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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A MOTIVAÇÃO ALIADA AO PROCESSO DE PESQUISA NA

SALA DE AULA: UMA OBSERVAÇÃO À LUZ DA

NEUROCIÊNCIA

Por: Patricia Stutz

Orientador

Prof. Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A MOTIVAÇÃO ALIADA AO PROCESSO DE PESQUISA NA

SALA DE AULA: UMA OBSERVAÇÃO À LUZ DA

NEUROCIÊNCIA

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao corpo docente, que customizou os materiais dessa especialização, sendo responsável pelos embasamentos teóricos que permitiram uma caminhada segura em prol da construção dessa monografia. Aos meus parentes especialmente ao meu marido e companheiros de trabalho pelo estímulo à busca do saber em prol da evolução do ser.

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DEDICATÓRIA

Dedica-se aos meus alunos, que inspiram a minha busca pelo saber.

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RESUMO

A presente produção acadêmica tem como objetivo relacionar as contribuições da neurociência no que tange a emoção, os mecanismos da memória, a atenção e a aprendizagem à metodologia de ensino através da pesquisa. Tendo em vista a motivação como aspecto fundamental no processo de aprendizado, propõe-se a metodologia de ensino através da pesquisa como fonte de estímulos que conduzem a um processo de ensino-aprendizagem participativo, significativo e principalmente motivador.

Esta pesquisa dedica-se a apresentar os mecanismos neurais envolvidos no aprendizado, abordando a memória, a atenção e principalmente as impressões emocionais que cada evento é capaz de despertar no indivíduo. Considerando a importância dos aspectos emocionais como moduladores da memória e da atenção, influenciando diretamente no aprendizado.

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METODOLOGIA

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica. Os principais autores utilizados na realização deste trabalho foram Roberto Lent e Suzana Herculano-Houzel. Este estudo pretende buscar conhecimentos sobre o tema através de pesquisa bibliográfica aliada a observação do comportamento e reações emocionais de crianças da educação infantil, de uma escola particular do Rio de Janeiro. A partir dessas observações propõe-se uma relação entre o comportamento apresentado pelos alunos em resposta à uma proposta de ensino participativa e focada na pesquisa. Analisar estas observações à luz da neurociência, a partir da pesquisa bibliográfica.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O QUE É APRENDIZAGEM 11 1.1 Neuroplasticidade

CAPÍTULO II - COMO APRENDEMOS? UM OLHAR 19 NEUROBIOLÓGICO

2.1 A memória e o Hipocampo

2.2 As emoções e o Sistema Límbico

2.2.1 O papel da amígdala nos processos de modulação da memória

2.2.2 O sistema de recompensa e a motivação 2.3 A atenção

CAPÍTULO III – O TRABALHO COM PESQUISA NA SALA DE AULA 34

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

ÍNDICE 46

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INTRODUÇÃO

Diariamente o homem é capaz de realizar inúmeras tarefas, tais como: pensar, raciocinar, sentir, tomar decisões, mover-se, respirar, registrar memórias, planejar, aprender e tantas outras mais. Executar todas essas atividades só é possível porque o homem é dotado de um órgão especial e dinâmico, capaz de controlar e regular funções mentais e físicas correspondentes à cognição, movimentos e emoções. É através do cérebro que não só os homens, como também os animais, controlam todas as suas funções orgânicas, inclusive as emoções.

Para Roberto Lent no livro Cem bilhões de neurônios? (p.5), há várias maneiras de se entender e estudar o cérebro e cita alguns desses possíveis pontos de vista. A visão do cérebro para os psicólogos seria um objeto desconhecido capaz de produzir comportamento e consciência; para os neurobiólogos celulares seria um conjunto de células que se tocam através de finos prolongamentos formando circuitos de comunicação entre essas células; já para os eletrofisiologistas o importante seriam os sinais elétricos produzidos pelos neurônios possibilitando a comunicação entre eles.

A partir dos estudos da neurociência pode-se observar o cérebro, ou melhor, o sistema nervoso a partir de todos esses olhares, coexistido simultaneamente. O estudo do sistema nervoso desde a sua estrutura anatômica, a organização microscópica do tecido neural até as células, organelas subcelulares e moléculas específicas.

De acordo com a sua estrutura anatômica, o cérebro faz parte de uma estrutura neural maior chamada encéfalo, que por sua vez faz parte do sistema nervoso central. É nele que se situa a maior parte dos neurônios dos animais. Dentre as funções do encéfalo humano encontram-se todas as capacidades cognitivas e afetivas.

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O cérebro é também considerado a base material para a cognição, é por meio dele que se torna possível pensar, raciocinar, planejar, imaginar, guardar registros do passado, aprender.

É o córtex, localizado na pare superior do cérebro, a principal área responsável pela cognição. Afirma a pesquisadora Suzana Herculano-Houzel no vídeo Cérebro:Guia do proprietário, que o córtex pré frontal é capaz de acrescentar complexidade ao nosso comportamento, é capaz de realizar associações entre memórias de situações passadas com situações presentes, com objetivos pessoais e com base nessas informações planejar ações futuras. É o córtex pré frontal que permite que o homem considere não somente o tempo presente, mas se remeta ao passado e ao futuro, faça previsões de situações e crie estratégias para conquistar algo. Essa é a complexidade que essa região do cérebro acrescenta na vida do indivíduo. Segundo informações obtidas no livro Cem bilhões de neurônios? o córtex pré-frontal ocupa cerca de ¼ do córtex humano, o que em termos relativos representa a maior proporção entre todos os animais e acrescenta que o córtex estabelece conexões recíprocas com praticamente todo o encéfalo. São essas habilidades relacionadas à razão, permitidas pelo córtex pré-frontal, que diferenciam os homens das demais espécies animais, é também ele que desempenha papel de manutenção da atenção, controle de emoções, associação de ideias, funções primordiais ao aprendizado.

É essa massa encefálica, constituída basicamente por células neuronais e gliais que permitem à ciência identificar as estruturas e funcionamentos envolvidos nos processos mentais.

Segundo Suzana Herculano-Houzel (Cérebro: O guia do proprietário) o sistema nervoso tem propriedades plásticas, ou seja, ele se modifica de acordo com o uso. Isso quer dizer que os estímulos recebidos do ambiente no qual o indivíduo está inserido, as atividades que realiza irão estimular determinadas áreas do cérebro e gerar sinapses correspondentes, logo,

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provocando modificações nesse sistema nervoso. O cérebro se modifica de acordo com o seu próprio funcionamento e experiências.

Essa propriedade adaptativa do sistema nervoso pode ser observada através do estudo da evolução humana do sistema nervoso. De acordo com Marta Relvas no livro Fundamentos biológicos da educação (p.12) os mais primitivos dos humanos tiveram de se ajustar continuamente ao meio ambiente para sobreviverem. O desenvolvimento de neurônios de associação contribuíram significativamente para a complexidade do sistema nervoso. Passou a existir a possibilidade de associar diversos tipos de informações e elaborar respostas em virtude de estímulos recebidos. O crescimento desses neurônios de forma agrupada originou o encéfalo e seu crescimento gradual atinge o maior grau na espécie humana.

Mudanças no cérebro são a base do aprendizado. O aprendizado consiste na modificação das conexões entre neurônios. Esse aprendizado ocorre de maneira mais fácil e rápida na primeira infância, ainda bebês, quando a quantidade de informações que a criança precisa aprender a respeito das regras e do ambiente em que vive são de grande demanda. Um exemplo desse aprendizado seria o desenvolvimento da língua materna. Nesse momento o cérebro está apto a aprender todas as línguas possíveis, então a língua falada em seu meio social durante a infância será a utilizada por esse homem para se comunicar.

Ainda com base no trabalho de Suzana Herculano considera-se que o cérebro de um indivíduo é o que é hoje por causa do uso que se fez dele desde o nascimento. Quanto mais usado o cérebro é, melhor ele fica e com mais capacidade de aprender coisas novas.

Veremos a seguir quais são as bases neurais envolvidas nos processos de memória e aprendizado e como a motivação influencia na qualidade desses processos.

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CAPÍTULO I

O QUE É APRENDIZAGEM

Aprender de acordo com o Dicionário Aurélio, significa:

Tomar conhecimento de algo, retê-lo na memória, em consequência de estudo, observação, experiência, advertência, etc (T) Reter na memória, mediante o estudo, a observação ou a experiência. (FERREIRA, 2004)

Para a neurociência, aprender seria o processo de aquisição das novas informações que podem ou não ser retidas na memória. Embora seja comum utilizar um termo como sinônimo do outro, aprendizagem e memória são conceitos diferentes. Roberto Lent define aprendizagem como:

(...) um conjunto de comportamentos que viabilizam os processos neurobiológicos e neuropsicológicos da memória. (LENT, 2010, p.650)

Estudos experimentais dos tipos de aprendizagem contribuíram com o conhecimento dos processos psicológicos pelos quais se dá aquisição da informação para os sistemas de memória. Há dois tipos principais de aprendizagem: a associativa e não associativa. (LENT, 2010, p. 651)

Na aprendizagem não associativa e associativa o aprendizado ocorre a partir da repetição de um evento. A diferença entre uma e outra estaria na

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quantidade de estímulos que gera o aprendizado. No caso da aprendizagem não associativa trata-se de apenas um estímulo e na associativa seriam dois estímulos envolvidos, como nos casos de condicionamento. A aprendizagem não associativa pode ser classificada em habituação e sensibilização. A primeira consiste em não reagir a determinado estímulo, pois a partir da ocorrência do estímulo repetidas vezes, aprendeu-se a identificar que ele é insignificante ou não oferece perigo e é graças a esse tipo de aprendizado que se é capaz de selecionar do ambiente aquilo que interessa centrando a atenção no que é essencial. No caso da sensibilização aprende-se as propriedades de um estímulo ameaçador, que pode significar algum perigo, preparando-se para fuga ou defesa.

Descoberta pelo fisiologista russo Ivan Pavlov (1849-1936) o condicionamento clássico trata-se de uma forma de aprendizagem associativa. Antes de Pavlov já se conhecia o condicionamento operante, outro tipo de aprendizagem associativa caracterizada por emitir determinado estímulo e gerar uma resposta comportamental. O condicionamento operante está relacionado a punição e recompensa. Segundo experiências realizadas por Pavlov, com animais, o cachorro era estimulado a uma resposta condicionada, como salivar ao ouvir o som do sino, pois o animal havia associado o alimento ao sinal sonoro. Este tipo de aprendizagem não envolve a vontade do indivíduo, ele é passivo, diz respeito a respostas automáticas ou reflexos. Já no condicionamento operante, proposto por Skinner e também observado a partir de experimentos com animais, percebeu-se que o animal aprendeu a obter alimento acionando uma alavanca dentro da gaiola, ou seja, toda vez, que o animal acionasse a alavanca receberia o alimento. Pode-se concluir que o animal aprendeu a agir em virtude de um reforço positivo, logo a aprendizagem ocorre de forma voluntária.

Sob um olhar neurobiológico, o aprendizado é consequência de alterações provocadas no sistema nervoso do indivíduo, especialmente dos neurônios, enquanto resposta à informações recebidas do meio ambiente. As informações do meio atingem o sistema nervoso através dos sentidos, que são

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captados sob a forma de sinais elétricos e transmitidos através dos neurônios por meio dos neurotransmissores, estabelecendo conexões e reativando outras já existentes. Ainda de acordo com Roberto Lent:

Toda vez que alguma forma de energia proveniente do ambiente de algum modo incide sobre o sistema nervoso, deixa nele alguma marca, isto é, modifica-o de alguma maneira. (LENT, 2010, p.148)

A essas modificações neuronais chama-se neuroplasticidade, ou seja, seria a capacidade que os neurônios tem de modificar, de forma permanente ou prolongada, a sua função e forma em resposta ao uso que o indivíduo faz de suas capacidades cognitivas e motoras. As células do sistema nervoso são mutáveis, dotadas de plasticidade.

Para Suzana Herculano aprender significa modificar o cérebro de modo a enfraquecer as sinapses que não são usadas e fortalecer as que deram certo ou que levaram a caminhos com bons resultados. Ela explica que ao longo do desenvolvimento do homem ocorre o enfraquecimento de sinapses que já não são mais utilizadas, ou que foram substituídas por outros caminhos neuronais melhores, sendo essas sinapses de bom resultado, fortalecidas. O excesso de sinapses que não deram certo atrapalham o processamento do cérebro.

De acordo com Lent, no livro Cem bilhões de neurônios?, existe uma fase durante o desenvolvimento ontogenético do indivíduo, denominada período crítico, na qual o sistema nervoso central está mais suscetível a transformações provocadas pelo ambiente externo, é uma fase de grande plasticidade. Capacidade essa ainda maior que a fase mais plástica do sistema nervoso que ocorre ao longo da infância. É nessa fase da vida que as informações do genoma e as influências do ambiente vão conjuntamente

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construir a personalidade, desenvolver habilidades, entender as regras sociais, aprender a língua materna.

Segundo Daniela Uziel (2008), o sistema nervoso do bebê vai se modificando a medida que ele começa a interagir com o ambiente. Um ambiente favorável e rico em informações e experiências garantem a realização plena de suas faculdades. Estímulos visuais, sonoros, táteis, pessoas, aguçam a atenção do bebê e o fazem reagir com maior intensidade. O manuseio de objetos oferecem à criança obter informações sobre as formas, lugares, espaço, tempo. O contato com outras pessoas estimulam a socialização, o desenvolvimento de suas emoções e organização de ideias.

É experimentando e manuseando que a criança constrói seu conhecimento sobre os objetos e descobre aos poucos suas funções e estabelece suas relações com o ambiente como um todo. Todas essas experiências são estímulos sensoriais que ajudam no fortalecimentos de sinapses envolvidas no desenvolvimento de funções da criança.

O amadurecimento de suas funções cognitivas a torna capaz de prestar atenção e repetir sequências de números e histórias. (UZIEL, 2008, p.107)

Durante o período da infância a criança está indefesa e necessita de proteção. Algumas espécies animais já nascem com tudo que precisam para sobreviver, dependem apenas de suas capacidades inatas, outras precisam de cuidados mais prolongados até que aprendam o necessário para sua sobrevivência e atinjam a maturidade. No caso da espécie humana este período é ainda mais longo e proposital, pois possibilita que a criança direcione todas as suas potencialidades para aprender sobre seu meio ambiente. Ao atingir a maturidade podem aplicar todo o conhecimento que adquiriram e

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decidir as melhores ações para sobreviver e reproduzir. “Os bebês são projetados para aprender” (GOPNIK, 2010, p. 67).

De acordo com artigo da pesquisadora Alison Gopnik acessado na revista Scientific American Brasil, as capacidades de concentração, planejamento e ações eficientes, funções do córtex pré-frontal, ainda não estão plenamente desenvolvidas nas crianças, o que pode ser um aspecto positivo para o aprendizado.

A região pré-frontal inibe pensamentos ou ações irrelevantes, mas o fato de serem desinibidos pode ajudar bebês e crianças pequenas a explorar o mundo livremente.

Longe de serem meros adultos inacabados, os bebês e as crianças pequenas são primorosamente projetados pela evolução para mudar e criar, aprender e explorar. (GOPNIK, 2010, p. 67).

De fato as possibilidades de aprendizado são muito maiores no início da vida, devido ao período crítico do desenvolvimento do sistema nervoso, mas isso não quer dizer que um cérebro maduro tenha perdido a sua capacidade sináptica ou de consolidação de memória. A capacidade de aprender permanece ao longo de toda a vida do indivíduo. O aprendizado depende principalmente do uso que se faz do cérebro, das oportunidades de aprender, dos estímulos, da prática , de forma a utilizar e exercitar as funções que o cérebro possui, fortalecendo e acrescentando combinações às conexões sinápticas.

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1.1 A neuroplasticidade

Como visto anteriormente a neuroplasticidade é uma propriedade do sistema nervoso de se modificar segundo suas funções e estruturas. Esse fenômeno ocorre em virtude de influências, estímulos provindos do meio ambiente que atingem o sistema nervoso. Segundo Lent essas modificações no sistema nervoso podem ser decorrentes de uma lesão em determinada área do cérebro ou um simples fato novo presenciado pelo indivíduo. No caso da lesão o cérebro pode redirecionar circuitos neurais e provocar mudanças de posição de setores funcionais. No segundo caso, a neuroplasticidade consistiria apenas em alterações sinápticas moleculares capazes de possibilitar a memorização do fato presenciado.

O período crítico de possibilidades sinápticas foi identificado já no século XVIII. Estudiosos perceberam que o meio em que se vive é fator determinante para a formação de características fisiológicas e psicológicas de um indivíduo. Um bom exemplo do meio como fator determinante no desenvolvimento aliado ao período crítico para o aprendizado, foram os casos de crianças encontradas na selva, privadas de estímulos tipicamente humanos, que só tiveram contato com animais selvagens. Ao serem readaptadas ao convívio humano apresentaram déficits para desenvolverem habilidades cognitivas.

É como se a possibilidade de aprendizagem dessas habilidades se esgotasse durante a infância (T). (LENT, 2010, p. 160)

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Outros experimentos ratificam a existência de uma fase crítica da plasticidade, como fato determinante para o desenvolvimento. Algumas aves somente aprendem o canto de sua espécie quando convivem e ouvem o canto durante a infância.

No livro Neurociência da mente e do comportamento, Roberto Lent explica que o sistema nervoso é “construído” durante o desenvolvimento embrionário e pós natal de acordo com as informações genéticas da sua espécie somada às informações do meio ambiente, que podem influenciar em algumas características. Nesse momento o cérebro está preparado para o nascimento de sinapses. A este tipo de plasticidade denomina-se plasticidade ontogenética.

Na fase do desenvolvimento embrionário ocorre a reprodução das células neurais e a formação das diferentes regiões do sistema nervoso central controlados pelo genoma e sob pouca influência do meio ambiente. Essa reprodução de células neuronais é limitada, devido ao fato de que os neurônios apresentam quantidade definida e limitada de ciclos reprodutivos. Essa informação está no genoma de cada espécie, que define quantos neurônios cada região terá.

Já a plasticidade adulta ocorre a nível celular e molecular, ou seja ocorre nas sinapses. É a possibilidade de formação de novas sinapses, o que significa aprendizado e memória.

Os mecanismos celulares envolvidos nos processos de plasticidade neuronal são múltiplos, pois existem vários tipos de plasticidade. Para este estudo a plasticidade sináptica é a que apresenta melhor relação com os processos de memória e aprendizagem cognitiva, que são o foco deste trabalho.

A plasticidade sináptica é considerada a base da memória. É esse tipo de plasticidade que caracteriza o fenômeno plástico do cérebro adulto.

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Um estímulo inicial percebido pelos neurônios dos sentidos gera um potencial de ação sináptico excitatório, ou seja, um sinal elétrico que representa o estímulo recebido do ambiente. Um sinal luminoso é captado pela visão o sonoro pela audição; estímulos mecânicos, térmicos e químicos incidem sobre a pele ou ainda estímulos químicos que chegam às papilas gustativas ou mucosa olfatória. Esses sinais percorrem os nervos correspondentes em direção ao sistema nervoso central e chegam às sinapses centrais. Essa informação pode ser modificada por outras informações provindas de regiões ligadas à atenção, percepção, cognição, emoção e outras funções. Parte dessa informação final é também armazenada nos caminhos sinápticos que ela percorreu e reside em determinadas áreas corticais de armazenamento de memória. Apenas um fragmento da informação é capaz de ativar o mesmo circuito de neurônios que levam à informação de forma rápida, recuperando os arquivos da memória correspondente ao caminho sináptico acionado. Essa reorganização entre os neurônios provocada pela entrada da informação é considerada plasticidade. (Lent, 2008, p.126)

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CAPÍTULO II

COMO APRENDEMOS? UM OLHAR NEUROBIOLÓGICO

A todo momento o individuo recebe informações do meio ambiente percebidas pelos sentidos. Visão, audição, paladar, olfato, tato recebem impressões do ambiente a todo instante, mas nem todas essas informações serão armazenadas na memória. O cérebro seleciona uma pequena parte delas. Às vezes essa seleção é feita de forma consciente, outras vezes não.

No capítulo anterior foram apresentados conceitos que definem aprendizagem. No presente capítulo serão apresentados alguns aspectos que influenciam no processo de aprendizado: a memória, a emoção e a atenção.

A importância da memória está na necessidade de se lembrar de eventos, procedimentos, informações importantes para realização de tarefas, das mais simples às mais complexas. Se a informação recebida não é armazenada na memória pode-se dizer que não ocorreu aprendizado, logo não existe aprendizado sem memória, da mesmo forma que não existe memória sem aprendizagem. Mas esse processo não é simples, sabe-se que nem tudo que os sentidos conseguem captar é transformado em memória. Alguns fatores influenciam fortemente no processo de retenção da informação, tais como a emoção, a atenção, a prática. Roberto Lent conceitua a memória da seguinte forma:

A memória é a capacidade que tem o homem e os animais de armazenar informações que possam ser

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recuperadas e utilizadas posteriormente. Difere da aprendizagem, pois esta é apenas o processo de aquisição das informações que vão ser armazenadas. (LENT, 2010, p.644)

Pode-se entender que esse processo tem início através da aprendizagem, ou seja, consiste na entrada de uma informação proveniente do ambiente interno ou externo do indivíduo.

Se a seleção das informações que serão armazenadas na memória de longa duração ou apenas passarão pela memória de curto prazo podem ocorrer de forma consciente ou inconsciente, que fatores seriam determinantes para que esta informação seja consolidada ou esquecida?

Essa pesquisa tentará apresentar alguns aspectos que podem influenciar nesta seleção, acreditando nas emoções como principal fator modulador de memória.

2.1 A memória e o hipocampo

A retenção da memória e o esquecimento, envolvem processos mentais que tem início com a aquisição da informação ou da aprendizagem. Durante esse processo ocorre uma seleção, ou seja, os sistemas de memória permitem apenas a aquisição de alguns aspectos da informação, segundo os seguintes critérios:

(T) mais relevantes para a cognição, mais marcantes para a emoção, mais focalizados pela nossa atenção, mais fortes sensorialmente ou

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simplesmente priorizados por critérios desconhecidos. (LENT, 2010, p.647)

Alguns modelos teóricos foram concebidos para tentar explicar os mecanismos neurobiológicos da memória. O canadense Donald Hebb deu continuidade à concepção antilocalizacionista de seu professor, o psicólogo norte americano Karl Lashley.

Para Hebb (apud LENT, 2010) o indivíduo recebe um estímulo externo que ativa certos circuitos do neocortex . Esses circuitos ou sinapses são representações de determinada informação. É através dessa sinapse que se torna possível lembrar da informação recebida em outro momento. Sua evocação consistiria na reativação deste circuito neuronal.

Então as conexões mais ativas seriam fortalecidas e estabilizadas, enquanto que as conexões inativas seriam enfraquecidas.

O psicólogo britânico David Marr elaborou um modelo baseado nos conceitos de Hebb (apud LENT, 2010). Ele sugeriu que as memórias temporárias seriam armazenadas em locais do cérebro diferentes dos locais correspondentes às memórias consolidadas. Mais tarde descobriu-se que havia regiões cerebrais no lobo frontal e no lobo temporal envolvidas com o armazenamento temporário de informações novas.

A memória pode ser classificada de duas formas, quanto ao período de duração e quanto à sua natureza. A duração da memória pode ser ultrarrápida, de curto prazo ou longo prazo. Quanto à natureza são categorizadas como memória explícita, memória implícita e memória operacional.

A memória explícita é tipicamente humana e pode ser evocada por meio de palavras ou símbolos. Essa memória diz respeito a situações relacionadas à vida do indivíduo, experiências pessoais (memória episódica) e também a conhecimentos culturais adquiridos (memória semântica).

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A memória Implícita requer mais tempo para se formar e pode ser duradoura. Diz respeito à memória de procedimentos, como os comportamentos do dia a dia, que são feitos sem precisar pensar em como fazer , por exemplo os movimentos necessários para dirigir um carro, ou simplesmente andar, escovar os dentes. Fazem parte desta classificação a memória associativa e não associativa e também a memória de representação perceptual.

A memória operacional é aquela utilizada para armazenar temporariamente informações momentâneas, necessárias para o raciocínio imediato, como fazer uma conta de multiplicação com três algarismos de cabeça, é necessário lembrar, por exemplo o resultados da multiplicação dos primeiros algarismos para que ao fim do procedimento seja possível somar os resultados.

Pesquisas permitiram identificar regiões cerebrais associadas a determinados tipos de memória. A região medial do lobo temporal foi reconhecida como fundamental no processo de consolidação de memória explícita. Áreas do lobo temporal lateral e ventral estão relacionadas à capacidade de dar nome as coisas; o giro supramarginal tem ligação com a memória operacional; áreas do hipocampo e adjacências ao neocórtex frontal dizem respeito a memórias retrógradas e anterógradas.

De acordo com estudos de Penfield (apud LENT, 2010) os arquivos da memória explícita ficam nas próprias regiões funcionais específicas, ou seja, memórias auditivas estão no córtex auditivo, memórias de percepção visual, no córtex inferotemporal e assim por diante.

O período de duração das memórias e sua natureza também apresentam relação entre si.

A memória ultrarrápida é considerada uma memória pré-consciente, que não chega a alcançar a consciência. Ela é relativa aos primeiros processos de memória que ocorrem nos sistemas sensoriais. Pode estar associada a

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informações visuais e auditivas. O tempo de duração de cada tipo de informação pode variar entre meio segundo para informações visuais e vinte segundos para as auditivas.

A memória de curto prazo está associada à memória operacional. Parte da informação selecionada na memória ultrarrápida é armazenada por um período maior de tempo.

Diferentes áreas do cérebro estão envolvidas nos processamentos da memória. Neurofiologistas (apud LENT, 2010) observaram que o córtex pré-frontal é responsável pela memória operacional. O córtex pré-pré-frontal teria a função de coordenar as informações visuoespaciais provindas do córtex parieto occipital direito com as informações fonológicas do córtex temporal direito.

De todo modo, ficou estabelecido que todo um conjunto de regiões corticais participa dos mecanismos da memória operacional, destinados a fornecer-nos dados para raciocinar e agir, armazenando pelo menos durante minutos ou horas algumas das informações que continuamente chegam ao sistema nervoso através dos sentidos ou através de nossos próprios pensamentos. (LENT, 2010, p.664)

A memória de longo prazo está associada à memória explícita, que por sua vez tem seus processos de consolidação da informação no lobo temporal medial. Participam desse processo o hipocampo, o córtex entorrinal, o córtex perirrinal, o córtex para-hipocampal e a amígdala, além de regiões do diencéfalo, como os corpos mamilares do hipotálamo e núcleos anteriores do tálamo.

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Foi descoberto que o hipocampo é a principal estrutura envolvida no processo de consolidação de memória, mas não seria nele o local que residem os arquivos de memória. O hipocampo teria a função de coordenar os processos de consolidação.

Acredita-se que os arquivos de memória residam em seus respectivos córtex, ou seja, arquivos relacionados à linguagem estariam armazenados na área de Wernicke, arquivos de imagem no córtex occipital, arquivos da memória implícita no córtex motor, cerebelo e núcleos da base e assim por diante.

Mas as experiências vivências por um indivíduo não dizem respeito a informações fragmentadas como somente a informação visual, auditiva, somestésica. Os eventos consistem em um conjunto de informações percebidos por mais de um sentido. A lembrança de um passeio na praia, por exemplo, envolve o cheiro da maresia, a sensação tátil da areia, os ruídos, a visão do mar, e tantos outros aspectos, que como já citado ficam armazenados em diferentes regiões corticais.

Se cada aspecto de um evento fica localizado em diferentes áreas do córtex, de acordo com suas funções, sejam elas visuais, auditivas, espaciais, evocar determinado evento na memória e trazê-lo à consciência seria ativar não só uma, mas diversas áreas do cérebro. Para que as características de um evento façam sentido, elas precisam ser reunidas novamente, assim como na situação vivenciada. Existe uma região do lobo temporal chamada polo temporal que atua como um polo de convergência, reunindo as diferentes características para que a representação do evento ocorra como um todo.

Roberto Lent explica os processos da memória da seguinte forma:

(T) a memória de curta duração (T) seria possivelmente uma consequência da permanência dos sinais elétricos produzidos e veiculados pelos

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neurônios e pelas sinapses (T) a memória de longa duração (T) seria possibilitada por alterações estáveis de natureza morfológica. E a consolidação de algum modo envolveria a tradução da informação eletroquímica instável em um código estrutural mais estável. (LENT, 2010, 676)

2.2 As emoções e o Sistema Límbico

Pode-se entender emoção como o despertar de sentimentos positivos ou negativos no indivíduo, que gera determinado comportamento. As emoções provocam reações motoras e ajustes fisiológicos correspondentes, podendo-se observar que determinadas emoções podem ser identificadas pelas suas reações expressas no comportamento do indivíduo. O medo, por exemplo, provoca reações motoras de fuga e a liberação de substâncias no sistema nervoso central relacionadas à ansiedade.

De acordo com Lent, a amígdala foi identificada como a área responsável pelo disparo das emoções. É ela que recebe as informações sensoriais ou interiores provenientes do tálamo e do córtex. Essas informações são avaliadas quanto a sua natureza emocional e enviadas ao hipotálamo e tronco encefálico, responsáveis por comandar os comportamentos e os ajustes fisiológicos adequados.

Segundo Canteras e Bittencourt a amígdala seria a área que faz a ligação entre a cognição e a emoção. As informações que recebe do tálamo, das áreas corticais, e das vias aferentes viscerais são integradas e recebem caráter afetivo. Esta informação seria enviada para o hipocampo e para as áreas corticais sensoriais, podendo influenciar nos processos cognitivos e de memória. Ela também se comunica com o hipotálamo e locais límbicos

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mesencefálicos, podendo modular respostas autonômicas, neuroendócrinas e relacionada aos comportamentos motivados.

Outra região importante citada por Canteras e Bittencourt é o núcleo acumbente ou corpo estriado ventral. Essa região recebe informações de diversas regiões cerebrais envolvidas no processamento emocional de memória e aprendizado (amígdala, hipocampo, córtex pré-frotal). Além de ser responsável por gerar comportamentos relacionados a tarefas em troca de recompensas.

Sabe-se que as emoções positivas causam prazer e as negativas desprazer e são as respostas do sistema nervoso às emoções que provocam os estados de bem-estar ou mal-estar. Quando as áreas correspondentes do sistema nervoso recebem as impressões emocionais geradas por determinado evento, ocorrem respostas autonômicas que envolvem: o sistema cardiovascular, respiratório, digestório, urinário, endócrino e imunitário. E também respostas motoras de natureza voluntária ou involuntária, como correr, gritar, sorrir, chorar.

O prazer nada mais é do que um estímulo sensorial recebido, transformado no cérebro em um estímulo prazeroso. Estudos indicam (apud, LENT, 2010) que peptídeos opioides e a dopamina influenciam na sensação do prazer.

Estudiosos como o psicólogo William James, o fisiologista Carl Lange e o fisiologista Walter Cannon e Phillip Bard tentaram definir as bases neurais das emoções, mas foi o anatomista James Papez (apud LENT, 2010) que identificou o conjunto de regiões associativas responsáveis pelo sentimento, reações comportamentais e aos ajustes fisiológicos dos processos emocionais.

Inicialmente essa região ficou conhecida como circuito de Papez e mais tarde, com acréscimo de novas regiões identificadas, passou a se chamar sistema límbico. Esse sistema abrange os seguintes componentes: o córtex

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cingulado, o hipocampo, o hipotálamo, os núcleos anteriores do tálamo, os corpos mamilares, a amígdala e o córtex associativo.

De acordo com Lent, o córtex cingulado recebe projeções de regiões corticais associativas que fornecem a base para a experiência subjetiva das emoções; o hipocampo é o responsável pela consolidação da memória explícita; a amígdala seria o “botão” de disparo de toda a experiência emocional e moduladora da memória; o hipotálamo seria a região responsável pelo controle das reações emocionais, ou seja, das manifestações fisiológicas, acionando o sistema nervoso autônomo, endócrino e imunitário; e os núcleos anteriores do tálamo ainda não foram bem definidos.

2.2.1 O papel da amígdala nos processos de modulação da

memória

A modulação influencia no funcionamento das funções do sistema nervoso podendo acelerar, ativar, desativar, enfraquecer ou fortalecer essas funções.

De acordo com Lent, os sistemas moduladores consistem em conjuntos de fibras que terminam em áreas do sistema nervoso central. Essas fibras se originam nos núcleos do tronco encefálico, diencéfalo e prosencéfalo basal e atuam nas diversas funções do sistema nervoso central através de neurotransmissores, tais como as aminas e acetilcolina.

No caso da função de memória, a modulação pode fortalecer ou enfraquecer a consolidação de uma informação considerando-se aspectos como a emoção e a atenção.

Lent afirma que a principal área do cérebro envolvida no processo de modulação é a amígdala. O complexo amigdalóide situado no lobo temporal

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medial, tem como importante componente o grupo basolateral, responsável por emitir projeções para as regiões que participam do processo de consolidação de memória explícita, como o hipocampo e para o córtex entorrinal. Hormônios liberados no sistema nervoso podem modular a memória gerando aprendizagem de forma aversiva, por exemplo. A amígdala associa as emoções às informações do meio ambiente e as conecta com as informações de memória em processo de consolidação, fortalecendo ou enfraquecendo o processo de retenção da informação na memória. Se uma experiência vivenciada provoca dor, por exemplo, terá uma carga emocional negativa associada a ela e será conectada a informações de memória sobre aquele evento e a maneiras de evitar que ele se repita.

2.2.2 O sistema de recompensa e a motivação

Segundo Suzana Herculano-Houzel no livro O cérebro em transformação, a motivação seria a vontade que leva uma pessoa a realizar determinada atividade.

Tudo o que é novo é maneira certeira de ativar o sistema de recompensa (...)(HERCULANO-HOUZEL, 2005, p.91)

Afirma que o cérebro possui um sistema de atribuição de valores, que utiliza a emoção que determinada experiência provoca para definir se esta experiência é boa ou ruim.

Esse sistema é o sistema de recompensa. A área tegmentar ventral e o núcleo acumbente são componentes do sistema de recompensa. Esses

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componentes serão explicados abaixo segundo Suzana Herculano-Houzel, 2005.

A área tegmentar recebe as informações sensoriais e também informações do córtex pré-frontal a respeito das intenções do comportamento atual. Se o comportamento atingiu seu objetivo ou produziu algo novo, os neurônios dessa área liberam dopamina sobre os neurônios do núcleo acumbente. A dopamina ativa os neurônios do núcleo acumbente e provocam a sensação de prazer.

O núcleo acumbente se comunica com o córtex pré-frontal e com os núcleos da base, exercendo influência direta sobre o comportamento do indivíduo, seja na tomada de decisões (córtex pré-frontal) ou promovendo a continuidade de um comportamento (núcleos da base).

São os receptores de dopamina nos neurônios presentes no núcleo acumbente que indicam a intensidade da ativação dessa região. Na criança o sistema de recompensa é rico em receptores de dopamina, mas ao atingir a adolescência o indivíduo perde cerca de um terço desses receptores podendo chegar à metade até a idade adulta. Isso significa que as crianças conseguem muito prazer com pouco estímulo e que uma atividade que ativava o núcleo acumbente na criança, no adolescente é menor, portanto causa uma satisfação também menor.

No vídeo Cérebro: Guia do proprietário, Suzana Herculano explica o sistema de recompensa como um conjunto de estruturas que sinalizam para outras áreas do cérebro quando uma experiência é boa ou interessante. A expectativa ou uma experiência inesperada geram determinada emoção. É essa emoção positiva ou negativa que aciona os circuitos do sistema de recompensa e resulta em prazer ou desprazer. Essa informação, satisfação ou insatisfação, fica armazenada na memória (hipocampo) e a amígdala cria uma resposta condicionada a estes estímulos. Toda vez que se imaginar repetir a experiência positiva, a mesma resposta de satisfação já é produzida por antecipação.

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A motivação nada mais é do que esta resposta de prazer produzida por antecipação. A lembrança de boas experiências ou a expectativa de que situações positivas podem acontecer ativam o sistema de recompensa e geram prazer, logo o sentimento da motivação, a vontade de agir e repetir a experiência.

Daí a grande importância das emoções na vida do homem, são elas a grande força motivadora que o leva a escolher suas ações e agir. Trabalhar, estudar, comer, são ações que o homem executa motivado, projetando no futuro o prazer que realizá-las pode provocar. As emoções são guias para o comportamento humano. Se uma experiência foi negativa o cérebro interpreta que deve ser evitada, mas se foi positiva deve ser repetida, é claro que o uso da razão vai mediar essas decisões, avaliando suas consequências.

A motivação é uma medida, obtida por cálculos conscientes ou inconscientes, da satisfação que o cérebro poderá obter com um comportamento qualquer, seja brincar, trabalhar, namorar ou ler um livro.

(T) a motivação (T) é uma amostra antecipada do prazer que seu cérebro acha que pode conseguir (T) (HERCULANO-HOUZEL, 2005, p.95)

Visto que o sistema de recompensa é a área do cérebro responsável pela sensação de prazer e bem-estar em resposta a atividades positivas e interessantes, a ativação desses sistema é diretamente proporcional ao prazer obtido. Quanto mais uma experiência ativa o sistema de recompensa, mais prazer ela proporciona. Imaginar em repetir a experiência provocaria o mesmo bem-estar, levando o indivíduo a querer repeti-la.

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Ainda de acordo com Suzana Herculano, o sistema de recompensa teria como função primordial garantir a repetição de comportamentos essenciais à sobrevivência e reprodução.

2.3 A atenção

O sistema reticular controla a atenção e a vigília e tem conexão com os vários estímulos sensoriais do ambiente.

A atenção é fator importante no processo do aprendizado e da memória e pode ser consequência da motivação, dar atenção a algo depende do interesse que aquilo desperta no indivíduo. A atenção está definida no dicionário Aurélio como “aplicação cuidadosa da mente a alguma coisa”. Atenção é sinônimo de concentração e é a partir desse comportamento que se torna possível observar algo minuciosamente, ouvir e assistir uma aula sem perder detalhes importantes, fazer uma leitura evitando que eventos externos atrapalhem a sua compreensão.

Cabe definir duas capacidades do sistema nervoso que se relacionam: a atenção e a percepção. Roberto Lent conceitua esses dois termos como:

(T) atenção, um mecanismo de focalização dos canais sensoriais capaz de facilitar a ativação de certas vias, certas regiões , e até mesmo neurônios, de modo a colocar em primeiro plano sua operação, e em segundo plano a de outras regiões que processam aspectos irrelevantes para cada situação. (LENT, 2010, p.612)

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Percepção, para os seres humanos, é a capacidade de associar as informações sensoriais à memória e à cognição, de modo a formar conceitos sobre o mundo e sobre nós mesmos e orientar o nosso comportamento. (LENT, 2010, p.613)

A percepção depende da atenção para que seja a melhor possível. Visto que a percepção precisa de dados sensoriais para relacioná-los à memória e cognição, se todas as informações provenientes do meio ambiente tivessem a mesma relevância não seria possível, por exemplo concluir a leitura de um livro, pois todos os ruídos, movimentos, alterações luminosas e o que mais pudesse ser captado pelos sentidos iria interromper a concentração voltada para a leitura. Nessa medida, pode-se entender a importância dos mecanismos de focalização dos canais sensoriais, ou atenção, de que o cérebro é capaz.

Segundo Suzana Herculano-Houzel, existe uma limitação natural do cérebro, ou seja, só é possível prestar atenção em uma atividade de cada vez. Acredita-se ser possível prestar atenção em mais de uma tarefa ao mesmo tempo, mas na verdade o que ocorre é que a atenção é alternada entre uma tarefa e outra rapidamente.

Suzana Herculano-Houzel afirma que a atenção é o filtro que o cérebro usa para decidir qual informação será processada de maneira dedicada a cada instante. De todas as informações disponíveis, apenas uma sobrevive ao filtro e as outras são eliminadas, ou seja, não chegam à memória de trabalho (curta duração). A atenção permite que a informação seja transferida para a memória de trabalho, processada, relacionada a outras informações da memória e seja armazenada em arquivos de memória mais duradoura. Se falta atenção ao realizar determinada tarefa, ela não percorrerá esse processo de memória e portanto será esquecida, não havendo aprendizado da nova informação.

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A atenção possui dois aspectos principais, o estado de alerta, que consiste na sensibilização de um conjunto de neurônios e a focalização, que seria a focalização dessa sensibilização em processos mentais e neurobiológicos (LENT, 2010). Então a atenção pode ser mental ou sensorial.

A atenção também pode ser classificada em explícita, quando o foco da atenção está no olhar e tende a ser automática. A atenção implícita é quando o foco da atenção não coincide com o olhar, e tende a ser um ato voluntário.

Duas áreas foram identificadas como importantes no processo de filtragem da percepção direcionando a atenção : o núcleo pulvinar, situado no tálamo e possui ligação com as áreas sensoriais e o campo ocular frontal, situado no córtex frontal, envolvido com o planejamento dos movimentos oculares utilizados para movimentação do foco atencional relacionado ao olhar (LENT, 2010, p.639) .

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CAPÍTULO III

O TRABALHO COM PESQUISA NA SALA DE AULA

Pesquisa, de acordo com o dicionário Aurélio, quer dizer investigação, indagação, busca minuciosa para averiguação da realidade, estudo com o objetivo de descobrir fatos ou princípios relativos a qualquer área do conhecimento.

De acordo com Marcos Bagno, pesquisa é toda atividade que se proponha a buscar o conhecimento a respeito de algo. Conhecer o princípio ativo, como atua no organismo e os efeitos colaterais de um remédio do qual se fará uso é uma forma de indagação que leva à investigação, a fonte de pesquisa é a bula do remédio. O manual de instruções de um aparelho novo, uma receita de bolo, a consulta ao dicionário, todas essas atividades podem ser consideradas pesquisa.

É mesmo difícil imaginar qualquer ação humana que não seja precedida por algum tipo de investigação. (BAGNO, 2001, p.18)

Aprender a pesquisar é uma importante tarefa que tem como base a ideia de aprender a aprender. É através da investigação que se pode perceber que as informações para qualquer indagação podem ser obtidas nas mais diversas fontes de pesquisa: nos livros, artigos, revistas, em observações de fenômenos, entrevistas, filmes, documentários. Percebe-se que aprender não está restrito às salas de aula ou ao que o professor pode ensinar. O conhecimento está registrado nas mais diversas fontes, é só partir em busca

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de conhecê-lo. E esse é o papel da escola, mostrar caminhos para que os alunos aprendam com independência.

Mas a pesquisa é um trabalho que exige planejamento. É preciso estabelecer o objetivo, a finalidade, as indagações que levam o grupo à investigar algo, as hipóteses.

Aprender a pesquisar requer desenvolver alguma habilidades importantes para execução da tarefa como localizar informações e principalmente interpretá-las, para que se consiga entender a informação e associá-la a realidade e ao objetivo inicial da tarefa.

Marcos Bagno sugere que a pesquisa seja atividade permanente na escola. Apresenta ideias para envolver os alunos na tarefa, como pedir que os alunos levem para escola notícias de jornal ou revista que lhes pareceu interessante, trazer comentários e dúvidas sobre algo que assistiram na televisão ou ouviram no rádio, apresentarem relatórios de um passeio, viagem, visitas à museu, teatro, filme. O importante seria a estimular que os alunos formulem opiniões a respeito de diversas situações.

Lourdes Frison, no livro Pesquisa em sala de aula, propõe que o professor de uma concepção tradicional de ensino, tem como foco o conteúdo a ser ensinado e seu trabalho se resume em transmitir informações que já estão prontas. Já numa concepção de educar pela pesquisa, o foco do trabalho passa a ser o aluno. Afirma que o ensino através da transmissão (professor) e reprodução (aluno) de saberes limita a capacidade de construção pessoal e criatividade do aluno`. A construção da aprendizagem se dá através da parceria entre educador e educando.

Entende-se que, ao pesquisar, o aluno se compromete com o pensar, o criar e o produzir, libertando o seu fazer. (FRISON, 2004, p. 146)

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Segundo Roque Moraes, educar pela pesquisa começa por perguntas, produzidas no contexto da sala de aula, com envolvimento ativo de todos os participantes. Sendo assim as perguntas tem necessariamente significado, pois partem dos conhecimentos que alunos e professores já trazem de sua vivência anterior e da realidade em que vivem, e é destes dois elementos que surgem as indagações. A pesquisa tem a finalidade de fazer avançar os conhecimentos que os sujeitos da sala de aula já trazem, tornando-os mais complexos e conscientes. (MORAES, 2004, p.132)

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CONCLUSÃO

O trabalho com pesquisa em sala de aula significa movimento. Significa deixar uma postura passiva de receber conteúdos, para um comportamento ativo, partindo em busca dele. O aluno torna-se o verdadeiro sujeito (na relação de conhecimento, é aquele que conhece, em oposição ao que é conhecido. Dicionário Aurélio) do processo de ensino-aprendizagem e o conhecimento, seu objeto de estudo. Aliado a todo esse movimento de busca pelo saber há dois aspectos importantes desse processo: a motivação e a contextualização.

Ivan Izquierdo, no artigo Muitas formas de aprendizagem, muitas formas de memória, traz contribuições importantes a respeito da memória. Ele afirma que só se aprende por associações. Se fazemos determinada leitura é porque ela está associada ao prazer de ler ou à recompensa de adquirir mais conhecimentos.

Ninguém aprende aquilo pelo qual não sente gosto. O gosto muitas vezes inclui a − ou consiste na − percepção da utilidade, da aplicação daquilo que se aprende. Aprender para que serve somar, multiplicar ou dividir na vida diária ajuda a aprender a fazer essas operações. Aprender qual é a importância da Europa na nossa história e, portanto, em nossa vida ajuda a aprender onde fica esse continente no mapa e quem são seus habitantes. Aprender que a sujeira pode produzir infecções ajuda a aprender a lavar as mãos. (IZQUIERDO, 2009)

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Nessa medida podemos entender que o aprendizado só se consolida em memória se o que for ensinado fizer alguma relação, ou melhor, fizer alguma associação com outras informações, ou seja, aprender deve despertar no aluno algum interesse e esse interesse só existe se ele perceber naquilo alguma aplicabilidade, se aquele conhecimento responder questionamentos ou despertar questionamentos sobre algo que faça parte de suas vivências ou gostos ou simplesmente desperte a sua curiosidade.

Suzana Herculano apresenta contribuições a respeito dos mecanismos neurais que explicam a sensação de prazer em resposta a realização de determinadas atividades. Afirma que o sistema de recompensa da criança apresenta mais células receptoras de dopamina na região do núcleo acumbente em relação a essas mesmas regiões do cérebro adolescente e adulto. Isso significa que, na criança, pequenos estímulos são capazes de ativar a área tegmentar ventral e liberar dopamina, provocando a sensação bem-estar e prazer. Regiões mnemônicas coordenadas pelo hipocampo memorizam aquela experiência prazerosa e a faz sentir o desejo de repeti-la.

Assim podemos perceber a facilidade da criança em ser estimulada e de se sentir motivada na prática de determinadas tarefas, que se propostas de forma adequada poderiam ser grandes potenciais de aprendizado.

A proposta de trabalho com pesquisa atende a todos esses requisitos. A pesquisa lida com questionamentos, informações que respondam à esses questionamentos e principalmente com a elaboração de hipóteses por parte dos alunos a respeito do tema abordado, que gera grande expectativa durante a pesquisa em descobrir se suas hipóteses são ou não válidas. A pesquisa parte de um interesse despertado nos alunos em conhecer ou saber mais sobre determinado assunto.

O aluno possui conhecimentos ou idéias prévias a respeito de alguns assuntos, ele cria hipóteses ao ser questionado e isso ocorre através de conexões neurais que ele refaz ao associar algo no assunto a ser pesquisado com alguma ideia que tenha a respeito do tema, refaz conexões já existentes

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buscando em sua memória (hipocampo) a resposta. Mas ao passo que a pesquisa se realiza efetivamente, essas conexões se alteram a medida que aprimoramos o conhecimento a respeito do tema, outras informações são associadas à ideia inicial.

Atividades observadas em uma turma de educação infantil de 4 e 5 anos de uma escola particular do Rio de Janeiro demonstraram ser boa oportunidade da aplicabilidade dos conceitos levantados no presente trabalho de conclusão de curso.

O grupo da educação infantil esteve engajado por aproximadamente quatro meses em um trabalho de pesquisa cujo tema foi o reflorestamento. Tudo começou de forma espontânea e inesperada a partir de um piquenique à sombra da copa da árvore plantada no pátio da escola. Procuramos um lugar à sombra, pois neste dia estava calor e não queríamos nos sentar ao sol. Foi então que meus alunos perceberam que aquela sombra só foi possível porque aquela árvore estava plantada ali. Eles descobriram a árvore! Foram feitas observações a respeito de seu tamanho, sobre como as folhas balançam ao vento, suas cores, se ela dá frutas, etc. Os alunos relataram seus conhecimentos sobre o assunto: as árvores que conheciam, plantas que possuem em casa, que viram na rua, o que é preciso para plantar uma árvore e tantos outros comentários que enriqueceram a conversa.

Como professora regente da turma, propus conhecermos mais. Partimos em busca da pesquisa e descobrimos a planta carnívora; a Sequóia, a maior árvore do mundo; uma flor chamada raflésia, que exala um odor como carne estragada. Até que o grupo chegou num ponto crucial da pesquisa: as árvores podem ou não podem ser cortadas? O conhecimento prévio do grupo consistia em dois tipos: o de que as árvores não podem ser cortadas pois o desmatamento é prejudicial e, o fato de que objetos do nosso dia-a-dia precisam da madeira das árvores para serem fabricados. Nesse momento,a pesquisa verdadeiramente começou. Num primeiro momento o interesse estivesse em conhecer tudo o que poderia ser derivado da árvore, como os

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móveis, o papel, o lápis e quiseram conhecer como se faz cada um destes utensílios. Depois veio a reciclagem e também o desmatamento e suas consequências.

Todos partiram em busca de uma solução para este dilema. De acordo com as hipóteses do grupo se cortarmos as árvores não haverá oxigênio, destruiremos as florestas, os animais perderão seus habitats naturais e algumas frutas irão acabar, mas se não cortarmos as árvores não haverá mais portas, cadeiras, mesas, lápis e tantos outros objetos.

Essa experiência me fez perceber o quão motivados estavam os meus alunos nas leituras sobre a natureza, como vivem os animais das florestas, do que se alimentam , aonde dormem, a fotossíntese, ou melhor, como a árvore nos dá o oxigênio, o que é o ar e tudo mais que os pudesse ajudar a encontrar uma resposta para o nosso questionamento inicial, cuja resposta consistia no reflorestamento. Aos poucos eles trouxeram textos e imagens de casa com a solução.

É nisso que consiste esse trabalho de conclusão de curso, entender o que acontece, sob um olhar neurobiológico, que faz dessa experiência relatada um momento tão rico em possibilidades de aprendizagem e faz de outras atividades momentos de desinteresse e descontentamento.

A neurociência ainda não consegue explicar os sentimentos, mas já é capaz de explicar as bases neurais envolvidas nos comportamentos emocionais e reações fisiológicas que as emoções provocam. E a motivação é uma delas. Ao identificar em determinado assunto, brincadeira e tantas outras atividades infantis, uma atividade que pode gerar prazer, a criança, desperta emoções, disparadas pela amígdala, que tem relação com memórias de experiências anteriores (hipocampo). Essas experiências podem ser positivas ou não. Realizar uma tarefa de matemática, quando se teve uma experiência negativa anterior, como ser chamado de burro ao invés de receber orientações da professa, pode gerar ansiedade (liberação de adrenalina e noradrenalina) e até mesmo bloquear o aprendizado.

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A motivação promove não somente a sensação de bem-estar como também é capaz de modular a atenção. Como já visto, a atenção é fator importante no aprendizado. Sem atenção as informações captadas pelos sentidos não chegam a ganhar acesso à memória de processamento, impossibilitando que ela se consolide e se torne uma memória duradoura.

Hoje sabemos que as emoções influenciam diretamente nos processos de atenção, aprendizado e memória. Portanto o professor deve ter um olhar atento para as respostas emocionais demonstradas por seus alunos, pois como já é sabido elas apresentam fator determinante no aprendizado, que pode ser positivo, criando ou fortalecendo as sinapses e sua evocação ou bloqueando os acessos à arquivos de memórias que foram marcadas por sentimentos de medo, fracasso, incapacidade e outros.

É preciso observar e identificar com os alunos o que os interessa e tentar partir em busca de uma construção coletiva dos conhecimentos. E a pesquisa pode ser grande aliada nesse processo na medida que torna-se possível planejar as ações, as expectativas, as hipóteses, os objetivos, as atividades que serão realizadas para construção do conhecimento.

Considerando que as memórias residem em áreas corticais correspondentes a cada sentido e cada aspecto de uma informação está arquivado de forma separada (aspectos auditivo, visual, tátil, visuoespacial, etc), mas que se reunem quando ocorre a lembrança do evento, é possível entender que quanto mais dessas regiões forem estimuladas maior qualidade e riqueza de informações terá a memória do evento vivenciado. Quanto mais aspectos uma informação possuir em termos sensoriais, mas facilmente ela poderá ser acessada. O despertar da lembrança de um dia na praia pode ser ativado pela foto de uma praia, pelo cheiro de maresia, pelo barulho das ondas do mar, etc, mas se determinado evento só foi percebido por um dos sentidos, evocar sua memória será mais difícil.

Como já se sabe as crianças tem necessidade de manusear, manipular os objetos e agir sobre eles para construir representações mentais a respeito.

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Sendo assim, o ideal seria um trabalho em que elas possam dedicar todos os sentidos possíveis para perceber aspectos do objeto e construir seu conhecimento sobre o que o objeto é, como é, qual a sua função, onde se localiza e suas relações com o espaço e tempo.

Diante desses pressupostos podemos considerar a pesquisa investigativa na sala de aula como uma possibilidade de sucesso no processo de ensino-aprendizagem, que envolve não só a busca por conceitos, mas também a observação, o experimento, a intervenção, pois observar e registrar algum fenômeno também é uma forma de pesquisar, de encontrar elementos para entendê-lo.

Uma grande questão do aprendizado, ou melhor, do ensino formal, das aulas expositivas e da pouca participação dos alunos, é a de fornecer uma grande quantidade de informação, que não leva o aluno a se questionar e formular hipóteses, a informação é dada pronta ao aluno, o problema e a solução já são apresentados.

Podemos observar a dificuldade dos alunos em aplicar esse conhecimento nas diversas situações cotidianas. Se de alguma maneira esse conhecimento fica armazenado na memória, ele muitas vezes está descontextualizado.

Como vimos com Suzana Herculano, para que uma informação seja memorizada e desperte o interesse dos alunos, ela precisa ter alguma aplicabilidade. Suzana afirma que , aprender é o maior prazer que o cérebro pode ter. A partir desse pressuposto podemos entender quando um tema proposto em sala de aula desperta o interesse do aluno, seu organismo apresenta reações fisiológicas e neurobiológicas positivas. O tema de estudo proposto foi a informação que estimulou os sentidos e através das sinapses ganhou acesso à memórias de experiências semelhantes que proporcionaram prazer. E a mais importante contribuição da motivação para a educação é o fenômeno em cadeia que o prazer gera, quando uma experiência provoca prazer (liberação e captação de dopamina) o cérebro reage de forma a querer

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um pouco mais daquela experiência, que por sua vez gera mais prazer e assim por diante.

Essa repetição só contribui para fortalecer as sinapses criadas e tornar o aprendizado efetivo.

Assim o trabalho com pesquisa na educação infantil contribui com a contextualização das informações, desperta o interesse dos alunos, na medida que considera seus questionamentos, alia os conhecimentos à situações cotidianas, possibilita experimentos que lidam diretamente com suas hipóteses gerando prazer.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I O QUE É APRENDIZAGEM 11 1.1 - Neuroplasticidade 16 CAPÍTULO II

COMO APRENDEMOS? UM OLHAR NEUROBIOLÓGICO 19 2.1 - A memória e o Hipocampo 20 2.2 - As emoções e o Sistema Límbico 25 2.2.1 - O papel da amígdala nos processos de modulação da memória 27 2.2.2 - O sistema de recompensa e a motivação 28 2.3 - A atenção 31

CAPÍTULO III

O TRABALHO COM PESQUISA NA SALA DE AULA 34

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Referências

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