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O Sagrado Selvagem - Roger Bastide.pdf

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O Sagrado Selvagem O Sagrado Selvagem (Le sacré sauvage) (Le sacré sauvage) Roger Bastide Roger Bastide Payot, Paris, 1975. Payot, Paris, 1975. Tradução de

Tradução de Rita AmaralRita Amaral

http://.agua!orte.co"/a#tropo$ogia/sacre.ht"

http://.agua!orte.co"/a#tropo$ogia/sacre.ht" acesso acesso %&'%'%%5%&'%'%%5 É

É verdade *ue +ietsche proc$a"ou a "orte dos deuses- e#treta#to oucau$t proc$a"a averdade *ue +ietsche proc$a"ou a "orte dos deuses- e#treta#to oucau$t proc$a"a a "orte do ho"e" (o *ue é $gico , o ho"e" #0o se co#stitui#do e#*ua#to ho"e" se#0o por "orte do ho"e" (o *ue é $gico , o ho"e" #0o se co#stitui#do e#*ua#to ho"e" se#0o por sua re$a0o co" os deuses). 2 verdade ta"3é" *ue o cristia#is"o, e o 4s$0o e" certa sua re$a0o co" os deuses). 2 verdade ta"3é" *ue o cristia#is"o, e o 4s$0o e" certa "edida, e#trara" e" crise. 2 verdade, e#!i", *ue os soci$ogos #os "arte$a" os ouvidos, "edida, e#trara" e" crise. 2 verdade, e#!i", *ue os soci$ogos #os "arte$a" os ouvidos, h a$gu"as décadas, co" seus processos de 6secu$aria0o6 (se" se dar co#ta, #o e#ta#to, h a$gu"as décadas, co" seus processos de 6secu$aria0o6 (se" se dar co#ta, #o e#ta#to, de *ue

de *ue s !ae" reto"s !ae" reto"ar ar u3u3ert 8pe#cert 8pe#cer e er e seus procseus processoessos s de di!erede di!ere#ci#cia0o socia0o socia$: oa$: o re$igioso te#de a se puri!icar de toda co#ta"i#a0o co" a*ui$o *ue #0o é e$e ).

re$igioso te#de a se puri!icar de toda co#ta"i#a0o co" a*ui$o *ue #0o é e$e ). M

Mas a "orte dos deuses i#stitudos e#tra#ha o desapareci"e#to da eperi;#cia i#stitui#te doas a "orte dos deuses i#stitudos e#tra#ha o desapareci"e#to da eperi;#cia i#stitui#te do 8agrado < procura de #ovas !or"

8agrado < procura de #ovas !or"as o#de se e#car#ar= as o#de se e#car#ar= > crise das orga#i> crise das orga#ia?es re$iga?es re$igiosasiosas #0o prové" de u"a #0o'ade*ua0o, crue$"e#te se#tida, e#tre as eig;#cias da eperi;#cia #0o prové" de u"a #0o'ade*ua0o, crue$"e#te se#tida, e#tre as eig;#cias da eperi;#cia re$igi

re$igiosa pessoa$ e osa pessoa$ e os *uadros os *uadros i#stii#stitucio#tucio#ais #os ais #os *uais se *uais se *uis "o$d'$a visa#do, "uit*uis "o$d'$a visa#do, "uitasas vees, retir

vees, retirar'$he ar'$he sua pot;#cisua pot;#cia ep$osiva, co#sia ep$osiva, co#siderada co"o perigosderada co"o perigosa para a a para a orde" sociaorde" socia$=$= @#!i"

@#!i", #0o se , #0o se assiste hoAe a u"a #ova 3usca apaio#aassiste hoAe a u"a #ova 3usca apaio#ada do sagrado e#tre os Aove#s ' da do sagrado e#tre os Aove#s ' co"oco"o se #ossos co#te"por#eos, aps u" $o#go perodo de dese#vo$vi"e#to do ates"o, ou se #ossos co#te"por#eos, aps u" $o#go perodo de dese#vo$vi"e#to do ates"o, ou ape#as de a3a#do#o < i#di!ere#a, se desse" #ova"e#te co#ta da eist;#cia, #e$es, de u" ape#as de a3a#do#o < i#di!ere#a, se desse" #ova"e#te co#ta da eist;#cia, #e$es, de u" vaio espiri

vaio espiritua$ a pree#cher, e co#statasstua$ a pree#cher, e co#statasse", a partir desse se#ti"e#e", a partir desse se#ti"e#to de vaio, to de vaio, *ue u"a*ue u"a  perso#a$idade

 perso#a$idade *ue *ue #0o #0o se se e#raiasse e#raiasse e" e" a$gu" a$gu" tipo tipo de de e#tusias"o e#tusias"o sagrado sagrado seria, seria, e"e" de!

de!i#i#ititivivo, o, apape#ae#as s u"u"a a pepersorso#a$#a$ididade ade cascastrtradada a didiststo o *u*ue e coco#st#stititui ui u"u"a a didi"e"e#s0#s0oo a#tropo$gica u#iversa$ e co#sta#te para todo ho"e" vivo: a di"e#s0o re$igiosa=

a#tropo$gica u#iversa$ e co#sta#te para todo ho"e" vivo: a di"e#s0o re$igiosa= E

Este sagrado, poré", *ue se v; #ova"e#te aparecer, #a cu$tura e #a sociedade de hoAe, seste sagrado, poré", *ue se v; #ova"e#te aparecer, #a cu$tura e #a sociedade de hoAe, se *uer u"

*uer u" sagrado se$vagesagrado se$vage". @$e procura, por ". @$e procura, por vees, seus "ode$os, #os tra#ses co$etivvees, seus "ode$os, #os tra#ses co$etivos dasos das  popu$a?es

 popu$a?es ditas ditas pri"itivas, pri"itivas, #os #os cu$tos cu$tos de de possess0o possess0o *ue *ue o o ci#e"a, ci#e"a, a a te$evis0o te$evis0o e e o o teatroteatro #egro popu$ariara". +0o, certa"e#te, para copi'$as, A *ue por de!i#i0o u" sagrado #egro popu$ariara". +0o, certa"e#te, para copi'$as, A *ue por de!i#i0o u" sagrado se$vage" é cria0o pura e #0o

se$vage" é cria0o pura e #0o repeti0o ' e$e se situa repeti0o ' e$e se situa #o do"#io da i"#o do"#io da i"agi#a0o, #0o #o daagi#a0o, #0o #o da "e

"e""ria ria ' ' "a"as s papara ra eetrtraiair, r, a3a3sorsorver "es"ver "es"o o isisto to *ue *ue ##s s popodede"o"os s chcha"a"ar ar de de u"u"aa  pedagogia

 pedagogia da da se$vageria. se$vageria. >#dré >#dré Cide, Cide, ca#sado ca#sado de de #ossa #ossa civi$ia0o civi$ia0o "ec#ica, "ec#ica, arti!icia$,arti!icia$, racio#a

racio#a$, pedia A, h a$gu#$, pedia A, h a$gu#s a#os, e" suas preces, s a#os, e" suas preces, u"a #ova i#vas0u"a #ova i#vas0o dos Br3aros, *ueo dos Br3aros, *ue destrusse #osso "u#do e $he desse u"a cha#ce de a$teridade- estes 3r3aros #0o viera". destrusse #osso "u#do e $he desse u"a cha#ce de a$teridade- estes 3r3aros #0o viera". @#t0o, os Aove#s os recriara" ' "as se i#spira#do "es"o #os cu$tos etticos, vio$e#tos e @#t0o, os Aove#s os recriara" ' "as se i#spira#do "es"o #os cu$tos etticos, vio$e#tos e sa#gre#tos co"o se de!i#ia" aos o$hos de a$gu#s historiadores.

sa#gre#tos co"o se de!i#ia" aos o$hos de a$gu#s historiadores. A

A*ui est0o os dois pi$ares desta co#!er;#cia: o sagrado se$vage" das sociedades tradicio#ais*ui est0o os dois pi$ares desta co#!er;#cia: o sagrado se$vage" das sociedades tradicio#ais e o sagrado se$vage" de #ossa civi$ia0o ocide#ta$. Dois pi$ares *ue #os per"itir0o e o sagrado se$vage" de #ossa civi$ia0o ocide#ta$. Dois pi$ares *ue #os per"itir0o co$oca

co$ocar, #0o r, #0o propriapropria"e#te o pro3$e"a das re$a?es e#tre a #aturea e "e#te o pro3$e"a das re$a?es e#tre a #aturea e a cu$tura, #e" a*ue$ea cu$tura, #e" a*ue$e *ue $he é vii#ho, as re$a?es e#tre a psica#$ise e a socio$ogia, "as a*ue$e ' pura"e#te *ue $he é vii#ho, as re$a?es e#tre a psica#$ise e a socio$ogia, "as a*ue$e ' pura"e#te socio$gico ' da do"estica0o do sagrado- as sociedades tradicio#ais se 6dedica"6, co"o socio$gico ' da do"estica0o do sagrado- as sociedades tradicio#ais se 6dedica"6, co"o te#tare"os de"o#strar, a passar do sagrado se$vage" ao sagrado do"esticado ' #ossa te#tare"os de"o#strar, a passar do sagrado se$vage" ao sagrado do"esticado ' #ossa

(2)

sociedade, ao co#trrio, a desagregar, o sagrado do"esticado para !aer 3rotar, ou 3aiar, o sagrado se$vage" e" toda a sua !Eria.

DurFhei", po#do a orige" da re$igi0o #os estados de e!ervesc;#cia co$etiva, é e" parte respo#sve$ pe$o erro *ue se co"ete de!i#i#do os tra#ses pri"itivos co"o pura e!ervesc;#cia. Gas 3asta re$er 6 As formas elementares da vida religiosa6 para perce3er *ue

os ee"p$os *ue e$e d e" !avor de sua tese se vo$ta" co#tra e$e, por*ue o tra#se s aparece e" certos i#divduos, e$e co"ea e ter"i#a e" hora !ia, e$e se dese#ro$a segu#do u" ce#rio dado de a#te"0o e *ue #0o "uda de u"a ceri"H#ia para outra- e$e s !a represe#tar #a terra o *ue se passou outrora #o "u#do do so#ho- *ua#do h orgia, o *ue é raro, a orgia, e$a "es"a, o3edece a regras estritas.

Poré", "ais *ue DurFhei", certa"e#te s0o os ep$oradores, os viaAa#tes e os "issio#rios os respo#sveis por esta i"age" de se$vageria #o e#co#tro ettico dos ho"e#s e dos deuses ' so3retudo *ua#do estes viaAa#tes era" "édicos ou ai#da "ais: psi*uiatras, por*ue e$es chegara" de u" "u#do 6outro6 co" seus preco#ceitos de ocide#tais, *ue desco#!ia" da $i#guage" do corpo ' co" seu cristia#is"o "ais ou "e#os "a#i*uesta, *ue os i"pe$e a ide#ti!icar os deuses e os de"H#ios e a ver, co#se*ue#te"e#te, #os cu$tos de possess0o, u" !e#H"e#o a#$ogo <*ue$e dos possessos da 4dade Gédia, pe$a $egi0o de 8at0 ' co" u"a educa0o "édica *ue #0o $hes havia !eito perce3er se#0o crises de histeria e *ue, desse "odo, #0o podia" pe#sar o tra#se se#0o através da E#ica categoria *ue a c$#ica $hes havia reve$ado #a @uropa ou #os @stados I#idos.Jra, o tra#se dos assi" ditos 6pri"itivos6 é o co#trrio "es"o do despre#di"e#to corpora$, do a3a#do#o <s pu$s?es i#co#scie#tes, da crise histérica. 2 u" Aogo $itErgico ' *ue se aproi"a "ais, #o !u#do, da represe#ta0o teatra$ *ue das gra#des crises de #ossos asi$os psi*uitricos. Por*ue e$e é, do co"eo ao !i", co#tro$ado pe$a sociedade ' por*ue e$e pree#che u"a !u#0o socia$, a de esta3e$ecer e#tre os deuses e os ho"e#s u"a co"u#ica0o *ue per"ite a estes deuses descer #ova"e#te < terra  para o 3e" da co"u#idade ' por*ue e$e co#stitui, para u" #E"ero "uito gra#de de

re$igi?es, u" !e#H"e#o #or"a$, cu$tura$"e#te i#stitudo e dirigido ' co"o posso dier= ' #or"a$, o3rigatrio e sa#cio#ado . J *ue se"pre "e i"pressio#ou, pessoa$"e#te, ta#to #a K!rica *ua#to #as >"éricas #egras, é Austa"e#te este co#Au#to de regras e de co#tro$es e #os s dare"os a*ui a$gu#s ee"p$os: *ua#do u"a "u$her est de $uto, ou "e#struada, ou "es"o se teve u" pouco a#tes re$a?es seuais, por "ais *ue e$a te#ha sido dedicada a u"a divi#dade e assista < ceri"H#ia e$a #0o cai e" tra#se ' *ua#do os ta"3ores *ue riti"a" a ceri"H#ia #0o 6co"era"6, ou seAa, rece3era" o sa#gue sacri!icia$, *ue $hes per"ite cha"ar os deuses, as da#as pode" co#ti#uar por horas 6a !io6, *ue o !e#H"e#o da possess0o #0o se produ ' $o#ge de dar u"a i"age" de caos, de vio$;#cia ou de distEr3io "uscu$ar, o tra#se to"a !re*e#te"e#te u"a !or"a ca$"a, t0o ca$"a *ue desa!io *ua$*uer o3servador #0o ha3ituado a a!ir"ar *ue u"a das da#a#tes esta 6possuda6. @ e#treta#to os yoru3a da  +igéria reco#hece" #u" tre"or i"perceptve$ de o"3ros, #as p$pe3ras *ue se !echa", *ue u" deus desceu e pra" i"ediata"e#te a ceri"H#ia, por*ue 3asta *ue o deus esteAa prese#te (a "u$her !icar #este tra#se doce u"a se"a#a) para poder a3e#oar as co$heitas e os ha3ita#tes da a$deia, para !aer cair a chuva ou aca3ar co" u"a epide"ia- é i#Eti$ !aer vir outros e "u$tip$icar o ;tase.

Eu co#sagrei "uitos $ivros ou artigos a este co#tro$e para precisar i#sistir #isso hoAe, o#de #s s *uere"os !a$ar do tra#se se$vage". J *ue #os i#teressa é "ostrar *ue o tra#se se$vage" eiste ta#to e#tre os a!rica#os co"o a!ro'a"erica#os de hoAe, "as *ue e$e é, assi" *ue se "a#i!esta, rei#serido pe$a sociedade para ser do"esticado por e$a e uti$iado e" seu  proveito.

(3)

A#tes, poré", eiste u"a co#!us0o a evitar- a*ue$a e#tre o tra#se se$vage" propria"e#te dito e o tra#se vio$e#to. I"a ve *ue a possess0o co#siste e" ser ha3itado por u"a divi#dade e e" represe#tar esta divi#dade ' ou seAa, co#siste #u"a "uda#a de  perso#a$idade (os a!rica#os die" *ue u"a parte de #ossa a$"a é e#t0o epu$sa para ser su3stituda pe$o deus ), é evide#te *ue se se é possudo por u" deus guerreiro ou "au, a crise *ue se epri"ir ser vio$e#ta e co" dese#cadea"e#to "uscu$ar, e#*ua#to *ue se se é  possudo por u" deus do a"or, da gua doce ou da chuva 3e#!aeAa, a crise *ue se epri"ir ser, pe$o co#trrio, ca$"a. > vio$;#cia #0o é se$vageria, e ta$ve o erro de certas descri?es prove#ha da co#!us0o e#tre estes dois co#ceitos. Gas o tra#se se$vage" eiste ai#da assi" por*ue é preciso passar por e$e para *ue se possa, e" seguida, do"estic'$o. @iste", co" e!eito, dois casos a co#siderar para e#trar #u"a co#!raria de possudos. Ju seAa, a$gué" é u"a pessoa #or"a$, "as *ue é cha"ada, devido ao seu perte#ci"e#to a u" c$0 ou !a"$ia deter"i#ada, a se tor#ar u"a sacerdotisa- #esse caso é preciso pri"eiro 6*ue3rar6 seu eu para tor#'$a acessve$ ao tra#se. 4sso se co#segue co" u" 3a#ho de !o$has, *uer dier, droga'se a ca#didata e se i#cute" #e$a re!$eos co#dicio#ados,  per"iti#do'$he cair e" tra#se < audi0o de a$gu#s $eit"otivs "usicais, o te"po *ue dure o e!eito destas drogas. 8e se trata de u"a pessoa *ue A te#ha aprese#tado pertur3a?es  psicticas ou psicosso"ticas, a pri"eira crise é de #aturea pura"e#te !isio$gica : e$a é co#siderada pe$o co$etividade co"o o sig#o de u" cha"ado divi#o- a pessoa é dita e#t0o  Austa"e#te possuda por u" deus 6se$vage"6, e o ritua$ da i#icia0o, ao *ua$ e$a ser

su3"etida i"ediata"e#te depois, co#siste, segu#do a epress0o 3e" sig#i!icativa dos a!ro' a"erica#os, e" 63atiar6 o deus se$vage" ' o *ue *uer dier, socio$ogica"e#te !a$a#do, do"estic'$o.

O *ue de!i#ir, porta#to, as sociedades tradicio#ais por re$a0o < #ossa sociedade ocide#ta$, #0o ser ta#to a #0o'eist;#cia do sagrado se$vage", *ua#to o es!oro para su3"et;'$o a u" co#tro$e da co$etividade desde *ue se !aa perce3er- a #ecessidade deste co#tro$e respo#de a todo u" co#Au#to de ra?es *ue s0o de orde" socia$ ta#to *ua#to re$igiosa.

A  pri"eira ra0o, é *ue este sagrado se$vage" #0o é i#terpretado co"o u"a crise de $oucura, "as co"o u" cha"ado divi#o. Jra, é i#Eti$ i#sistir so3re esse po#to 3e" co#hecido : todo ritua$ é co"e"ora0o de u" "ito. 2 o "ito *ue o !u#da, *ue o estrutura e *ue o ep$ica. Mo"o di Na# der Leeu- 6 A vida primitiva é uma vida representativa. Agir de modo primitivo, é reexecutar o ato original ...Enquanto o homem moderno pensa que  pode se arvorar, mais ou menos, em criador criando o mundo, o homem primitivo, ele, sabe que não pode senão repetir 6. > i#icia0o te" Austa"e#te por "ote "a#ipu$ar a te#d;#cia ao

tra#se do ca#didato para 6co#struir6 #o seu corpo u" certo #E"ero de gestos estereotipados, *ue s0o ditados pe$os "itos e *ue aparecer0o cada ve *ue este i#divduo !or 6"o#tado6 por seu deus. 8er "uito $o#go i#sistir so3re o co#Au#to de se*;#cias *ue v0o co#dicio#ar esta !utura represe#ta0o de pape$. Diga"os ape#as *ue os sacerdotes *ue dirige" a i#icia0o s0o se#sveis aos perigos *ue a"eaa" o e*ui$3rio psico$gico do i#divduo e *ue te"e", "uito "ais do *ue se suspeita, a apari0o de crises se$vage#s i#co#tro$veis. Desse "odo, desde o 3a#ho de !o$ha, se as p$a#tas do tipo a$uci#ge#o se reve$are" "uito !ortes para a co#stitui0o de u"a deter"i#ada pessoa, e$es $he te"pera" $ogo o e!eito pe$o recurso <s p$a#tas ca$"a#tes. Desse "odo ai#da, #o curso da i#icia0o eiste u"a ceri"H#ia dita 6dar de co"er < ca3ea6 *ue te" por !i#a$idade !orti!icar a ca3ea do ca#didato e i"pedir *ue a !utura descida de u"a divi#dade #e$a provo*ue, por*ue sua ca3ea seria "uito !raca para suport'$a, u"a crise "uito vio$e#ta.

(4)

A segu#da ra0o é a i"port#cia do se#ti"e#to de vergo#ha #as sociedades #0o cristia#iadas (o cristia#is"o su3stitui#do o se#ti"e#to de cu$pa3i$idade, *ue é i#terior, ao se#ti"e#to da vergo#ha, *ue é u"a resposta socio$gica ao o$har do outro). +0o é de 3o" to", #a K!rica, ter tra#ses vio$e#tos, so3retudo se se perte#ce a u"a c$asse aristocrtica- #0o é de 3o" to", para u"a "u$her e" crise, se despir- e$a deve, "es"o #o "ais pro!u#do de seu tra#se, respeitar as regras do pudor- #0o é de 3o" to" co"eter ece#tricidades e #0o represe#tar, segui#do escrupu$osa"e#te o "ito, o pape$ *ue $he é devido- eiste e" toda ceri"H#ia ' "es"o a "ais !re#ética (aos o$hos dos 3ra#cos) ' i#divduos *ue #0o pode" e#trar e" tra#se, co"o os "Esicos, por*ue isto i#troduiria a desorde" #a har"o#ia das da#as etticas. +o Brasi$, é u"a i"po$ide, *ua#do se visita u" ca#do"3$é ao *ua$ voc; #0o perte#ce, cair e" tra#se *ua#do se eecuta" as ca#tigas do seu deus. @ se isto aco#tece, é etre"a"e#te "a$ visto e o3Aeto de reprova?es "a#i!estas. +o Brasi$ igua$"e#te, *ua#do #o curso de u"a ceri"H#ia, o *ue aco#tece <s vees, u" deus #0o cha"ado se "a#i!esta, o *ue arrisca a pertur3ar a se*;#cia o3rigatria dos gestos rituais, o 3a3a$ori ou a ia$ori i#tervé" i"ediata"e#te para epu$sar o i#truso. Logo, o co"porta"e#to de tra#se segue, co"o todos os outros co"porta"e#tos, as $eis das 3oas "a#eiras. > crise se$vage" #0o é aceita, por*ue e$a #0o pode, por de!i#i0o, o3edecer a este cdigo superior do per"itido e #0o per"itido, ao *ua$ as sociedades tradicio#ais ate#ta" particu$ar"e#te por*ue toda orde" socia$ é co#stituda so3re o respeito a esse cdigo.

A sociedade e a re$igi0o Aoga", porta#to, igua$"e#te, visa#do tra#s!or"ar o espo#t#eo e" i#stitucio#a$. Gas #atura$"e#te, e é este o po#to *ue #os i#teressa a*ui, cada ve *ue o co#tro$e da co$etividade re$aar, por u"a ra0o ou outra, a*ui$o *ue pode haver de se$vageria $ate#te #o tra#se !ar rachar sua tE#ica i#stitucio#a$. @ A *ue #s disti#gui"os dois "odos de co#tro$e (*ue se Au#ta", a$é" disso u" ao outro) a*ue$e da i#stitui0o re$igiosa e o do cdigo de 3oas "a#eiras, disti#guire"os, da "es"a !or"a, dois !atores de retor#o ao sagrado se$vage"- u" *ue te#der a u" e#!ra*ueci"e#to da i#stitui0o re$igiosa tradicio#a$ e outro *ue te#der < passage" de u"a sociedade org#ica (para e"pregar o  Aarg0o dos soci$ogos) a u"a sociedade a#H"ica. J Brasi$ #os o!erece ece$e#tes i$ustra?es

desse dup$o processo de regress0o.

A re$igi0o a!rica#a, ce#trada #o tra#se, se reco#stituiu, e!etiva"e#te, e#tre os escravos e e#tre seus desce#de#tes, "as esta re$igi0o a!rica#a !icou su3"issa < press0o da sociedade g$o3a$, <s !oras de secu$aria0o *ue caracteria" a vida ur3a#a e a i#dustria$ia0o. @$a resistiu apesar de tudo, "as #as gra#des "etrpo$es co"o Rio de Oa#eiro, deiou'se acu$turar pe$o cato$icis"o ou espiritis"o dos 3ra#cos- e$a se $igou, #a de!esa de c$asses "argi#a$iadas, a u"a outra re$igi0o popu$ar: a dos #dios, para dar #asci"e#to a u" cu$to si#crético: a "acu"3a. Jra, a !ora de co#tro$e e do"estica0o de u"a re$igi0o si#crética é evide#te"e#te "e#os !orte *ue a de u"a re$igi0o #0o si#crética, por*ue parti$hada e#tre "uitas postu$a?es di!ere#tes, "uitas vees "es"o co#traditrias.

Através dessas !issuras do co#tro$e, outras "otiva?es aparece" e u" outro deseAo se i#screve #o tra#se, *ue #0o é !orosa"e#te re$igioso, "as *ue uti$ia os s"3o$os re$igiosos  para "ascarar outras preocupa?es. +a "acu"3a ve"os o tra#se do"esticado do ca#do"3$é, suste#tado pe$o rit"o dos ta"3ores e ter"i#a#do e" 3e$ea tor#ar'se "ais e "ais vio$e#to, até to"ar, "uitas vees, !or"as histerides: ro$ar #a terra, gritar, de3ater'se !uriosa"e#te ' e o espas"o su3stituir o gesto estereotipado.

O co#tro$e re$aou. +0o cessou co"p$eta"e#te. Por*ue deve"os !aer u"a pri"eira disti#0o: a possess0o pe$o esprito de Ne$hos >!rica#os e a possess0o pe$os espritos dos #dios. > vio$;#cia s aparece #a segu#da e se e$a #0o aparece se#0o #a segu#da é *ue as

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represe#ta?es *ue o 3rasi$eiro se !a do #egro e do #dio rege" ai#da i#co#scie#te"e#te o dese#ro$ar do tra#se. J 3rasi$eiro, e!etiva"e#te, co#sidera o #egro co"o !u#da"e#ta$"e#te  3o"- e$e co#ce3eu, #o te"po da escravid0o, u"a ideo$ogia do #egro da "es"a #aturea da*ue$a *ue deu, #os @stados I#idos, a i"age" do Pai Qo"s- e$e Aogou #o es*ueci"e#to co$etivo o #egro "u$ato ou re3e$de para s guardar o #egro su3"isso, respeitoso, a"a#do seu se#hor e se devota#do a e$e, co"o u" ve$ho c0o, "uitas vees surrado, se"pre co#te#te. > possess0o por espritos a!rica#os re!$ete a persist;#cia desse esteretipo. J #dio, ao co#trrio, #0o aceitou a escravid0o (pe$o "e#os di'se, por *ue houve u"a escravid0o #dia e das "ais i"porta#tes- "as #0o é o *ue rea$"e#te se passou *ue #os i#teressa: s0o as idéias *ue se !a disso), e$e $utou co#tra o 3ra#co- !oi ve#cido, se" dEvida, "as guardou toda sua a$tive de ho"e" $ivre- e é esta a$tive de ho"e" $ivre, guerreiro, va$oroso, *ue o tra#se por espritos #dios re!$ete: a vio$;#cia #0o é porta#to, o po#to de partida, epress0o da se$vageria, "as epress0o de u" esteretipo ét#ico- ape#as, a se$vageria vai uti$iar o esteretipo para "e$hor !$uir. Mo"o #o so#ho, ta$ co"o reud o a#a$isa, as pu$s?es do 6a*ui6 (ou do 6eu6) se dis!ara" para poder passar i"pu#e"e#te pe$a ce#sura, #a "acu"3a o tra#se se$vage" repri"ido se autoria da 3ar3rie do #dio para epri"ir, co#tra a cu$tura  3ra#ca, u"a co#tra'cu$tura e" !or"a0o ou u"a a#ti'sociedade. @ te" "ais. @#tre os

deuses a!rica#os *ue desce" #a "acu"3a, u" to"a i"port#cia co#siderve$: @u.

Eu é u"a divi#dade (ou *uase divi#dade) yoru3a- "as e#tre os yoru3a da K!rica co"o #os ca#do"3$és do #ordeste do Brasi$, @u é a#tes de tudo portador dos pedidos dos ho"e#s aos deuses ta#to co"o o portador do discurso dos deuses aos ho"e#s. 2 u"a divi#dade i#ter"ediria, "e#sageiro divi#o e #0o se pode de!i#'$o "e$hor *ue co"para#do'o a GercErio da "ito$ogia grega. @, por*ue #0o h tra#se de @u, se @u te" vo#tade ( o *ue  pode aco#tecer, se 3e" *ue a coisa "e parea "uito rara) de possuir u"a pessoa, e$e #0o  pode !a;'$o se#0o por divi#dade i#terposta, por Jgu" , *ue é seu ir"0o, e #0o direta"e#te. Gas @u aprese#ta ta"3é" u" outro carter, co"o ta"3é" GercErio cria#a: e$e é 6tricFster6- e$e adora pregar peas #os hu"a#os, é vi#gativo, e$e pu#e secreta"e#te *ue" #0o $he re#de ho"e#age". Qe"'se, porta#to, "edo de$e. 80o esses dois traos *ue !ae" co" *ue #o si#cretis"o cat$ico'a!rica#o @u seAa <s vees ide#ti!icado co" 80o Pedro, *ue te" a chave do Paraso, ou seAa, *ue é i#ter"edirio e#tre o rei#o ce$este e o rei#o terrestre ' ou co" o dia3o, *ue de!i#e e#t0o seu aspecto 6tricFster6 e vi#gativo. @, 3e", #a "acu"3a @u pri"eira"e#te é co#siderado co"o o che!e dos de"H#ios e #0o co"o "e#sageiro do divi#o- é seu aspecto so"3rio *ue do"i#a- e" segu#do $ugar, co#traria"e#te < ortodoia a!rica#a, e$e desce #o corpo dos ho"e#s para provocar tra#se e#tre e$es. @stes tra#ses to"a" u" carter de"o#aco. Jra, #s vi"os, desde a época e" *ue >rthur Ra"os estudou as pri"eiras "acu"3as até hoAe, o $ugar destes tra#ses de"o#acos se tor#ou "ais e "ais  prepo#dera#te- toda ceri"H#ia co"porta pe$o "e#os & partes: o ape$o aos @us, o ape$o aos  pretos'Ne$hos, o cha"ado aos espritos a"er#dios. Porta#to duas se*;#cias de tra#ses vio$e#tos para u"a ape#as de tra#se doce. uer dier *ue o dec$#io *ue pode"os aco"pa#har #a evo$u0o e tra#s!or"a?es das re$igi?es a!rica#as #o Brasi$ é o dec$#io *ue vai do sagrado do"esticado para u" sagrado "ais e "ais se$vage". Por *u; = 2 a*ui *ue outros !atores i#terv;" e *ue #s deve"os Au#tar o e#!ra*ueci"e#to do co#tro$e re$igioso,  pe$a $e#ta perda dos "itos origi#ais e a "istura de re$igi?es, o e#!ra*ueci"e#to do co#tro$e da sociedade g$o3a$ pe$a se*;#cia de pro!u#das "uda#as desta sociedade co" a passage" de u"a sociedade rura$ e pré'i#dustria$ a u"a sociedade ur3a#a e i#dustria$iada.

A a3o$i0o do tra3a$ho servi$ #0o !oi precedida por u"a educa0o prévia da $i3erdade para escravos- estes re!$ura" de p$a#ta?es #as cidades o#de se chocava", #o "ercado de

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tra3a$ho, seAa co" "u$atos $i3ertos *ue A ocupava" o estrato do pe*ue#o artesa#ato, seAa co" os "igra#tes europeus, *ue !or#ecera" os pri"eiros e$e"e#tos do #ovo pro$etariado i#dustria$. Qa"3é", se !ier"os ece0o das "u$heres *ue pudera" e#co#trar tra3a$ho #a do"esticidade, os #egros se e#co#trara" "argi#a$iados #a sociedade de c$asses e" !or"a0o. Gargi#a$iados pro!issio#a$"e#te, por*ue !ora" !i#a$"e#te Aogados #as ocupa?es "ais duras e "e#os pagas, e" particu$ar a co#stru0o, ou #o se"i'dese"prego (ou su3'e"prego)- "argi#a$iados eco$ogica"e#te, por*ue e$es !ora" viver #os 6su3Er3ios6 (!ave$as do Rio de Oa#eiro, case3res e por?es E"idos de 80o Pau$o)- "argi#a$iados e#!i" socia$"e#te por*ue "uitos e#tre e$es #0o e#co#trara" outra so$u0o para so3reviver *ue os  pe*ue#os !urtos, o proe#etis"o de 3aia categoria, a vaga3u#dage" co" seu aco"pa#ha"e#to, a "e#dic#cia e, #as horas de gra#de a!$i0o, a 3e3edeira. +este estado de a#o"ia, as co#!rarias re$igiosas a!ro'a"erica#as pudera" $hes servir de po#to de segura#a "as, #e$as, e#treta#to, e$es devia" !orosa"e#te i#troduir suas a#siedades e suas !rustra?es, o *ue devia deter"i#ar, !i#a$"e#te, a ep$os0o desses cu$tos e#*ua#to i#stitucio#a$ia0o do sagrado.

A situa0o "e$horou depois. @ a esta "e$hora correspo#de a passage" da "acu"3a a u"a #ova !or"a re$igiosa: o espiritis"o de I"3a#da. @u A co#tei e" outro $ugar esta histria. Gas a situa0o #0o "e$horou, e#treta#to, ao po#to de !aer desaparecer i#teira"e#te o su3'  pro$etariado dos su3Er3ios, o capita$is"o 3rasi$eiro #ecessita#do para ser co#corre#cia$, de

u"a reserva per"a#e#te de su3'e"pregados. >o co#trrio, esta "e$hora s podia !aer #ascer, #este su3'pro$etariado, #ovas aspira?es, i"possveis de rea$iar ' o so#ho de u"a vida "e$hor, *ue per"a#ecia utpica. 4sso s !aia, co#se*ue#te"e#te, "u$tip$icar as !rustra?es, as te#s?es psico$gicas, as revo$tas a3ortadas. > "acu"3a co#ti#uou, porta#to, a eistir ao $ado do @spiritis"o de I"3a#da, e e#*ua#to este E$ti"o te#dia a epri"ir va$ores de u"a pe*ue#a c$asse "édia e" !or"a0o, a "acu"3a regressava, para$e$a e si"u$ta#ea"e#te, da re$igi0o para a "agia #egra, do sagrado do"esticado ao sagrado e#$ou*uecido, ou ao sagrado're3e$i0o. >o sagrado e#$ou*uecido pri"eiro por*ue, *ua#do as te#s?es s0o "uito !ortes e a sociedade #0o pode $hes !or#ecer u"a sada, e$as #0o pode" e#co#trar outras so$u?es se#0o a ep$os0o se$vage" *ue etravasa a e#ergia #u"a 3reve crise de *uase $oucura. J tra#se re$igioso o!erece, assi", <s !rustra?es tor#adas i#suportveis, o $ugar de sua supera0o. 2 o aspecto *ue os psi*uiatras ou os a#trop$ogos  3rasi$eiros "e$hor epressara", da#do <s re$igi?es a!ro'3rasi$eiras u"a !u#0o catrtica. Gas e$as t;", ta"3é", u"a outra !u#0o- a*ue$a *ue Ba$a#dier 3e" de"o#strou para os "essia#is"os a!rica#os da época co$o#ia$: *ua#do a revo$ta po$tica é i"possve$, e$a se d,  para epri"ir'se, u" carter re$igioso. J re$igioso tor#a'se, e#t0o, o s"3o$o de u"a co#testa0o. 2 ta$ve o *ue aco#tece ta"3é" #a "acu"3a e o tra#se vio$e#to, *ue co#stitui o ce#tro de sua ceri"H#ia. J tra#se, co" e!eito, é u" "eio de etrair da sociedade prese#te 6outra6 *ue pode ser o co#tra'pé desta sociedade prese#te. @$e #0o pode, se" dEvida, s;'$o se"pre, por*ue os ca"i#hos do i"agi#rio s0o "E$tip$os. > sociedade 6outra6 dos ca#do"3$és tradicio#ais é u"a sociedade o#de hu"i$des ve#dedoras a"3u$a#tes e do"ésticas de gra#des casas, represe#ta" o pape$ de deuses e heris. @sta"os, agora, #o #ve$ dos 6Bo##es6 de Ce#et, o#de o assassi#ato da se#hora 3ra#ca s se e!etua o#irica"e#te. Gas a "acu"3a, privi$egia#do, e" detri"e#to das divi#dades a!rica#as, os #dios *ue sou3era" guardar sua $i3erdade $uta#do co#tra a*ue$es *ue os *ueria" do"i#ar e ep$orar, e e#tre as divi#dades a!rica#as privi$egia#do @u, tra#s!or"a#do a sig#i!ica0o de deus i#ter"ediador e" u" a#Ao da re3e$i0o, per"itiria < revo$ta do su3'pro$etariado desco3rir u"a via o#de o deseAo de u"a sociedade 6outra6, i"possve$ de rea$iar

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 po$itica"e#te por*ue #0o estruturada e #0o pe#sada co#ceitua$"e#te, poderia assi" "es"o se epri"ir, se#0o e" u" discurso coere#te e co#strutivo, ao "e#os e" gritos desarticu$ados, e" gestos se" sig#i!ica0o, $ogo e" puro dese#cadea"e#to de se$vageria. Se i#sisti"os #estes !e#H"e#os de des'dos"estica0o do tra#se, #o i#terior dos cu$tos a!ro'  3rasi$eiros (e tera"os podido dar outros ee"p$os, #o perodo da co$o#ia0o a!rica#a- o

!i$"e de Oea# Rouch, 6Js deuses $oucos6, poderia a*ui #os servir de po#to de partida), é *ue #s ire"os Austa"e#te e#co#trar #o sagrado se$vage" de #ossa civi$ia0o ocide#ta$, as "es"as causas e" Aogo: a crise das i#stitui?es re$igiosas e a a#o"ia socia$.

Quer aceite"os ou #0o o po#to de vista de DurFhei" so3re os estados de e!ervesc;#cia socia$ o#de surgiria a re$igi0o, u" !ato é certo: é *ue estes estados de e!ervesc;#cia #0o s0o durveis ' e$es s0o esgotveis, escreve DurFhei". , porta#to, e" seguida, u"a recada do !ervor socio$gico- a re$igi0o se dese#vo$ve a partir dessa 6recada6 co"o i#stitui0o de gest0o da eperi;#cia do sagrado. @sta 6ad"i#istra0o6 do sagrado pe$a igreAa te" u" va$or  positivo, certa"e#te: e$a per"ite sua co#ti#ua0o so3 !or"a de u"a co"e"ora0o, e co"o u"a $e"3ra#a e#surdecida ' "as, por outro $ado, a i#stitui0o se vo$ta co#tra o vivido, para aprisio#'$o atrs das grades de seus dog"as ou de sua $iturgia 3urocratiada, de "odo *ue e$e #0o desperte "ais, e" i#ova?es perigosas, e" u" outro discurso a$é" do E#ico discurso aceito pe$a ortodoia, ou #0o se ea$te #a des"edida"e#te. Qoda 4greAa co#stituda te", se" dEvida, seus "sticos, "as e$a desco#!ia de$es, e$a $hes de$ega seus co#!essores e seus diretores para dirigir, ca#a$iar, co#tro$ar seus estados etticos, *ua#do e$a #0o os  pre#de e" a$gu" co#ve#to *ue seus gritos de a"or perdido #0o possa" per!urar.

A sociedade e" tor#o desse 3$oco, *ue *uer "a#ter u" passado revo$to, #o e#ta#to, "uda. Do#de os despertares, os "ovi"e#tos de re!or"as, as heresias, os "essia#is"os e os "i$e#aris"os, para te#tar $utar co#tra o desco$a"e#to cresce#te e#tre as i#!ra'estruturas "veis e as superestruturas co#servadoras. Do#de todos esses 6deuses so#hados6 de *ue !a$a ece$e#te"e#te e#ri Desroche e todos estes de$rios "sticos *ue a3a$a" a i#terva$os regu$ares o e*ui$3rio das igreAas. Por *ue Deus, *ue A !a$ou outrora aos ho"e#s, teria se tor#ado su3ita"e#te "udo e #0o teria "ais "e#sage#s a tra#s"itir < hu"a#idade so!redora= Js cat$icos so#ha", co" e aps Ooa*ui" de $ore co" u" rei#o do @sprito'8a#to *ue su3stituiria a*ue$es da $ei e da graa, *ue !iera" seu te"po. Js protesta#tes, co" o  pe#tecosta$is"o, su3stitue" a re$igi0o do $ivro pe$a de i#spira0o divi#a. Js revo$ucio#rios

te#te" $er, #as "uda#as da sociedade, o discurso i#i#terrupto do 8e#hor da histria. @ certa"e#te, estes despertares, *ue pode" se aca3ar e" da#as, estes "essia#is"os *ue  pode" se aca3ar e" tra#ses, esses pe#tecosta$is"os *ue i#ve#ta" #ovas $#guas etticas,

#0o ro"pe" i#teira"e#te co" o passado- trata'se de u"a desco#ti#uidade co#t#ua "ais *ue de ruptura propria"e#te dita- e#treta#to, #os esta"os, co" o adve#to desses #ovos deuses so#hados, "uito pri"os, A, da 3usca desse sagrado se$vage" *ue vai !aer, #s vere"os, repe#ti#a"e#te irrup0o hoAe, aps todos esse sagrados revo$tados ou todos estes sagrados o#ricos.

Por*ue estes sagrados revo$tados dese"3oca" e" utopias, e" co#stru?es da ra0o, e"  progra"as p$a#i!icados de tra#s!or"a0o da sociedade: o +ovo cristia#is"o de 80o 8i"0o e" u"a Repu3$ica de Produtores ' a re$igi0o har"o#iosa de Mhar$es ourier e" u" +ovo Gu#do i#dustria$ ' o verdadeiro cristia#is"o de @tié##e Ma3et e" u" co"u#is"o "essi#ico. Por*ue, igua$"e#te, todos esses sagrados o#ricos #o !i" das co#tas aca3ara"

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e" heresias, ou seAa, e" igreAas para$e$as, porta#to e" i#stitui?es- caos, se" dEvida, #a orige" de se#tidos desregrados, se#ti"e#tos $i3erados, i"agi#a0o dese#!reada, "as caos *ue aca3a por se dar #or"as, co"o se houvesse u"a $gica #o ecesso *ue #0o seria  possve$ #0o respeitar, e *ue arrasta atrs de$a, #a $iturgia e dog"tica das #ovas seitas i#ve#tadas, a3as i#teiras da "e"ria co$etiva, pa$avras de pro!etas, par3o$as de Oesus, vide os apoca$ipses proi3idos. > heresia pode aparecer co"o u"a co#tra're$igi0o, "as i#verter u"a re$igi0o #0o é, ai#da, segui'$a= @#treta#to, através dessas crises, a i#stitui0o re$igiosa  parece 3e" ati#gida- e$a se e#!ra*uece de ve e" *ua#do, "a$grado seus es!oros para se re!or"ar, respo#der aos crticos, eorciar os pesade$os e e#co#trar u" #ovo e*ui$3rio co" a sociedade e" "uda#as. @*ui$3rio cada ve "ais precrio e *ue !a, co"o eu disse #o co"eo, vatici#ar a "orte de Deus.

A i#dustria$ia0o, dese#vo$ve#do o pe#sa"e#to racio#a$ista ' a ur3a#ia0o, *ue3ra#do a so$idariedade co"u#itria ' a esco$a $aica, co$oca#do a re$igi0o e#tre par;#tesis ' a sociedade de co#su"o e#!i", apoia#do'se #a propaga#da i#sidiosa do mass media, ca#a$ia#do as

aspira?es dos ho"e#s para os 3e#s "ateriais, retira" destas igreAas rasgadas por?es cada ve "aiores de !iéis. Gas a "orte de Deus #0o é #ecessaria"e#te a "orte do sagrado, se é verdade *ue a eperi;#cia do sagrado co#stitui u"a di"e#s0o #ecessria do ho"e". S "edida *ue a igreAa perde seus !iéis, v;'se pu$u$ar, e" particu$ar #as gra#des "etrpo$es, as  pe*ue#as seitas esotéricas, os co#su$trios de astr$ogos, c$#icas de #ovos 6curadores6. @spécies de co"pro"isso e#tre o racio#a$is"o, *ue co#stitui o idea$ de #ossa #ova sociedade p$a#i!icadora, e a #ecessidade de re$igi0o, por*ue o esoteris"o se !u#da so3re siste"as de idéias si"3$icas 3e" $igadas ' a astro$ogia te" carter "ate"tico *ue a!ir"a #osso pe#sa"e#to ' os 6cura#deiros6 op?e" ao e"piris"o dos "édicos u"a teoria terap;utica uti$ia#do a $i#guage" dos !sicos: o#das, !$uidos, to"os. Pode'se, desse "odo, deiar'se guiar pe$a re$igi0o se" te"or, A *ue essa re$igi0o se epri"e, apare#te"e#te, #a $i#guage" "es"a da ci;#cia.

Este co"pro"isso e#tre o racio#a$is"o todo poderoso e a aspira0o su3Aace#te a u"a eperi;#cia 6outra6 s pode ser, e#treta#to, u"a so$u0o e!;"era. I" "o"e#to vir !orosa"e#te ' e parece *ue esse "o"e#to chegou para #ossa civi$ia0o ocide#ta$ ' o#de a aspira0o su3Aace#te aca3a por se despre#der da 6ca#ga6 da ra0o para i#ve#tar #ovos deuses de ho"e#s. Logo, a crise do i#stitudo, ou seAa das igreAas, #0o e#tra#ha e" sua co#ti#ua0o u"a crise do i#stitui#te, *uer dier, da e!ervesc;#cia de corpos e cora?es, da  3uscada eperi"e#ta0o da di#"ica do sagrado. >pe#as, as Aove#s gera?es *uere"  per"a#ecer #o !ervor do i#stitui#te se" ir até a co#stitui0o de #ovos i#stitudos, *ue o crista$iaria" $ogo e o "i#era$iaria" e" #ovas i#stitui?es, de idéias siste"atiadas, gestos estereotipados, de !esta regu$ada e i#cessa#te"e#te reco"eada. @is por*ue o sagrado de hoAe se *uer u" sagrado se$vage" co#tra o 8agrado do"esticado das 4greAas.

Ta$ é o pri"eiro "ovi"e#to *ue co#du, a partir das i#stitui?es re$igiosas histricas, até a se$vageria do tra#se i#stitui#te. Gas h, para$e$a"e#te u" segu#do "ovi"e#to *ue deve"os seguir, agora, *ue #os !ar igua$"e#te 6des"a#char6 a #ecessidade de u" #ovo sagrado: é o "ovi"e#to de #aturea "ais socio$gica, *ue resu$ta da a#o"ia socia$ a *ua$, "a$grado todos os es!oros dos gover#os, apesar de todas as i deo$ogias po$ticas *ue se o!erecera" aos Aove#s #o "ercado de idéias, #s #0o chega"os a produir ' por*ue a so$u0o dos pro3$e"as da a#o"ia s pode ser e#co#trada #u" a$é" de idéias, a "e#os 3e"

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e#te#dido *ue o po$tico, o *ue é !re*e#te hoAe, seAa s u"a si"p$es "scara *ue dissi"u$e o 3aio do rosto co3erto de u" "essia#is"o se" #o"e- ape#as #a "edida e" *ue seAa assi", #s e#co#tra"os até #a po$tica o !ervor do 8agrado i#stitui#te. 6> i"agi#a0o #o  poder6, gritava'se e" "aio de 19T, e #0o: 6a ra0o #o poder6. > i"agi#a0o, *uer dier, o

!ervor i#stitui#te. @ #0o a ra0o, ou seAa, #ovos siste"as de $eis co"o re"édio < a#o"ia-recusa de todo i#stitudo. 8i"p$es varia0o, v;'se, so3re o te"a desta co#!er;#cia e *ue u" estrutura$is"o do tipo Lévi'8trauss poderia !aci$"e#te i#serir #u" "es"o grupo de tra#s!or"a?es, *ue eu cha"aria a*ue$e de 6se$vageria6.

Ns #0o te"os *ue re!aer u" *uadro da a#o"ia, ta#tas vees aprese#tado, "as *ue su3$i#har ape#as os !atores *ue pudera" agir so3re os i#divduos para i"pe$i'$os < #ovas !or"as de tra#se. , pri"eira"e#te, a passage" da co"u#idade, co" seus caracteres "ais igua$itrios, sua so$idariedade "ais #ti"a, a ho"oge#eidade re$ativa de suas cre#as e seus va$ores, < sociedade *ue diste#de as $iga?es, apro!u#da os vaios, a so$id0o dos ho"e#s,  perdidos #a "assa i#di!ere#te. > !a"$ia #uc$ear, *ue aAudou dura#te "uito te"po o ho"e" a $evar "ais !aci$"e#te este !ardo de iso$a"e#to, so!re u"a crise, o#de a co#corr;#cia e#tre os seos su3stitui sua co"p$e"e#taridade, #0o ta#to (co"o se repetiu) por*ue os Aove#s se revo$tara" co#tra seus "ais ve$hos, "as a#tes por*ue e$es se se#tia" a3a#do#ados por seus  pais. , e" seguida, a ruptura do "u#do "ec#ico, arti!icia$, de "*ui#as e casas de co#creto ar"ado e do "u#do vivo- as rvores "es"o s0o do"esticadas #as gra#des ag$o"era?es, a evas0o das !érias co" seu !$uo "assivo de "achos tra#spira#tes e !;"eas #ervosas, ter"i#a #os ce#rios orga#iados, #as !estas p$a#eAadas, o casa"e#to do ho"e" co" o céu, a gua, as p$a#tas, os pssaros #0o é "ais possve$- é preciso se co#te#tar co" re$a?es !rgeis, #o #ve$ dos "o"e#tos, e" *ua$*uer hote$ de passage", dito de ca"pa#ha. @#!i", co"o Ga Ue3er de"o#strou, toda #ossa cu$tura é u"a cu$tura da ra0o, da ci;#cia, do progresso *ue #0o deia #e#hu" do"#io de #ossa vida !ora de seu ca"po, #e#hu"a gratuidade possve$: ora as regras da ra0o, se s0o i"perativas, postu$a" a ades0o prévia do esprito *ue se su3"ete a u" certo #E"eros de va$ores *ue as Austi!ica" a #ossos o$hos- e estes va$ores pode" ser co#testados se a regra *ue se etrai de$es #0o o pode" ser. Gas se e$as (as regras) s0o co#testadas, a $ei socia$ #0o aparece "ais, e#t0o, se#0o co"o u" i#stru"e#to de opress0o, co"o u" co#stra#gi"e#to ar3itrrio, ou, se se pre!ere: co"o a E$ti"a a"eaa de castra0o dos !i$hos por a*ue$es *ue det;" o poder, e" #o"e do Pai.

N0o é i"pu#e"e#te *ue o despertar do sagrado se$vage" !oi historica"e#te precedido pe$o triu#!o da !i$oso!ia do a3surdo, *ue s !aia traduir, #u"a $i#guage" s3ia, estes traos da a#o"ia *ue aca3o de e#u"erar- a so$id0o do ho"e" *ue vai !a;'$o 3uscar u"a 6a$teridade6 #ova, capa de saciar u"a sede *ue e$e #0o pode eti#guir ' a ruptura co" a #aturea viva, *ue vai despertar #o !u#do de seu ser a #osta$gia de u"a eperi;#cia cs"ica ' o triu#!o da Ra0o, *ue s pode !orAar #ovas cadeias, seAa" e$as douradas, o#de vai aprisio#ar sua Aove" $i3erdade, ape#as #ascida co" a crise da ado$esc;#cia.

A revo$ta co#tra o i#stitudo socia$ !a parte, desse "odo, dos "es"os !e#H"e#os co$etivos *ue a revo$ta co#tra o i#stitudo re$igioso- é *ue é preciso criar u" socia$ i# statu nascendi,

co"o é preciso, se"pre, criar u"a re$igi0o a partir da eperi;#cia i#stitui#te do sagrado, vivida #o i#terior do tra#se origi#a$. +estes dois casos, é o "es"o recurso ao 6se$vage"6 e#te#dido co"o o 6a#ti'do"esticado6. Gas pode haver "uitos tipos de tra#se e assi" #0o retor#a"os, por u" outro ca"i#ho, ao "es"o sagrado se$vage" *ue a*ue$e o#de #s

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se"pre chega"os, segui#do a histria das igreAas= Pessoa$"e#te, acredito #isso. @" todos os casos, as duas 3uscas se !u#de" se"pre, por*ue o 8agrado se$vage" dos re$igiosos u$trapassa o eotis"o dos so#hos do i"agi#rio ou epress?es corporais dese#cadeados para se tor#ar u" co"3ate po$tico ' por*ue de seu $ado socia$ vivido i# statu nascendi  #as

diversas eperi;#cias co"u#itrias *ue se "u$tip$ica" e" #ossos dias, tra#sce#de rpido o retor#o < gra#de !a"$ia ca"po#esa, < eco#o"ia de auto'su3sist;#cia, ou < pro"iscuidade seua$, para 3uscar, a$é", u" !u#da"e#to espiritua$ *ue e#rae, e$e ta"3é", < sua, ve o sagrado i#stitui#te. 6+e" Gar #e" Oesus6, proc$a"ava" e$es. J s$oga# é sig#i!icativo dessa $iga0o, ou desta co#!us0o de do"#ios.

É preciso analisar este sagrado selvagem tal como ele se maniesta !o"e# 2 curioso #otar *ue e$e 3usca "uitas vees, para i#stituir'se, os "ode$os das sociedades arcaicas. Por ee"p$o #os cu$tos de possess0o, o#de #0o se sa3e por *ue" se é possudo, A *ue o deus i"agi#ado *ue se agita e" seu ser #0o te" #o"e. Js haitia#os *ue trouera" o Nodu a Paris vira" 3e" os espectadores parisie#ses, dura#te o curso de suas ceri"H#ias, to"ados  por 6sa$tos6 se$vage#s *ue os !aia" cair #o ch0o. 8a3e'se a i"port#cia to"ada pe$as drogas #a Auve#tude de hoAe, co"o e$as estava" #a 3ase de certas i#icia?es re$igiosas- o  po#to de partida é o "es"o #os dois casos- trata'se de esti$haar a perso#a$idade a#tiga, a*ue$a *ue !oi "ode$ada pe$a sociedade, "as #os rituais de i#icia0o dedica'se, $ogo aps, a criar, co#strui#do'$he todo u" co#Au#to de re!$eos coorde#ados, u"a #ova perso#a$idade *ue su3stituir a a#tiga cada ve *ue a cha"ado dos ta"3ores sagrados, o cava$o dos deuses cair e" crise- é isto *ue #os cha"a"os a do"estica0o do tra#se. Js Aove#s de hoAe, *ue *uere" per"a#ecer #o se$vage" origi#a$, #0o procura", #atura$"e#te, o desdo3ra"e#to da  perso#a$idade ' ai#da *ue se e#co#tre traos de$e, <s vees, #as "uda#as de #o"es *ue

aco"pa#ha" a e#trada #u"a co"u#idade de drogados: Cros Jsa$d, Oac*ues Le Qhi3etai#, 8avo#ette- todavia esta "uda#a #0o sig#i!ica ta#to *ue se ro"peu co" os pais, o *ue é si"3o$iado pe$a recusa e" usar o #o"e de sua !a"$ia, *ua#to a a*uisi0o de u"a #ova ide#tidade- por*ue a "ito$ogia da droga é a*ue$a da 6viage"6, viage" #o i"agi#rio, 6pegar a estrada6- *ue per"ite a todas as ave#turas o#ricas, 6deco$ar6 da rea$idade para poder 6p$a#ar6 #u" espao so3re#atura$ (estes s0o os ter"os prprios do Aarg0o dos drogados) e sa3e'se *ue esta viage" é "uitas vees aco"pa#hada de u"a outra viage", #o espao geogr!ico, a*ue$e *ue $eva a Vat"a#dou.

Esta "uda#a de "ito$ogia, *ua#do passa das ceri"H#ias tradicio#ais da i#icia0o (a*uisi0o de u"a #ova perso#a$idade) para os rituais co#te"por#eos da droga (ir até o i#cio da viage" #o desco#hecido, do *ua$ #0o se sa3e o *ue e$e $he reserva, ta$ve a "orte, "as ta#to pior :6é preciso sa3er "udar a ca"pa e" 3e$ea6), é sig#i!icativo Austa"e#te de tudo isto *ue separa o tra#se tradicio#a$ (co#tro$ado e, porta#to, i#stitudo) do #ovo tra#se (*ue *uer per"a#ecer #o i#stitui#te, #0o dese"3oca#do e" #e#hu"a possi3i$idade de i#stitui0o).

@ isto #os per"ite, ta$ve, ir "ais $o#ge. J tra#se do"esticado é !u#cio#a$ e" re$a0o < sociedade g$o3a$ #o i#terior da *ua$ e$e est i#serido, seAa *ue $he !avorea u"a "e$hor co"p$e"e#taridade e#tre os seos e os estatutos sociais, seAa *ue e$e sirva para atrair, de a$gu" "odo "agica"e#te, a 3e#0o das divi#dades descidas (3aiadas) #a co"u#idade a$de0. J sagrado é i#vestido #u"a i#stitui0o *ue o gere e" 3e#e!cio de todos.

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O  tra#se se$vage" de hoAe se *uer, pe$o co#trrio, des!u#cio#a$- e$e #0o 3usca #e#hu" resu$tado positivo, #e" "es"o para o i#divduo *ue a e$e se a3a#do#a, A *ue e$e pode ir até o #0o ser se#0o u"a téc#ica de suicdio- e$e *uer ser pura eperi"e#ta0o de u"a a$teridade *ue per"a#ecer co#!usa e di!usa, ato gratuito, ou si"p$es gestos de revo$ta. +0o de";#cia, co"pe#sa0o, catarse, #e" a vio$;#cia e o de$rio, co"o prete#de" os  psi*uiatras, por*ue e#t0o o tra#se se tor#aria !u#cio#a$ e perderia sua po#ta revo$ucio#ria. Gas a co#testa0o, por sua ve, do socia$ co"o siste"a de regras, e do i#divduo co"o ide#tidade pessoa$ ' do socia$, a3a#do#a#do'se ao i#terdito- do i#divduo, !ae#do'o $eva#tar dos a3is"os i#teriores a $egi0o a#r*uica dos !a#tas"as ce#surados. J se$vage" é  pri"eira"e#te, e a#tes de tudo, a deco"posi0o, a desestrutura0o, a co#tra'cu$tura *ue #0o  pode, #e" o deseAa, aca3ar e" u"a #ova cu$tura.

A*ue$es *ue estudara" os cu$tos de possess0o #as sociedades tradicio#ais, "uitas vees se espa#tara" co" seus aspectos espetacu$ares e seus carteres de !estas co$etivas. @stes aspectos s0o tais *ue <s vees o tra#se é represe#tado, "ais do *ue vivido- !a$a'se e#t0o de si"u$a0o, ai#da *ue #0o se trate propria"e#te de si"u$a0o, se#do dado *ue todo rito, "es"o co#scie#te, é co"e"ora0o dos gestos dos deuses. Jra, #os e#co#tra"os !e#H"e#os a#$ogos #o tra#se se$vage" de hoAe. De >#to#i# >rtaud, co" seu teatro da crue$dade, a Oery CrotosFi, co" seu teatro de te#s0o, a possess0o é "o$dada so3re chapas. Parte'se e#t0o da i"provisa0o, "as < procura de u" ce#rio- da espo#ta#eidade, "as < procura de u" #ovo ritua$- do tra#se vio$e#to (!icar #u, !aer a"or, gritar, se de3ater, da#ar até o esgota"e#to...) e *ue se deseAaria co#tagioso- *ue deseAaria e#tra#har !i#a$"e#te o co#Au#to dos espectadores #u"a "es"a co"u#idade ettica, "as *ue per"a#ece regu$ada pe$o diretor (a #ude é co"a#dada, o a"or é si"u$ado, o grito é "odu$ado, a vio$;#cia estetica"e#te represe#tada, o espectador per"a#ece gera$"e#te e" sua po$tro#a). Pode'se "uito 3e" !a$ar, e#t0o, de si"u$a0o, co"o certos et#$ogos o !ae" a respeito dos tra#ses *ue per"a#ece" ape#as represe#tados e #0o vividos #as sociedades tradicio#ais. Gas u" certo #E"ero de o3serva?es s0o #ecessrias a*ui: o *ue é represe#tado, #as sociedades tradicio#ais é o "ito !u#dador da orde"- o *ue é represe#tado #o Livi#g Qheater, ou *ua$*uer outra !or"a de teatro co#te"por#eo, é o tra#se des!u#cio#a$ ' a !esta pri"itiva *ue e#co#tra sua cu$"i#a0o #o tra#se é o $ugar da co"u#ica0o, da so$idariedade a$de0 reco#struda, da u#idade a u" te"po cs"ica e socio$gica, !u#dada so3re isto *ue é a u" te"po a 3ase do cos"os e do socia$ : o sagrado po$itesta- a !esta teatra$ de #ossos dias #0o é, #u"a sociedade a#H"ica, se#0o pura provoca0o, *ue #0o pode, apesar de sua vo#tade, aca3ar e" co"u#h0o. Ges"o e#tre os atores: #os @stados I#idos os a!rica#os *uisera" se "isturar <s da#as a!ro'a"erica#as ou dos 3ra#cos 6desatados6, "as e$es #0o chegara" a e#trar #o Aogo por*ue os rit"os corporais dos a!rica#os #0o s0o os rit"os corporais dos a!ro' a"erica#os, ai#da "e#os os 3ra#cos- *uer se *ueira ou #0o, a sociedade age até so3re o  psico$gico para "ode$'$o, e o so"tico é e$e ta"3é", co"o o ps*uico, socia$iado- é o *ue !a co" *ue a da#a se$vage" *ue deseAaria e#tra#har #u"a "es"a roda ete#ua#te os ho"e#s de cu$turas e su3'cu$turas di!ere#tes, se para$ise #a i"possi3i$idade de u"a *ua$*uer i#terco"u#ica0o dos seres. >*ui, ai#da, co"o #o #osso pargra!o precede#te, as di!ere#as  preva$ece" so3re as se"e$ha#as- o tra#se se$vage" si"u$ado #0o é da "es"a #aturea *ue o tra#se do"esticado si"u$ado- e e$e #0o *uer s;'$o, por*ue o tra#se do"esticado é a*ue$e das co"u#idades ho"og;#eas- o tra#se se$vage" a*ue$e das sociedades heterog;#eas.

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E  é 3e" a*ui, ta$ve, *ue se separa "ais #itida"e#te o sagrado se$vage" do sagrado do"esticado. 2 *ue

o sagrado do"esticado é u" sagrado co$etivo

, "es"o se u" E#ico dos da#a#tes é possudo por seu deus. +as co"u#idades hippies ou outras, "es"o *ua#do os corpos a$o#gados se "istura" u#s aos outros, #a i#co#sci;#cia dos gestos, cada u"  per"a#ece soi#ho. +0o h trocas de eperi;#cia, #e" do#s #e" co#tra'do#s, "as

coeist;#cia e para$e$is"o de eperi;#cias *ue per"a#ece", para cada u", de u" do"#io estrita"e#te pessoa$. +0o h co$etividade possve$ se#0o pe$a e #a regu$a0o, o *ue o3riga a u" sa$to !ora da se$vageria, a !i" de e#trar #o do"#io da $ei. Jra, por de!i#i0o, o se$vage" é a*ui$o *ue est !ora de toda $ei, *ua#do e$e #0o se deseAa ai#da "ais, co#testa0o de u"a Regra *ua$*uer. @ e#treta#to...e#treta#to, A *ue #s esta"os #as co"u#idades, e *ue #s de!i#i"os as co"u#idades de Aove#s co"o sociedades i# statu nascendi, é preciso

*ue haAa, para *ue se possa !a$ar de co"u#idade (e" !racasso da regu$a0o) u" "#i"o de troca i#teri#dividuais- ape#as, estas trocas se situa" #o #ve$ do discurso. Gas a pa$avra #0o é o vivido co#ge$ado= J i#stitui#te, #a "edida e" *ue é co#ti#ua"e#te !a$ado, #0o se arrisca a se co#stituir i"ediata"e#te e" #ovos i#stitudos. J sagrado se$vage" #0o seria "ais, e#t0o, se#0o u"a usi#a de !a3ricar deuses ou i#ve#tar "itos, ou seAa, de !aer o i#stitudo.

Ta$ é o # do pro3$e"a co$ocado pe$o sagrado se$vage". > 33$ia #os prop?e toda u"a série de i$ustra?es i"pressio#a#tes destas "eta"or!oses do sagrado se$vage" e" sagrado do"esticado, co"o se o se$vage" #0o pudesse so3reviver se#0o co" a co#di0o de se do"esticar. J e#co#tro de Goisés co" Deus so3re o Go#te 8i#ai, e#tre as te"pestades e #uve#s per"eadas de re$"pagos, se pro$o#ga pe$a chegada da $ei ao povo de 4srae$. > "ata arde#te *ue *uei"a #o deserto de "istério tor#a'se s"3o$o deci!rve$- a $uta #otur#a de Oac co" o >#Ao deia sua cicatri i#de$éve$ #o corpo ete#uado do co"3ate... Js i#ovadores de hoAe, sociais co"o re$igiosos, se d0o co#ta dessa #ecessidade- e$es deve" e$a3orar, a partir de suas eperi;#cias'pi$oto, outros "odos de viver ou de adorar e" co#Au#to: as !estas co$etivas se arre!ece" e" $iturgias repetidas- o !asci#a#te do sagrado se tradu e" p$a#os de utopias, e" re!or"as de 4greAas ou e" co#tra'igreAas $uci!eria#as. Gas #0o v; *ue #este es!oro para passar do i#stitui#te a #ovos i#stitudos, para su3stituir os i#stitudos a#tigos, *ue !a$ira", a i"agi#a0o é o3rigada a apoiar'se #a "e"ria co$etiva. >  psico$ogia o de"ostrou: a i"agi#a0o criadora se apia se"pre, #esses processos i#ovadores, so3re o "ateria$ *ue $he !or#ece a i"agi#a0o reprodutiva. J sagrado se$vage" #0o é, de!i#itiva"e#te, se#0o o sagrado di!uso, *ue #0o pode se precisar, a #0o ser pe$a uti$ia0o de !or"as arcaicas sig#i!icativas. @is por*ue o sagrado se$vage", *ue acredita i#ve#tar #ovos deuses, é "ais !re*e#te"e#te o "o"e#to da ressurrei0o (para e"pregar a epress0o de a$3achs) de a#tigos deuses *ue se acreditava "ortos.

A !i$oso!ia dos hippies A deu $ugar, so3retudo #os @stados I#idos, a artigos ou $ivros i#teressa#tes. Jra, perce3e'se, $e#do'os, *ue esta !i$oso!ia é ape#as u" bric-à-brac de

ve$has re$igi?es, orie#tais e crist0s, $eituras "a$ digeridas ou apree#didas #a te$i#ha da te$evis0o. Ceorges Ba$a#dier e"pregou a epress0o 6"ercado de pu$gas6 *ue d 3e" a i"press0o destes i#stitudos recuperados "ais *ue i#ve#tados. Js deuses so#hados s0o ape#as "E"ias das a#tigas divi#dades, das *uais se dese#ro$a a 3a#dage" para ver se e$as #0o pode" servir outra ve ... @#treta#to, a$é" dessas re$igi?es *ue !a$hara", ou dessas  propostas de$i3eradas de vo$tar a !or"as es*uecidas por #ossa civi$ia0o ocide#ta$, os

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caris"as ep$osivos, o do" das $#guas, o do" de pro!ecia ' estes cu$tos e estas igreAas  pri"itivas crist0s co#sideradas co" e!eito por a*ue$es *ue as aceita" co"o co*uetéis "o$otov capaes de i#ce#diar #ossa civi$ia0o co#de#ada, #0o pode" e#co#trar, ao "e#os #u"a pe*ue#a e$ite, u" sagrado se$vage" pura"e#te i#stitui#te, deseAado co"o ta$, *ue #0o cria #e#hu" i#stitudo, *ue escapa para se"pre <s recadas socio$gicas=

Ta$ve. Gas se co$oca, e#t0o, a *uest0o de sa3er se este i#stitui#te #0o é ai#da u" 4#stitudo. +a "edida e" *ue e$e #0o é se#0o a "a#i!esta0o de u" ar*uétipo i#scrito de a$gu" "odo, seAa #a #aturea hu"a#a, co"o *uer Ou#g, seAa #a histria da hu"a#idade, co"o *uer @$iade. J sagrado se$vage", co" e!eito ' e *ue per"a#ece se$vage" ' se *uer eperi;#cia vi#da do caos, da ep$os0o de toda orde" cs"ica ou ps*uica, do e"3argo de u" Deus *ue !$utua, ovo #0o a3erto, so3re u" "ar de trevas agitadas. @ se situa, porta#to, #u"a categoria ar*uetpica 6a priori6 *ue $he dita a $ei o3rigatria da desorde" e do des!u#cio#a"e#to, categoria *ue se e#co#tra e" todas as "ito$ogias dos povos, desde a Ksia su"éria ou he3raica, até a*ue$es das i$has perdidas #os ar*uipé$agos da Jcea#ia. @u aca3ei de e"pregar a epress0o de 6categoria a priori6 *ue $e"3ra a !i$oso!ia de Va#t e co" e!eito, a*ui co"o #o "u#do Fa#tia#o, é i"possve$ ao i#divduo ati#gir o #ovo (#s dira"os o sagrado puro, e" sua tra#sce#d;#cia a3so$uta)- e$e se "o$da co" a*ui$o *ue #s o i"pressio#a"os, seAa através do corpo, seAa através do espirito, #as !or"as ar*uetpicas *ue #os s0o co#stitutivas- #0o pode porta#to haver para o ho"e", i#stitui#te A ' e do  pri#cpio ' i#stitudo.

Pouco i"porta, por*ue sa"os de u" perodo ' a*ue$e *ue os soci$ogos cha"a" de a 6secu$aria0o6 ' o#de a re$igi0o #0o estava "orta, é certo, "as se esco#dia so3 os su3stitutos e"prestados ao "u#do pro!a#o ' o cu$to <s vedetes su3stituiu o dos sa#tos, as #ovas "ito$ogias dos "ass "edia su3stitui#do as das a#tigas igreAas (Var$ Gar A havia to"ado co#sci;#cia disso *ua#do #0o eistia ai#da, e#treta#to, < sua época se#0o o "u#do dos Aor#ais) ou ai#da so3 a va$oria0o de heris sacr$egos (Pro"eteu, caro, >io# e, co" a psica#$ise, 2dipo), "as #0o h propria"e#te sacri$égio se" postu$ar ao "es"o te"po u" sagrado co#tra o *ua$ se $uta ' "as hoAe todos esses su3stitutos da re$igi0o co$ocados pe$a sociedade de co#su"o ou pe$a psicoterapia a#a$gésica, s0o o3Aetos de u"a co#testa0o cresce#te.

E#t0o, per"ita"'"e ver #estas eperi;#cias do sagrado se$vage", "es"o se e$as s0o ai#da desaAeitadas, a vo#tade de reto"ar o gesto de Goisés *ua#do 3ateu sua vara ' "es"o se os  psica#a$istas #0o v;e" #e$a se#0o u"a vara !$ica ' #o so$o ressecado para !aer de$e 3rotar

a gua *ue !a re!$orescer os desertos6.

$ndice

Roger Bastide ' 6Le sacré 8auvage6 4#: Le 8acré 8auvage et autres essais Payot, Paris, 1975. Qradu0o pu3$icado #a Revista Mader#os de Ma"po, I8P, 199.

Referências

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