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PERFIL DA POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE EM SERGIPE RESUMO

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Academic year: 2021

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PERFIL DA POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE EM SERGIPE Marcela de Souza Santos (Acadêmico de Enfermagem, Universidade Tiradentes)* Wiltar Teles Santos Marques (Acadêmica de Enfermagem, Universidade Tiradentes) Felipe Souza Nery (Orientador, Mestre em Saúde Coletiva, Universidade Tiradentes)

*e-mail: souzamarcorion@gmail.com RESUMO

No Brasil, pessoas privadas de liberdade são àquelas, maiores de 18 anos, que se encontram encarceradas em um sistema prisional. O objetivo deste estudo é avaliar o perfil de presos em Sergipe, no ano de 2016. Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo com base nos dados secundários disponibilizados pelo Departamento Penitenciário Nacional, através do INFOPEN. Foram observados 4.465 presos, representados, quase que na totalidade, por homens (92,5%), jovens (com idade inferior a 30 anos) e de raça/cor parda (2.935 presos). No ano de 2016, notou-se maior frequência de homens privados de liberdade quando comparado com as mulheres, evidenciando disparidades importantes que podem ser reflexo da vulnerabilidade do homem no acesso às oportunidades e bens de consumo na sociedade.

Palavras-chave: Prisão. Jovem. Risco. Vulnerabilidade.

INTRODUÇÃO

O sistema prisional compreende o início percorrido, desde a realização da prisão de alguém, até a sua pena propriamente dita, caracterizando-a como pessoa privada de liberdade. Este último termo, conceitua-se como sendo o indivíduo, maior de 18 anos, que se encontra, em alguma medida, encarcerada (BRASIL, 2014a).

Os direitos dos presos à saúde de fato, começaram a ser garantidos a partir Lei da Execução Penal (LEP) que traz, além das diretrizes de como deve ser aplicada a pena ao réu, a garantia dos seus direitos sociais, à saúde, a educação, entre outros (BRASIL, 1984). Mas, foi a partir do Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP) que as práticas de saúde começaram a ser aplicadas (LERMEN et al., 2015).

Instituído no ano de 2003 o PNSSP, foi proposto para confirmar o que diz a Constituição Federal de 1988 e diversas outras leis que regem a saúde, que ela deve ser para todos e que o Estado tem a obrigação de provê-la, de acordo com s princípios de universalidade, integralidade e equidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Posteriormente, o PNSSP, cedeu lugar para o Plano Nacional de Atenção Integral a Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), pois, já não atendia de forma eficaz os direitos das pessoas em cárcere privado no Brasil (BRASIL, 1988, 2004, 2014b).

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Humana (HIV) e tuberculose são de extrema preocupação a saúde pública nesses locais, sendo a estimativa epidemiológica dessas patologias de difícil mensuração (FERRI et al., 2014). No final do século XX pelo menos 20% das pessoas privadas de liberdade eram portadoras do vírus do HIV (REIS; BERNARDES, 2011). Em 2011, a incidência de tuberculose na população geral do Brasil foi de 38,4 para cada 100.000 habitantes, em contrapartida, na população carcerária brasileira o risco para esta doença foi 27 vezes maior. Em um estudo realizado no Pará em um grupo de 12.000 pessoas encarcerados a taxa de vulnerabilidade variou entre 24 a 25 vezes maior quando comparado a população geral (SANTOS; SÁ, 2014).

Assim, compreendendo a vulnerabilidade da população carcerária, este trabalho tem como objetivo avaliar o perfil demográfico da população privada de liberdade em Sergipe no ano de 2016, buscando evidenciar diferenciais de sexo, raça/cor e faixa etária, na perspectiva de identificar essas desigualdades como reflexo de problemas estruturais vivenciadas pela sociedade.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo com base nos dados secundários disponibilizados pelo Departamento Penitenciário Nacional, através do INFOPEN. Esses dados, de domínio público e transparente, foram publicados em 2017 e corresponde a todos os estabelecimentos prisionais do Brasil. Para a presente pesquisa, foram incluídos dados dos nove estabelecimentos prisionais do estado de Sergipe. Esses dados, corresponde ao consolidado de dados dos gestores dos sistemas prisionais referentes ao ano de 2016.

Para a avaliação dos diferenciais no perfil de encarceramento, foram analisadas as frequências absolutas e relativas das seguintes variáveis: sexo, raça/cor e faixa etária. Para a sistematização dos dados, foi utilizado o programa Microsoft Excel e os resultados serão dispostos em tabelas.

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RESULTADOS

O estudo perfez 4.465 registros de pessoas privadas de liberdade em 2016 no estado de Sergipe, nos nove estabelecimentos prisionais. Destes, 92,5% eram representados por homens. Esses dados, refletem que, para cada mulher presa no estado, 18,3 homens são privados de liberdade. Essa diferença elevada entre ambos os sexos não é nova, em Rondônia no ano de 2012 a população carcerária era de 7.448 presos, destes 93,69% eram do sexo masculino e apenas 6,31% do sexo oposto (AZEVEDO et al., 2015).

Neste estudo evidenciou-se que a maioria dos presos masculinos no estado se autodeclaram pardos, enquanto que a maioria das presas se autodeclararam pretas (Tabela 1).

Tabela 1 – Distribuição percentual da população privada de liberdade segundo sexo e raça/cor da pele, Sergipe, 2016.

RAÇA/COR SEXO Masculino (%) Feminino (%) Branca 446 (94,3) 27 (5,7) Preta 697 (88,9) 87 (11,1) Parda 2.935 (98,8) 36 (1,2) Amarela 13 (14,6) 76 (85,4) Outras 41 (100) 0 (0) TOTAL 4.132 226 Fonte: INFOPEN (2016).

A maior parte da população que se encontra nos presídios são jovens (Tabela 2, 3). Em relação à população masculina, 34,2% estavam na faixa etária de 18 a 24 anos, 26,7% na faixa etária de 25 a 29 anos. Poucos presos encontram-se na faixa etária acima de 61 anos (Tabela 2). As desigualdades sociais impostas pela sociedade e a precariedade de acesso à educação tem levado os jovens a se envolvam desde de cedo na criminalidade, o que ausenta desse grupo populacional, principalmente, de classe média baixa a oportunidade de obter uma formação escolar e profissional, e consequentemente expondo-os a caminhos vinculados a violência (BORGES; ALENCAR, 2015).

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Tabela 2 – Distribuição percentual da população privada de liberdade segundo faixa etária e sexo masculino, Sergipe, 2016.

FAIXA ETÁRIA n % 18 a 24 anos 1.468 34,2 25 a 29 anos 1.146 26,7 30 a 34 anos 699 16,3 35 a 45 anos 666 15,5 46 a 60 anos 261 6,1 61 a 70 anos 47 1,1 Mais de 70 anos 03 0,1

Idade não informada 06 0,1

Fonte: INFOPEN (2016).

O perfil etário da população carcerária feminina assemelha-se com a população masculina, entretanto, há uma predominância maior de mulheres com idade entre 18 a 24 anos (62,8%), quando comparado com as demais faixas etárias. Além disso, as faixas etárias acima de 46 anos, tiveram baixa representatividade (Tabela 3).

Tabela 3 – Distribuição percentual da população privada de liberdade segundo faixa etária e sexo feminino, Sergipe, 2016.

FAIXA ETÁRIA n % 18 a 24 anos 142 62,8 25 a 29 anos 42 18,6 30 a 34 anos 19 8,4 35 a 45 anos 20 8,8 46 a 60 anos 02 0,9 61 a 70 anos 01 0,4 Fonte: INFOPEN (2016). CONCLUSÃO

No ano de 2016, notou-se maior frequência de homens privados de liberdade quando comparado com as mulheres, evidenciando disparidades importantes que podem ser reflexo da vulnerabilidade do homem no acesso às oportunidades e bens de consumo na sociedade. É provável que essas disparidades sejam históricas.

Ressalta-se também a vulnerabilidade da população jovem, em ambos os sexos, que podem estar susceptíveis às condições insalubres, às doenças infecciosas e a violência, representando um quantitativo importante de anos perdidos e demandas de

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Além disso, a raça/cor parda foi a mais predominante na população carcerária masculina e a preta, na feminina. Esses achados podem revelar a forte desigualdade social existente entre a população branca e negra – variável síntese de pretos e pardos, no estado.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, A. H. C. et al. Sistema prisional brasileiro. Revista Científica da UNESC. Rondônia, v. 13, n. 16. 2015.

BORGES, L. S.; ALENAR, H.M. Violências no cenário brasileiro: fatores de risco dos adolescentes perante uma realidade contemporânea. Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. São Paulo, v. 25 n. 2, 2015. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 19 set. 2017. BRASIL. Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN). Base final DEPEN publicação 2016. 2016b. Disponível:< http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen/infopen>. Acesso em: 19 abr. 2018. BRASIL. Legislação em Saúde no Sistema Prisional. Ministério da Saúde. Brasília, 2014a. Disponível em: < http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/legislacao_saude_sistema_prisional.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2018.

BRASIL. Plano Nacional de saúde no Sistema Penitenciário. Brasília, 2004. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_pnssp.pdf>. Acesso em: 16 set. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional. Brasília, 2014b. Disponível em:

<http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnaisp.php>. Acesso em: 19 set. 2017.

FERRI, A. O. et al. Diagnóstico da tuberculose: uma revisão. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 15, n. 24, p. 105-212, jul./dez., 2014.

LERMEN, H. S. et al. Saúde no Cárcere: análise das políticas sociais de saúde voltadas à população prisional brasileira. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, p. 905-24, 2015.

REIS, C. B.; BERNARDES E. B. O que acontece atrás das grades: estratégias de prevenção desenvolvidas nas delegacias civis contra HIV/AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v.16, n. 7, 2011.

SANTOS, M. N. A.; SÁ, A. M. M. O ser-portador de tuberculose em prisões: um estudo de enfermagem. Esc Anna Nery, Pará, v. 18 n. 2, p. 350-5, 2014.

Referências

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