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Escalando a Montanha do Casamento

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Academic year: 2021

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ESCALANDO

A MONTANHA DO

CASAMENTO

Frei Elias Vella, ofmconv

Tradução

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SUMÁRIO

Prefácio ... 9

Introdução ... 13

PARTE 1 – A bElEzAEoPodERdo MATRiMôniocRisTão Capítulo 1 – Por que o Sacramento do Matrimônio? ... 17

À luz dos outros sacramentos ... 17

O Matrimônio à luz de Cristo ... 18

Sobre o modelo de Cristo e da Sua Igreja ... 19

Ministros do amor através do Matrimônio ... 22

Amar é servir ...24

Oração ... 26

Capítulo 2 – Senhor, faça de mim um canal do Teu amor ... 27

Mentalidade consumista ... 27

Teologia do Corpo ... 28

Os dois mundos ... 30

Ajudando uns aos outros ... 31

Amor esponsal, a cura de Deus ... 32

Ser um, mas diferentes um do outro ...34

Anima e Animus ... 35

Oração... 36

Capítulo 3 – O Matrimônio é uma vocação ... 39

Casar ou não casar ... 39

A unidade no Matrimônio ... 41

A indissolubilidade do Matrimônio ...44

Separação, Divórcio e Nulidade ...46

Os privilégios Petrino e Paulino ... 48

Oração... 51

Capítulo 4 – O sentido do Matrimônio ... 53

O Matrimônio é uma vocação ... 53

A dignidade da condição de mulher ... 54

O Matrimônio baseado no amor e não nas emoções ... 56

Fé, emoções e ação ... 58

Oração... 60

Capítulo 5 – O Sacramento do Matrimônio ... 63

A presença de Jesus no Matrimônio ... 63

Quem lhe chamou ao Matrimônio? ...64

“O que me fez casar com você?” ... 68

Nos encontrando na luz do plano de Deus ... 69

“Por que se casar na Igreja e não apenas no cartório?” ... 71

Sacramento do Matrimônio: O que é isso? ... 73

Oração... 74

Capítulo 6 – A Jornada do Matrimônio ... 77

(5)

Frei Elias Vella

6

O poder de rezar juntos ... 78

Cristoterapia para a família ... 81

Conflito ou acordo? ... 82

A perspectiva escatológica do Matrimônio ... 84

Chamados a evangelizar ... 87

Oração ... 87

Capítulo 7 – Os dois se tornam uma só carne ... 89

Ele os fez homem e mulher ... 89

Deixando a casa dos pais ... 90

Tornar-se uma só carne ... 91

A autoimagem ... 93

Oração ... 95

Capítulo 8 – O casamento nas diferentes culturas ... 97

Os costumes judaicos e outras culturas diferentes ... 97

Judeu se casa com uma judia ... 101

Católicos e cristãos de outras denominações ... 102

Mistura de culturas ... 103

Os casamentos em risco ... 104

Oração ... 106

Capítulo 9 – Tobias: um modelo de amor e unidade ... 107

Tobit e Tobias ... 107

Seu parceiro é um presente de Deus para você ... 109

“Levante-se e vamos rezar” ... 109

Liberta-nos do Mal ... 110

“…Não para os desejos de luxúria” ... 112

Relacionamento com parentes ... 113

Oração ... 114

Conclusão da Parte 1 ... 115

PARTE 2 – ViVEndoEAMAndonocAsAMEnTo Capítulo 10 – A cidade mágica... 119

Sandálias colocadas na direção certa ... 119

Sonhos e realidades ... 120

Dois fluxos diferentes ... 122

Morar junto antes do Matrimônio ajuda? ... 125

A lua de mel terminou... ... 127

O Matrimônio é um fracasso ou um desafio? ... 128

Oração ... 129

Capítulo 11 – Revelando seu interior ... 131

Esconde-esconde ... 131

Falar não é relacionar-se ... 132

Gritar não é relacionar-se ... 133

Discutir (brigar) não é relacionar-se ... 133

O diálogo não é suficiente ... 134

Relacionamento é partilha ... 134

A síndrome do esquecimento ... 135

(6)

Escalando a montanha do casamento

7

Orientações práticas ... 138

A arte de ouvir ... 141

Oração ... 142

Capítulo 12 – A boca fala do que está cheio o coração ... 143

Ninguém está totalmente preparado ... 143

Partilhar é doar ... 144

Não julgueis e não sereis julgados ... 145

A linguagem do amor ... 147

Evite os xingamentos ... 148

Fale a verdade com amor ... 149

Disponibilidade de tempo ... 150

Oração ... 153

Capítulo 13 – O campo de batalha ... 155

Nós somos diferentes ... 155

Resolvendo um conflito ... 157

Oração ... 163

Capítulo 14 – Bandeira branca ... 165

Como encarar os conflitos ... 165

Treinados a fazer acordos ... 166

Concordar para discordar ... 168

Administrando as emoções ... 169

Oração ... 174

Capítulo 15 – Os dois se tornam um ... 175

Dois córregos – Um rio? ... 175

O que é intimidade? ... 176

Tornamo-nos “nós” quando “eu” sou “eu” e “você” é “você” ... 178

Amar é dar e receber ... 179

Conciliando intimidade e autonomia ... 182

Mantendo o equilíbrio ... 184

Oração à Nossa Senhora do Equilíbrio ... 185

Capítulo 16 – Uma gargalhada por dia pode salvar seu Matrimônio ... 187

Uma pitadinha de sal ... 187

Posso rir de mim mesmo? ... 190

“Trabalho sem diversão torna chato qualquer cidadão” ... 191

Quando a brincadeira não é divertida? ... 192

Castelos de areia ... 193

“Vai, solta esse cabelo!” ... 194

Os trilhos rotineiros do trem ... 195

Oração ... 197

Capítulo 17 – Os modelos de funções que assumimos ... 199

Modelos de papéis na cultura de hoje ... 199

Os papéis nas diferentes culturas ...200

Os vários papéis e as várias situações ... 201

Ainda somos homem e mulher ... 203

O ponto de vista bíblico ...204

O modelo da mutualidade ... 205

Igualdade não é similaridade ...206

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Frei Elias Vella

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É o amor que deve determinar nossas ações ...209

Sogro e sogra: não se intrometam! ... 210

Oração ... 211

Capítulo 18 – Sexo: Um presente de Deus ... 213

Sexualmente inibidos ... 213

Sexualidade como linguagem do amor ... 215

Mitos e tabus sobre o sexo ... 216

O sexo é responsabilidade do homem? ... 218

Sexo é só o ato sexual em si? ... 219

É preciso aprender sobre sexualidade? ... 221

Uma intimidade sexual saudável ... 222

O sexo e a nossa fé ... 225

Oração ... 226

Capítulo 19 – A interferência dos sogros ... 227

Os sogros ... 227

Interferência pode significar destruição ... 229

Deixa eles! ... 230

Os pais continuam sendo “papai” e “mamãe” ... 232

Nosso círculo de amizades ... 233

Oração ... 236

Capítulo 20 - O dom dos filhos e a paternidade/maternidade ... 237

Os casais sem filhos ... 237

O aborto é um assassinato e não um direito ... 239

Nasceu a criança! ...240

Comunicação com os filhos ...242

Pais de adolescentes ...244

O pai de família ...246

Falta de consistência ... 247

Oração...248

Capítulo 21 – Nosso Matrimônio é a três ...249

O amor é a base ...249

Uma história judaica ... 250

Deus está aí! ... 251

Oração ... 251

Capítulo 22 – As virtudes maritais ... 253

Fidelidade ... 253

Perdão ... 254

Generosidade ... 257

A verdade com amor ... 257

Gratidão ... 258 Morrer e ressuscitar ... 258 Sair de si ... 259 Rezar juntos ... 259 Oração ...260 Conclusão da Parte 2 ... 261 Conclusão final ... 263

(8)

PREFÁCIO

EscAlAndo A MonTAnhA do cAsAMEnTo traz aos seus leitores os

ingredientes essenciais que contribuem para uma vida de casado sau-dável e enriquecedora. Frei Elias Vella elabora os elementos-chave que são: a arte de saber amar, respeito, fidelidade e serviço voluntário no relacionamento conjugal.

A primeira parte do livro nos ajuda a entender o Matrimônio como um sacramento e o que significa ter um Matrimônio centrado em Cristo. Ele nos apresenta a forma autêntica do Matrimônio no contexto da vida sacramental.

Em sua exposição sobre este aspecto do Matrimônio, o livro ajuda a entender que caminhar para a unidade não é perder a identidade que Deus lhe deu, mas um ter o poder de apreciar a beleza do “eu interior” do outro, o que, consequentemente, se torna um dom para o outro. Ele continua a reiterar que a boa comunicação é uma parte essencial do relacionamento. Este ponto é precisamente a área de luta para os casais de hoje, que são sobrecarregados com horários pesados a serem seguidos e a diminuição de prazos a cumprir.

Na segunda metade do livro, encontramos as orientações pastorais que nos permitem resolver muitas situações intrigantes e conflitantes que sur-gem especialmente para aqueles que não receberam instrução muito pré--marital e que não compreenderam o significado central do tempo de vida compromisso.

Enquanto o livro do Frei Elias Vella confronta temas atuais como adul-tério, pornografia, divórcio, separação e nulidade, também oferece soluções para aqueles que desejam encontrar a paz, cura e estabilidade em seus rela-cionamentos. Sua sabedoria e conselhos para os Matrimônios em crise são inestimáveis.

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Frei Elias Vella

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Para os jovens ainda não casados, o livro contém volumes sobre as expectativas realistas necessárias antes de decidir pelo sacramen-to. Em um mundo onde há muita ambiguidade sobre o significado do verdadeiro amor, Frei Elias Vella diferencia amor autêntico a partir das relações inconsistentes que a maioria dos jovens casais adota para si.

Não só encontrarão exemplos da Palavra de Deus em seu livro, mas várias experiências da vida real de casais que conheceram Frei Elias Vella e interagiram com ele. É muito evidente que ele fala a partir de uma plataforma de rica experiência pastoral e encontros pessoais com os casais ao redor do globo.

Nossas vidas são perigosamente frágeis e precisam ser tratadas com cuidado. A minha descrição favorita de Matrimônio é que ele é como uma estrada em construção, rachaduras, buracos, poços são tudo o que você tem! Com um simples “se liga”, temos a possibilidade de voltar para Deus, e uns aos outros. Frei Elias habilmente apresenta os desafios que cada fase da vida coloca e nos deixa com muito ali-mento para a alma.

“A montanha do Matrimônio”, por mais assustador que possa pa-recer para aqueles que temem alturas e são incapazes de apreciar o “dom de si”, é uma montanha que pode ser conquistada pelo amor que vem de quem nos convida para um relacionamento vivo com Ele e uns com os outros.

Neste livro ainda foi feita uma menção especial da “Teologia do Corpo”, de João Paulo II levando-nos a refletir sobre o verdadeiro significado do corpo e da sexualidade humana, áreas que foram ne-gligenciadas no passado.

Tendo trabalhado ao lado do Frei Elias Vella em diferentes partes do mundo, eu posso verdadeiramente dizer que ele é um homem hu-milde e ungido de Deus com o desejo de servi-l’O de todo o coração, apesar de todos os desafios que teve de enfrentar em várias culturas e terras de missão. Seu dom da escrita tem amplamente influenciado

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Escalando a montanha do casamento

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pessoas em diferentes partes do mundo e, agora, com o seu livro atual “Escalando a montanha do casamento”, eu acredito que muitos casais vão receber a verdade que vai libertá-los de viver e de amar de novo!

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INTRODUÇÃO

cERTAVEzuMcAsAl VEioAoMEuEscRiTóRio me pedindo que

abençoasse novamente o Matrimônio deles. Eu não conseguia acreditar no que eu estava vendo: poucos dias antes eles haviam me pedido informações sobre como começar um processo de se-paração. O que aconteceu de fato? Teria sido um milagre?

Percebendo meu embaraço, eles logo foram me explicando o mo-tivo daquela mudança em suas mentes e corações.

O marido estava relutante em se separar de sua mulher. Mas as mágoas e feridas que ambos haviam criado um no outro eram muito profundas para serem curadas. Mas então algo surgiu em sua mente. Ele escreveu a ela uma cartinha: “Você é especial! Eu acredito em você, eu tenho muito orgulho de você. Eu posso confiar em você e contar com você. Sou muito feliz por ter lhe conhecido, por viver com você. Obrigado por ser quem você é e por ser minha esposa. Obriga-do por me perObriga-doar”.

Aquilo foi o suficiente para que eles recomeçassem uma nova vida juntos. Ele, o marido, apenas mostrou à sua esposa que confiava ple-namente nela.

Ao escrever este livro queremos explorar a grandiosidade da união matrimonial, um mistério em si próprio, uma jornada que para to-dos os efeitos poderia ser comparada à escalada de uma montanha. O Matrimônio foi elevado ao nível de sacramento por Jesus, para o exercício do amor e da alegria entre um homem e uma mulher.

É nossa intenção abordar neste livro não apenas aspectos do Sa-cramento do Matrimônio, mas também a relação entre o Matrimô-nio e a família.

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Frei Elias Vella

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Rezo para que desta forma possamos ser capazes de fomentar uma transformação na compreensão do Matrimônio e da família. Cer-tamente não é uma jornada a ser assumida levianamente, mas uma viagem que dura uma vida inteira. Com a ajuda do Espírito San-to, tentaremos nos aprofundar neste tesouro para descobrir os dons que Deus verdadeiramente quer derramar sobre homens, mulheres e famílias.

(13)

PARTE 1

A BELEZA E O PODER

DO MATRIMÔNIO CRISTÃO

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Capítulo 1

POR QUE O SACRAMENTO

DO MATRIMÔNIO?

À luz dos outros sacramentos

Para melhor compreender o Sacramento do Matrimônio, é preciso olhar para ele à luz dos outros sacramentos, especialmente os sacramentos de iniciação: Batismo, Confirmação e Eucaristia. Na verdade esses sacramentos constituem a base e o fundamento do Sa-cramento do Matrimônio.

Não pretendo ir muito ao fundo a cada um deles, já que nossa ta-refa é refletir sobre o Sacramento do Matrimônio, mas é sempre bom volver nosso olhar sobre esses sacramentos básicos antes de qualquer reflexão. Para exemplificar, quando você está diante de uma mesa farta, repleta de apetitosos pratos, isso não significa que você precisa comer de tudo, mesmo sendo tudo muito bom. É isso que devemos fazer. Temos uma linda mesa posta com todos os sete sacramentos, mas não somos capazes de digerir todos eles ao mesmo tempo. Neste livro, o nosso objetivo é explorar em profundidade o Sacramento do Matrimônio, o seu significado, e como os casais, ao entrarem nessa união, se empenham em vivê-lo em profundidade.

O importante, então, é ressaltar a necessidade dos sacramentos de iniciação como a base e a pedra angular dos outros sacramentos. Os sacramentos podem ser divididos em três categorias: os sacramentos da iniciação cristã, que são o Batismo, a Eucaristia e a Confirmação; os sacramentos de cura, que são a Reconciliação e a Unção dos En-fermos e os sacramentos sociais, que são o Matrimônio e a Ordem

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Frei Elias Vella

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Sacerdotal. Estes últimos sacramentos são chamados de sacramentos sociais exatamente porque nos são dados não para o nosso crescimen-to pessoal, mas para o crescimencrescimen-to de crescimen-toda a comunidade.

O Matrimônio à luz de Cristo

Para se ter sucesso no Matrimônio, é preciso compreender o que ele significa à luz de Cristo. Em outras palavras, é preciso ter conhe-cimento dos valores que Deus colocou no Matrimônio. Diariamente tocamos com nossas mãos em muitos Matrimônios que parecem não ter solução para os tantos problemas que vivem. Portanto é essencial verificar o significado bíblico do “Matrimônio” e o que significa ca-sar à luz de Jesus.

Nesta parte do livro, não é meu objetivo dar normas de como um Matrimônio deve ser vivido. As orientações pastorais sobre o Matri-mônio serão oferecidas na segunda parte. Nesta primeira pretendo muito mais tratar da natureza do Matrimônio como um sacramento.

Em primeiro lugar, do ponto de vista histórico, o Matrimônio foi o último a ser considerado como sacramento na lista dos sete sacra-mentos. Sem dúvida, o Matrimônio como um contrato social existe desde a criação do homem. O Matrimônio visto como uma união entre um homem e uma mulher não começou com Jesus. Todos os outros sacramentos começaram com Jesus.

Por exemplo, o Batismo teve início a partir da atividade messiâni-ca de Jesus. O Batismo que era ministrado por João Batista era com-pletamente diferente do Batismo de Jesus. A Eucaristia também foi instituída por Jesus na Última Ceia. Da mesma forma, o sacerdócio foi instituído por Jesus também na Última Ceia. O sacerdócio levita do Antigo Testamento não está diretamente associado ao sacerdócio do Novo Testamento. São binários completamente diferentes e de ordens distintas.

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Porém, o Matrimônio já existia antes de Jesus. Existia não somen-te na cultura judaica, mas também em outras culturas. Naquele somen- tem-po era apenas um contrato social; não tem-podia ser um sacramento. Mais adiante veremos a diferença entre o casamento civil e o Matrimônio como sacramento. Para muitos a diferença está apenas no local que se escolhe para celebrar o ritual, seja na igreja ou no cartório. Porém há diferenças enormes entre um e outro, mesmo que do ponto de vista social, a função se assemelhe. Quando duas pessoas decidem receber o Sacramento do Matrimônio, elas estão assumindo um compromis-so de mudança de vida.

A Igreja começou a considerar o Matrimônio como um de seus sacramentos somente no século XIII. Até então o Matrimônio não estava incluído na lista dos sacramentos. Foi o teólogo Petrus Lom-bardus que pela primeira vez o incluiu entre os sete sacramentos. Posteriormente, apenas no Concílio de Trento, no século XVI que a Igreja definitivamente integrou o Matrimônio no conjunto dos sete sacramentos.

Isso não significa que a Igreja só começou a praticar os rituais referentes a esse sacramento nessa época. Até então o Matrimônio já era coberto e cercado de ritos litúrgicos, mesmo ainda não sendo considerado um sacramento.

Sobre o modelo de Cristo e da Sua Igreja

O Matrimônio é baseado na imagem do relacionamento entre Cristo e Sua Igreja. São Paulo coloca isso de forma muito bela em sua

Carta aos Efésios:

“Maridos, amem suas esposas, como Cristo amou a Igreja e se

en-tregou por ela.” (Ef 5,25-32)

O Apóstolo Paulo, às vezes, é visto como sendo um homem mi-sógino em função do texto em que ele diz que a mulher deve ser

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submissa ao seu marido (cf. 1Cor 7). Mas é preciso não esquecer que

Paulo não poderia ignorar a mentalidade e a cultura de sua época. Na

realidade Paulo tem uma maravilhosa doutrina sobre o Matrimônio e sobre o amor entre os casais, e a manifesta de maneira bastante explícita quando trata do assunto a partir da visão teológica, espe-cialmente quando compara a união do Matrimônio com a união e o amor que Cristo tem por Sua Igreja (cf. Ef 5). Portanto, o modelo do Matrimônio é o amor que Cristo tem por Sua Igreja. E todos nós sa-bemos como Jesus amou a Sua Igreja: Ele se sacrificou por ela. Dessa forma, maridos e esposas devem amar-se e respeitar-se como Jesus amou e respeito a Sua noiva, que é a Igreja.

Paulo continua:

“Assim, ele a purificou (a Igreja) com o banho de água e a

santifi-cou pela Palavra.” (Ef 5,26)

De acordo com o Apóstolo, o objetivo do Matrimônio é a ajuda mútua em busca da santidade; é lavar um ao outro todas as suas im-perfeições. Assim, o Matrimônio se torna um processo de cura onde o esposo e a esposa se ajudam um ao outro na cura mútua.

“Para apresentar a si mesmo uma Igreja gloriosa, sem mancha nem

ruga ou qualquer outro defeito, mas santa e imaculada.” (Ef 5,27)

O que Jesus fez por Sua noiva, a Igreja, morrendo por ela para torná-la santa, é o que o marido deve fazer por sua esposa e a esposa fazer por seu marido, ajudando assim um ao outro a tirar qualquer mancha ou ruga da face do parceiro. Todo marido almeja que sua esposa seja perfeita e, da mesma forma, toda esposa quer que seu ma-rido seja perfeito. Assim Jesus faz por Sua Igreja; assim o casal deve fazer um para o outro.

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“Portanto, os maridos devem amar suas mulheres como a seus pró-prios corpos. Quem ama sua mulher, está amando a si mesmo.” (Ef

5,28)

E Paulo continua:

“Ninguém odeia a sua própria carne; pelo contrário, a nutre e dela cuida, como Cristo faz com a Igreja, porque somos membros do Corpo d’Ele.” (Ef 5,29)

Este é o texto mais importante das Escrituras que faz referência à natureza do Matrimônio; é onde está claro que o esposo deve se sacrificar pela esposa e ela por ele. Por que hoje muitos Matrimônios são um fracasso? Porque, muitas vezes, o parceiro está mais interessa-do em ver o que pode tirar de proveito da companheira, e vice-versa. Eu sempre pergunto aos jovens noivos que estão se preparando para o Matrimônio: “Por que você quer se casar?” Normalmente a resposta que a noiva dá é: “Porque eu preciso de alguém que me ame”. Então eu pergunto ao noivo: “E você, por que quer se casar?” E o noivo dá a mesma resposta: “Porque eu quero alguém que me ame”. Portanto, ambos querem ser amados, mas... então quem vai amar? Se todo mundo só quer sentar à mesa e comer, então... quem vai cozinhar?

Estamos sempre prontos para receber, mas Matrimônio não é só receber. Matrimônio é dar. Se o casal realmente quer ter sucesso no Matrimônio, os cônjuges devem estabelecer uma competição entre eles para ver quem consegue dar mais. Mas infelizmente a competi-ção que normalmente existe é quem vai receber mais! Muitas vezes os Matrimônios fracassam porque ambos esperam mais receber do que dar.

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Ministros do amor através do Matrimônio

No Matrimônio, os ministros do sacramento são o próprio casal. No Batismo, o ministro é o presbítero ou quem está batizando. Na Confirmação, o ministro é o bispo ou o padre a quem o bispo dele-gou a autoridade para tanto. Na Eucaristia o ministro é o padre ce-lebrante. Na Unção dos Enfermos também é o padre quem ministra o sacramento. No Sacramento da Ordem o bispo é o ministro, que através da imposição das mãos consagra o novo padre.

É somente no Sacramento do Matrimônio que o padre não é o ministro. É o próprio casal que são os ministros. O papel do padre é de apenas abençoar o Matrimônio, mas quem está “implementando” o Matrimônio são os próprios noivos. O casal, homem e mulher, em consentimento mútuo, realiza o sacramento através dos votos ma-trimoniais. O padre, naquele momento está representando toda a co-munidade, aceitando o casal no seio da Mãe Igreja, o Corpo Místico de Jesus.

Para esclarecer melhor eu digo que o verdadeiro ministro em to-dos os sacramentos é o próprio Cristo. Em toto-dos os sacramentos o ministro é representante de Jesus, porque ninguém pode ser ministro de alguma coisa se não recebeu autoridade para tanto. Toda autori-dade está em Jesus e só pode ser dada por Jesus que a delegou à Sua Igreja.

A beleza do Sacramento do Matrimônio é que os parceiros cons-tantemente e repetidamente concedem graças um ao outro. Pelo po-der do sacramento, cada vez que um oferece amor ao outro, ele está curando o tornando o outro mais pleno.

Já foi dito inúmeras vezes em livros anteriores que é o amor que verdadeiramente cura. É o amor que abre a pessoa para a plena cura que Jesus quer dar. Se não houver o amor conjugal, o amor de Deus fica bloqueado. Observe um canal onde corre livremente água limpa e fresca. Esse canal pode ser bloqueado por lixo ou algumas pedras.

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Quando o canal é bloqueado, a água não consegue mais correr livre-mente. Não é que ela deixa de fluir, mas está sendo impedida de cor-rer livremente por causa das pedras ou do lixo que está bloqueando o canal.

É isso que acontece no Matrimônio. Deus ama aquele marido e aquela esposa porque ambos são muito preciosos para Ele. Deus ama aquele marido através da sua esposa e ama aquela esposa através do seu marido. Portanto, eles são um canal de amor um para o outro. Deus quer derramar amor naquela esposa, dando a ela a experiência do verdadeiro amor. Mas muitas vezes o marido bloqueia o amor de Deus por sua esposa, até o ponto em que a esposa não sente mais que Deus a ama. Mas ela não está se sentindo assim porque Deus não a está amando mais, mas porque o seu esposo está bloqueando o amor de Deus por ela.

Está claro que o amor no Matrimônio se torna um canal do amor de Deus para o cônjuge e para os filhos. Se existirem no Matrimô-nio rupturas, falta de respeito de um para com o outro, um conflito contínuo entre o casal, como é que eles vão sentir que são amados por Deus? Eles mesmos estarão bloqueando o amor de Deus por um e pelo outro e impedindo que um e outro recebam o que realmente querem e poderiam estar recebendo. Por outro lado, quando o casal é unido no amor, então eles são capazes de sentir o amor de Deus por eles. E cada serviço prestado mutuamente se torna uma cura para o outro.

Quando Jesus estava lavando os pés dos Apóstolos, naquele exato momento, Ele estava curando-os através do amor. Quando a esposa está cozinhando ou lavando as roupas da família, ou quando o ma-rido está trabalhando e trazendo para casa o seu salário digno, tudo isso são atos de amor que curam o casal. Portanto, este é o sacramen-to: curar um ao outro através do amor.

O Sacramento do Matrimônio toca não apenas no casal, mas de alguma forma também em todos os membros da família. Quando

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existe amor, as crianças também são curadas. Quando o papai e a mamãe servem aos filhos com amor, eles estão curando os filhos através do poder sacramental. E quando as crianças obedecem e ser-vem aos seus pais, estão também elas curando seus pais através do sacramento.

Amar é servir

Infelizmente, nos dias de hoje, os casais chegam ao Matrimônio despreparados para o serviço mútuo. Ambos se sentem humilhados em servir ao outro. Chegamos ao ponto de não poder mais usar o termo “servo”, porque a palavra “servo” implica escravidão. Mas isso não é a verdade vista desde o ponto de vista das Sagradas Escrituras.

Ao lavar os pés dos Apóstolos, Jesus lhes disse: “Eu vim para servir

e não para ser servido”. Portanto, a palavra “servo”, obviamente, tem

um significado diferente, o de ser subserviente. Maria também disse:

“Eis aqui a serva do Senhor, seja feito conforme a Vossa vontade”.

Servir a Deus não é humilhante. Servir aos filhos não é humilhan-te. Servir ao esposo, servir à esposa não é uma atitude de humilha ção, desde que isso seja feito com e por amor. Se a esposa faz isso forçada por causa de um marido tirano, então sim é humilhante, e deforma a personalidade da esposa. Mas quando se serve por amor, então não somente não é humilhante como também produz alegria.

Tudo isso é resultado do sacramento. Servir é exercer amor e curar. O amor sempre cura. Quando a pessoa é amada por alguém, ela se sente aliviada e imediatamente sente que os ferimentos e dores desa-parecem. Um simples ato de amor pode resolver muitos problemas e curar muitas feridas que carregamos.

Infelizmente, a maioria dos casais não compreende o verdadeiro sentido do Matrimônio. A maioria dos casais hoje somente se atém aos chamados direitos individuais: os direitos da mulher, os direitos do homem e os direitos dos filhos. Claro que tudo isso é importante,

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porque hoje é lamentável ver a quantidade de abusos, sejam físicos, emocionais, sexuais, sociais ou mesmo religiosos. Por causa desses tantos abusos se fala tanto sobre direitos individuais.

Uma família boa e amável não funciona a partir de direitos, mas sim de serviço, de entrega. A família madura, ao invés de ficar falan-do sobre direitos, fala sobre amor mútuo. Falar de direitos significa falar sobre o que desejamos receber. Falar de serviço, sobre amor mú-tuo, significa falar sobre o que devemos oferecer e não sobre o que queremos receber.

Vivemos hoje em uma sociedade extremamente consumista. Tudo é visto em função do que se pode lucrar, de quais vantagens se pode tirar de cada situação. Muitos olham para a união matrimonial com essa mesma mentalidade, como se fosse um investimento em dinhei-ro, ações de uma companhia. Também as relações sexuais são triste-mente realizadas dentro dessa atitude de se levar vantagem.

Ao contrário, se a pessoa quer realmente edificar o seu Matrimô-nio na rocha e não na areia, então a pergunta que deve ser sempre fei-ta é: “O que eu posso oferecer?” e não: “Que vanfei-tagem eu vou levar?” A pessoa cresce e desenvolve sua maturidade de acordo com aquilo que ela dá e não de acordo com o que ela recebe.

Se você recebesse uma herança, você tomaria posse de muitas coi-sas valorocoi-sas, mas isso não vai fazer de você uma pessoa mais madu-ra. Somente quando você aprende como dar e aprende o sentido do serviço mútuo é que você vai crescer e se tornar uma pessoa madura.

Eu sei que eu estou colocando o Matrimônio em uma plata-forma idealista, porque basta olhar para os nossos Matrimônios e talvez para o Matrimônio dos nossos pais, para a família na qual fomos criados, para vermos que estamos longe dessa famí-lia ideal. Mas por outro lado é bom que tenhamos o ideal como perspectiva do que o Matrimônio deveria ser e poderia ser.

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Casados ou solteiros, vamos refletir para ver se nossas vidas estão direcionadas ao serviço aos outros ou ao egoísmo de quem só quer ser servido.

Todos somos chamados a rezar pelo nosso Matrimônio, pelo Ma-trimônio dos nossos pais, dos nossos filhos e filhas e pelos que estão próximos a nós.

o

RAção

Purifica, Senhor, e retira dos nossos Matrimônios o egoís-mo. Tu queres que modelemos nosso Matrimônio pelo Ma-trimônio de Cristo com Sua Igreja, Cristo que se sacri-ficou por Sua Igreja para torná-la santa, sem manchas e sem rugas, perfeita, completa, plena. Abençoa os nossos Matrimônios hoje, meu Senhor, e faz-nos compreender mais e mais que é somente pela força do Espírito Santo que poderemos fazer dos nossos Matrimônios um modelo para outros casais que estão com problemas e sentindo-se fracas-sados. Faz-nos compreender a beleza do Matrimônio como um sacramento. Amém.

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Este livro não termina aqui...

Para ler as demais páginas, adquira-o em:

www.lojapalavraeprece.com.br

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