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Manutenção de Espaço na Dentadura Decídua Relato de Caso Clínico

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Braz J Health, 2010; 1: 47-53

Manutenção de Espaço na Dentadura Decídua –

Relato de Caso Clínico

Space Maintenance On Deciduous Dentition – A Case Report

Erika Susana Rodrigues de Sousa, Marília Gabriela Corrêa Momesso, Carine Zatta, Renata Cristiane da Silva, Helenice Biancalana

Faculdade de Odontologia da Universidade Camilo Castelo Branco – UNICASTELO, São Paulo, SP.

Resumo

Todo esforço deve ser feito para conservação da dentição decídua, pois esta age como guia na erupção dos dentes permanentes. Muitas vezes, isso não é possível devido a fatores como traumas acidentais e alto índice de lesões cariosas. Mantenedor de espaço é importante para restabelecer funções normais do arco dentário como fonação, mastigação, sendo uma excelente solução para o problema de perda prematura de dentes decíduos. Relatou-se o caso clínico de uma paciente de 6 anos de idade com alta atividade da doença cárie, apresentando lesão de furca extensa do elemento 74, onde foi indicado exodontia e posterior confecção do aparelho mantenedor de espaço removível. A utilização do aparelho removível mantenedor de espaço é aconselhado quando há colaboração do paciente e pais, sendo uma ferramenta importante, pois a criança se adapta facilmente ao uso e, este não interfere no crescimento e desenvolvimento normal dos maxilares e erupção dos dentes permanentes.

Palavras-chave: dente decíduo; perda precoce de dente; odontopediatria.

Abstract

Every effort must be made for conservation of deciduous dentition, as this acts as a guide in the eruption of permanent teeth. Often, this is not possible due to factors such as accidental injuries and high rate of carious lesions. The space maintenance is important to restore the normal functions of the dental arch as speech and mastication. This paper reported the case of a patient 6 years old with high caries activity of the disease, showing extensive damage to furca of the element 74, where he was shown the exodontics and subsequent construction of the apparatus of space maintainer removable. The use of removable device space maintenance is advised when there is cooperation from the patient and parents, being an important tool because the child is adjusting well to use, a

nd it does not interfere with normal growth and development jaws and eruption of permanent teeth.

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Introdução

A dentição decídua, em harmonia com as demais estruturas que formam o sistema estomatognático, são essenciais nas funções de mastigação, deglutição e fonação, servindo de estímulo para o crescimento e desenvolvimento dos maxilares. Além disso, mantêm os antagonistas no plano oclusal e funcionam como guias de erupção dos sucessores permanentes, sendo assim considerados mantenedores de espaço ideais para os dentes permanentes1

.

De acordo com a idade, existe uma seqüência favorável de erupção e esfoliação para ambas as dentições, podendo variar conforme o desenvolvimento da criança2. A

erupção e esfoliação dos dentes decíduos pode ser alterada devido a vários fatores locais e sistêmicos, entre eles o hipotireoidismo, hipopituitarismo, hipofosfatasia, síndrome de down, disostose cleidocranial, queratose, histiocitose-X, amelogênese e dentinogênese imperfeita, neutropenia clínica, displasias fibróticas, fatores nutricionais, raquitismo, anquilose, teratomas, embriomas e tumores, odontomas, perda precoce de decíduo, perda parcial da estrutura coronária e barreira de tecido3.

Traumas acidentais e lesões de cárie múltiplas são as principais causas de perda precoce de dentes decíduos4,2,5. Entretanto, no

Brasil, a cárie dentária exerce papel predominante, decorrendo de problemas socioeconômicos, falta de conhecimento dos

responsáveis em relação ao papel dos dentes decíduos, sendo o tratamento muitas vezes negligenciado6,7.

Os dentes decíduos podem ser comprometidos de tal forma que inviabilizam a execução de qualquer tratamento conservador e restaurador, optando-se por um procedimento radical de exodontia, confecção de prótese total ou uso de mantenedor de espaço8. A perda prematura dos primeiros

molares pode exigir a colocação de um mantenedor de espaço, para evitar a migração dos dentes adjacentes, dependendo dos elementos presentes e comprimento do arco9.

Quando um dente decíduo é perdido antes que o seu sucessor permanente esteja com a formação coronária completa e a formação radicular já iniciada, o osso será reposto acima do dente permanente e um tecido fibrótico se depositará sobre o germe, retardando sua erupção e permitindo a inclinação dos dentes mais distalmente colocados, ocupando o espaço que deveria ser ocupado pelo dente retardado. Se o grau de formação do germe subjacente estiver bem desenvolvido, sua erupção pode ser acelerada, diminuindo o risco da perda de espaço10,11.

O objetivo deste estudo foi relatar o caso clínico de uma paciente que, acompanhada por seu responsável procurou a Clínica Odontológica da Universidade Camilo Castelo Branco, queixando-se de dor e apresentando alta atividade da doença cárie.

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Relato de caso clínico

Paciente do sexo feminino, C.I.S., 6 anos de idade, compareceu à Clínica de Odontologia da Universidade Camilo Castelo Branco (São Paulo – SP) queixando-se de dor. Após avaliação geral da paciente por meio de anamnese, exames clínicos e radiográficos, observou-se lesão de cárie extensa com envolvimento de furca no elemento 74 cuja coroa estava totalmente fraturada. No dente 84, observou-se a presença de fístula em região apical, o dente 75 possuía uma restauração de amálgama na oclusal com infiltrações e no dente 85, lesão de cárie. Apresentavam-se hígidos os dentes anteriores superiores e os elementos 73 e 83, observou-se mobilidade nos elementos 71, 72, 81 e 82 devido ao processo de rizólise. Sendo que os demais elementos 54, 55, 64 e 65 possuíam restauração de amálgama na oclusal bem adaptadas e sem infiltrações. As Imagens 1, 2, 3 e 4 referem-se à situação inicial dos arcos superior e inferior e as radiografias dos elementos cariados.

Foi realizado polpotomia do dente 84, pulpectomia do elemento 75, pois a infiltração da restauração de amálgama havia comprometido a polpa e, posterior restauração com resina composta dos mesmos e no dente 85.

O tratamento proposto para o dente 74 foi a exodontia e posterior confecção do

dente permanente ainda não estava com 2/3 da raiz formada. A Imagem 5 refere-se aos fragmentos do elemento 74 após ser removido. Na Imagem 6, pode-se observar o aparelho pronto para instalação. Na Imagem 7 a adaptação do mantenedor de espaço na cavidade oral da paciente.

As perdas precoces colaboram para a perda do equilíbrio dentário, gerando alterações verticais e horizontais dos dentes adjacentes e antagonistas podendo afetar a oclusão, necessitando de um procedimento terapêutico12.

Um ponto que deve ser

cuidadosamente considerado é o impacto de cada uma das características oclusais em relação à perda de espaço. O local da perda precoce do elemento dental causa impacto à quantidade do espaço perdido. O mesmo é maior na mandíbula do que na maxila, se a perda do dente ocorre na mais tenra idade, e por oposição aos espaços completos da dentição4.

No caso clínico descrito extraiu-se o primeiro molar decíduo e para manutenção do espaço presente foi realizada a confecção de um aparelho mantenedor de espaço. As extrações precoces podem gerar redução no perímetro do arco, aumento da sobremodida e retardo na erupção dos dentes permanentes. Os primeiros molares inferiores permanentes são guiados pela face distal dos segundos molares decíduos, se este for perdido precocemente o primeiro molar permanente

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podendo provocar impactação do segundo pré-molar13.

A mudança da arcada dentária mandibular, após perda prematura do primeiro molar decíduo, é dada principalmente pelo movimento distal da cúspide primária em direção ao espaço presente11.

É necessário fazer uma distinção entre a extração dos primeiros molares antes e após a erupção do primeiro molar permanente. Após a idade de 7,5 a 8,0 anos (e, portanto, após a erupção dos primeiros molares permanentes), os mantenedores de espaço não precisam ser inseridos quando ocorre a perda do primeiro molar decíduo4

.

A reabilitação oral é importante em pacientes durante seu crescimento, além do aspecto funcional e estético deve-se observar o aspecto psicológico, já que a mutilação pode induzir a um distúrbio de comportamento ficando as crianças acanhadas e tristes, tornando-se alegres e extrovertidas após a reabilitação3. Os aparelhos mantenedores de

espaço devolvem a integridade das arcadas, restabelecendo as funções normais, como mastigação, deglutição e fonação, impedindo hábitos nocivos e as más-oclusões, devolvendo a estética, importante para o desenvolvimento psicoemocional da criança e, conservar o espaço necessário para a adequada erupção dos dentes sucessores permanentes14,15

. Da mesma forma que Galindo, Péres, Yamasaki, Miranda, Nogueira14

relatou em seu trabalho, obtivemos repostas positivas da

que visivelmente apresentou melhoras psicológicas, além preservação das funções.

Dependendo de qual elemento dentário foi perdido, idade da criança, características próprias do arco dentário, presença de hábitos e anomalias da musculatura oral será indicado ou não o uso do mantenedor de espaço. Não é possível aplicar regras rígidas diante da perda prematura de um dente decíduo, em relação à necessidade ou não da manutenção de espaço, principalmente na fase da dentição mista, quando os arcos dentários estão em desenvolvimento provocando alterações na cavidade oral15. No presente relato, devido ao

fato de o germe dental do elemento permanente apresentar-se em fase de formação, foi indicada a confecção do aparelho mantenedor de espaço.

O uso do aparelho mantenedor de espaço para a região anterior é indicado principalmente para favorecer a estética, a deglutição, impedir hábitos e alterações fonéticas; enquanto para os dentes posteriores são recomendados para prevenir perdas de espaço destinado ao sucessor permanente, impedir a extrusão do dente antagonista e possibilitar boa mastigação3,9. Baseado nestas

informações, podemos sugerir com maior segurança que o tratamento proposto com mantenedor de espaço posteriormente à exodontia do primeiro molar decíduo, é válido como terapêutica até a erupção do elemento permanente.

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da região anterior difere da posterior, de acordo com as diferentes forças e vias de erupção. As forças musculares dos lábios e da língua sofrem influência da perda anterior enquanto que as forças de erupção têm um maior potencial na modificação do espaço na região posterior. Há vários tipos de mantenedores, removíveis ou fixos e funcionais ou não-funcionais, selecionados de acordo com a idade e colaboração do paciente, com o número de dentes ausentes na região do arco dentário, podendo ser confeccionados com vários tipos de materiais como metal, acrílico ou misto17,18,15

.

Um aparelho removível deve ser construído de modo a manter a relação dos dentes restantes e para guiar a erupção dos dentes em desenvolvimento, a fim de evitar movimentação anterior dos molares permanentes, que pode ocorrer após a perda prematura dos primeiros molares decíduos15.

Para o caso descrito foi selecionado o aparelho mantenedor de espaço removível funcional, pois a paciente mostrou-se colaboradora, havia perdido apenas um elemento dental e devido à necessidade de rápida e fácil confecção do aparelho para que pudesse ser instalado, reabilitando funcionalmente a paciente.

É necessário realizar-se estudos sobre mantenedores de espaço, no que diz respeito não só aos problemas de espaço dos primeiros molares, mas também envolvendo os

maxila ou mandíbula.

Figura 1– Imagem inicial da arcada superior

Figura 2 – Imagem inicial da arcada inferior

Figura 3 - Radiografia inicial dos dentes 84 e

85

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Figura 4 – Radiografia inicial dos dentes 74 e

75

Figura 5 – Fragmentos do elemento removido

Figura 6 – Mantenedor de espaço

Figura 7 – Instalação do aparelho

mantenedor de espaço – vista lateral

Considerações finais

A utilização do aparelho removível mantenedor de espaço é aconselhada quando há colaboração do paciente e dos pais, sendo uma ferramenta importante, uma vez que a criança se adapta facilmente ao uso e, este não interfere no crescimento e desenvolvimento normal dos maxilares e erupção dos dentes permanentes.

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Aceito em: 22/10/2009

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