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As pranchas didáticas como inspiração: uma experiência de virtualização na formação de professores de História

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Academic year: 2021

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As pranchas didáticas como inspiração: uma experiência de virtualização na

formação de professores de História

BOHN, Letícia Ribas Diefenthaeler 1

SOUZA, Bruna Carolina de2

NART, Gustavo Henrique3

Grupo de Reflexão Docente n. 02 – "Aprendizagem Histórica e Docência: travessias formativas, saberes profissionais e experiências didático-históricas"

Resumo:

A realidade política instalada em nosso tempo, já justificaria a urgência de proposições críticas reflexivas na formação de professores de História. O fator de Pandemia pelo Covid-19 é somado a este cenário e temos atributos axiais para discussão sobre processos de ensino-aprendizagem em História. O objetivo desse artigo é apresentar e discutir breves resultados de uma trajetória metodológica virtualizada desenvolvida na disciplina “Saberes Históricos e Currículo Escolar”, proposta no currículo do curso de História, na Universidade da Região de Joinville, Univille, na cidade de Joinville-SC. A disciplina é oferecida no quarto ano do curso, concomitante ao Estágio Curricular Supervisionado e objetiva pôr em diálogos tanto os temas relacionados aos desafios docentes; as metodologias do ensino da História; as reflexões acerca do currículo escolar e a História ensinada como lugar privilegiado de construção do conhecimento histórico escolar. Isso significa mobilizar competências docentes metodológicas de forma reflexiva experimentadas no estágio. Nesse sentido, propusemos a construção de materiais de suporte didático para professores e alunos durante a visita virtual do Museu Nacional de Colonização e Imigração de Joinville. Apresentamos resultados provisórios das pranchas pedagógicas e das medicações de formação para potencializá-las.

Palavras-chave: Currículo, Ensino-aprendizagem, Virtualização.

1 Mestre, Universidade da Região de Joinville (Univille). E-mail: leticia.ribas@univille.br 2 Graduanda em Licenciatura em História. Universidade da Região de Joinville (Univille). E-mail:

bruncarolinasouza1999@gmail.com.

3 Graduando em Licenciatura em História. Universidade da Região de Joinville (Univille). E-mail:

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2 1. PRÁTICAS DE ENSINO EM TEMPOS DE VIRTULIZAÇÃO

O ingresso no quarto de um curso universitário é povoado se simbologias e significados, pois trata-se da etapa final dos cursos e momento onde a prática mediada é concretizada. Por mais que o processo de formação no ensino superior seja sustentado por experiências de aprendizagem significativas como aulas de campo, projetos de extensão, aulas simuladas e nos cursos de licenciatura podemos citar ainda o Pibid, dentre tantas outras, é no estágio que ganha forma o desempenho profissional.

O estágio é singular porque irá colocar em prática as teorias aprendidas tanto no campo historiográfico quanto educacional, no caso das licenciaturas, e em especial a de História. Para que possamos potencializar a experiência do estágio no curso de História da Universidade da Região de Joinville – Univille, foi proposto na reformulação da matriz curricular realizada em 2016, uma disciplina para o quarto ano que denominamos de saberes históricos e currículo escolar.

A ementa da disciplina versa sobre o tensionamento do saber histórico e o currículo escolar e corrobora com as práticas vivenciadas no estágio curricular. Como primeiro ano de aplicação da disciplina, foi proposto a divisão da disciplina com as duas professoras do curso a de estágio e a de metodologia do ensino de história, o que potencializava a discussão e sistematização do estágio. (PPC, 2016)

Logo no início do ano, durante do planejamento pensamos em uma atividade que denominamos projeto Canguru onde na disciplina de saberes históricos e currículo escolar organizamos uma roda de conversa com professores da educação básica possíveis supervisores de campo de estágio dos estudantes. A atividade ocorreu uma semana antes da parada por conta da pandemia e obteve resultados significativos no âmbito especialmente da acolhida dos acadêmicos nas escolas para cumprir o estágio.

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deveria ser revisto para atender ao que a universidade chamou de processo de virtualização. Outro ponto importante fora a suspensão dos estágios o que impactou em antecipação de disciplinas como a de saberes históricos com vistas a uma possível realização do estágio no no segundo semestre

Após esse alinhamento mais burocrático foi iniciado o revisitamento do planejamento da disciplina de saberes históricos, virtualizando conteúdos e discussões além de propormos estratégias de aprendizado significativo para dialogar com o estágio.

Dessa forma, incentivamos os acadêmicos na busca pela construção de materiais didáticos didáticos que pudessem ser virtualizados e que dialogassem com o território da cidade. As Pranchas Pedagógicas pensadas por Carina Martins Costa (2008), nos serviu de inspiração. Propusemos a construção de materiais de suporte didático para professores e alunos durante a visita virtual do Museu Nacional de Colonização e Imigração de Joinville. O envolvimento e resultado protagonizado pelos estudantes foi robusto e em alguns aspectos catalisou discussões entre acervo e memória.

O acadêmico então acessava o acervo digital e escolhia sua peça e iniciava a sua imersão histórica-pedagógica. A saber elaboramos um modelo de prancha em power point com informações basilares tais como, duas imagens do objeto, descrição, imersão histórica (narrativa sobre o período histórico da peça), uma terceira imagem que denominamos fonte histórica que destinava-se a propor outro imagem do objeto, música, poesias, charges, entre outros. No verso os estudantes sinalizavam sugestões de utilização da prancha articulando habilidades da Base Nacional Comum Curricular – BNCC.

O resultados das pranchas são apresentados neste relato por dois estudantes que aqui representam o quarto do curso de história em duas experiências a prancha do regador/leiteira e a prancha do lustre e faca produzidas por Bruna Souza e Gustavo Nart. respectivamente.

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4 1.1. O Regador/Leiteira do Museu Nacional de Imigração e Colonização de Joinville

Quando nos foi lançado a proposta de elaborar uma prancha didática para utilização educação básica a partir do acervo virtual do Museu de Imigração e Colonização de deparamos com um imenso desafio. A plataforma na qual o acervo está disponível não categorias ou um menu de classificação, portanto intuitivamente passamos a pesquisar (no dedicado a digitação) por termos chaves como: "peça", "escultura", "fotografia" e etc. Posteriormente, ao montar e organizar a prancha didática, atribuímos uma narrativa e como trabalha-la na educação básica. Uma das primeiras peças que me chamaram a atenção um "regador/leiteira" sem data de fabricação ou identificação de produtor.

Com o trecho "O ensino de História tem a finalidade óbvia de fazer o aluno realizar a experiência de ir para fora de seu tempo" (JUNIOR, 2016, p.26) dediquei-me a questionar que tipos de pergunta poderia fazer a esse objeto. Pois o objeto por si mesmo seria apenas um objeto, porém, com as perguntas certas ele poderia se encaixar em inúmeras narrativas da história e da historiografia e formaria um passado que muitos dos estudantes, e até professores não vivenciaram. Escolhi o 'regador/leiteira' pensando justamente no processo de narrativas pelo qual que esse objeto por não ter uma data precisa em um período histórico específico apresentou a potencialidade de poder ser trabalhado de diversas formas e principalmente o fato de não se definir como apenas uma leiteira ou um regador de plantas.

De forma descritiva a prancha possui com destaque em sua face frontal no campo da 'imagem 1' um regador/leiteria do acervo do Museu Nacional de Imigração e Colonização de Joinville, na 'imagem 2' uma ilustração do processo de Pasteurização do acervo do site de ilustrações Midisegni.it. Já no espaço reservado a 'imagem 3' estão um quadro denominado "Fang Regador com Flores" datado de 1966 elaborado por Kong Fang

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de 'descrição do museu' no qual a peça da 'imagem 1' é descrita com informações básicas, como: o material que é feito, as partes que o compõe, entre outros dados. No espaço intitulado "Imersão histórica" é atribuído que tipos de pergunta podem ser feitas ao objeto tais como: "Quais foram seus usos no passado? Era somente utilizada para aquecer o leite? Poderia ser utilizada como regador? Era leve ou pesada? Era aquecida em um fogão à gás convencional ou em um fogão a lenha? Ainda é usado? Foi usada apenas para aquecer leite ou regar as plantas? Por que essa peça está em um Museu Nacional de Imigração e Colonização?" e uma pequena reflexão de Fiorindo (2009) sobre Éclea Bosi (1987). A figura 01, apresenta a frente da prancha finalizada.

No verso da prancha estão presentes dois espaços, de 'sugestão de uso do material', nela foram colocadas as temáticas históricas nas quais poderiam se encaixar o uso de tais fontes, as habilidades da BNCC que podem ser associadas, as competências específicas da disciplina de História e um endereço eletrônico de uma reportagem sobre um projeto do próprio Museu. A figura 02, apresenta o verso da prancha finalizada.

Figura 1 – Frente da prancha didática

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Figura 2 – Verso da prancha didática

Fonte: Bruna Souza (2020)

A escolha das imagens tem como objetivo atribuir os diversos significados a um 'Regador/Leiteira', onde podemos associar por exemplo: o processo de ferver o leite, semelhante ao processo de pasteurização moderno ou que tal objeto pode ser um elemento decorativo que pode inspirar uma pintura ou que ele em si pode se tornar uma vaso decorativo ou podemos comparar a evolução das ligas metálicas onde hoje podemos ter uma leiteira de alumínio colorida na cor vermelha com tampa de vidro que podemos observar o momento certo em que o leite ferve ou ainda, que era apenas um regador de plantas usado no jardim. Ainda no verso da prancha foi inserido um link de uma reportagem de um projeto do próprio Museu chamado de "Mala dos Viajantes" no qual é levado nas escolas uma mala com diversos objetos antigos do acervo que podem ser tocados e manipulados e os estudantes escolhem e iniciam um processo de compartilhar que tipo de memória os faz lembrar o objeto que escolheram. Seguindo a ideia de utilizar o material encaixando-o nas competências e habilidades da BNCC e recordando de experiências

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um objeto tão cotidiano da vivência dos estudantes, que poderiam ter visto na casa de avós, bisavós ou até mesmo em sua própria casa e exercitar a forma de fazer perguntas e pensar o fazer historiográfico e como tudo a sua volta é envolto em história.

1.2. Viver museu - aprendizagem sensível em história pelo lúdico

A prancha didática foi um grande desafio, na primeira inspeção ao site do museu os objetos que estavam disponíveis chamaram atenção por terem um caráter “doméstico”, no sentido de que faziam parte do cotidiano domiciliar dos imigrantes que chegaram na região. Frente a esta dificuldade de trabalhar as fontes disponíveis voltei a pista dada por Carina Costa, que enfrentou similar tarefa quando analisou atividades disponíveis em sites de museus, ao que “observa-se o predomínio de atividades lúdicas e informativas, descomprometidas com o desenvolvimento de habilidades formativas a partir do acervo e de sua historicidade”. (COSTA, 2008, p. 220).

A inspiração para trabalhar estes objetos foi não a partir de suas especificidades, mas adentrando o contexto histórico que os caracterizam parte de uma coleção, um patrimônio imaterial permeado num espaço que vive na memória da cidade por meio de uma ideia de opulência dos povos germânicos que para cá imigraram.

Para dar conta deste desafio utilizei da obra historiográfica de Carlos Ficker (1965) e considerada clássica para a história local, sinaliza como de vital importância a narrativa da presença de imigrantes na cidade de Joinville, embora a vinda dos imigrantes germânicos não tenha sido o marco zero do assentamento das populações que hoje nela residem, denota-se a chegada da Colônia Dona Francisca, um empreendimento privado da Sociedade Colonizadora de Hamburgo, como a ascensão social e econômica da cidade. Portanto, convém para o museu tratar delicadamente os objetos das coleções destes imigrantes, privilegiando-os neste espaço pela suas virtudes e benesses para a sociedade, mas neste mesmo esforço acaba por deixar um espaço vago na memória social sobre as outras populações que a formaram desde seu período colonial.

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Da exposição de toda esta problemática surgiu a inspiração de tratar os objetos do museu em diálogo com uma fonte que serve a dois propósitos: tratar de forma lúdica a presença de objetos domésticos em um espaço de memória e incluir a bagagem dos estudantes que podem se identificar ou não com os objetos. Nesse sentido a prancha foi desenvolvida utilizando dois objetos, um lustre e uma faca, ambos com alto nível de entalhes e arabescos, apesar de uma descrição de teor meramente ilustrativo feita pelo museu. Ainda na folha de rosto da prancha (Figura 3) consta um pequeno texto de imersão histórica no trabalho de Carlos Ficker para o direcionamento historiográfico no contexto regional.

Figura 3 – Frente da Prancha Didática

Fonte: Gustavo Nart (2020)

Optou-se por fazer o diálogo das fontes do museu com duas músicas presentes no filme de animação musical “A Bela e a Fera” de 1991, intituladas “À vontade” e “Ser humano outra vez”, no intuito de promover uma atividade de afetividade musical, uma vez que as animações dos

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2000 em diante as tem como referência. No verso da prancha didática (Figura 4) é dada a sugestão de uso do material, como relacionar essas quatro fontes com a historiografia, além de situar esta atividade nas competências e habilidades da BNCC, que aponta uma possibilidade didática a partir do terceiro ano do ensino fundamental, no entanto, por ser apenas uma sugestão, fica a critério do docente adaptar este material caso seja necessário.

Este diálogo de fontes surgiu como ferramenta de identificação dos alunos com os objetos, a primeira sugestão seria utilizar a música “À vontade” para tratar do sentido atribuído aos objetos animados do castelo que vivem do trabalho para os hóspedes, por exemplo no verso de Lumière:

“Como a vida é triste se o serviço não existe / Não faz bem vivermos sem servir ninguém”.

Figura 2 – Verso da Prancha Didática

Fonte: Gustavo Nart (2020)

Possibilitando a partir desta exposição debater com os estudantes esta ideia de um objeto ter seu sentido de existência pautado no trabalho servil, direcionando a discussão para o questionamento aos objetos do museu à serviço de algo ou alguém. Na sequência a apresentação da segunda música, “Ser humano outra vez”, que interpreta uma memória personificada da

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humanidade por trás dos objetos, como quando cantam em coro: “Ser humano outra vez / Só

humano outra vez / De utensílio não vou mais ficar”. Este esforço de trabalhar fontes pouco

convencionais é motivado pelo estudo da ideia de Regime de Historicidade (JUNIOR, 2016). Suscita-se um trabalho, na possibilidade de experimentar outro tempo que habita como parte e ao mesmo, como fora do presente, trazendo esta atividade lúdica de interpretação da personificação dos objetos para os estudantes inserirem-se no tempo retratado no Museu Nacional da Imigração ao mesmo passo que abrem seus olhos do tempo presente para o estudo dos objetos.

Referências

COSTA, Carina Martins. A escrita de Clio nos temp(l)os da Mnemósime: Olhares sobre os

materiais pedagógicos produzidos pelos museus. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 47,

p. 217-240, jun. 2008.

FICKER, Carlos. História de Joinville: subsídios para a crônica da Colônia Dona Francisca. 2 ed. Joinville: Impressora Ipiranga Ltda., 1965.

JÚNIOR, Durval Muniz de Albuquerque. Regimes de Historicidade: como se alimentar de narrativas temporais através do Ensino de História. In: GABRIEL, Carmen Tereza; MONTEIRO, Ana Maria; MARTINS, Marcus Leonardo Bomfim. Narrativas do Rio de Janeiro nas aulas de

História. Rio de Janeiro: Mauad X, 2016.

Referências

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