IRÍllITEIRAS
IIA
TRADICAÍ|
FRONTEIRAS
DATRADIÇÃO
OLAVO DE CARVALHO
coleção elxo
Crpo:
Carlos RobertoZibel
CostaRevisão: Rogério Carlos castaldo de
Oliveira
Conposição:
Cilberto
Francisco de LiúaArte
Final:
DorâPratt e
Bduardo coúesÍndice
Prefác
io
l.
Fronteirâs
da Tradição2.
Atradição,
asciências
tradicionais
3-
seitas
e
teligiães
4-
o
valor
doiotelecto
5.
À decadêocúeo
fiú,
segundo âs doutritrashindus
ó-
coÊsiderações7.
xoralidade ser
Deus? I{ota§ Il!
Edição r986 1 9 t73l
43CopyriAht
by
Olavo d€ Carvalho Coleção BixoOrg- Tom Cenz
llova
Stella
Editorial
Ltda.Av.
Pêülista,2448
são
Paulo SP
Ol3lOTeI:881-5771
49 55
71
PRAÊÁCrO
Com exceção
do ârtigo
rrMoralidsde sem Deus?rr,publicado no
Jortral
da Târde, em 27 defevereiro
de1982,
os
trebâlhos
reunidos neste volume foram todosescritos
em 1985,e
tôm todos â mesmafinêIidade
queele:
ajudar
o
leitor a disringuir
entre
osensina-mentos
tradicionais
tisto é,
provenientesdâs
Sran-des religiões
reveladase
ortodoxas)e
as suasfa1-s i ficaçõe
s
contêmporâneas.o título
explica-se
assimpelo
nossointuito
dedemarcar, de estabelecer
um
murodivisório entre
o queé a Tradição, e o
q"eé,
deoutro lado, o
caos eas
"trevas exteriores".
De
modogeral,
essa distinção é
simples.
Todosos estudiosos de
religiôes
comparâdâs do mundo, comquase
oenhuma exceção,utilizam
o
termo "Tradição" como sinôniÍno de sâEâthana Dhâma, deLei
Pereúis'
de Sophia Perennis, de
Al-Eiknât
el-illahiys --
Paradesignar
o
númerode
princípios mecaÍÍsicos
que écomuú
a
todas
asgrándes
religiões
do
mundo, bemcomo
a
transmissãoininterrupta
desses princÍpios
por meio dos
ritos,
normas,leis
e
hierarquias,
ten-porais
e espirituâis,
dessas
nesmasreligiões.
Do ponto devista prático,
o
crirério
de reconhecimentoá
igualmente simples: considera-se
"tradicional",
em principio
e
comoregra
gerâI,
todadoutrinâ
ouprática
queseja
ãceita
como ortodoxee
revelada porquâ1quer dessas
religiões
-- e,
inversanente, consi-dêra-se"não-tÍadiciona1",
ou,
emcertos
casos
ex-tremos,
"antitradicional",
a
qualquer ensinanento ouprãtica
q"e
nãoseja
ortodoxapor
nenhuma delas.Como
corolário
dessadefiniçào,
PodemosconPre-endêr
que.
de umládo,
a mistura ou tusão depretensões
'runiversalistasi'
nãoé
ortodoxo
para nenhumadelâs,
ê
portanto
só podeser
dito
"tradi-cionâl"
no mpsno sentido em que umâ(aÍicarurá.
párásêr câricatura,
deveter
alguma longínqua sêmelhançacom
a reãlidade. o
respeito à forna
exterior
e
àintegridade
de cadaortodoxia
é
uma exigência sinequa
nonda
verdâdeira
universalidadêtradicionâ1.
Por
outro lado, a
"provados
noverrde
quâlquerprincípio
universal
e
autênticamentetradicional
ájustanente
a
suapossibilidade
deser
transposto nostermos,
moldes, parâmetrose
símbolos de todase
decada uma das grandes
religiões,
senferir a
ortodo-xia
de nenhuúae ner Duito
nenosas
leis
dalógica.
E
esta
êxigência---
queconstitui a
pedra-de-toquepara distinguir
o
joio do trigo --
é
tão
difícil
erara
deatender,
quese
identifica
mesmoàquilo
quena
tradição
cristã
se denominao
"dom das 1ínguas", oua
capacidade dêfalâr
a
cada um segundoa
lingua-gen
quethe é
própria,
o
que evidentenenteestá
nosaütÍpodas de uÍn
sarapatel
"universalista"
e
demagó-Sico ao gosto dos psêudo gurus en geraL
O
terno,
portanto,
evidenteínentênão
designa,nen
pode
designar,
nenhuma organização, sociedádêsecretaJ
escola
iniciática
ouseita em pãrticular,
mas,
justamenteao
contrário,
aquilo
queé
o maisi1iÍnitado e
universaL que se possa conceber.De
quâlquer modo, seá
distinçào
emsi
mesma éráciI
deestabelecer,
muitas pessoasparpceú
encon-trár
dificuldade
emaplicá-la
aos muitos casoscon-cretos
e
parciculares
que
vão surgindo,neste
cadavez
ÍÍãis colorido
supermercado dapseudo-espiritua-lidade
contenporânea, motivopelo qual
podemcair
emerros trágicos,
mesmo estando informadas do que sejae do que não
seja,
enprincípio,
Tradição.São
PauIo,fevereiro
de
19868
I
Quer rrêstá" tra Tradição
Para que não sê confunda
a
Tradigão com qualquertipo
de I'organização",'rescolarr,
"corrente
deopi-nião"
oucoisa
assim, nen,poÍ
outro
lado,
se
inagi-ne
queela
sejâ
apenas um vago"espíritou
ou"esti-Io",
é
preciso
fazer
desde Iogo algumas observações:A
Lei
exotérica é
o
"fimite exteriorl
daTradi-ção.
Quemten
unâretigião
e
reconheceos
seusman-àamentos, cumprindo-os
seja
aonível
do "mínirnoIe-gaIÍ,
seja
acima, conforme suas eapacidades,já
es-tá na
Tradição.
Quen não tem umareligião,
quem nãoestá
submetidovoluntariamente
a umaLei
revelada,não
está
em Tradição nenhuma, ainda que áleguePer-teocer
a
tal
ouqual
"organizaçãorre
aindaque tal
organização
se al irmeaté
mesmo, com denÊnciâl
Pre-tensào,
"o
Dirptório
Central
do Cosmos".PoÍ
outro
rado, é
necessáriodistioguir
entre
oconceito
amplo de rrTradição" eo
conceitomais
res-rrito
de"viá espirituat".
Assir
comou,
país
nào seesgota na
linha.dâs
suasfronteiras
exteriores,
mâs tem uÍnterritório interior,
por
sua vezdividido
porfronteiras
inteÍras
êmregiões, províncias,
cida-I
Eronteirâs
datradição*
*Tóp ic os
de
umaconferância
pronunciadaeú
2 dede
1985 naEditora
AstrocieÍtia,
doRio
de9 Olâvo de Carvalho
des,
etc.,
igualmênte
aTradição,
dentro dâs suasfronteiras,
tem
muitosterritórios distintos,
cornfÍonteiras
oramais,
ora nenos clarámente delimita-das--
conformea
Tradição de que setrâte --,
e
quevão
desdeas
regiôesáui" .*terior"s até
as maisinteriores.
Aregião
nais
exterior
éo
cumprinentopuro
e sinplês
àa
n".*u social
ditada
pela
Lei
(oquê
inclui
a
execuçãopelo
menos dos gestosexterio-res
que compõemos
ritos
obrigátórios);
anáis
inte-rior
é
a
realização
--
teórica e efetiva
-- do
sen-tido
último
e
universal
dessáLei.
aqual
patenrPia, átravésdo
homemque
aringe
essá realização,
suaidentidade
coma
constituição
mesrna doreal
e
com aNormâ que
estatui
e
rege
o
Cosnos. (Claroque
pes-soas que nãoatingiran
a
pleoa realizaçãoesPirituáI
podem
-- e
devem-- possuir
algunvislumbre
dessaidentidâde entie
a
Lei revelada
ea
estruturã
doreal,
e
tambémé
claro
quea
ausênciade
quâlquerPre§sentinento
nessê
sentido seriá una
marca deprofunda
irreligiosidade;
nas,
ântes
de
Percorreruma
viâ
espiriLual,
ninguéÍn Eem essá conscienciaexceto em modo
irteórico'' e
"virtual".)
Para
o
honemprimitivo,
que desconheciaas
limi-ráções queo
processo
dê
individuaç;oveio
a
imPorsobre
á inteligência
hunana nás geráçõessubsequPn-tes, não
havia necessidade de umaLei revelada
eescrita,
Porqueeles
tinhama
compreensão iÍnediata eintuitiva
daLei nstural,
queé por
si
rnesmaa
pri-neira
dasrevelações, e
daquál
asLeis
r€veladasposteriores
nàosão, po.
assi. aizer.
senão
versõessimplificadas.
o
"limite êxterior"
da Tradiçãocoin-cidia
então conos
limites
dâ natuÍeza, oudito
deourro
modo, comos
limites
intrínsecos
da possibili-dade huíâna emgeral.
À progressiva degradação da
intetigância
humana,criando
hiatos
e
dissonânciasenrre
a mentesubjeti-va
e
a verdadeobjêtiva,
criou
a
necessidãde de com-Pensaçôesperíodicas,
constituídas
pelas
sucessivâsLeis
reveladâs.
Estesfixavam limites
exteriores,
mais
restritos
que os da simpleslei oâtural, e
poristo
nesmonais
fáceis
de
apreendere
cumprir.
Ocumprimento
destâs
leis
favorecia
o
homem de duâs.r.i;.r" ,
pr ime iro.
que etas
cons r i tu íâDum
resumo 'e
por
isto
símbolo,dss
Leis
nâturáis,
e assim suaobediéncie
e
estudo
podiarestaurarr
ao Longo do teÍnpo,a
intuição
originária
dâsleis
natu-rai;
(quepor
suâvez,
sendo um simbolo dasqualida-des divinas,
levavam o homem ao conhêcimento--
oumelhor:
recordâçào-- de
Deus)i
câsonào
houvesse!para
este
ou aqueleindivíduo,
a
ocasiào decomple-tar
essa restauraçãointerior,
o
cumprimento danor-ma legaL
pelo
menos o mantinha dentro doslimites
decomunidâde, podendo
Portanto beneficiar-se, apos
amorte, das
prerrogativas originárias
readquiridasDelos membros mais cápazes, dâs quais
eles
Partici-pa,a.
".,tào
a
títuIo
de herançacoletiva.
A Primeiráà""rr. dua"
persPectivas é
a
que conduzà
chamada"libertaÇào", e constitui
oesoterism.
A segundá conauz aó queas
reLigôes denominana
"salvação
daalma após â morte"
e
constitui o
exoteri§úo-Deste
modo,
Percebe-se queas Leis
reveladasconstitueÍÍ
manifestação da}lisericórdia,
destinadass
conpensara
perda
da
intuição
direta das
l-eisÉ ,rrna curiosâ
aberrâçãodá
nossâépoca
quejustamente âs pessoâs meis
insensíveis
às
Ieis
natu-iais
seja.
âsque
se ProcláÍnam mais"superiores"
ãtoda
Lei
reveládá,
quando na verdade sào ás que mais necess itaÍn de1a.***
Àssin,
se
quemestá
mrmareLigião já está
naTrâdição,
quegtdentro
dessaTrádiçào,
encontre umcarninÁo
espiritual --
umesolerismo
-- está
rrmâisdentro", e
quen chesueà s,pre.a
realização-está
"nocentro"
dessa Tradição,o
qual coincide
entãocom
ocentro
da Tradiçãouniversal
e
primordial.
chegar
ao ésot..i"ro
semum
exoterismoé
tãoimpossíiet
quantochegar
aocentro
de u'
pais
semo"."tr.. ,.
suasIronteiras
e Percorrer
seuterri
acaso
a felicidade
decontâctar
um mestreespirirual
autênLico,
a
primeirâ
coisa
quepsLe
vai
fazer
é
mándá-
Io
sprender.e.práticár
o
exoterismo:- E
um
prrncrpro
geráI
do sufismo queum
firme eftbasamento no exoterismoé
inaispensávef"o.o
pi"_
parâçao no.caminho
esotérico; e,
narariqatr
Oarqá_vr... r
rodosos
noviços eram obrigadosa
decorar
o Guia dos Eleoentos Essenciáis doConhecirento
Reli_gioso
(nr -
famoso carecisnoislâmico
". "".;."t,-;"
Tbn.rAshir,
como meio deassegurar
qr" p""..í;;
-;
Ínrnrmo necessario
de
instruçàoretigiosa',.(
t)que essa
coincidência
só
existe
nanais
empârte
a lguma.rmagrnaçao, ê
2
Os Perigos da
Trivial
idadeA
única
maneira de reencontrar Deusé
recuperaro
sensodo
sagrado, queé
.
"."""
do
maravilhoso,q"e é
o
senso de eternidadee
imutabilidade .acirnâ dêtoda moviÍnentação mental
e
cósmicâ.os ritos
e
a
arte
sâcra roÍnpema
trivialidade,
mas não paraabrir
parao
âbismo do nada,e
sim paraintroduzir,
nosintervalos
defluxo
cósnico,
pontoscintilantes
que recordâma inutabilidade
do
suprâ-cósmico.
Esses pontos são como osrubis
de unreló-gio,
quearticulâm
o lnovimento sempsrticipar
dele.3
Tradição e Tradiçães
Existe
uma
Tradição
Prinordial, universal
eeterna,
quee o
depositoda
sabedoria
revelada.Existe
ê
manifestação hunanae terrestre
dessaTrâ-dição, e
portanto
uma organizaçãotradicional
que
arepresenta.
Bxiste um
centro
geográfico queé
a
1o-calização dessa organização em algum ponto da Terra, egl cada
ciclo
temporal.Tudo
isso
é
inquestionáver.Xâs:
as tradições
emparticular,
historicarnenteexistentes,
não provêmdesse
ponto dâTerra,
e
simdiretamente
de Deus, queé
a Origern delase
da Tra-diçãoPrinordial
igualmente. À1iásas
tradições
nãosão
outra
coisa
senãoa
mesma Tradiçãoprimordial
ressurgida
em novas
formas,
porémem câdâ
câsoigualmente
--
e
novâmente--
íntegra
e originária.
Considerada isoladamente das suas formas
históricas,
que
sãoas
tradições,
a TradiçãoPrimordial
não senatrifesta
historicanente,
pela
simples razãode
queela
não é una(
Láis
uma)tradição,
que apenâsesti-vesse acime das
demais
tradições, e
simé o
Loldedas
tradições, o padrão
da suatradicionâlidade,
eelas,
êocontrário,
são as suas manifestaçõeshistó-ricas,
forjadas
segundo €sse molde.. A.
indiÍerença e
a Lrivialidade
__ que dàoa
rô_nrca
do "sentimenrodo
mundo,' nasocieiade
moderna--
levarna
só poder conceber Deus coÍroo
,,totalmenteourror' (o
sanz andere de Rudolfott"l. p.i", iis"ài_
vido
Lodo senso do sagrádo,e
ausente Loda marca desácrâtidade na
vida
coLidiana,
Deus só podêser
imâ_grnado
tancra
comoo
áusentejo
esLranho, e,n úLrima ins_o esquisiro
e
o
absurdo. Esraá
a origem
doápelo
sedutor que asseitas
monsrruosâs exercem so_bre
a
a-lma cansadae
gastâ
dos"os"o"
.ont".porã_
neos.
.Na medida em quese
opõeà
rriviat
idadee
àopressrvrdáde plana
e
rasâda
indiFerença,
introdu_-zindo
nela
umcorte
que abre pâra umaverricálidade
':bissáI".o
hpdiondo_pode pássarpor
umaiEágo
Dei.§o
-
que orlvlamenree
uma iúagemconsrituída
depri_
vaçaoe
carência--
privaçào desenrido,
."rên";à
a.reál
rdáde e
podercriador
--
ê
porLanro uÍna imageminvertlda,
Iireralnenre,,satânicai'. nfa
tira
aatiil
vialidáde
parátevar
áo nada, queé.,"i".;;r;;;_
têl
das Ilusoes.
O nádâp o
absolutosó rên
umâ coi_sa
eú conum:é
que
sào iguatmentei";,"gi";rã;".-l
lmaginaçáo
e
o
rrlugárgeométrico',
aa
cãincidênciaêntre o
nadae
o Absoluro,o
queé o
Ínesmo qupdizer
12
platônicos
pode dargularidadei'não
secoota
desta questão.À
"trian-manifesrâ senão aLrâvés de
rriân-O
rêcurso às"idéias",
,,formas,, ou"arquét ipos" 4
Àntirradição e
paródiâQuando
se
fala
de "organizaçõesanritradicio-nais",
é
preciso
resguardar-se de imaginarque
elasconbatam
a
Tradição. Elas não combatem:elas
copiam.Não
produzem umarefutaçào.
produzem um,imuLairo
eQuanto aos representantes da
Trâdição,
asorga-nizacões antitradicionais
sóos
combatern na medidaen que e1ês âmeaçam denunciar
o
simulacroe
frustar
a
paróaia,
mas
não na medida emque
se limitem
a expordados
de
conhecimêntotradicionais, de
queaIiás elas
n€cessitam para comeles
co.por'seu
sim.-Iacro,
motivopelo qual
seu combarÊa
tais
represen-tantes
é
dúbioe
entrecorrado decortesias
e
adula-ções.
Paraisto,
freqentênente essas organizaçõese
seus comandados5e
prestámá
seÍviços
mênores emrávor
daTradiçào,
e
inctusive à
divulgáção depar-celãs
reêis
de
conhecimenrosrradicionais,
de
cujoprestígio e
fraseologia
procuram assim seap.op.iai.
Ao
copiar,
a anticradição
nãodesfigura
a
Tra-dição
enquantoral --
queé
imutávete inatingível
sob todos os
aspectos
aparência peranteum
grupo humano deterninado,o
quat
fica
enrãoim-possibilitâdo
de
chegarà
rradição
verdadeira
en-quaoto
nãose
livrar
das malhas sedurorase
gruden-tas
de umsinulacro
quê podeser
inrpirámenLevero"-sirnil.
mesmo parapessoas
inÍormádas.(o
queaIiás
sisnifica
que ninguém selivra
dossimuraáros
porsuas próprias
forças
e
sena
ajuda dâtraaição
nàs-na,
assim como sedistingue o
ourofatso
rão-sonentepela
comparação como
verdãdeiro. )_
A verossimilhançados
simulacros aumenta,po-remj nâ proporça
que,
aprox imando-se oLermino do presenLe
ci(
1o.
áTradi\ào
dáa
púbticoparcelas cada vez Ínaiores do seu resouro de
conheci-mentos. Estes
tanto
podemservir
de flárcosindicati-vos para
levar
as pêssoâs àrradição,
quánto de,,mâ-téria
prima" pará novasfalsiri(aaõês
e
eneodos. Umagulos concretos
e
particulares;
maso conceito
(ou oesqueÍa
mental) detriângulo,
que nãoé
emsi
mesmo nenrriângularidade
nemtriânguIo,
represênta,
námente, a triangularidade.
Todosos
triângulos
que ohomêm
faz
sãoforjados
no molde do conceitode
rri-ângulo,
sem que se possadizer
queele
os produza,ou que provenham
dele.
Poresta
analogia,
o
homemLem no seu
intelecLo o
arquétipo dá Lriangularidáde.oa sua mente
o conceiro
derriânguIo,
ná suamào
ahabilidade de
desenhartriângulos; e
o intelecto
representa
aqui
o Logosdivino,
a mente,a
Tradiçãoprinordiã1
e a
mão,as
rradições emparricular.
Se
a Tradiçãoprimordial
se manifestasseexte-riormente,
eIa
sópoderia
Íazê-lo
sob
á forma
de,'mais
uma'rrradição,
âssim como sóé
possíve1dese_
nhar "um"
triângulo
e
não"o" triânsul;
emsi
mesmo,embora "cadar'
triánguto
sejá
novamenLe,e a
seumo-do, ',o"
triângulo.
EIa nuncapoderia
manitesLar-sesob
a
forma de uma r'supra-rradição', uoíversa1, por_que
o
universo emsi
nesmo não tem forma,exceto
asformas,
particuLares
queo
representamr porque toda Íormae
particular por
definiçào.
A
"rnani fesracão,lda
rradiçào
PrimordiaL, com umá forma própria
e-
in-dependente
das
demais,é
urn contra-senso
puro
esimptes,
quevai
contra
rodâs as condições deespa-ço,
rêmpoe
numeroque
definemo
,,nosso mundorr, eporEanLo essá
rnaniÍestação
nàoocorr"rá anres
dotáruino
deste mundo.o
quat
por
suá vêzdeverá
serprecedido justamenre
pela
"Crândeparódiai'de
Tradi-ção prinordial,
q.e
seráo
Reino doAnticristo.
portanto,
a única
,,fornâ,, soba qual
é
possívelenconrrár
â
rrsdição
PrimordiaLé a
forma dasrradi-ções
historicanente
existentes.
Quemquer
que seapresente como porta-voz
da
Tradiçãoprinordial
semser
por
intermédiodessas tradiçàes,
já
está
ence-nandoa
parodiá.sinples
migalha de conhecimentostradicionais,
ari-rada ao
solo,
borbulhante deferrilidade, da
confu-são
contemporânea,dá
paraproduzir
uma variedadeimensa de pseudo-ensinamêntos
e
pseudo-esco1as, querebaixam
esses conhecimentos en qualidade (engros-sândo-ose
Iiteralizando
naterielisricamente
o
seusentido
ao nesmo tempoem
que procurander
ares decoisá
sublimee
esotérica
a
baflalidadese
conrra-sensos) €
osnultiplicám
en quentidade dereprodu-ções,
vêndendo, aoscuriosos,
"conhecimentosse-cretosrr
que eles
poderiamadquirir
petá
sinplesleiturâ
dêlivros
de domínio púb1ico.Por
exemplo, dezenâsde
organizações que hoje se dizem provenientes de umnisterioso
"centrorr
ini-ciático dâ
Ásia Central
não são mais do queÍindus-trializaçõesri
de dadosextraídos
derrês livros
tra-dicionais:
Xission
de lrInde
(1910),
de
Sâinr-yvesdrAlveydre;
Bêstas,
Eorênse
Deuses(1924),
de Fer-dinand Ossendowski,e
sobretudoLe Roi du
Honde(1927,,
de René cuénon.Isto
não impede que em determinados casossucê-da
o
coltrário, isto é,
que tendo dererminadâs pes-soas pas9adopor
organizaçõestradicionâis e
retira-do
delâs áIguns fragÍnentos"comercializáveis,,,
tais
organizações decidam
publicar
a
explicação
integrat
que
permitareincorporar
essas
parcelss num quadrocoerente,
de modoa
evitar
novas confusões. Mastais
explicações,
por
suavez,
pôem encirculação
novosdados,
que
seprestarão
a
novas
falsificações,
eassim
por
diante,
o
quetorna
cada vez maisdificil,
parâ quen não
está
escorado denrro deuna
religião
ortodo).a e
tradicional, distinguir
os
caninhosfa1-sos
e
os verdadeiros.II
A
tradição,
asciências tradicionais
e
o islar*
l
Tradição e
Àntitradição
A abordagem do conceito
--
e
dârealidade
--
dâTradição
pode começarpela
tomada de consciência domistério
da
intetigência
humana. Nossa humanidadeatual
está tão
derrotadae deprimida,
rão decaídr eeimbotaaa, que a naravi Ihâ desse
mistério
Bera menteÀ
inteligência
é ao
mesmo tempomistério
dasubjetividade
e
certeza de um conhecimentoobjetivo.
Ela
escâpáà
contradiçãoentre
o
I'eu. e
o
ihundori,ela
nãoestá
propriamente"dentro"
nem propriamente"fora"
denós;
se seulugar
de apariçãoé
a
.ente
subjetiva,
por
outro
lado
seualcance,
enquanto sedede
un
conhecimentoobjetivo,
vai muito
além
doslimites
do rimentalrr;por
e)(emplo, podêÍnos conceberpela inteligência
o infinito,
que não podêÍnos"re-presentarii
mertâImente de nâneira âIgumã.A
inteli-gência rraparece"
na
âImâ, masnão
"está"
na
aLma;ela "vê"
o mundoe
portanto não"está"
no mundo. Eladá fornra,
sentido e
unidade às nossas percepções domundo
objetivo e subjetivo,
e
assi,
é
transcendente*
Resumos detrês
tora Àstrocientiâ,
setembro
de
1985. vô1wimêntosoreis
conferências pron'Jnc iadas
na
Edi-do Rio de
Jâneiro,
em5,
6
e
1
deÀ exposição abranseu muitos
desen-que não são reproduzidos aqui.
Â
inte l igência não
sedâs funçõe
s íntelectivas
--ident i f
i.ã .ôh
nenh,,má rmâglnaçao Iraciocínio,
sensibilidâde,
etc. --
que a expressam; e1aé a
vida ê o
sentido dessasdes,
mas não se confunde com elas.Por causa
do
caráter
transcendentedâ
inteli-gência,
o
hômem sente-sesó
no"niverso,
oão tendocom quêm compárar-se ou
dialogar.
O tcnàmeno recpnrpda chamadã 'rplanetarização da
cutturâ" fez
con quê aconsciência desse
caráter
transcendênte. únicoe
so-litário
dâ nos'a espécie tendessêa êmêrCir,
lor(as-se
a
passâgemexigindo
um reconhecimentoclaro.
Nofundo, rodo o
interesse aruêi
pêlos
rpnómpnos dapsiq"e é
"ma busca da
inteligência;
apenasâ
humani-dade
atuál
não
conseguiuainda
acertar
o alvo,
êainda confunde
a intelisência
comas
funções
lnte-lectivas.
Poucas pessoas têma
condição parâo
plenoreconhecimento da
inteligênciâ e
paraa
plenareali-zação
das
consequônciasque esse
reconhecirnentoinplica.
i'ías estas poucas pessoas "representamr', porassim
dizer
a humaoidade,e
see1âs
assumirem ainteligência
isto
bastãrá
parâ que a
humanidadereencontre, mais
dia,
menosdiá,
seu caminho.Trânscendendo
a
todosos
fenômenos do universo,a inteligência
nãoten
"causa" nêm "orisem" em parre alguÍnã.EIâ
parecesurgir
deforâ,
de cimâ,desde
o oceanoinfinito
daPossibilidade,
que envolvêo
mun-do como
o
oceanoenvolve
oscontinêntês.
Como oespaço e
o
tempo são apenas formas assumidas pelainteligôncia,
é
inútir
procurar paÍaa
intêtigênciâ
uma
origem no êspaço ou no tempo.Elâ
tem origem nâPossibiLidade. no
TnliniLo.
q,,eé
sempre presentê emtodâ
parte,
inaltÊráveI e
inesgotáve1. À orisem dainteligência
é agora.O
Íevigoranentoperióaico
docontato
entre
ainteligência
e
o
infinito,
queé
a
s"a
origen,
deno-mina-se
revelação,
quandodesse
contãto
surgen umrito
e
uma norna destinadâa
possibilitar esse
con-tato
para ungrânde
número de pessoas; denonina-seintuição
íntelectuâl
quando ocorre paraun
indivi-duo em
parti(ular.
A revelação fornêce os meios paraque
os
indivíauos
atinjam,
quandoqualificados
parâisso, a intuição intelectual
Paraos
quenao
temes.a
quaIitj,a,.áo.
êlâ fornô.ê
o
ên'iná-mento para que se aproxrmem
o
guanto
possíveI
desselimitêl
me5no que"ssá aproximaçio
"ia
apera'
'Lm-bóli(â. e ind;rêra,
arravÉs
da parL;'ipa\ào
daspês5oas
na
conunidadercli8io'â. Plá
servê pararlar
à'
suasvida'
o carátêr
derrancl
r,io'z
árraves doqual
o
sentido
daexistência
se .orna
suficiênte-menie pró"imo mesmo dos atos
mais
simPtesda
vidacotidiana,
como seobserva
em qualquêrcivilizaçao
tradicional.
Não
há nemreligião
nem esoterismo de espéciealguma sêm uma revelação.
A
revelaçãoorigina
ao mesmo tenPoas
Eecnlcasp
discipl
inas que ronduz.nà
int
riçào.t"is
q,rà conduze,à
viv,n.iaçào
'imbóti'á ê
indiretd
dô
"enlido.
A eqrâc dudsin.Lán ias
dá seo
nome dpesoter ismo
e
exoterismo, respectivamente.A
possibitidade
pernânente deefêtivar
umades-sas
duasfornâs
devida
espiritual
denomina-seTra-dição.
Toda
tradição
remontaa
uma revelação.A revelação pode
vir
soba
forma de uma pessoaou
Mensageiro, comoCristo
ou
Buda, ou soba
formade um
texto,
como Os Vedâs, a Torah ou oCorão-Cada
Íradição
é ,-r. corpointesral
e integro
deritos
e
normas,Àue
resiaem nos "pontosde
junção"entre
a
inteligência
e
o infinito.
Esse corPo naopode
ser
desmenúrado- Cáda Tradiçãoó
umtodo
con-pleto e
auto-suficiente.
Pode-se
compaÍa-las, mas nãofundí-ras.
Tambén não se Pode separar esoterismo
e
exote_rismo,
porqueeles
sàoa vida
e
o
(orpo.
resPecriva-rêntê-
de uma Tradicão.éaaa
rraoi,.ào
É con'tit,íaa
derrês
elernentos inpre sc ind íve is :a)
UmâDoutrina
sobrêo
infinito,
sobreo
quec)
Um corpode
SíDbolos(por
exempto,nâ
árLesácra)
quê ájudámá
menrea
chegârà
incelecção dasverdades veículadas
pela
Doutrinae
corporiiicadas
pelos
ritos.
Às chanadasciências
tradiciooais,
comoa alquimia,
a
asrrologia,
ben como asartes
sacras,--
árquireturá, pinrurá,
erc. --
farempa.te
ao.or:
po de
s;mbolos
de umarradiçào.
Aastrotogiâ,
Lat comoa
conhecemoshoje,
tem origem na Tradição hetê_nica
--
alexandrina--,
mâs seusinbolismo,
por
suauniversalidade,
foi
bêÍn
assinilaao. pero àsàterismocristão
e
muçuLmano, de nodo que seu àstuaoé
u.
Uo.rn.trumento
auxiliar pára
quemdeseje
penerrár noun Lve
rso
dessas tradrçoes.b)
Um corpo deBitos
que ajudamo
homema
in-corPorâr
a
verdâde dadoutrina
na sua formâ de exis_tência, de modo â
harmonizar o
conhecioento e2
As
ciôncias tradicionais
ê
a astrologia
espirituâl
Muitás
dasciências tradicionais
--
comoa
a"-trologia
particularmente
-- só
chegaramaté
nós
emuma
fôrnâ
fragmentária.
Apesar da inconrestáve1va-lidade
destâciência,
as
lacunas noedificio que
aconpõe abrern nargen
a
incongruênciase
contradíções,e,
assim, flenhuma dastentativas atuais
de
formularuina
teoria âstrolósica
de Daniel Verney,Raymond
Abellio. Arnold
Keyserlingê
tanros
ourros--é
isenta
dedefeitos
quea
ror.nam inaceitáve1desde uÍn ponto de
vista
lógico.
No rnÍnimo, rodas dãouma
impressão gerâ1de
incomplecudee
deformidade, queé
incompátive1 com unaciência
toda
constiruida
de
haÍmonia,e
naquâl
PIâtão
ênxergavao retráto
mesmo da
inteligência divina
estanpado oos cé"s.A razão
dêssáincompletude,
no
entanto,
nàoreside
nafalta
de informações,
pois
os
elemenrosque nos chegaram da
âstrologia
he1ônica,babilônica,
chinesa
ê
inclusive eeípcia,
são mais do quesufici-entes
Para Podernosreconstituir
na sua quasetota-lidáde
o
corpo dessaciência
tal
comoera
conhecidâe praticada
naantiguidade. E,
ademais,
nem cabefslar
dereconstituição, pois
este
termo só seapli-ca
a ciâncias
extintas, ou
em desuso durante muito têmpo,o
quê nãoé
o
caso daastrologia,
ao menos noOriente,
pois
êla
continuâa
ser praticada
ininter-ruptamente
na
Índia
e
nos pâÍsesislâmicos,
emrnor-dês
rigorosãmentetradicionâis
em ambos os casos, eao mÊnos no
que diz
respeito
à
astrologia
hindu
ostextos,
trâduzidos em
ingfês, são
abundantes no Oc idente.O que nos
falta
naastrolosia
nãoé
informação,é
uma compreensão verdadeirâ dointuito
e
do
lugardessa
ciência.
sabemosmuito
sobrêâ
suáconsistên-cia interna,
mês ignoramoso
seu
contorno,o
seulugar
no sistema dasciências
espirituais
tradicio-Àpenasé preciso
advertir
queexiste
também umapseudo-cradi(ào.
ou,ária,
pspudo-rrádiçàÊs. podêmosrêconnêcp-tas tacr tmenLe
pelo
tá(o
dêque
dispensámtodo exotêr-ismo
e
se pretenden superioresa
todãs asreligiões,
àsquais,
noenranto!
etas imitan
e
dasquais
roubam etemenros simbóticose
rituais.
Face ãestas conrraÍa5ões, geraLmênte gro(esLas,
caracreri-zádas
pela áusen.iê LordI
de belezáe
de ;nLeliqibi_
Iidade, é
preciso
saber queo próp,;o
.en"o estãrjco
de
cada pp.,soaá
unguia
seguro pará"epárar
o joio
do
trigo.
Más, se querem reatmenteseguir
umaviã
deconhec i men
Lo espiricuãt
por
inregrar-senuma
religião
ortodoxa. Aruatmenrepode-se
seguira)
cr i st ianismo ortodoxo;b)
budismo (fujam de quem prometâ umexoterisno
bud is ta )c)
judaísmod)
Islan.
21 20
nais, e
ignoramo"
isLo petasimples
rázào dê que,nao possuindo mais
umá
Lrâdiçàoviva p
comptera, des.onhe. emos roLaimpn(ea
ex;sránLia --
quanto máisa
ronsistênria
--
desse sisremá.Se
asciências
aruais
organizam-sê segundo asconveniências
de
umatécnica
ãestinaaa ao -aomíniomâterial
do mundo (incluindo-se
nisto
as
técnicaspsicológicas
e
de dornínioporitico),
o sistema
tra-dicional
dasciências
tem no sêutopo,
e
comocrité-rio
hierárquico
únicoe
exctusivo,
o
conceirop
ámeta da
realização
espiritual. tsto
queÍ
dizer
que oque
diferencia
asciências
umas dasoutras
é.
"."t.
sistema.
a
manêiradiÍêrÊnre
de ênÍocaremo
probtemáda
realização
espiriruat,
e
queaquilo
que âs dispõehierarquicanente
á
a
suanaior
ou menor proxirniaadedessa
mêtâ.
Emoutros
termos:una
ciência
é
tida
como
superior na
medidaern
queé mais direto
o conhecimento de Deusque
ela
oferece,
e
como
infe-rior.
na mêdida êm quê esse.onhecimenro É maisin-direto,
"imbóti.o
e
alusivo.
por
êxêmplo,a
ciênciados
ritos
é
superior
a umaciência
",i".ár,
po,qu" orito,
ao menos", útri,a
insráncia,
"isa
a u"
conr,.-cimento
direto
de Deus, âo passo queo
conhecímentoda naturêza também
leva
a
Deus, maspor
inrermédiodo simbolismo,
e
de umananeira
inteiramenteteórica
e
viÍtual.
Porourro
ládo, uma
ciência
puramenteintelecEual e teórica
dâ
narureza. comoa
astrotô-gia.
é
superior
a
umaciencia p,;i;.u
"
operárivacomo
a
arquiretura
oua
arte
dâ
Suerra,
porque aprimeira está
mais próxima daatirude
de com;.e;nsãopura
e
contenpLativaj queé
mais aparentaaa ao co-nhecimento de Deus na mística.Dentro desse sisrema, a
única
prática
quêinte-re§sâ
e
ã
pratica espiritual que
conduzaao
plenoconhecimênto da
verdade e à
reatização eferiva
dodever
inerente
ao estado humânô..
O
quefaLta
para uma compreensão daastrologia
ê
portanto
um conhecimento das suas rêlaçôescom
amÍstica,
isto é,
coma
técnica
darearizaião
espiri-tuáL
Pojsa
.asLrotôgia.
quâisquer
quesejam
suas âpr Lcaçoes prát rcas no campo da pura ur i I idade máte_riát
(e
as apticações psicológicase
psicorerapóuri-cas devem
ser incluidás
nesra caLegoriâranto
quánroas
ápIicaçôes econômicas ousociais),
á
uma ciênciade
índole
teórica,
e
comorat
nãoteÍn
justificação
em
sí
mesmâ,e
sim
somente nâs âplicaçõese
exten-soes quepossá
ter
no campo dareatização
espiri-tua1.
Notê-se que, eÍn todas ascivilizações
quepos-s"íra.
umaastrolosia, ela serviu
"".p'é " """.
'ti.
em
prineiro
lugar,
como se vêatiás
pelo
alto
apreçoque
os
grandesmísticos
comoIbn ,Araby,
ptatã;,
Sohravardi e
tantos
outros
tinham
pêtaâstrotogiâ
espiritual,
parâ1e1amêntea
um
desprezo
ou
pelomenos
a
umâ _indiferênça para com as aplicaçõesdivi-nátoriás,
nedicas, etc., a
quêessa ciÂncia
davaOra,
somentepara
dar
uma idéia
tongínqua
doque
possaser
essa aplicaçãoespiritual
daastrolo-gia,
podenosreco.rer à
correspondênciatradicional
entre
planetas,
funçôescogoitivas e
ptanos de rea-lidade.Na
astrologia
rradicional, ral
cono se vê porêxenplo em
Ibn
'Araby,
nas rambén emmuitos
autorestradicionais ocidentais,
cada planêta reprêsênta um!função
cognitiva
--
em têrmosescotásticos,
uma,'fa-culdâdê
daalma" --
e
por
outro
tádo
um ptdno ounrvel
dô cosmôs..
A
cosmologia,rrêdicionát,
da quáIa
asrrotogiae
um
resunoslmbolrco,
ênxergao
cosnos como umsistema
deplanos,
ou de esferasconcêntricas,
cujacorreta
percepção (no sentido puramenre intetêcruê1,interior,
da palavrapercepção)
depênde do grau deconcentração, dê santidade
e
depenetração
intetec-tual
de cadaqual. crosso
nodo,os
três
principais
planos são os do
espírito,
da almaê
aa
corporàli-dade. O
prineiro
conténo
segundo, que conrémo
ter-ceiro.
Hánuitas divisões
internediárias.
pârat€Ia-mente,
a
alma
hunana tambérné
composta dê esferas (almaintelectiva,
alma
volirivã,
etc.),
âbarcadasÂ
cada umadessas esfeÍas,
simultanêâmênte do macrocosmoe
do
microcosmo, correspondeuma
esfeÍaou
órbita
pLaneEária.No esquema
p.ânerário,
o ásrro
máic
imporránre-- o
So1--
corresponde,no
microcosÍro hunaoo, àfâculdade de inEuiçao, ou
inteligôncia, e
ôo
nacro-cosmo
ele
representa o Logôs, ouInteligônciâ
Divi-na.
Os demaisastros
reprêsentam, no homem,fâcul-dades subsidiárias
que,
comovimos
oa conferênciaSomente Para
encerrar,
e vottando âo assunto de ontem,é
prec;so
advertir
que
osritos
exotéricossão
parte
integrante
dessêprocesso
de realizaçaoe'piritr-ral,
ao Ponto de que em grandê Pártêdos
cá_""" "r."
sãoa
base mesmasobre
a
quál
incidira
oensino da
doutrina
e até
mesno umaêventual
iniciâ-ç;..
Eles são,
portanto,
absolutamenteindispensá-ve
is,
na toraLidáde dos l.âsosNo
quediz
respeito
aoefeito
dosritos
exote-Íicos,
umefeito
queeles
podeme
devemter
é
justa-menteo
deabrir
acesso a un conhec iÍnentoesotérico'
só
quea
maiorpãrte
dosfiéjs não
se
lembra
dêpedii
exatamenteisso
a
Deus--
limitando-se
a
pedirsolução
ae
males
humanoscorri-queiros
e
deixandopara pedir
conhecimenrosesoréricos
ao
primeiropseudo-Buru
ou
pseudo-shàikhque
áPare\á.sem
que'rt." oã"... utilizar-se do
poderefetivo
do meio."g,r.t
"
normá1. estabelecidopor
Dêus'esmo. que é
â
DrÊce.E.
no entanLo,a
Promessá de DPusé clâra
e.orene:
"satei.
e
vosabrirào
a Portai pedi.
ê
vos"..á
daao." E Deusé o
Firnê,
o
Manten€dor,o
sufi-3
olslaoeoSufisúo
0
ingre sso noreligiões,
por
um s inpLes
declarâçãoates
ta
sua crença const i tuemo
lsLanl Nasinbólica
trâdicional,
asviagens
celesEes,como
a
deDantê
naDivina
Corédia, simbolizamrea-lizaçôes
espirituais,
e
a
trãvessia
decâdá
esferãplanetária
simboliza,
de
unIâdo,
a
ascensãoa
um"íve1
cósmico de mãioruniversâIidade,
e. de
outro.á
abcorçaod"
mâis umá ráculdádpcognitíva
ná
inrui-ção
ou
inteligência.
Esta âbsorçãofaz
conqu€
âfaculdâde em
questãoperca
seurãnço
subjetivo
econdicionado
e,
identificando-se
a
intelieôocia
quee tonte,
passenaneira mais
fiel e direta.
anter
ior,
dependem dainteligência
e
a ve iculan
oua
veicular
â verdade deE
evidente, pôrtanto,
qu€rô
simbolisno dêcada
esfera
planetária
só podeser
correEâmentecon-preendido
dêntro
doprocesso
de real izâçãoespiri-tual
de cadaquãt, e
ná medida dessarealização.
Emoutros
terrnos: so compreendonos ou âbarcamôs ãquêlasesferas que
já
tcnhamos atravessado, ao menosvir-tualmente,
o
que depeLrde dâ nossapossibilidâde
--ou vocação
--
de reatizaçãoespirítuaI.
o
esEudo daastrologiâ,
que ênsi
mesmoé
muitoútiI
para essafinalidâdê,
ficâ
portanto
truncâdo êinsat
isfatório
ênquantoeIa
não for
cumprida, aonenos em
certa nedida
mínima. Nestesentido,
a
as-trologia é
propriânênte umaciência
dita
esotárica,
na medida em que
implica
umarealização
espirituãI.
</J\O::-:
ÀÉ
í-lj\j)\<J\ )
1â iláha íla
Arláh,
líohámedzer,
"não há deus exceto Deus, geiro
de Deus".Islam não
se
faz,
comoem
outrâsrito de
agregação,mas
Por uÍnaoúUti.a,
nuqual o
novo nuçulmanonos
dois
princípios
de base querassúl uttárr,
querai-
Es
ta
dupla
fórnuIatodo
o
Tslarn
e
todo
onovo
muçulmano anuncia,gião,
queé
a
conquistadenominado
a
Ident idadêA prime
ira
parte
dafundamental da Unidade Exis tênc
ia.
Tal
doutrinaguinte
maneira:contém,
de
modo resumído,Sufisno.
O
primeiro
ato
doassim
o
coroanento dareli-do
estado
final do
Sufi,
Suprema.
fórnula
expressaa
Doutrina deDeus e
da
Unicidâde da podeser
resunidáda
se-"Ser"
e
"unidade" são sinônimos.Ser, é
ser
um. Todoser,
perdida a unidáde, nàoexiste
mâisenquan-to tal.
Portanto,
a
unidadeé
o princípio
mesno da coesão dosseres,
o princÍpio
que sustenta suaiden-tidade diferenciada
e
suaexistência.
Ora, pelo fato
mesmo de que
a
idêntidade dos seresé
diferenciada,isto é,
de quea
identidadê de cadaqual
sóé
aquiloque
é
na medida em queela
sediferencia
dos outros,pode-se
concluir
quea
unidáde dos enres nàoé
umaunidade
absoluta,
porémrelativâ.
Unâ unidadeabso-luta excluiria
quâlqueralteridade
e
qualquer
dife-renciação. PoÍtanto,
os
seres
sóexisten
na nedidaem que
têÍí
unidade, mas, comoesrá
uniaadeé
precá-ria
e
relaiiva,
tambémo
é
a
suaprópria
existência.
É forçoso admitir,
paracina
de todasas
unidadesrelarivas,
uma unidadêindivisá,
áo mesmo temposim-ples
e-abrângentê, daqual
todas as únidadêsrelâti-vas sao
apenasprojeçoes
ou imagensparciais;
do mesmo modo, acimade
todás asexistências
particu-Iares está
a
Existência
enquanto
taI.
À unlaaaeenquanto
ral.
rranscendentee
imanente,
oriaen,sustentáculo
e
metade
todâs as unidêdesparciais,
denomina-se Deus,
Al-Lâh. À
manifestação
desse Deus em todasas
forrâs
de unidadesparciais e
rela-t
ivas
denomina-se Existência.
À primeira parte da
fórnu1aé
porranro uma afirmação ae ordemmetafísica,
queâtesta
á
Unidad€do
PrincÍpio
e a
Unicidade da Existência.E certo
que,
al,em desse sentidoÍnais
univer-sal,
eIa
podeEer
defato
uma
série indefinida
deoutros
níveis
designificado,
maisparticularizados,
que
constituemoutras tantas
aplicações desseprin-r
íoio
a
domínios menores da realidádê.A sesundá
parte
dá lórmula--
ltohâmed
râs§úlUlláh
--
torna-se
maisclara
quando,pela
elimolo-gia,
se sabe queo
nomeüohamed é
umdeÍivado
doverbo
trâmada,que significa "louvar",
"prezar",
"e Logiar",
"reconhecer ummérito".
Mohâmmed pode
ser
traduzido
sumariânentê como"digno
deIouvor",
"meritório".
Poroutro
1ado, esse nomeé
ta.uém umcertô
arranjo fêito
comleLrâs que compõem
a
palâvraÀdaú,
"Adào".De
modoque
MohaÍnnedé
o
proprio
Homem.o
HoÍnem consideradona sua
universafidadê,
comoarquétipo
e modelo .detodos os
indivíduos
q"e
co.pôema
nossa especrePortãnto, o
Homem, considerado na sua universalidade-- nào
enquanroindivíduo
separado,
qu"é
rraco,dÊricienre
à erradjo
--,
é
um.nte
deeIêvado
méri-to,
ê este
grandemérito
da espécie hunana em facede
todas as
outras
espócies animais,
vegetais
eminerais,
e
emface
de todoo
Cosnos com todaa
sua im€nsâ variedadê de modalidadese
planos deexistên-cia, é
un "mensageiro" de Deus, um"sinal
da Unici-dadedá
existênciá
encravado,
comoum
pinoou
umeixo,
no meio da Roda cósmicao
Homemé
o
proróripo
e padrão
daunidáde
dopróprio
Cosmos,e,
para asoutras
espécies de serês, e1e representaa figura
mesma de Deus sobrea
Terra.Por isto
diz-se
nols1am
queo
Itomemé
o
"vice-re-sente[
(khalifat)
de Deusoa
Terra,
encarregado dêzelar
perâ ordem cósmicae
pelo
bem-estar de todoso
homemrealiza
isso
pelo
exercício
dastrês
faculdades que
êle
tem en comum como
Próprio
Deus:intel
igência,
vontadêe
linguageín.Sua
inteligência
podeaIçar-se
âcimada
condi-ção
biológica
e subjêtiva,
alcançandoa
objetivida-de