EDITORA LIBERLIBER Por Serrano Neves
Setembro 2011 pmsneves@gmail.com
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL DA
CULPABILIDADE
A CULPA VISTA
PELOS LEIGOS
As pessoas fazem coisas
BOAS
CERTAS
JUSTAS
NÃO BOAS
NÃO CERTAS
NÃO JUSTAS
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Quando fazem o
bom, o certo e o
justo merecem
APROVAÇÃO
e até elogios e
“prêmios”.
Quando fazem
não bom, o não
certo ou o não
justo merecem
REPROVAÇÃO
e até “pena”.
O SENSO COMUM DA CULPA
O técnico da seleção brasileira
de futebol é o CULPADO pelo mau
desempenho, ou RESPONSÁVEL
PELO FRACASSO.
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Caso o desempenho da seleção fosse
bom ninguém diria que o técnico é
culpado, mas poderia dizer que é
RESPONSÁVEL PELO SUCESSO
O SENSO COMUM DA CULPA
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O SENSO COMUM DA CULPA
A palavra
CULPADO
é
reservada para quem fez alguma
coisa não-certa, não-boa, não-justa.
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DIVIDINDO A CULPA
Nem sempre o técnico é o único culpado. O
médico, o preparador físico ou o cartola podem
ter contribuído para o fracasso liberando
jogador contundido, preparando mal os
jogadores ou fazendo pressão.
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DIVIDINDO A CULPA
Então, é comum que durante uma discussão
entre torcedores a culpa seja distribuída entre
os que contribuíram para o fracasso.
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DIVIDINDO A CULPA
É possível que os torcedores cheguem à conclusão de quem
deverá ser demitido, quem deverá ser suspenso, ou
simplesmente pagar multa.
DEMISSÃO MULTA SUSPENSÃO
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DIVIDINDO A CULPA
OS TORCEDORES TEM NOÇÃO DA PROPORCIONALIDADE ENTRE
A CULPA E A PENA E SÃO RAZOÁVEIS NA APLICAÇÃO
DEMISSÃO MULTA SUSPENSÃO
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O QUE É SENSO COMUM
SENSO COMUM é a capacidade que
as pessoas comuns possuem para
perceber que alguém fez alguma
coisa mal feita, avaliar porque fez
mal feito e até sugerir uma pena
para o mal feitor.
ANALISANDO
Os torcedores
não tem regras
fixas para analisar
a culpa de
cada um, mas são capazes de
analisar o quanto o culpado
estava preparado para fazer, o
quanto tinha noção do certo e
do errado, e se tinha condições
pessoais para fazer de outro
modo mais certo.
ANALISANDO
Os torcedores não tem regras
fixas para analisar a culpa de
cada um, mas são capazes de
analisar o quanto o culpado
estava preparado para fazer, o
quanto tinha noção do certo e
do errado, e se tinha condições
pessoais para fazer de outro
modo mais certo.
ANALISANDO
O médico aceitou a pressão do cartola para liberar o
jogador contundido porque não queria perder o
prestígio junto à diretoria.
O cartola fez pressão sobre o médico por ter recebido
pressão do patrocinador para colocar o jogador em
campo.
O preparador físico vacilou e não preparou os
jogadores para aguentarem o tempo de prorrogação
após o empate.
O técnico aceitou tudo isto para não perder o
emprego.
ANALISANDO
Mas será que o técnico
realmente entendeu as
consequências do que
iria fazer ?
CONCLUINDO
Tente lembrar as ocasiões
comuns
[NÃO PENSE EM
CRIME]
em que analisou e
mediu a culpa de alguém e
sugeriu pena proporcional e
razoável.
Pense nos critérios que
utilizou.
CONTINUA NA PARTE 2
O QUE VAMOS MEDIR
EDITORA LIBERLIBER Por Serrano Neves
Setembro 2011 msneves@gmail.com
CULPABILIDADE
é
a
medida
da culpa
da pessoa que faz
o NÃO BOM
o NÃO CERTO
o NÃO JUSTO
MEDIDA é a quantidade de alguma coisa, por exemplo: 3 metros de tecido.
1 2 3
“
METRO
” refere-se à unidade da
ESCALA MÉTRICA
de medida da grandeza denominada
COMPRIMENTO
.
“Escala” é a “régua” utilizada para medir, e no caso
está dividida em metros.
As réguas (escalas) escolares estão divididas
unidades denominadas centímetros, e com elas
podemos medir que uma folha de papel (coisa)
tem 30 (quantidade) de centímetros (unidade da
escala) de comprimento (grandeza)
Exemplos de grandezas: metro, kilo, litro,
cavalos de força, voltagem, temperatura etc.
Todas elas são referidas por unidades e escala.
Metro, jarda, polegada, litro, kilo, grau
Centesimal, ampéres, volts, cavalos de força
etc. são unidades que foram definidas e que
podemos usar mesmo sem conhecer a definição.
O metro é equivalente à distância percorrido pela luz no
vácuo, durante o intervalo de tempo correspondente à
1/299792458 do segundo.
Na prática compramos uma trena e
saímos por ai medindo as coisas em
metros ou em seus submúltiplos
Medindo TEMPERATURA do ar, por
exemplo, temos uma melhor noção do
que é a unidade e o que é escala.
Assistindo um filme americano vemos um
termômetro marcando 100 graus e
ficamos espantados porque o que
conhecemos como 100 graus é a “água
fervendo”.
100º
F
Não está errado!
É que a “escala” utilizada lá é a Farenheit
e 100 graus Farenheit equivalem a 37,7
graus na escala Centesimal, ou seja, está
apenas um “calor danado”.
37,7º
C
Quando as pessoas sabem a grandeza, a unidade e a escala fica fácil de entender e até de fazer a conversão para outra unidade e escala conhecidas.
Por exemplo: a medida de aferição de uma prova escolar é feita em pontos e cada ponto corresponde a um acerto (definição da unidade), mas de nada adianta saber que um aluno tirou nota 10 porque não sabemos qual escala foi
adotada: se de 0 a 10, se de 0 a 100 ou se de 0 a 50. Se de 0 a 10 o aluno acertou 100% das respostas. Se de 0 a 100 o aluno acertou 10% das respostas. Se de 0 a 50 o aluno acertou 20% das respostas.
Nos exemplos todas as escalas foram convertidas para percentual. A ÚNICA GARANTIA DE QUE A “MEDIDA” SERÁ
ENTENDIDA É O “NÚMERO” ESTAR ACOMPANHADO DA “UNIDADE” E DA “ESCALA”.
“Dois dedos de pinga” não é uma medida inteligível, pois a quantidade irá variar conforme o formato do copo e a altura dos dedos, então foi
padronizado que a DOSE deve ter 50 mililitros (0,050 do litro) que é usada para bebidas destiladas de teor alcoólico semelhante, ou o 14
mililitros de álcool , o que faz com que uma dose de pinga seja equivalente a um copo de vinho ou dois copos de cerveja, mais ou
menos.
CULPABILIDADE é a
medida, mas qual será a
grandeza, a unidade e a
escala a serem adotadas.
A “grandeza”, ou coisa a ser medida, e que resultará na MEDIDA DA CULPABILIDADE, é a capacidade da pessoa para lidar com a situação em relação à qual está sendo
considerada culpada.
Antônio foi ligar a televisão e queimou-a.
Ele é culpado?
Para responder é preciso saber quem é
Antônio e porque ele foi ligar, se sabia o
suficiente para lidar com a TV, se estava
empenhado em fazer a coisa certa e se
era possível exigir que ele fizesse melhor
ATENÇÃO: estamos lidando com o “senso comum” das pessoas, tanto o senso comum de Antônio como o senso comum de nós
que estamos respondendo se ele é culpado.
Ao senso comum pertence a idéia de que Antonio pode ser pouco culpado, muito culpado ou qualquer culpado entre pouco
e muito, e isto será concluído depois de avaliada sua “capacidade”.
Supondo que a avaliação de Antônio resultou em “pouco culpado” é possível que alguém pergunte o “quanto” pouco culpado é: muito pouco, pouquíssimo, beirando
o médio?
Numa escala de 0 a 100 Antônio é pouco culpado: é um 20.
Ficou mais fácil de entender o “grau” ou “medida” da sua culpa, ou seja: