• Nenhum resultado encontrado

ESTUDO FITOQUÍMICO DOS FRUTOS DA MIRINDIBA (BUCHENAVIA TOMENTOSA EICHLER)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ESTUDO FITOQUÍMICO DOS FRUTOS DA MIRINDIBA (BUCHENAVIA TOMENTOSA EICHLER)"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

ESTUDO FITOQUÍMICO DOS FRUTOS DA MIRINDIBA

(BUCHENAVIA TOMENTOSA EICHLER)

Marcela Sousa de Andrade1; Domenica Palomaris Mariano de Souza2

1

Aluna do Curso de Medicina Veterinária; Campus Araguaína;e-mail marcelaiparatyh@hotmail.com 2

Orientadora Pós Doutora do Curso de Pós Graduação em Ciência Animal/CAPES; Campus Araguaína; e-mail: domenica_palomariss@yahoo.com.br

RESUMO

O consumo dos frutos de Buchenavia tomentosa planta típica do Cerrado por bovinos esteve associado a casos de abortamentos e mortes; de acordo com os produtores do da microrregião de Araguaína. Considerando a diversidade de espécies vegetais nessa microrregião, técnicas que analisem o potencial tóxico ou terapêutico dos produtos vegetais são necessárias para orientar a população quanto aos possíveis agravos à saúde. A metodologia para obtenção dos extratos, bem como a avaliação em ensaios biológicos são simples e amplamente divulgada, além de possuir bom custo-benefício, pois depende de aparelhagem simples e de solventes de baixo custo. Os testes qualitativos dos extratos bruto, acetático e butanólico de B. tomentosa revelaram a presença de saponinas e taninos. No ensaio de citoxicidade aguda frente à Artemia

salina os índices de mortalidade dos naúplios apresentaram as seguintes frequências:

aquoso> butanólico > acetático > hexânico. Portanto, os resultados obtidos reforçam a necessidade do isolamento dos compostos identificados, para melhor elucidação dos possíveis mecanismos associados aos surtos de intoxicação em bovinos pelos frutos de

B. tomentosa.

Palavras-chave: Toxicidade; Artemia salina; planta tóxica; taninos; saponinas INTRODUÇÃO

A Buchenavia tomentosa é uma planta da família Combretaceae, típica do Cerrado, conhecida popularmente na região como mirindiba (MARQUE; VALENTE, 2007). O consumo dos frutos de B. tomentosa por bovinos esteve associado a casos de abortamentos e mortes; de acordo com os produtores do da microrregião de Araguaína, os relatos dos surtos são frequentes a cada dois anos, no período de julho a agosto, quando há maior quantidade de frutos maduros (COSTA, 2011).

(2)

11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

No estudo com plantas que apresentam potencial tóxico ou terapêutico são realizadas as etapas de: análise fitoquímica (isolamento, purificação e caracterização dos princípios ativos) e investigação farmacológica dos extratos e dos constituintes químicos isolados (MACIEL et al.,2002).O extrato bruto ou fracionado pode ser avaliado quanto ao seu potencial tóxico ou terapêutico, por meio de ensaios biológicos

in vitro (ex: cultura celular) ou in vivo (Artemia salina). Neste sentido, ensaios com o

microcrustáceo Artemia salina são amplamente divulgado, por utilizar aparelhagem simples e fornecer informações sobre o potencial tóxico do extrato no intervalo de 24h (MCLAUGHLIN, 1998).

Dada a diversidade de espécies vegetais na região, estudos desta natureza são necessários para orientar a população quanto ao uso racional e a toxicidade associada a estas plantas. Assim, esse grupo multidisciplinar visa atender as necessidades da população local, bem como fortalecer as linhas pesquisas já estabelecidas em nossa instituição de ensino, no desenvolvimento de pesquisas sobre o potencial fitoquímico das espécies vegetais da região.

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta da planta e Obtenção do Extrato Bruto de B. tomentosa (EB)

Os frutos de B. tomentosa foram coletados na região de Araguaína. Amostras da planta foram encaminhadas ao Herbário de Porto Nacional – UFT para sua identificação e registro. Os frutos destinados à obtenção de extratos foram coletados, retirou-se a sementes e utilizou-se a casca e polpa que foram mantidas em freezer a -20ºC até sua utilização. O material orgânico (1kg de fruto fresco) permaneceu por duas semanas em maceração com etanol, subsequentemente o material foi filtrada e a solução etanólica obtida foi evaporada sob pressão reduzida em rotaevaporador (Fisatom® Mod. 801), com temperatura controlada de 45 oC para que não houvesse degradação dos possíveis componentes termolábeis do extrato. Por meio deste procedimento foi obtido o extrato etanólico bruto (EB). O EB foi pesado em balança analítica e o seu rendimento foi calculado considerando a massa do EB obtida após a evaporação do solvente e a massa inicial do material vegetal. Assim, a partir de 10g de EB procedeu-se a obtenção dos outros extratos.

(3)

11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

Extração dos metabólitos secundários por polaridade de solventes

O EB foi diluído em água (150ml/10g de EB) e submetido a sucessivas lavagens com os seguintes solventes orgânicos: Hexano (EH), Acetato de Etila (EAE) e Butanol (EBU) de acordo ao gradiente de polaridade. Esses extratos foram evaporados sob pressão reduzida em rotaevaporador, com temperatura controlada de 45 oC. Após a obtenção esses foram pesados em balança analítica e o rendimento dos mesmos foi calculado. A solução residual obtida das sucessivas lavagens por solventes orgânicos deu origem ao extrato aquoso (EA).

Análise Fitoquímica dos extratos de B. tomentosa

A análise fitoquímica da B. tomentosa foi realizada de acordo com a metodologia descrita por Matos (1997) para verificar a presença das seguintes classes de metabólitos secundários: taninos, saponinas e alcaloides.

Bioensaios

Avaliação da toxicidade frente a Artemia salina

Para a realização desta técnica utilizou-se a metodologia descrita por MCLAUGHLIN (1998). Inicialmente foram preparados, um litros de solução salina em água mineral não clorada (30g/L) para incubação dos ovos de A. salina (100 mg), que foram expostas a luz natural por 24 horas para que houvesse a eclosão das larvas. Para a realização do ensaio, dez exemplares de náuplios foram colocados em triplicata, em tubos de ensaio contendo 10 mL de água salina (controle); de extrato bruto; hexânico; acetático; butanólico e aquoso de B. tomentosa nas concentrações de 100, 10 e 1 0,1 0,01 mg/mL, respectivamente. Os tubos de ensaio foram mantidos sobluz natural e temperatura ambiente por 24 horas. Os valores de CL50 (concentrações letais de50%) foram calculados pela análise de regressão linear utilizando os parâmetros concentração dos extratos versus a porcentagem de mortalidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No estudo anterior, o rendimento do extrato bruto (EB) foi de 100g para cada 1kg de frutos frescos percolado em solução etanólica, e procedeu-se o particionamento com solventes de diferentes polaridades (hexano, acetato de etila e butanol), sendo

(4)

11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

obtido ao final dessas etapas o resíduo aquoso. O particionamento por solventes com diferentes polaridades apresentou os melhores rendimentos nos seguintes extratos: Butanólico - EBU (59%) > Aquoso- EA (36%) > Acetático -EAE (4%) > Hexânico-EH (1%), respectivamente. A identificação fitoquímica foi positiva para taninos e saponinas nos EB, EBU e EAE.

Saponinas são glicosídeos de esteróides ou de terpenos policíclicos. A presença dessas substâncias nos EB, EBU e EAE pode estar associada a sua estrutura -caracterizada por uma porção lipofílica (triterpeno ou esteróide) e hidrofílica (açúcares), as quais são responsáveis pela redução da tensão superficial da água, e por suas ações detergentes e emulsificantes A ação biológica das saponinas tem sido atribuída à capacidade dessa substância em formar complexos com esteroides, proteínas e fosfolipídeos de membranas, podendo causar alteração na permeabilidade e até mesmo destruição da membrana (SCHENKEL et al., 2007). Ainda, assume importância os efeitos deletérios das saponinas sobre a reprodução de ruminantes, uma vez que sua estrutura química por assemelhar-se a hormônios pode influenciar na atividade e nas concentrações dos mesmos (WINA et al., 2005). A presença dessa substância poderia estar relacionada a ocorrência de abortos em ruminantes relatadas na microrregião de Araguaína (COSTA et al., 2009).

Taninos são compostos fenólicos derivados do metabolismo secundário de plantas. Possuem elevado peso molecular e estão associados aos mecanismos de defesa das plantas contra o ataque de herbívoros vertebrados ou invertebrados e contra microrganismos patogênicos (ZUANAZZI, 2000). Além disso, a diminuição da produtividade de ruminantes associadas à alta ingestão de taninos foi relatada (MAKKAR et al.; 1988).

Embora o único composto detectado pelos testes no EA tenha sido saponinas, os bioensaios de citotoxicidade frente à Artemia salina (CL50 < 1000 µg/mL) demonstraram que esse extrato concentrou além dessa substância, outros compostos bioativos com características tóxicas que oferecem risco a quanto a sua utilização (AKTER, et al., 2012).

Portanto, como medida profilática recomenda-se a retirada de bovinos de pastagens que contenham a B. tomentosa, especialmente durante os períodos de

(5)

11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

estiagem para que possíveis surtos de intoxicação sejam evitados. Além disso, os resultados obtidos reforçam a necessidade do isolamento dos compostos identificados, para melhor elucidação dos possíveis mecanismos associados aos surtos de intoxicação em bovinos pelos frutos de B. tomentosa.

LITERATURA CITADA

AKTER, R.; SATTER, M. A.; KHAN, M. S.; RAHMAN, M.S.; AHMED, N.U. Cytotoxic Effect Of Five Medicinal Plants Extracts Using Brine Shrimp (Artemia salina) TEST. Bangladesh

Journal of scientific and industrial research, v. 47 , n.1, p. 133-136, 2012.

COSTA, A.M.D; MARIANO DE SOUZA, D.P.; CAVALCANTE, T.V.; ARAÚJO, V.L.; RAMOS, A.T.; MARUO, V.M. Plantas tóxicas de interesse pecuário em região de ecótono amazônia e cerrado . Parte II. Araguaína, Tocantins. Acta Veterinária Brasilica, v.5, n.3, p. 317-324, 2011.

FILHO, C. V.; ROSENDO A. YUNES. Estratégias Para A Obtenção De Compostos Farmacologicamente Ativos A Partir De Plantas Medicinais. Conceitos Sobre Modificação Estrutural Para Otimização da Atividade. Química Nova, v.21, n.1, p.99-105, 1998.

MACIEL, A. M.; PINTO, A.C.; VEIGA JR, V.F. Plantas medicinais: A necessidade de estudos multidiscilplinares.Quimíca Nova, v. 25, n. 3, p. 429-438, 2002.

MAKKAR, H.P.S.; DAWRA, R.K.; SINGH, B. Changes in tannin content polymerization and protein precipatation capacity in oak (Quercus incana) leaves with maturity. Journal of the Science

of Food and Agriculture, v.44, p.301-307, 1988.

MARQUE, W.T; VALENTE, M.C. Flora da Reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Combretaceae Rodriguésia, v. 56, n. 8, p. 1319-1332, 2007.

MCLAUGHLIN, J.L. The use of biological assays to evaluate botanicals. Drug Information

Journal, n.32, p.513-524, 1998.

SCHENKEL, E. P.; GOSMAN, G.; ATHAYDE, M. L. Saponinas. In: SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMAN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R.

Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6.ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS; Florianópolis:

Editora da UFSC, 2007. p.711-740

WINA, E.; MUETZEL, S.; BECKER, K. The impact of saponins or saponins containing plant materials on ruminant productions: A review. Journal of Agricultural and Food Chemistry,v. 53, p. 8093-8105, 2005.

ZUANAZZI, J.A.S. Flavonóides. In: SIMÔES, C.M.O. et al.Farmacognosia da planta ao

medicamento. 2.ed. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande AGRADECIMENTOS

Referências

Documentos relacionados

Parte-se do pressuposto de que a prática inclusiva requer a adoção de recursos e estratégias diversificadas que estimulem a participação e a aprendizagem dos

Foram analisados o número de tipos de defeitos por peça vergada (Nºdef), a variação no teor de umidade perante os tratamentos (ΔTu), a pressão de extremidade (Pe) e a perda de

como a densidade, a energia e a função de distribuição de energia dos elétrons que estão intimamente ligados com os parâmetros do processo como a taxa de deposição, a pressão,

• a identificação de genes diferencialmente expressos entre castas através de estudos de expressão gênica nos diferentes estágios de desenvolvimento com o uso da

Um feixe fino de elétrons de alta energia incide na superfície da amostra onde, ocorrendo uma interação, parte do feixe é refletida e coletada por um detector que converte este

As metodologias empregadas para a análise de malwares são duas: a metodologia de análise dinâmica, onde são empregadas várias ferramentas capazes de executar o arquivo malicioso de

Especificamente, pretendeu-se determinar o rendimento do desdobro de toras na serraria; ajustar modelos para estimar o volume de tábuas, o rendimento do processamento de toras

Particularmente vem sendo alvo de preocupações: 1 o aumento da morbi-mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis DCNT tais como as cardiopatias, sequelas de acidentes