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ATLAS.ti: UM SOFTWARE PARA ANÁLISE DE IMAGENS

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Academic year: 2021

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RODRIGUES*, Edile M. Fracaro edile@celulas.com.br

Resumo

O software ATLAS.ti tem se mostrado um instrumento eficiente na análise de questionários com questões abertas e fechadas, bem como na criação de banco de dados e networks (teias de relações) que possibilitam um panorama bastante interessante na proposta de toda pesquisa. O presente artigo tem como objetivo destacar a utilização do software ATLAS.ti na análise de imagens, visto que esse programa está sendo utilizado para a análise de dados levantados durante um Seminário de Ensino Religioso, pesquisa com defesa prevista para junho de 2008. Esse é justamente o componente inovador da pesquisa que está sendo desenvolvida. Sem a pretensão de fazer uma profunda análise semiológica, apresentamos como requisito final do Seminário de Pesquisa IV: análise de dados qualitativos com recursos tecnológicos do Programa de Pós-Graduação stricto sensu da PUC-PR, um relatório com o objetivo validar os indicadores da pesquisa sobre o papel do Ensino Religioso como componente do currículo do Ensino Fundamental nas escolas públicas do Paraná, para aumentar a fidedignidade dos indicadores e colaborar para a interpretação dos dados. A pesquisa será desenvolvida a partir de desenhos e frases elaboradas por professores do Ensino Religioso. Buscou-se então, fazer um inventário denotativo que consiste em identificar os elementos presentes nas imagens e nas falas dos sujeitos da pesquisa e, com base no referencial teórico e dos indicadores que emergirão da própria pesquisa, analisar as significações e significados presentes nos documentos analisados. O software ATLAS.ti tem demonstrado grande versatilidade na análise de textos e imagens o que abre muitas possibilidades para enriquecer uma pesquisa qualitativa.

Palavras-chave: Educação; Tecnologia; ATLAS.ti; Análise de imagens; Ensino Religioso. Introdução

Todo sujeito é político, religioso, social, lúdico, racional, individual, mas não é nada disso isoladamente. “E, embora mantenha uma relação consigo mesmo, é no limiar do encontro com o outro que constrói sua identidade” (MATO, 1998, p. 282).

Entendendo o Ensino Religioso a partir de uma visão mais ampla e que se relacione com outros saberes, o Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso — FONAPER — e o Grupo de Pesquisa em Educação e Religião — GPER— têm direcionado os setores educacionais envolvidos em projetos específicos, a ampliar as discussões sobre essa área do conhecimento. O objetivo desses espaços de discussão é que, orientados por critérios éticos, a

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religiosidade presente em cada um possa ser desenvolvida de maneira dialógica e reverente ante as diferentes expressões religiosas.

A construção do Ensino Religioso como área do conhecimento e componente curricular se encontra organizada nos PCNER (2000), e para orientar o currículo para toda rede pública estadual, a SEED — Secretaria de Estado de Educação do Paraná — construiu, com o auxílio de equipes pedagógicas dos Núcleos Regionais de Educação e de técnico-pedagógicos da SEED, um documento orientador: as Diretrizes Curriculares da Educação Básica no Paraná. Essas diretrizes orientam a organização as disciplinas que compõem a base nacional comum e a parte diversificada conforme o artigo 26, da Lei de Diretrizes da Educação Nacional (LDBEN) 9.394 de 20 de dezembro de 1996.

O questionamento da própria prática é essencial na formação do professor, pois dessa forma será capaz de gerar conhecimento e compreender o conhecimento desenvolvido pelos outros (MARCELO, 1999, p.30).

Para debater as Diretrizes do Ensino Religioso, entre os dias de 23 a 26 de outubro de 2006 em Curitiba (PR), a Secretaria de Educação do Estado do Paraná promoveu um Simpósio de Ensino Religioso. Estiveram presentes mais de 350 professores que atuam nessa área do conhecimento. Na ocasião, foi proposto aos participantes que elaborassem um desenho e uma frase com o objetivo de expressar o papel do Ensino Religioso na educação dos alunos do Ensino Fundamental do Estado do Paraná. Foi solicitado também que fossem indicados gênero, formação e tempo de docência. Duzentos e dezessete professores responderam à pesquisa.

O presente artigo tem como objetivo destacar a utilização do software ATLAS.ti na análise de imagens, visto que esse programa está sendo utilizado na análise de dados levantados durante esse Seminário, pesquisa com defesa prevista para junho de 2008.

Análise de conteúdo e imagem

A pesquisa social “apóia-se em dados sociais — dados sobre o mundo social — que são o resultado, e são construídos nos processos de comunicação” (BAUER et al, 2003, p. 20).

Os autores distinguem dois modos de dados sociais: a comunicação formal que exige conhecimento especializado e a comunicação informal que, apesar de poucas regras explícitas, possibilita às pessoas falar, desenhar ou cantar do modo que queiram. Assim,

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Bauer et al (2003, p.21) fazem distinção de três meios pelos quais os dados podem ser construídos: texto, imagem e materiais sonoros, pois o interesse da pesquisa social está

Na maneira como as pessoas espontaneamente se expressam e falam sobre o que é importante para elas e como elas pensam sobre suas ações e as dos outros. Dados informais são gerados menos conforme as regras de competência, tais como capacidade de escrever um texto, pintar ou compor uma música, e mais do impulso do momento, ou sob a influência do pesquisador.

A semiologia†, ciência que estuda a vida dos signos no seio social, contribui mais quando entendida como parte da lingüística. “Por exemplo, o sentido de uma imagem visual é ancorado pelo texto que a acompanha, e pelo status dos objetos” (PENN, 2003, p.321).

Para a autora, a maioria das imagens está acompanhada de algum tipo de texto. Isso realça a uma diferença importante entre imagens e texto: a imagem é sempre ambígua, polissêmica. Daí ser fundamental que algum tipo de texto acompanhe a imagem para que ambos, imagem e texto, contribuam para o um sentido mais completo.

Para Penn (2003, p.333) “não há uma única maneira de se apresentar os resultados de análise semiológicos” e destaca três estágios para se empreender uma análise semiológica:

1. A escolha do material. 2. Um inventário denotativo.

3. Os níveis mais altos de significação.

Como a pesquisa será desenvolvida a partir de desenhos e frases elaboradas por professores do Ensino Religioso tendo como objeto de estudo a compreensão que o professor tem acerca do papel do Ensino Religioso como componente curricular, buscou-se fazer um inventário denotativo. Esse inventário consiste em identificar os elementos presentes nas imagens e nas falas dos sujeitos envolvidos na pesquisa e, com base no referencial teórico e dos indicadores que emergirão da própria pesquisa, analisar as significações e significados presentes nos documentos analisados.

O software ATLAS.ti

O primeiro contato com ATLAS.ti ocorreu no primeiro semestre de 2007, participando do Seminário de Pesquisa IV: análise de dados qualitativos com recursos tecnológicos. Foi proposta uma análise de três dissertações apresentadas ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu da PUC-PR em que o software foi utilizado para análise dos dados. Verificou-se a

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eficiência desse programa para levantar o perfil dos professores, analisar questionários com questões abertas e fechadas, bem como criar banco de dados e networks (teias de relações) que possibilitam um panorama muito interessante na proposta de toda pesquisa.

O componente inovador da pesquisa que está sendo desenvolvida é a análise dos desenhos utilizando o software ATLAS.ti. Durante essa disciplina, foi feita a inserção no ATLAS.ti de trinta (30) dos duzentos e dezessete (217) documentos coletados durante o Seminário de Ensino Religioso (2006). O objetivo era enfocar uma estruturação lógica e coerente desse recurso tecnológico para análise de imagens e ampliar a credibilidade da pesquisa.

Um “jornal de bordo” desenvolvido durante o Programa de Aprendizagem foi de fundamental importância para a descrição de todo o caminho percorrido da inserção dos documentos no programa ATLAS.ti e das diferentes etapas da análise de conteúdo.

Sem a pretensão de fazer uma profunda análise semiológica, foi apresentado como requisito final do Seminário de Pesquisa IV, um relatório com o objetivo validar os indicadores da pesquisa sobre o papel do Ensino Religioso como componente do currículo do Ensino Fundamental nas escolas públicas do Paraná, e aumentar a fidedignidade desses indicadores colaborando para a interpretação das percepções dos dados.

O processo de preparação dos dados

Os trinta (30) documentos foram numerados aleatoriamente numa ordem crescente e a identidade dos sujeitos envolvidos na pesquisa está preservada, já que não há dados pessoais dos sujeitos envolvidos na pesquisa.

Além de digitalizar as imagens, foi criado um arquivo Word “Identificação” para cada sujeito contendo informações como Gênero, Formação, Tempo de docência e Tempo de docência no Ensino Religioso, a frase elaborada sobre o papel do Ensino Religioso como componente curricular e alguma informação complementar que porventura constasse do documento produzido pelo sujeito da pesquisa.

Assim, dois documentos digitais foram criados a partir dos documentos elaborados pelos sujeitos envolvidos na pesquisa. Também foi criada uma tabela de referência (veja exemplo) para auxiliar a conferência dos dados dos trinta (30) sujeitos do relatório com os códigos gerados pelo próprio ATLAS.ti *.

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A criação dos códigos

Código (code) é um indicador que ajuda na análise qualitativa para identificar um agrupamento de citações (quotations) que têm elementos comuns e um significado próprio para a pesquisa a ser desenvolvida. O código, portanto, permite agrupar as unidades de sentido, citações do texto ou elementos da imagem. Os códigos apresentados nesse trabalho foram criados a partir de referencial teórico, de análise subjetiva da pesquisadora, de elementos comuns presentes nas imagens e de complementação entre os documentos criados para auxiliar na análise sobre a compreensão do professor sobre o papel do Ensino Religioso como componente curricular.

Os códigos dos indicadores que ajudarão no levantamento do perfil do professor de Ensino Religioso são: CD- genero; CD-formacao; CD-tempodocencia e CD-tempodocER.

É importante destacar que se verificou a necessidade da criação de códigos mais detalhados em relação a gênero e formação. A especificação do indicador FORMAÇÃO, por exemplo, subdividido em graduação, especialização ou pós-graduação será importante para um futuro cruzamento de dados. Além disso, algumas impressões que foram codificadas como memos no ATLAS.ti se transformadas em códigos.

As memos são as memórias do processo da criação de códigos (pequenos textos interpretativos, autores que referendem a informação codificada e outras informações sobre a citação consideradas importantes) e facilitam a análise de dados e a passagem para o nível conceitual de análise. Na tabela a seguir estão presentes os códigos, a descrição de cada um deles e as impressões da pesquisadora.

Sujeito Imagem Identificação S001 P1 * P31* S002 P2* P32* S003 P3* P33* S004 P4* P34* S005 P5* P35*

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Dificuldades

Algumas dificuldades fizeram parte do percurso:

— Para manter o padrão do nome dos arquivos na pasta DADOS, foi necessário deletar e começar novamente no ATLAS.ti após renomear os arquivos. Depois, renumerar os

CD- apesar do texto Apesar de a imagem estar acompanhada de um texto, tive dificuldade de apreender o significado. Lembrando que o que o proposto foi criar uma frase e um desenho que demonstrasse o papel do ER no currículo do Ensino Fundamental nas ecolas públicas do Estado do Paraná. Esse código era

uma memo. CD- áreas do

conhecimento O desenho remete a uma relação com outras áreas do conhecimento. Esse código era uma memo.

CD- complementar Frase ou palavra que complementa a opinião.

CD-

confessionalidade Algum elemento do desenho remete a uma confessionalidade. Esse código era uma memo. CD-dificil de entender Referente à opinião do professor sobre o papel do ER no currículo do Ensino

Fundamental nas escolas públicas.

CD- formação Formação do sujeito

CD- gênero Gênero do sujeito

CD- igualdade Referente ao desenho ou à opinião do professor sobre o papel do ER no

currículo do Ensino Fundamental nas escolas públicas.

CD- imagem

ancorada "a imagem é sempre polissêmica ou ambígua. É por isso que a maioria das imagens está acompanhada de algum tipo de texto: o texto tira a ambigüidade da imagem - uma relação que Barthes denomina de ancoragem, em

contraste com a relação mais recíproca de revezamento, onde ambos, imagem e texto, contribuem para o sentido completo."

Penn in: Dauer e Gaskell. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

Esse código era uma memo.

CD- imagem e texto Imagem e texto se complementam.

CD- imagem sem texto

CD- opinião Frase que o sujeito expressou o papel do ER no currículo do Ensino

Fundamental nas escolas públicas do Estado do Paraná.

CD- plurailidade O sujeito conseguiu, no meu entendimento, expressar a pluralidade das

expressões religiosas. Esse código era uma memo.

CD- recorrente-ave Elemento do desenho que é percebido em mais de documento.

CD- recorrente-casa Elemento do desenho que é percebido em mais de documento.

CD- recorrente-cruz Elemento do desenho que é percebido em mais de documento.

CD-

recorrente-fighumana Elemento do desenho que é percebido em mais de documento.

CD-

recorrente-mundo Elemento do desenho que é percebido em mais de documento.

CD- recorrente-planta Elemento do desenho que é percebido em mais de documento.

CD- recorrente-sol Elemento do desenho que é percebido em mais de documento.

CD- respeito Respeito às diferenças referentes ao desenho ou à opinião do professor

sobre o papel do ER no currículo do Ensino Fundamental nas escolas públicas.

CD- sagrado Referente ao transcendente, sagrado, Deus

CD- tempodocência Tempo de docência do sujeito.

CD- tempodocER Tempo de docência no ER

CD- texto sem imagem

CD- universo O desenho remete a uma universalidade ou é imagem recorrente.

CD- valores A imagem ou a frase passa o ER no sentido de trabalhar valores, moral e

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documentos no ATLAS.ti, porque o programa armazena a numeração antiga quando se apagam os dados.

— Parecia não ser possível selecionar a imagem na totalidade porque depois não se poderia selecionar alguma parte dela para codificá-la. Parecia ser necessário primeiramente selecionar as partes, codificar cada uma e depois selecionar toda a imagem para codificá-la relacionando-a ao sujeito. A solução é clicar fora da imagem para nova seleção.

— Por não dominar o programa e para evitar confusões, ao transformar as memos em codes foi salvo um arquivo antigo sem as memos que foram anotadas num arquivo Word para depois serem “coladas” nos codes.

Fato importante: Antes de fazer as teias (Networks Views), pensava-se em digitalizar as imagens novamente com os textos salvos como imagens, porque foram necessários os documentos originais para ver o todo. Não estava sendo possível fazer a relação com arquivos de imagem e texto separados. Mas no momento em que a teia de um dos sujeitos foi montada, verificou-se que isso não seria necessário.

É preciso ressaltar que outros programas podem ser mais interessantes para que a apresentação dos dados fique mais clara para o leitor. Foi o que se percebeu ao criar a teia a seguir. Esses dados ficariam mais visíveis, por exemplo, numa tabela do Word ou Excel.

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A análise textual

A partir do arquivo Word “Identificação” de cada sujeito foi possível selecionar elementos para a codificação de Gênero, Formação, Tempo de docência e Tempo de docência no Ensino Religioso, além da frase elaborada sobre o papel do Ensino Religioso como componente curricular e alguma informação complementar que porventura constasse do documento produzido pelo sujeito da pesquisa. Essa codificação e anotações facilitaram o levantamento do perfil dos trinta (30) sujeitos analisados no relatório.

Treze professores foram codificados com CD-genero e cinco deles são do gênero masculino. Dez profissionais dessa área do conhecimento foram codificados com CD-formacao. Somente um deles é pós-graduado em Ensino Religioso. Os demais têm a seguinte formação:

• um professor tem especialização em Ensino Religioso, • um professor é formado em Pedagogia Religiosa, • um é licenciado em História,

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• três indicaram formação em História, mas não especificaram se são licenciados ou não,

• dois tem formação em Pedagogia e História,

• um é bacharel em teologia e ainda tem uma formação técnica em processamento de dados.

Parece não haver uma relação entre gênero e formação, pelo menos nesses trinta primeiros documentos analisados. Talvez esse indicador apareça na análise conceitual dos dados.

Quatorze professores foram codificados com CD-tempodocencia e a experiência de cada um deles varia de um ano a trinta e dois anos de prática em sala de aula. Quinze professores foram codificados com CD-tempodocER e quatro deles têm experiência de um ano em sala de aula. Esse tempo se estende a quatorze de prática docente.

O que causa preocupação é que apenas três dos dez sujeitos codificados possuem formação específica em Ensino Religioso, já que o trabalho docente é exercido por uma pessoa concreta, inserida em um contexto social e em uma realidade histórica.

O trabalho docente é exercido por uma pessoa concreta, inserida em um contexto social e em uma realidade histórica. Para Tardif (2002, p. 71), “A socialização é um processo de formação do indivíduo que se estende por toda a história de vida e comporta rupturas e continuidades”. O papel do professor não é de apenas receber formação e nela apreender conhecimento, mas protagonizar o processo de construção do conhecimento, favorecendo assim seu progresso profissional e a investigação da sua práxis.

Exercitando a consciência de si mesmo e a realidade histórico-social que o envolve, o homem estabelece um diálogo entre a essência do sujeito e sua realidade histórica. Para Tardif (2002, p. 71), “A socialização é um processo de formação do indivíduo que se estende por toda a história de vida e comporta rupturas e continuidades”.

Foi importante observar os dois documentos produzidos a partir do documento do sujeito da pesquisa para constatar que dez dos trinta desenhos produzidos pelos professores só faziam sentido quando observados com o texto, como por exemplo, o desenho do sujeito 006:

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“Conhecer o diferente para ter paz interior e transmitir paz” (SUJEITO 006).

Nesse caso, um documento complementa o outro, pois só o desenho (pelo menos para a pesquisadora) parecia não apresentar uma relação com o Ensino Religioso. No entanto, texto e desenho apontam para a o respeito à diversidade religiosa e traz um conceito de globalidade.

A partir da análise do documento Word foi possível verificar que esse sujeito é do sexo feminino, tem licenciatura em História e Pedagogia e está no exercício da docência há quatro (4) anos e há dois (2) anos no Ensino Religioso.

A análise conceitual

O estabelecimento de relações entre citações (quotations), e descrições criadas durante a análise textual é a primeira atividade da análise conceitual. Esse processo pode se dar durante ou após a análise textual.

O pesquisador começa a descobrir que diferentes partes do texto (fala do entrevistado, descrições, etc.) estão relacionadas entre si e passa a estabelecer relações de associação, pertence, causa, contradição, identidade e propriedade entre os dados levantados. Essa etapa de estabelecimento de relações após a codificação funciona como uma revisão das diferentes citações selecionadas e identificadas nos códigos.

Os códigos criados e as memos ligadas a códigos podem ser agrupados em famílias para elaboração de teias (Redes-Networks Views) que dêem suporte aos resultados encontrados. Essas teias ajudam na análise conceitual, pois permitem visualizar as conexões existentes entre as informações codificadas na fase de análise textual.

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“Tão importante quanto seguir uma tradição religiosa é conhecer e respeitar os demais” (SUJEITO 007).

Essa teia mostra as informações do sujeito 007 representadas graficamente:

Já o Sujeito 027 chamou a atenção pela simplicidade e eficiência ao transmitir sua opinião “Respeito, direito de todos!” Seus indicadores foram CD-respeito e CD-pluralidade.

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Para Penn (2003, p. 331), “teoricamente, o processo de análise nunca se exaure e, por conseguinte, nunca está completo”, sendo sempre possível uma nova leitura ou um novo significado para se aplicar à imagem.

Mas com o exemplo dos sujeitos 007 e 027 pode-se concluir que eles têm claro o papel do Ensino Religioso como componente curricular do Ensino Fundamental. Eles demonstram respeito à pluralidade religiosa e ao que diz o artigo 1º da Lei nº 9394 de 1996, que trata das Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e de pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Considerações finais

A pretensão desse artigo não foi apresentar os resultados parciais da pesquisa que está sendo desenvolvida, mas apontar a relevância do uso de recursos tecnológicos na pesquisa qualitativa. O ATLAS.ti utilizado como ferramenta na análise de conteúdo revelou a versatilidade que o programa apresenta para:

• Contemplar aspectos diferentes e importantes durante o processo de codificação dos dados bem como o aspecto científico dado ao tratamento dos mesmos.

• Facilitar a análise dos documentos — sem o suporte desse programa seria mais difícil tanto o manuseio quanto a análise dos duzentos e dezessete documentos produzidos pelos sujeitos da pesquisa.

• Possibilitar uma análise mais profunda na compreensão do objeto de estudo da pesquisa que está sendo desenvolvida — a criação das teias e mapas conceituais é essencial

no cruzamento de informações. REFERÊNCIAS

BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes, 2003.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96, de 20 dez. 1996. MARCELO, C. G. Formação de professores, pra uma mudança educativa. Porto: Porto Editora, 1999.

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MATO, Junot Cornélio. Professor Reflexivo? Apontamentos para o debate. In: GERALDI et al (Org.) Cartografias do trabalho docente. Campinas: Mercado das Letras, 1998.

PENN, G. Análise semiótica de imagens paradas. In: BAUER, M. W. e GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes, 2003.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

Referências

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