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Fronteiras da Tradição - Olavo de Carvalho_0002

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(1)

IRÍllITEIRAS

IIA

TRADICAÍ|

(2)

FRONTEIRAS

DATRADIÇÃO

OLAVO DE CARVALHO

coleção elxo

(3)

Crpo:

Carlos Roberto

Zibel

Costa

Revisão: Rogério Carlos castaldo de

Oliveira

Conposição:

Cilberto

Francisco de Liúa

Arte

Final:

Dorâ

Pratt e

Bduardo coúes

Índice

Prefác

io

l.

Fronteirâs

da Tradição

2.

A

tradição,

as

ciências

tradicionais

3-

seitas

e

teligiães

4-

o

valor

do

iotelecto

5.

À decadêocúe

o

fiú,

segundo âs doutritras

hindus

ó-

coÊsiderações

7.

xoralidade ser

Deus? I{ota§ I

l!

Edição r986 1 9 t7

3l

43

CopyriAht

by

Olavo d€ Carvalho Coleção Bixo

Org- Tom Cenz

llova

Stella

Editorial

Ltda.

Av.

Pêülista,2448

são

Paulo SP

Ol3lO

TeI:881-5771

49 55

71

(4)

PRAÊÁCrO

Com exceção

do ârtigo

rrMoralidsde sem Deus?rr,

publicado no

Jortral

da Târde, em 27 de

fevereiro

de

1982,

os

trebâlhos

reunidos neste volume foram todos

escritos

em 1985,

e

tôm todos â mesma

finêIidade

que

ele:

ajudar

o

leitor a disringuir

entre

os

ensina-mentos

tradicionais

t

isto é,

provenientes

dâs

Sran-des religiões

reveladas

e

ortodoxas)

e

as suas

fa1-s i ficaçõe

s

contêmporâneas.

o título

explica-se

assim

pelo

nosso

intuito

de

demarcar, de estabelecer

um

muro

divisório entre

o que

é a Tradição, e o

q"e

é,

de

outro lado, o

caos e

as

"trevas exteriores".

De

modo

geral,

essa distinção é

simples.

Todos

os estudiosos de

religiôes

comparâdâs do mundo, com

quase

oenhuma exceção,

utilizam

o

termo "Tradição" como sinôniÍno de sâEâthana Dhâma, de

Lei

Pereúis'

de Sophia Perennis, de

Al-Eiknât

el-illahiys --

Para

designar

o

número

de

princípios mecaÍÍsicos

que é

comuú

a

todas

as

grándes

religiões

do

mundo, bem

como

a

transmissão

ininterrupta

desses princÍpios

por meio dos

ritos,

normas,

leis

e

hierarquias,

ten-porais

e espirituâis,

dessas

nesmas

religiões.

Do ponto de

vista prático,

o

crirério

de reconhecimento

á

igualmente simples: considera-se

"tradicional",

em principio

e

como

regra

gerâI,

toda

doutrinâ

ou

prática

que

seja

ãceita

como ortodoxe

e

revelada por

quâ1quer dessas

religiões

-- e,

inversanente, consi-dêra-se

"não-tÍadiciona1",

ou,

em

certos

casos

ex-tremos,

"antitradicional",

a

qualquer ensinanento ou

prãtica

q"e

não

seja

ortodoxa

por

nenhuma delas.

Como

corolário

dessa

definiçào,

Podemos

conPre-endêr

que.

de um

ládo,

a mistura ou tusão de

(5)

pretensões

'runiversalistasi'

não

é

ortodoxo

para nenhuma

delâs,

ê

portanto

só pode

ser

dito

"tradi-cionâl"

no mpsno sentido em que umâ

(aÍicarurá.

párá

sêr câricatura,

deve

ter

alguma longínqua sêmelhança

com

a reãlidade. o

respeito à forna

exterior

e

à

integridade

de cada

ortodoxia

é

uma exigência sine

qua

non

da

verdâdeira

universalidadê

tradicionâ1.

Por

outro lado, a

"prova

dos

noverr

de

quâlquer

princípio

universal

e

autênticamente

tradicional

á

justanente

a

sua

possibilidade

de

ser

transposto nos

termos,

moldes, parâmetros

e

símbolos de todas

e

de

cada uma das grandes

religiões,

sen

ferir a

ortodo-xia

de nenhuúa

e ner Duito

nenos

as

leis

da

lógica.

E

esta

êxigência

---

que

constitui a

pedra-de-toque

para distinguir

o

joio do trigo --

é

tão

difícil

e

rara

de

atender,

que

se

identifica

mesmo

àquilo

que

na

tradição

cristã

se denomina

o

"dom das 1ínguas", ou

a

capacidade dê

falâr

a

cada um segundo

a

lingua-gen

que

the é

própria,

o

que evidentenente

está

nos

aütÍpodas de uÍn

sarapatel

"universalista"

e

demagó-Sico ao gosto dos psêudo gurus en geraL

O

terno,

portanto,

evidenteínentê

não

designa,

nen

pode

designar,

nenhuma organização, sociedádê

secretaJ

escola

iniciática

ou

seita em pãrticular,

mas,

justamente

ao

contrário,

aquilo

que

é

o mais

i1iÍnitado e

universaL que se possa conceber.

De

quâlquer modo, se

á

distinçào

em

si

mesma é

ráciI

de

estabelecer,

muitas pessoas

parpceú

encon-trár

dificuldade

em

aplicá-la

aos muitos casos

con-cretos

e

parciculares

que

vão surgindo,

neste

cada

vez

ÍÍãis colorido

supermercado da

pseudo-espiritua-lidade

contenporânea, motivo

pelo qual

podem

cair

em

erros trágicos,

mesmo estando informadas do que seja

e do que não

seja,

en

princípio,

Tradição.

São

PauIo,

fevereiro

de

1986

8

I

Quer rrêstá" tra Tradição

Para que não sê confunda

a

Tradigão com qualquer

tipo

de I'organização",

'rescolarr,

"corrente

de

opi-nião"

ou

coisa

assim, nen,

poÍ

outro

lado,

se

inagi-ne

que

ela

sejâ

apenas um vago

"espíritou

ou

"esti-Io",

é

preciso

fazer

desde Iogo algumas observações:

A

Lei

exotérica é

o

"fimite exteriorl

da

Tradi-ção.

Quem

ten

unâ

retigião

e

reconhece

os

seus

man-àamentos, cumprindo-os

seja

ao

nível

do "mínirno

Ie-gaIÍ,

seja

acima, conforme suas eapacidades,

es-tá na

Tradição.

Quen não tem uma

religião,

quem não

está

submetido

voluntariamente

a uma

Lei

revelada,

não

está

em Tradição nenhuma, ainda que álegue

Per-teocer

a

tal

ou

qual

"organizaçãorr

e

ainda

que tal

organização

se al irme

até

mesmo, com denÊnc

iâl

Pre-tensào,

"o

Dirptório

Central

do Cosmos".

PoÍ

outro

rado, é

necessário

distioguir

entre

o

conceito

amplo de rrTradição" e

o

conceito

mais

res-rrito

de

"viá espirituat".

Assir

como

u,

país

nào se

esgota na

linha.dâs

suas

fronteiras

exteriores,

mâs tem uÍn

território interior,

por

sua vez

dividido

por

fronteiras

inteÍras

êm

regiões, províncias,

cida-I

Eronteirâs

da

tradição*

*Tóp ic os

de

uma

conferância

pronunciada

2 de

de

1985 na

Editora

AstrocieÍtia,

do

Rio

de

9 Olâvo de Carvalho

(6)

des,

etc.

,

igualmênte

a

Tradição,

dentro dâs suas

fronteiras,

tem

muitos

territórios distintos,

corn

fÍonteiras

ora

mais,

ora nenos clarámente

delimita-das

--

conforme

a

Tradição de que se

trâte --,

e

que

vão

desde

as

regiôes

áui" .*terior"s até

as mais

interiores.

A

região

nais

exterior

é

o

cumprinento

puro

e sinplês

àa

n".*u social

ditada

pela

Lei

(o

quê

inclui

a

execução

pelo

menos dos gestos

exterio-res

que compõem

os

ritos

obrigátórios);

a

náis

inte-rior

é

a

realização

--

teórica e efetiva

-- do

sen-tido

último

e

universal

dessá

Lei.

a

qual

patenrPia, átravés

do

homem

que

aringe

essá realização,

sua

identidade

com

a

constituição

mesrna do

real

e

com a

Normâ que

estatui

e

rege

o

Cosnos. (Claro

que

pes-soas que não

atingiran

a

pleoa realização

esPirituáI

podem

-- e

devem

-- possuir

algun

vislumbre

dessa

identidâde entie

a

Lei revelada

e

a

estruturã

do

real,

e

também

é

claro

que

a

ausência

de

quâlquer

Pre§sentinento

nessê

sentido seriá una

marca de

profunda

irreligiosidade;

nas,

ântes

de

Percorrer

uma

viâ

espiriLual,

ninguéÍn Eem essá consciencia

exceto em modo

irteórico'' e

"virtual".)

Para

o

honem

primitivo,

que desconhecia

as

limi-ráções que

o

processo

individuaç;o

veio

a

imPor

sobre

á inteligência

hunana nás geráções

subsequPn-tes, não

havia necessidade de uma

Lei revelada

e

escrita,

Porque

eles

tinham

a

compreensão iÍnediata e

intuitiva

da

Lei nstural,

que

é por

si

rnesma

a

pri-neira

das

revelações, e

da

quál

as

Leis

r€veladas

posteriores

nào

são, po.

assi. aizer.

senão

versões

simplificadas.

o

"limite êxterior"

da Tradição

coin-cidia

então con

os

limites

dâ natuÍeza, ou

dito

de

ourro

modo, com

os

limites

intrínsecos

da

possibili-dade huíâna em

geral.

À progressiva degradação da

intetigância

humana,

criando

hiatos

e

dissonâncias

enrre

a mente

subjeti-va

e

a verdade

objêtiva,

criou

a

necessidãde de com-Pensaçôes

períodicas,

constituídas

pelas

sucessivâs

Leis

reveladâs.

Estes

fixavam limites

exteriores,

mais

restritos

que os da simples

lei oâtural, e

por

isto

nesmo

nais

fáceis

de

apreender

e

cumprir.

O

cumprimento

destâs

leis

favorecia

o

homem de duâs

.r.i;.r" ,

pr ime i

ro.

que e

tas

cons r i tu íâD

um

resumo '

e

por

isto

símbolo,

dss

Leis

nâturáis,

e assim sua

obediéncie

e

estudo

podia

restaurarr

ao Longo do teÍnpo,

a

intuição

originária

dâs

leis

natu-rai;

(que

por

suâ

vez,

sendo um simbolo das

qualida-des divinas,

levavam o homem ao conhêcimento

--

ou

melhor:

recordâçào

-- de

Deus)

i

câso

nào

houvesse!

para

este

ou aquele

indivíduo,

a

ocasiào de

comple-tar

essa restauração

interior,

o

cumprimento da

nor-ma legaL

pelo

menos o mantinha dentro dos

limites

de

comunidâde, podendo

Portanto beneficiar-se, apos

a

morte, das

prerrogativas originárias

readquiridas

Delos membros mais cápazes, dâs quais

eles

Partici-pa,a.

".,tào

a

títuIo

de herança

coletiva.

A Primeirá

à""rr. dua"

persPect

ivas é

a

que conduz

à

chamada

"libertaÇào", e constitui

o

esoterism.

A segundá conauz aó que

as

reLigôes denominan

a

"salvação

da

alma após â morte"

e

constitui o

exoteri§úo-Deste

modo,

Percebe-se que

as Leis

reveladas

constitueÍÍ

manifestação da

}lisericórdia,

destinadas

s

conpensar

a

perda

da

intuição

direta das

l-eis

É ,rrna curiosâ

aberrâção

nossâ

época

que

justamente âs pessoâs meis

insensíveis

às

Ieis

natu-iais

seja.

âs

que

se ProcláÍnam mais

"superiores"

ã

toda

Lei

reveládá,

quando na verdade sào ás que mais necess itaÍn de1a.

***

Àssin,

se

quem

está

mrma

reLigião já está

na

Trâdição,

quegt

dentro

dessa

Trádiçào,

encontre um

carninÁo

espiritual --

um

esolerismo

-- está

rrmâis

dentro", e

quen chesue

à s,pre.a

realização-está

"no

centro"

dessa Tradição,

o

qual coincide

então

com

o

centro

da Tradição

universal

e

primordial.

chegar

ao ésot..i"ro

sem

um

exoterismo

é

tão

impossíiet

quanto

chegar

ao

centro

de u'

pais

sem

o"."tr.. ,.

suas

Ironteiras

e Percorrer

seu

terri

(7)

acaso

a felicidade

de

contâctar

um mestre

espirirual

autênLico,

a

primeirâ

coisa

que

psLe

vai

fazer

é

mándá-

Io

sprender.e.práticár

o

exoterismo:

- E

um

prrncrpro

geráI

do sufismo que

um

firme eftbasamento no exoterismo

é

inaispensávef

"o.o

pi"_

parâçao no.caminho

esotérico; e,

na

rariqatr

Oarqá_

vr... r

rodos

os

noviços eram obrigados

a

decorar

o Guia dos Eleoentos Essenciáis do

Conhecirento

Reli_

gioso

(nr -

famoso carecisno

islâmico

". "".;."t,-;"

Tbn.rAshir,

como meio de

assegurar

qr" p""..í;;

-;

Ínrnrmo necessario

de

instruçào

retigiosa',.(

t)

que essa

coincidência

existe

na

nais

em

pârte

a lguma.

rmagrnaçao, ê

2

Os Perigos da

Trivial

idade

A

única

maneira de reencontrar Deus

é

recuperar

o

senso

do

sagrado, que

é

.

"."""

do

maravilhoso,

q"e é

o

senso de eternidade

e

imutabilidade .acirnâ dê

toda moviÍnentação mental

e

cósmicâ.

os ritos

e

a

arte

sâcra roÍnpem

a

trivialidade,

mas não para

abrir

para

o

âbismo do nada,

e

sim para

introduzir,

nos

intervalos

de

fluxo

cósnico,

pontos

cintilantes

que recordâm

a inutabilidade

do

suprâ-cósmico.

Esses pontos são como os

rubis

de un

reló-gio,

que

articulâm

o lnovimento sem

psrticipar

dele.

3

Tradição e Tradiçães

Existe

uma

Tradição

Prinordial, universal

e

eterna,

que

e o

deposito

da

sabedoria

revelada.

Existe

ê

manifestação hunana

e terrestre

dessa

Trâ-dição, e

portanto

uma organização

tradicional

que

a

representa.

Bxiste um

centro

geográfico que

é

a

1o-calização dessa organização em algum ponto da Terra, egl cada

ciclo

temporal.

Tudo

isso

é

inquestionáver.

Xâs:

as tradições

em

particular,

historicarnente

existentes,

não provêm

desse

ponto dâ

Terra,

e

sim

diretamente

de Deus, que

é

a Origern delas

e

da Tra-dição

Prinordial

igualmente. À1iás

as

tradições

não

são

outra

coisa

senão

a

mesma Tradição

primordial

ressurgida

em novas

formas,

porém

em câdâ

câso

igualmente

--

e

novâmente

--

íntegra

e originária.

Considerada isoladamente das suas formas

históricas,

que

são

as

tradições,

a Tradição

Primordial

não se

natrifesta

historicanente,

pela

simples razão

de

que

ela

não é una

(

Láis

uma)

tradição,

que apenâs

esti-vesse acime das

demais

tradições, e

sim

é o

Lolde

das

tradições, o padrão

da sua

tradicionâlidade,

e

elas,

êo

contrário,

são as suas manifestações

histó-ricas,

forjadas

segundo €sse molde.

. A.

indiÍerença e

a Lrivialidade

__ que dào

a

rô_

nrca

do "sentimenro

do

mundo,' na

socieiade

moderna

--

levarn

a

só poder conceber Deus coÍro

o

,,totalmente

ourror' (o

sanz andere de Rudolf

ott"l. p.i", iis"ài_

vido

Lodo senso do sagrádo,

e

ausente Loda marca de

sácrâtidade na

vida

coLidiana,

Deus só podê

ser

imâ_

grnado

tancra

como

o

áusentej

o

esLranho, e,n úLrima ins_

o esquisiro

e

o

absurdo. Esra

á

a origem

do

ápelo

sedutor que as

seitas

monsrruosâs exercem so_

bre

a

a-lma cansada

e

gastâ

dos

"os"o"

.ont".porã_

neos.

.Na medida em que

se

opõe

à

rriviat

idade

e

à

opressrvrdáde plana

e

rasâ

da

indi

Ferença,

introdu_

-zindo

nela

um

corte

que abre pâra uma

verricálidade

':bissáI".o

hpdiondo_pode pássar

por

uma

iEágo

Dei.

§o

-

que orlvlamenre

e

uma iúagem

consrituída

de

pri_

vaçao

e

carência

--

privaçào de

senrido,

."rên";à

a.

reál

rdáde e

poder

criador

--

ê

porLanro uÍna imagem

invertlda,

Iireralnenre,,satânicai'. nfa

tira

aa

tiil

vialidáde

pará

tevar

áo nada, que

é.,"i".;;r;;;_

têl

das I

lusoes.

O nádâ

p o

absoluto

só rên

umâ coi_

sa

eú conum:

é

que

sào iguatmente

i";,"gi";rã;".-l

lmaginaçáo

e

o

rrlugár

geométrico',

aa

cãincidência

êntre o

nada

e

o Absoluro,

o

que

é o

Ínesmo qup

dizer

12

(8)

platônicos

pode dar

gularidadei'não

se

coota

desta questão.

À

"trian-manifesrâ senão aLrâvés de

rriân-O

rêcurso às

"idéias",

,,formas,, ou

"arquét ipos" 4

Àntirradição e

paródiâ

Quando

se

fala

de "organizações

anritradicio-nais",

é

preciso

resguardar-se de imaginar

que

elas

conbatam

a

Tradição. Elas não combatem:

elas

copiam.

Não

produzem uma

refutaçào.

produzem um

,imuLairo

e

Quanto aos representantes da

Trâdição,

as

orga-nizacões antitradicionais

os

combatern na medida

en que e1ês âmeaçam denunciar

o

simulacro

e

frustar

a

paróaia,

mas

não na medida em

que

se limitem

a expor

dados

de

conhecimênto

tradicionais, de

que

aIiás elas

n€cessitam para com

eles

co.por'seu

sim.-Iacro,

motivo

pelo qual

seu combarÊ

a

tais

represen-tantes

é

dúbio

e

entrecorrado de

cortesias

e

adula-ções.

Para

isto,

freqentênente essas organizações

e

seus comandados

5e

prestám

á

seÍviços

mênores em

rávor

da

Tradiçào,

e

inctusive à

divulgáção de

par-celãs

reêis

de

conhecimenros

rradicionais,

de

cujo

prestígio e

fraseologia

procuram assim se

ap.op.iai.

Ao

copiar,

a anticradição

não

desfigura

a

Tra-dição

enquanto

ral --

que

é

imutávet

e inatingível

sob todos os

aspectos

aparência perante

um

grupo humano deterninado,

o

quat

fica

enrão

im-possibilitâdo

de

chegar

à

rradição

verdadeira

en-quaoto

não

se

livrar

das malhas seduroras

e

gruden-tas

de um

sinulacro

quê pode

ser

inrpirámenLe

vero"-sirnil.

mesmo para

pessoas

inÍormádas.

(o

que

aIiás

sisnifica

que ninguém se

livra

dos

simuraáros

por

suas próprias

forças

e

sen

a

ajuda dâ

traaição

nàs-na,

assim como se

distingue o

ouro

fatso

rão-sonente

pela

comparação com

o

verdãdeiro. )

_

A verossimilhança

dos

simulacros aumenta,

po-remj nâ proporça

que,

aprox imando-se o

Lermino do presenLe

ci(

1o.

á

Tradi\ào

a

púbtico

parcelas cada vez Ínaiores do seu resouro de

conheci-mentos. Estes

tanto

podem

servir

de flárcos

indicati-vos para

levar

as pêssoâs à

rradição,

quánto de

,,mâ-téria

prima" pará novas

falsiri(aaõês

e

eneodos. Uma

gulos concretos

e

particulares;

mas

o conceito

(ou o

esqueÍa

mental) de

triângulo,

que não

é

em

si

mesmo nen

rriângularidade

nem

triânguIo,

represênta,

mente, a triangularidade.

Todos

os

triângulos

que o

homêm

faz

são

forjados

no molde do conceito

de

rri-ângulo,

sem que se possa

dizer

que

ele

os produza,

ou que provenham

dele.

Por

esta

analogia,

o

homem

Lem no seu

intelecLo o

arquétipo dá Lriangularidáde.

oa sua mente

o conceiro

de

rriânguIo,

ná sua

mào

a

habilidade de

desenhar

triângulos; e

o intelecto

representa

aqui

o Logos

divino,

a mente,

a

Tradição

prinordiã1

e a

mão,

as

rradições em

parricular.

Se

a Tradição

primordial

se manifestasse

exte-riormente,

eIa

poderia

Íazê-lo

sob

á forma

de

,'mais

uma'r

rradição,

âssim como

é

possíve1

dese_

nhar "um"

triângulo

e

não

"o" triânsul;

em

si

mesmo,

embora "cadar'

triánguto

sejá

novamenLe,

e a

seu

mo-do, ',o"

triângulo.

EIa nunca

poderia

manitesLar-se

sob

a

forma de uma r'supra-rradição', uoíversa1, por_

que

o

universo em

si

nesmo não tem forma,

exceto

as

formas,

particuLares

que

o

representamr porque toda Íorma

e

part

icular por

definiçào.

A

"rnani fesracão,l

da

rradiçào

PrimordiaL, com umá forma própr

ia

e

-

in-dependente

das

demais,

é

urn contra-senso

puro

e

simptes,

que

vai

contra

rodâs as condições de

espa-ço,

rêmpo

e

numero

que

definem

o

,,nosso mundorr, e

porEanLo essá

rnaniÍestação

nào

ocorr"rá anres

do

táruino

deste mundo.

o

quat

por

suá vêz

deverá

ser

precedido justamenre

pela

"Crânde

paródiai'de

Tradi-ção prinordial,

q.e

será

o

Reino do

Anticristo.

portanto,

a única

,,fornâ,, sob

a qual

é

possível

enconrrár

â

rrsdição

PrimordiaL

é a

forma das

rradi-ções

historicanente

existentes.

Quem

quer

que se

apresente como porta-voz

da

Tradição

prinordial

sem

ser

por

intermédio

dessas tradiçàes,

está

ence-nando

a

parodiá.

(9)

sinples

migalha de conhecimentos

tradicionais,

ari-rada ao

solo,

borbulhante de

ferrilidade, da

confu-são

contemporânea,

para

produzir

uma variedade

imensa de pseudo-ensinamêntos

e

pseudo-esco1as, que

rebaixam

esses conhecimentos en qualidade (engros-sândo-os

e

Iiteralizando

naterielisricamente

o

seu

sentido

ao nesmo tempo

em

que procuran

der

ares de

coisá

sublime

e

esotérica

a

baflalidades

e

conrra-sensos) €

os

nultiplicám

en quentidade de

reprodu-ções,

vêndendo, aos

curiosos,

"conhecimentos

se-cretosrr

que eles

poderiam

adquirir

petá

sinples

leiturâ

livros

de domínio púb1ico.

Por

exemplo, dezenâs

de

organizações que hoje se dizem provenientes de um

nisterioso

"centrorr

ini-ciático dâ

Ásia Central

não são mais do que

Íindus-trializaçõesri

de dados

extraídos

de

rrês livros

tra-dicionais:

Xission

de lrInde

(1910),

de

Sâinr-yves

drAlveydre;

Bêstas,

Eorêns

e

Deuses

(1924),

de Fer-dinand Ossendowski,

e

sobretudo

Le Roi du

Honde

(1927,,

de René cuénon.

Isto

não impede que em determinados casos

sucê-da

o

coltrário, isto é,

que tendo dererminadâs pes-soas pas9ado

por

organizações

tradicionâis e

retira-do

delâs áIguns fragÍnentos

"comercializáveis,,,

tais

organizações decidam

publicar

a

explicação

integrat

que

permita

reincorporar

essas

parcelss num quadro

coerente,

de modo

a

evitar

novas confusões. Mas

tais

explicações,

por

sua

vez,

pôem en

circulação

novos

dados,

que

se

prestarão

a

novas

falsificações,

e

assim

por

diante,

o

que

torna

cada vez mais

dificil,

parâ quen não

está

escorado denrro de

una

religião

ortodo).a e

tradicional, distinguir

os

caninhos

fa1-sos

e

os verdadeiros.

II

A

tradição,

as

ciências tradicionais

e

o islar*

l

Tradição e

Àntitradição

A abordagem do conceito

--

e

realidade

--

Tradição

pode começar

pela

tomada de consciência do

mistério

da

intetigência

humana. Nossa humanidade

atual

está tão

derrotada

e deprimida,

rão decaídr e

eimbotaaa, que a naravi Ihâ desse

mistério

Bera mente

À

inteligência

é ao

mesmo tempo

mistério

da

subjetividade

e

certeza de um conhecimento

objetivo.

Ela

escâpá

à

contradição

entre

o

I'eu. e

o

ihundori,

ela

não

está

propriamente

"dentro"

nem propriamente

"fora"

de

nós;

se seu

lugar

de aparição

é

a

.ente

subjetiva,

por

outro

lado

seu

alcance,

enquanto sede

de

un

conhecimento

objetivo,

vai muito

além

dos

limites

do rimentalrr;

por

e)(emplo, podêÍnos conceber

pela inteligência

o infinito,

que não podêÍnos

"re-presentarii

mertâImente de nâneira âIgumã.

A

inteli-gência rraparece"

na

âImâ, mas

não

"está"

na

aLma;

ela "vê"

o mundo

e

portanto não

"está"

no mundo. Ela

dá fornra,

sentido e

unidade às nossas percepções do

mundo

objetivo e subjetivo,

e

assi,

é

transcendente

*

Resumos de

três

tora Àstrocientiâ,

setembro

de

1985. vô1wimêntos

oreis

conferências pron'Jnc iadas

na

Edi-do Rio de

Jâneiro,

em

5,

6

e

1

de

À exposição abranseu muitos

desen-que não são reproduzidos aqui.

(10)

Â

inte l igênc

ia não

se

dâs funçõe

s íntelectivas

--ident i f

i.ã .ôh

nenh,,má rmâglnaçao I

raciocínio,

sensibilidâde,

etc. --

que a expressam; e1a

é a

vida ê o

sentido dessas

des,

mas não se confunde com elas.

Por causa

do

caráter

transcendente

inteli-gência,

o

hômem sente-se

no

"niverso,

oão tendo

com quêm compárar-se ou

dialogar.

O tcnàmeno recpnrp

da chamadã 'rplanetarização da

cutturâ" fez

con quê a

consciência desse

caráter

transcendênte. único

e

so-litário

dâ nos'a espécie tendessê

a êmêrCir,

lor(as-se

a

passâgem

exigindo

um reconhecimento

claro.

No

fundo, rodo o

interesse aruêi

pêlos

rpnómpnos da

psiq"e é

"ma busca da

inteligência;

apenas

â

humani-dade

atuál

não

conseguiu

ainda

acertar

o alvo,

ê

ainda confunde

a intelisência

com

as

funções

lnte-lectivas.

Poucas pessoas têm

a

condição parâ

o

pleno

reconhecimento da

inteligênciâ e

para

a

plena

reali-zação

das

consequôncias

que esse

reconhecirnento

inplica.

i'ías estas poucas pessoas "representamr', por

assim

dizer

a humaoidade,

e

se

e1âs

assumirem a

inteligência

isto

bastãrá

parâ que a

humanidade

reencontre, mais

dia,

menos

diá,

seu caminho.

Trânscendendo

a

todos

os

fenômenos do universo,

a inteligência

não

ten

"causa" nêm "orisem" em parre alguÍnã.

EIâ

parece

surgir

de

forâ,

de cimâ,

desde

o oceano

infinito

da

Possibilidade,

que envolvê

o

mun-do como

o

oceano

envolve

os

continêntês.

Como o

espaço e

o

tempo são apenas formas assumidas pela

inteligôncia,

é

inútir

procurar paÍa

a

intêtigênciâ

uma

origem no êspaço ou no tempo.

Elâ

tem origem nâ

PossibiLidade. no

TnliniLo.

q,,e

é

sempre presentê em

todâ

parte,

inaltÊráveI e

inesgotáve1. À orisem da

inteligência

é agora.

O

Íevigoranento

perióaico

do

contato

entre

a

inteligência

e

o

infinito,

que

é

a

s"a

origen,

deno-mina-se

revelação,

quando

desse

contãto

surgen um

rito

e

uma norna destinadâ

a

possibilitar esse

con-tato

para un

grânde

número de pessoas; denonina-se

intuição

íntelectuâl

quando ocorre para

un

indivi-duo em

parti(ular.

A revelação fornêce os meios para

que

os

indivíauos

atinjam,

quando

qualificados

parâ

isso, a intuição intelectual

Para

os

que

nao

tem

es.a

quaIitj,a,.áo.

êlâ fornô.ê

o

ên'iná-mento para que se aproxrmem

o

guanto

possíveI

desse

limitêl

me5no que

"ssá aproximaçio

"

ia

apera'

'Lm-bóli(â. e ind;rêra,

arravÉs

da parL;'ipa\ào

das

pês5oas

na

conunidade

rcli8io'â. Plá

servê para

rlar

à'

suas

vida'

o carátêr

de

rrancl

r,

io'z

árraves do

qual

o

sentido

da

existência

se .orna

suficiênte-menie pró"imo mesmo dos atos

mais

simPtes

da

vida

cotidiana,

como se

observa

em qualquêr

civilizaçao

tradicional.

Não

há nem

religião

nem esoterismo de espécie

alguma sêm uma revelação.

A

revelação

origina

ao mesmo tenPo

as

Eecnlcas

p

discipl

inas que ronduz.n

à

int

riçào.

t"is

q,rà conduze,

à

viv,

n.iaçào

'imbóti'á ê

indiretd

"enlido.

A eqrâc duds

in.Lán ias

dá se

o

nome dp

esoter ismo

e

exoterismo, respectivamente.

A

possibitidade

pernânente de

efêtivar

uma

des-sas

duas

fornâs

de

vida

espiritual

denomina-se

Tra-dição.

Toda

tradição

remonta

a

uma revelação.

A revelação pode

vir

sob

a

forma de uma pessoa

ou

Mensageiro, como

Cristo

ou

Buda, ou sob

a

forma

de um

texto,

como Os Vedâs, a Torah ou o

Corão-Cada

Íradição

é ,-r. corpo

intesral

e integro

de

ritos

e

normas,

Àue

resiaem nos "pontos

de

junção"

entre

a

inteligência

e

o infinito.

Esse corPo nao

pode

ser

desmenúrado- Cáda Tradição

ó

um

todo

con-pleto e

auto-suficiente.

Pode-se

compaÍa-las, mas não

fundí-ras.

Tambén não se Pode separar esoterismo

e

exote_

rismo,

porque

eles

sào

a vida

e

o

(orpo.

resPecriva-rêntê

-

de uma Tradicão.

éaaa

rraoi,.ào

É con't

it,íaa

de

rrês

elernentos inpre sc ind íve is :

a)

Umâ

Doutrina

sobrê

o

infinito,

sobre

o

que

(11)

c)

Um corpo

de

SíDbolos

(por

exempto,

árLe

sácra)

quê ájudám

á

menre

a

chegâr

à

incelecção das

verdades veículadas

pela

Doutrina

e

corporiiicadas

pelos

ritos.

Às chanadas

ciências

tradiciooais,

como

a alquimia,

a

asrrologia,

ben como as

artes

sacras,

--

árquireturá, pinrurá,

erc. --

farem

pa.te

ao.or:

po de

s;mbolos

de uma

rradiçào.

A

astrotogiâ,

Lat como

a

conhecemos

hoje,

tem origem na Tradição hetê_

nica

--

alexandrina

--,

mâs seu

sinbolismo,

por

sua

universalidade,

foi

bêÍn

assinilaao. pero àsàterismo

cristão

e

muçuLmano, de nodo que seu àstuao

é

u.

Uo.

rn.trumento

auxiliar pára

quem

deseje

penerrár no

un Lve

rso

dessas tradrçoes.

b)

Um corpo de

Bitos

que ajudam

o

homem

a

in-corPorâr

a

verdâde da

doutrina

na sua formâ de exis_

tência, de modo â

harmonizar o

conhecioento e

2

As

ciôncias tradicionais

ê

a astrologia

espirituâl

Muitás

das

ciências tradicionais

--

como

a

a"-trologia

particularmente

-- só

chegaram

até

nós

em

uma

fôrnâ

fragmentária.

Apesar da inconrestáve1

va-lidade

destâ

ciência,

as

lacunas no

edificio que

a

conpõe abrern nargen

a

incongruências

e

contradíções,

e,

assim, flenhuma das

tentativas atuais

de

formular

uina

teoria âstrolósica

de Daniel Verney,

Raymond

Abellio. Arnold

Keyserling

ê

tanros

ourros

--é

isenta

de

defeitos

que

a

ror.nam inaceitáve1

desde uÍn ponto de

vista

lógico.

No rnÍnimo, rodas dão

uma

impressão gerâ1

de

incomplecude

e

deformidade, que

é

incompátive1 com una

ciência

toda

constiruida

de

haÍmonia,

e

na

quâl

PIâtão

ênxergava

o retráto

mesmo da

inteligência divina

estanpado oos cé"s.

A razão

dêssá

incompletude,

no

entanto,

nào

reside

na

falta

de informações,

pois

os

elemenros

que nos chegaram da

âstrologia

he1ônica,

babilônica,

chinesa

ê

inclusive eeípcia,

são mais do que

sufici-entes

Para Podernos

reconstituir

na sua quase

tota-lidáde

o

corpo dessa

ciência

tal

como

era

conhecidâ

e praticada

na

antiguidade. E,

ademais,

nem cabe

fslar

de

reconstituição, pois

este

termo só se

apli-ca

a ciâncias

extintas, ou

em desuso durante muito têmpo,

o

quê não

é

o

caso da

astrologia,

ao menos no

Oriente,

pois

êla

continuâ

a

ser praticada

ininter-ruptamente

na

Índia

e

nos pâÍses

islâmicos,

em

rnor-dês

rigorosãmente

tradicionâis

em ambos os casos, e

ao mÊnos no

que diz

respeito

à

astrologia

hindu

os

textos,

trâduzidos em

ingfês, são

abundantes no Oc idente.

O que nos

falta

na

astrolosia

não

é

informação,

é

uma compreensão verdadeirâ do

intuito

e

do

lugar

dessa

ciência.

sabemos

muito

sobrê

â

suá

consistên-cia interna,

mês ignoramos

o

seu

contorno,

o

seu

lugar

no sistema das

ciências

espirituais

tradicio-Àpenas

é preciso

advertir

que

existe

também uma

pseudo-cradi(ào.

ou,ária,

pspudo-rrádiçàÊs. podêmos

rêconnêcp-tas tacr tmenLe

pelo

tá(o

que

dispensám

todo exotêr-ismo

e

se pretenden superiores

a

todãs as

religiões,

às

quais,

no

enranto!

etas imitan

e

das

quais

roubam etemenros simbóticos

e

rituais.

Face ã

estas conrraÍa5ões, geraLmênte gro(esLas,

caracreri-zádas

pela áusen.iê LordI

de belezá

e

de ;nLeliqibi_

Iidade, é

preciso

saber que

o próp,;o

.en"o estãrjco

de

cada pp.,soa

á

un

guia

seguro pará

"epárar

o joio

do

trigo.

Más, se querem reatmente

seguir

uma

viã

de

conhec i men

Lo espiricuãt

por

inregrar-se

numa

religião

ortodoxa. Aruatmenre

pode-se

seguir

a)

cr i st ianismo ortodoxo;

b)

budismo (fujam de quem prometâ um

exoterisno

bud is ta )

c)

judaísmo

d)

Islan.

21 20

(12)

nais, e

ignoramo"

isLo peta

simples

rázào dê que,

nao possuindo mais

umá

Lrâdiçào

viva p

comptera, des.onhe. emos roLaimpn(e

a

ex;sránL

ia --

quanto máis

a

ronsistênria

--

desse sisremá.

Se

as

ciências

aruais

organizam-sê segundo as

conveniências

de

uma

técnica

ãestinaaa ao -aomínio

mâterial

do mundo (

incluindo-se

nisto

as

técnicas

psicológicas

e

de dornínio

poritico),

o sistema

tra-dicional

das

ciências

tem no sêu

topo,

e

como

crité-rio

hierárquico

único

e

exctusivo,

o

conceiro

p

á

meta da

realização

espiritual. tsto

queÍ

dizer

que o

que

diferencia

as

ciências

umas das

outras

é.

"."t.

sistema.

a

manêira

diÍêrÊnre

de ênÍocarem

o

probtemá

da

realização

espiriruat,

e

que

aquilo

que âs dispõe

hierarquicanente

á

a

sua

naior

ou menor proxirniaade

dessa

mêtâ.

Em

outros

termos:

una

ciência

é

tida

como

superior na

medida

ern

que

é mais direto

o conhecimento de Deus

que

ela

oferece,

e

como

infe-rior.

na mêdida êm quê esse.onhecimenro É mais

in-direto,

"imbóti.o

e

alusivo.

por

êxêmplo,

a

ciência

dos

ritos

é

superior

a uma

ciência

",i".ár,

po,qu" o

rito,

ao menos

", útri,a

insráncia,

"isa

a u"

conr,.-cimento

direto

de Deus, âo passo que

o

conhecímento

da naturêza também

leva

a

Deus, mas

por

inrermédio

do simbolismo,

e

de uma

naneira

inteiramente

teórica

e

viÍtual.

Por

ourro

ládo, uma

ciência

puramente

intelecEual e teórica

narureza. como

a

astrotô-gia.

é

superior

a

uma

ciencia p,;i;.u

"

operáriva

como

a

arquiretura

ou

a

arte

Suerra,

porque a

primeira está

mais próxima da

atirude

de com;.e;nsão

pura

e

contenpLativaj que

é

mais aparentaaa ao co-nhecimento de Deus na mística.

Dentro desse sisrema, a

única

prática

quê

inte-re§sâ

e

ã

pratica espiritual que

conduza

ao

pleno

conhecimênto da

verdade e à

reatização eferiva

do

dever

inerente

ao estado humânô.

.

O

que

faLta

para uma compreensão da

astrologia

ê

portanto

um conhecimento das suas rêlaçôes

com

a

mÍstica,

isto é,

com

a

técnica

da

rearizaião

espiri-tuáL

Pojs

a

.asLrotôgia.

quâisquer

que

sejam

suas âpr Lcaçoes prát rcas no campo da pura ur i I idade máte_

riát

(e

as apticações psicológicas

e

psicorerapóuri-cas devem

ser incluidás

nesra caLegoriâ

ranto

quánro

as

ápIicaçôes econômicas ou

sociais),

á

uma ciência

de

índole

teórica,

e

como

rat

não

teÍn

justificação

em

mesmâ,

e

sim

somente nâs âplicações

e

exten-soes que

possá

ter

no campo da

reatização

espiri-tua1.

Notê-se que, eÍn todas as

civilizações

que

pos-s"íra.

uma

astrolosia, ela serviu

"".p'é " """.

'ti.

em

prineiro

lugar,

como se vê

atiás

pelo

alto

apreço

que

os

grandes

místicos

como

Ibn ,Araby,

ptatã;,

Sohravardi e

tantos

outros

t

inham

pêta

âstrotogiâ

espiritual,

parâ1e1amênte

a

um

desprezo

ou

pelo

menos

a

umâ _indiferênça para com as aplicações

divi-nátoriás,

nedicas, etc., a

quê

essa ciÂncia

dava

Ora,

somente

para

dar

uma idéia

tongínqua

do

que

possa

ser

essa aplicação

espiritual

da

astrolo-gia,

podenos

reco.rer à

correspondência

tradicional

entre

planetas,

funçôes

cogoitivas e

ptanos de rea-lidade.

Na

astrologia

rradicional, ral

cono se vê por

êxenplo em

Ibn

'Araby,

nas rambén em

muitos

autores

tradicionais ocidentais,

cada planêta reprêsênta um!

função

cognitiva

--

em têrmos

escotásticos,

uma

,'fa-culdâdê

da

alma" --

e

por

outro

tádo

um ptdno ou

nrvel

dô cosmôs.

.

A

cosmologia,rrêdicionát,

da quáI

a

asrrotogia

e

um

resuno

slmbolrco,

ênxerga

o

cosnos como um

sistema

de

planos,

ou de esferas

concêntricas,

cuja

correta

percepção (no sentido puramenre intetêcruê1,

interior,

da palavra

percepção)

depênde do grau de

concentração, dê santidade

e

de

penetração

intetec-tual

de cada

qual. crosso

nodo,

os

três

principais

planos são os do

espírito,

da alma

ê

aa

corporàli-dade. O

prineiro

contén

o

segundo, que conrém

o

ter-ceiro.

nuitas divisões

internediárias.

pârat€Ia-mente,

a

alma

hunana tambérn

é

composta dê esferas (alma

intelectiva,

alma

volirivã,

etc.

),

âbarcadas

(13)

Â

cada uma

dessas esfeÍas,

simultanêâmênte do macrocosmo

e

do

microcosmo, corresponde

uma

esfeÍa

ou

órbita

pLaneEária.

No esquema

p.ânerário,

o ásrro

máic

imporránre

-- o

So1

--

corresponde,

no

microcosÍro hunaoo, à

fâculdade de inEuiçao, ou

inteligôncia, e

ôo

nacro-cosmo

ele

representa o Logôs, ou

Inteligônciâ

Divi-na.

Os demais

astros

reprêsentam, no homem,

fâcul-dades subsidiárias

que,

como

vimos

oa conferência

Somente Para

encerrar,

e vottando âo assunto de ontem,

é

prec;so

advertir

que

os

ritos

exotéricos

são

parte

integrante

dessê

processo

de realizaçao

e'piritr-ral,

ao Ponto de que em grandê Pártê

dos

cá_

""" "r."

são

a

base mesma

sobre

a

quál

incidira

o

ensino da

doutrina

e até

mesno uma

êventual

iniciâ-ç;..

Eles são,

portanto,

absolutamente

indispensá-ve

is,

na toraLidáde dos l.âsos

No

que

diz

respeito

ao

efeito

dos

ritos

exote-Íicos,

um

efeito

que

eles

podem

e

devem

ter

é

justa-mente

o

de

abrir

acesso a un conhec iÍnento

esotérico'

que

a

maior

pãrte

dos

fiéjs não

se

lembra

pedii

exatamente

isso

a

Deus

--

limitando-se

a

pedir

solução

ae

males

humanos

corri-queiros

e

deixando

para pedir

conhecimenros

esoréricos

ao

primeiro

pseudo-Buru

ou

pseudo-shàikh

que

áPare\á.

sem

que

'rt." oã"... utilizar-se do

poder

efetivo

do meio

."g,r.t

"

normá1. estabelecido

por

Dêus

'esmo. que é

â

DrÊce.

E.

no entanLo,

a

Promessá de DPus

é clâra

e

.orene:

"satei.

e

vos

abrirào

a Portai pedi.

ê

vos

"..á

daao." E Deus

é o

Firnê,

o

Manten€dor,

o

sufi-3

olslaoeoSufisúo

0

ingre sso no

religiões,

por

um s inpLe

s

declarâção

ates

ta

sua crença const i tuem

o

lsLanl Na

sinbólica

trâdicional,

as

viagens

celesEes,

como

a

de

Dantê

na

Divina

Corédia, simbolizam

rea-lizaçôes

espirituais,

e

a

trãvessia

de

câdá

esferã

planetária

simboliza,

de

un

Iâdo,

a

ascensão

a

um

"íve1

cósmico de mãior

universâIidade,

e. de

outro.

á

abcorçao

d"

mâis umá ráculdádp

cognitíva

inrui-ção

ou

inteligência.

Esta âbsorção

faz

con

qu€

â

faculdâde em

questão

perca

seu

rãnço

subjetivo

e

condicionado

e,

identificando-se

a

intelieôocia

que

e tonte,

passe

naneira mais

fiel e direta.

anter

ior,

dependem da

inteligência

e

a ve icu

lan

ou

a

veicular

â verdade de

E

evidente, pôrtanto,

qu€r

ô

simbolisno dê

cada

esfera

planetária

só pode

ser

correEâmente

con-preendido

dêntro

do

processo

de real izâção

espiri-tual

de cada

quãt, e

ná medida dessa

realização.

Em

outros

terrnos: so compreendonos ou âbarcamôs ãquêlas

esferas que

tcnhamos atravessado, ao menos

vir-tualmente,

o

que depeLrde dâ nossa

possibilidâde

--ou vocação

--

de reatização

espirítuaI.

o

esEudo da

astrologiâ,

que ên

si

mesmo

é

muito

útiI

para essa

finalidâdê,

ficâ

portanto

truncâdo ê

insat

isfatório

ênquanto

eIa

não for

cumprida, ao

nenos em

certa nedida

mínima. Neste

sentido,

a

as-trologia é

propriânênte uma

ciência

dita

esotárica,

na medida em que

implica

uma

realização

espirituãI.

</J\O::-:

ÀÉ

í-lj\j)\<J\ )

1â iláha íla

Arláh,

líohámed

zer,

"não há deus exceto Deus, ge

iro

de Deus".

Islam não

se

faz,

como

em

outrâs

rito de

agregação,

mas

Por uÍna

oúUti.a,

nu

qual o

novo nuçulmano

nos

dois

princípios

de base que

rassúl uttárr,

quer

ai-

(14)

Es

ta

dupla

fórnuIa

todo

o

Tslarn

e

todo

o

novo

muçulmano anuncia,

gião,

que

é

a

conquista

denominado

a

Ident idadê

A prime

ira

parte

da

fundamental da Unidade Exis tênc

ia.

Tal

doutrina

guinte

maneira:

contém,

de

modo resumído,

Sufisno.

O

primeiro

ato

do

assim

o

coroanento da

reli-do

estado

final do

Sufi,

Suprema.

fórnula

expressa

a

Doutrina de

Deus e

da

Unicidâde da pode

ser

resunidá

da

se-"Ser"

e

"unidade" são sinônimos.

Ser, é

ser

um. Todo

ser,

perdida a unidáde, nào

existe

mâis

enquan-to tal.

Portanto,

a

unidade

é

o princípio

mesno da coesão dos

seres,

o princÍpio

que sustenta sua

iden-tidade diferenciada

e

sua

existência.

Ora, pelo fato

mesmo de que

a

idêntidade dos seres

é

diferenciada,

isto é,

de que

a

identidadê de cada

qual

é

aquilo

que

é

na medida em que

ela

se

diferencia

dos outros,

pode-se

concluir

que

a

unidáde dos enres nào

é

uma

unidade

absoluta,

porém

relativâ.

Unâ unidade

abso-luta excluiria

quâlquer

alteridade

e

qualquer

dife-renciação. PoÍtanto,

os

seres

existen

na nedida

em que

têÍí

unidade, mas, como

esrá

uniaade

é

precá-ria

e

relaiiva,

também

o

é

a

sua

própria

existência.

É forçoso admitir,

para

cina

de todas

as

unidades

relarivas,

uma unidadê

indivisá,

áo mesmo tempo

sim-ples

e-abrângentê, da

qual

todas as únidadês

relâti-vas sao

apenas

projeçoes

ou imagens

parciais;

do mesmo modo, acima

de

todás as

existências

particu-Iares está

a

Existência

enquanto

taI.

À unlaaae

enquanto

ral.

rranscendente

e

imanente,

oriaen,

sustentáculo

e

meta

de

todâs as unidêdes

parciais,

denomina-se Deus,

Al-Lâh. À

manifestação

desse Deus em todas

as

forrâs

de unidades

parciais e

rela-t

ivas

denomina-se Existênc

ia.

À primeira parte da

fórnu1a

é

porranro uma afirmação ae ordem

metafísica,

que

âtesta

á

Unidad€

do

PrincÍpio

e a

Unicidade da Existência.

E certo

que,

al,em desse sentido

Ínais

univer-sal,

eIa

pode

Eer

de

fato

uma

série indefinida

de

outros

níveis

de

significado,

mais

particularizados,

que

constituem

outras tantas

aplicações desse

prin-r

íoio

a

domínios menores da realidádê.

A sesundá

parte

dá lórmula

--

ltohâmed

râs§úl

Ulláh

--

torna-se

mais

clara

quando,

pela

elimolo-gia,

se sabe que

o

nome

üohamed é

um

deÍivado

do

verbo

trâmada,

que significa "louvar",

"prezar",

"e Log

iar",

"reconhecer um

mérito".

Mohâmmed pode

ser

traduzido

sumariânentê como

"digno

de

Iouvor",

"meritório".

Por

outro

1ado, esse nome

é

ta.uém um

certô

arranjo fêito

com

leLrâs que compõem

a

palâvra

Àdaú,

"Adào".

De

modo

que

MohaÍnned

é

o

proprio

Homem.

o

HoÍnem considerado

na sua

universafidadê,

como

arquétipo

e modelo .de

todos os

indivíduos

q"e

co.pôem

a

nossa especre

Portãnto, o

Homem, considerado na sua universalidade

-- nào

enquanro

indivíduo

separado,

qu"

é

rraco,

dÊricienre

à erradjo

--,

é

um

.nte

de

eIêvado

méri-to,

ê este

grande

mérito

da espécie hunana em face

de

todas as

outras

espócies animais,

vegetais

e

minerais,

e

em

face

de todo

o

Cosnos com toda

a

sua im€nsâ variedadê de modalidades

e

planos de

existên-cia, é

un "mensageiro" de Deus, um

"sinal

da

Unici-dade

existênciá

encravado,

como

um

pino

ou

um

eixo,

no meio da Roda cósmica

o

Homem

é

o

proróripo

e padrão

da

unidáde

do

próprio

Cosmos,

e,

para as

outras

espécies de serês, e1e representa

a figura

mesma de Deus sobre

a

Terra.

Por isto

diz-se

no

ls1am

que

o

Itomem

é

o

"vice-re-sente[

(khalifat)

de Deus

oa

Terra,

encarregado dê

zelar

perâ ordem cósmica

e

pelo

bem-estar de todos

o

homem

realiza

isso

pelo

exercício

das

três

faculdades que

êle

tem en comum com

o

Próprio

Deus:

intel

igênc

ia,

vontadê

e

linguageín.

Sua

inteligência

pode

aIçar-se

âcima

da

condi-ção

biológica

e subjêtiva,

alcançando

a

objetivida-de

e a

universâ1idade. sua vontade pode

oPtar

livre-mente,

vencendo os condicionanentos da

própria

con-dição

terrestre

ê individuâl,

afirnando no

seio

de

toda existência

humana

individual a

Presença do Homem

Universâ1. Finalmente,

sua

Iingüagem pode

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