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A única forma de tirar vantagem de um debate é evitá-lo. Dale Carnegie.

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Academic year: 2021

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“A única forma de tirar vantagem de um debate é evitá-lo”. Dale Carnegie.

Ouve-se que é preciso debater à exaustão determinado tema conflitante, para chegar-se a um consenso. Há nesta corriqueira afirmação um equívoco: num d ebate

dificilmente chega-se a um consenso, pois no debate a pessoa chega com determinada hipótese e procura vencer, com suas idéias, as opiniões dos outros participantes.

 

No livro A Quinta Disciplina, Editora Campus, seu autor Peter Senge relata algumas frases determinantes de David Bohm sobre diálogo. David Bohm, destacado estudioso da física quântica, em uma das suas frases traduz a essência do diálogo: “No diálogo não estamos tentando vencer. Todos estaremos vencendo se estivermos fazendo de maneira correta”.

 

Se for preciso chegar a um consenso, o mais adequado instrumento da comunicação é o diálo

go

No entanto, é preciso deixar claro que o objetivo maior do diálogo é atingir a comunicação eficaz, a qual, em momentos adequados, admite e valoriza tanto o consenso quanto a falta dele.

 

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A característica básica do debate é que as partes se comportam como adversárias. O que faz sentido no meio político ou em outras circunstâncias eletivas, onde um candidato a

determinado cargo procura derrotar o outro, com sua plataforma e argumentos.  Mas, reflitamos, no mundo corporativo, organizacional ou institucional é conveniente que haja

adversários? Certamente não. Mas infelizmente ainda há adversários nestes ambientes. Ainda há líderes que em vez de focarem o interesse maior da empresa, focam os interesses

particulares – por eles criados – de seus departamentos. São aquelas circunstâncias muito conhecidas, quando determinado departamento age como se fosse uma empresa dentro de outra empresa! Neste caso, o necessário pensamento sistêmico está longe, muito longe. E também estão longe a inovação, a produtividade, a lucratividade e o bom ambiente interno. Por este motivo o foco no mundo corporativo é – ou precisa ser – o diálogo.

 

Dalai Lama, no seu livro Transformando a Mente, reforça a importância do diálogo nos tempos atuais. Ele esclarece que o debate se justificaria “se os interesses fossem bem definidos e o meu interesse fosse independente do seu, nesse caso a vitória e a derrota funcionariam. Mas, na atualidade, os interesses de todo o mundo estão muito entrelaçados.”

O debate, como diz Dalai Lama, cria vitoriosos e derrotados. E onde há derrotados, a desconfiança impera. Por outro lado, o diálogo inspira confiança entre as partes. E só há ambiente corporativo saudável e eficaz onde reina a confiança. Conclusão: pelos contínuos desafios vigentes nos atuais ambientes corporativo, organizacional e institucional, o exercício do diálogo tornou-se imprescindível.

 

Em relação ao debate e ao diálogo, no primeiro caso (debate) a pessoa já chega a uma reunião com suas idéias prontas procurando impô-las; no segundo caso (diálogo), a pessoa despe-se de suas verdades ou pressupostos, procurando somar o conhecimento de todos os participantes, para que a melhor idéia seja fruto do grupo que está dialogando, e não somente

de um indivíduo. No diálogo o grupo está aberto e predispo

sto a

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reflexões com o objetivo de encontrar argumentos que destruam ou enfraqueçam as idéias do outro, no diálogo as pessoas fazem reflexões sobre

a validade de suas próprias idéias .

 

Uma das boas conseqüências do exercício do diálogo é o fato de que nas reuniões fugimos do tradicional. Isto é, nas reuniões corporativas, o tradicional ou usual é estar mais presente a luta de egos dos participantes do que o foco nos resultados.  Com o diálogo, aprendemos a colocar nosso ego a favor da empresa.

 

No livro “Diálogo”, suas autoras Linda Ellinor e Glenna Gerard (Editora Futura) esclarecem: “Quando utilizamos o debate, por exemplo, competimos para ver qual visão é a correta. Não nos afastamos e tentamos ver o problema maior que surge dos caminhos comuns aos vários pontos de vista. No diálogo, ver esses caminhos comuns é a intenção. Estamos lá para aprender a respeito da visão mais ampla daquilo que estamos considerando em conjunto.”

 

O gênio Benjamin Franklin, mesmo não sendo um grande orador, tinha natural aptidão para vencer debates, no entanto, quando em idade mais avançada, ele chegou à conclusão de que (palavras dele) “essa aptidão mais atrapalhava do que ajudava na realização das coisas”.  Ele relata no seu livro autobiográfico a mudança de comportamento que ocorreu depois dessa descoberta: “Quando alguém dizia algo que me parecia um erro, eu me negava o prazer de contradizê-lo e de mostrar de imediato o absurdo de sua proposição. Ao responder, eu começava observando que em certos casos e circunstâncias sua opinião estaria certa, mas que na presente situação me parecia ou figurava alguma diferença, etc. Logo descobri a

vantagem dessa mudança em meu comportamento. Os diálogos em que me envolvia fluíam de um modo mais agradável.”

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Para não enterrarmos definitivamente o debate, em seu livro Liderando pelo Conflito (Campus), seu autor Mark Gerzon ressalta que “o debate é um instrumento poderoso para defender uma posição definida”, mas logo a seguir ele complementa: “embora o diálogo seja muito melhor para questionar, estabelecer ligações e criar inovações”. Como os questionamentos e o estabelecimento de ligações e também as inovações são vitais à “saúde” dos  ambientes organizações, empresariais e institucionais, conclui-se que para estes ambientes o diálogo é a melhor alternativa.

O debate continuará existindo nas campanhas políticas eletivas, o que é extremamente saudável para que o eleitor possa conhecer as idéias e posturas dos candidatos. O debate continuará existindo no mundo jurídico, pois no direito há a consagração da defesa das partes. No entanto, num processo lento, paulatinamente o debate tende a ser substituído pelo diálogo, mesmo nestes dois citados segmentos. Uma amostragem desta nova realidade é o fato da área do direito estar valorizando cada vez o espírito de conciliação entre as partes. A revista Época Negócios (Globo), de dezembro/08, relatou que “em 2001, o Supremo Tribunal Federal considerou que recorrer ao judiciário é um direito, não um dever, e abriu, assim, espaço para o diálogo independente.” Esta nova visão está fazendo os grandes escritórios de advocacia criar áreas alternativas na solução de conflitos, onde – nestes casos - o instrumento é o diálogo.  Diz a revista “No Brasil, negociar um conflito sem recorrer ao judiciário significa evitar a burocracia e ganhar tempo. Em média, os acordos são fechados em um ou dois anos. Quando há diálogo, leva poucos meses.”

 

Uma importante observação: quando em um “debate” há equilíbrio emocional das partes, seus integrantes têm boa auto-estima, respeitam e valorizam as opiniões alheias e têm controle em relação ao ego individual, podemos afirmar que o que está ocorrendo não é um “debate”, mas sim um produtivo “diálogo”.

 

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I-a) Debate: Pressupor que exista uma resposta certa e você a tem.

I-b) Diálogo: Pressupor que muitas pessoas tenham partes da resposta.

 

II-a) Debate:Combativo: os participantes se esforçam para provar que o outro lado está errado.

II-b) Diálogo: Colaborativo: participantes trabalham juntos para um entendimento comum.

 

III-a) Debate: O importante é vencer.

III-b) Diálogo: O importante é chegar ao consenso.

 

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IV-b) Diálogo: Ouvir para entender, encontrar um significado e chegar a um acordo.

 

V-a) Debate: Defender nossas próprias suposições como verdades.

V-b) Diálogo: Revelar nossas pressuposições para reavaliação.

 

VI-a) Debate: Ver os dois lados de um problema.

VI-b) Diálogo:Ver todos os lados de um problema.

 

VII-a) Debate: Defender seu próprio ponto de vista contra o dos outros.

VII-b) Diálogo: Admitir que o pensamento dos outros pode melhorar o seu próprio.

 

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VIII-b) Diálogo: Procurar pontos fortes e relevância na posição dos outros.

 

IX-a) Debate: Por criar um vencedor e um perdedor, desencoraja diálogos futuros.

IX-b) Diálogo:Manter o tópico aberto mesmo após o encerramento formal do diálogo.

 

X-a) Debate:Buscar uma conclusão ou um voto que ratifique sua posição.

X-b) Diálogo:Descobrir novas opções, não buscar chegar ao fechamento.

 

Currículo do autor: Alkindar de Oliveira, Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil. Juntamente com sua equipe de consultores, tem seu foco de atuação em diversas áreas de treinamento, como  VISÃO SISTÊMICA, CULTURA DO DIÁLOGO,

ORATÓRIA, LIDERANÇA, COACHING, RELACIONAMENTO, MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO ESCRITA, COMUNICAÇÃO VERBAL, CRIATIVIDADE, HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE EMPRESARIAL, VENDAS, FINANÇAS, EFICAZ COMUNICAÇÃO INTERNA, NEGOCIAÇÃO, PRODUÇÃO/CHÃO DE FÁBRICA, ETC.

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Suas teses e artigos estão expostos em renomados veículos de comunicação, como: as revistas Você S/A e Bons Fluidos, da Editora Abril; revista Pequenas Empresas Grandes

Negócios , Editora Globo; revista “

Venda Mais

”, Editora Quantum; e os jornais

Valor Econômico

,

O Estado de São Paulo

e

Jornal do Brasil

, etc.

Referências

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