriedade é identificada pelo INCRA através de vistorias.

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O art. 6.º da Lei 8.629 traz os parâmetros para enxergar a propriedade produtiva: grau de utilização da terra (GUT) e grau de eficiência (GE).

O INCRA notifica o proprietário, ingressa na propriedade, faz a avaliação com base nesses dois indicadores e define se a propriedade é produtiva ou não. Se o laudo concluir que a propriedade não é produtiva, a área está passível de ser desapropriada para fins de reforma agrária.

A Lei 8.629/93, em seu art. 2.º, §6.º (incluído pela MP 2.183), proíbe por 2 anos a realização da vistoria que verifica se o imóvel é ou não produtivo quando este for objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário, e em caso de reincidência, o prazo que impede a vistoria é prorrogado por mais 2 anos.

Art. 2.º. §6.º. O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações.

Logo, diante dessas condições, o imóvel rural ficaria excluído do regime constitucional de desapropriação para fins de reforma agrária por no mínimo 2 e no máximo 4 anos (se houver reincidência).

Contudo, a CRFB/88 elencou no art. 185 o que não poderia ser objeto de desapropriação para fins de reforma agrária. Assim, questiona-se se uma MP poderia fazê-lo, criando um novo caso.

O STF fez uma interpretação teleológica para aceitar a previsão trazida pela MP, entendendo que a propriedade somente ficará excluída da possibilidade de desapropriação para fins de reforma agrária se a ocupação impedir a aferição da produtividade do imóvel rural.

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Ou seja, se a ocupação impedir que os técnicos do INCRA ingressem no imóvel e façam a aferição, a área não poderá ser desapropriada. Portanto, a previsão seria uma variação do art. 185, II, e não um terceiro caso.

Se a ocupação impede a vistoria não é possível saber se o imóvel é produtivo ou não, logo, a hipótese deve ser inserida no inciso II.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva.

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