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Palavras-chave: mobilidade espacial, fronteiras, mercado de trabalho.

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Dinâmica regional, fronteiras urbanas e mobilidade espacial no Estado do Rio de Janeiro

Érica Tavares

Resumo

Os movimentos populacionais abrangem um amplo conjunto de determinantes, geralmente relacionados à localização das atividades econômicas, às transformações no mercado de trabalho, às oportunidades educacionais, e aos próprios modelos socioculturais que influenciam o modo de vida e a percepção sobre as cidades. Estes elementos podem atuar como fatores que potencializam ou mesmo constrangem indivíduos e famílias a realizarem o processo de mobilidade espacial, rompendo fronteiras urbanas das mais diversas ordens. Simultaneamente, o resultado desse movimento volta a ter impacto sobre a organização do espaço físico e social da cidade, sobre o lugar que as pessoas ocupam na região. Sob esse pressuposto, o objetivo deste trabalho é analisar o comportamento recente dos movimentos populacionais no interior do Estado do Rio de Janeiro, sobretudo no eixo-norte a partir da metrópole, que compreende as Regiões das Baixadas Litorâneas e do Norte Fluminense. Também é objetivo avaliar as articulações estabelecidas entre esse eixo do interior do Estado com a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Para tanto, são analisados indicadores sobre a dinâmica populacional, econômica e de mercado de trabalho nos municípios dessas regiões, articulando-os aos movimentos migratórios e pendulares para trabalho. Entre os elementos da estrutura urbana que atuam sobre a mobilidade, seguimos a hipótese de que nesse espaço regional tem ocorrido a influência de grandes projetos de investimentos – como as obras de infraestrutura e logística, as atividades portuárias e petrolíferas, e as atividades ligadas ao setor de construção civil, turismo, hospedagem e alimentação – que atuam de forma conjunta tanto sobre as mudanças de residência quanto sobre os deslocamentos para trabalho, provocando mudanças na configuração socioespacial das cidades dessas regiões.

Palavras-chave: mobilidade espacial, fronteiras, mercado de trabalho.

Trabalho proposto para o XIX Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, em São Pedro/SP – Brasil, de 24 a 28 de Novembro de 2014.

Professora Adjunta do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF/Campos),

Pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ) e Doutora em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ).

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Dinâmica regional, fronteiras urbanas e mobilidade espacial no Estado do Rio de Janeiro

Érica Tavares

Introdução

Os processos relacionados à mobilidade da população no espaço passaram por mudanças expressivas nas últimas décadas, desde movimentos populacionais massivos, como na época de intensa urbanização, para uma fragmentação dos fluxos e lógicas socioeconômicas distintas operando sobre a mobilidade, que se tornou essencialmente urbana. Nesse sentido, a transposição das fronteiras urbanas apresenta não apenas uma dimensão espacial, mas também aspectos sociais e econômicos, que atuam como fatores que potencializam ou restringem as condições de mobilidade. Ao mesmo tempo, as mudanças de localização da população também contribuem para transformar os espaços de origem e destino.

Sob esta perspectiva, o objetivo deste trabalho é analisar os movimentos populacionais no interior do Estado do Rio de Janeiro, seguindo o eixo norte, em sua articulação com a metrópole, a partir de alguns elementos da dinâmica econômico-social regional experimentada pelo Estado nos últimos anos.

A retomada do crescimento econômico no estado – após um período de crise econômica que acarretou condições sociais muito adversas no Rio de Janeiro – teve um impulso fundamental do setor industrial no interior. Desde a década de 1970, já haviam sido descobertos os primeiros poços de petróleo na Região Norte Fluminense, sendo iniciada posteriormente a produção. Além disso, o subsetor da indústria automotiva e metalomecânica na Região Sul Fluminense – ou Médio Paraíba – também contribuiu a partir dos anos 1990 para essa retomada (CRUZ, 2014).

Mais recentemente, o Estado do Rio de Janeiro experimenta também novas perspectivas de estímulo para as atividades econômicas e o mundo dos negócios, acompanhadas dos discursos sobre processos de (re)estruturação do espaço urbano diante da realização dos megaeventos esportivos, sobretudo na capital. Acrescente-se a este quadro alguns grandes projetos de investimento, como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), as obras de infraestrutura e logística relacionadas às atividades portuárias e industriais, a construção do Arco Metropolitano – considerado como o principal projeto na malha rodoviária do Rio de Janeiro e como importante fator de atração de empresas para seu

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entorno (FIRJAN, 2012) – além de investimentos na área de ciência e tecnologia, assim como pesquisa e desenvolvimento (C&T, P&D), estes últimos mais concentrados na metrópole. Os investimentos nas áreas de petróleo e gás, setor automotivo, atividades portuárias, infraestrutura e logística seguem ocorrendo no interior do estado.

O eixo norte do interior do Estado também tem experimentado transformações socioespaciais e econômicas devido à implantação do Complexo Industrial Porto do Açu, no município de São João da Barra. Entre a metrópole e a Região Norte Fluminense, está a Região das Baixadas Litorâneas que – juntamente com o desenvolvimento de atividades ligadas ao setor de construção civil, turismo, hospedagem e alimentação, entre outras – também tem sofrido o impacto dos processos de reorganização econômica e territorial tanto da metrópole quanto do norte do Estado.

Apesar desse crescimento econômico recente, protagonizado pela indústria e pelo interior do estado, não há um espraiamento espacial do padrão industrializado no segmento de transformação. Siqueira (2014, p. 42) afirma que “há fortes indícios de que as mudanças não ocorrem em um quadro de adensamento das cadeias produtivas articulado a um aprofundamento da divisão espacial do trabalho”, e que o aumento da participação do setor de extração de petróleo não foi acompanhado por um aumento da participação da indústria de transformação. Cruz (2014, p. 5) também indica que embora haja certa desconcentração de atividades, observa-se a formação de “„ilhas dinâmicas‟, sem grandes interações no interior dessas regiões e entre as regiões de Governo do estado”.

As atividades petrolíferas na Região Norte Fluminense permanecem localizadas principalmente no município de Macaé, os principais impactos para os demais municípios das regiões se dão em função do recebimento dos royalties do petróleo e participações especiais, que têm apresentado um peso considerável nas receitas orçamentárias municipais. Essas atividades acarretam mudanças na dinâmica populacional, no mercado de trabalho, no acesso à moradia, nas condições de mobilidade, etc. nos municípios da região. É nessa face do processo que pretendemos concentrar nossa reflexão.

Para analisar os processos de mobilidade espacial neste contexto regional, serão identificados os principais sentidos (origens e destinos) dos movimentos migratórios para estas regiões (com origem externa) e em seu interior no período de 2005 a 2010 (migração por data fixa) e suas possíveis relações com as atividades econômicas e o mercado de trabalho – comparando os municípios que mais atraem com alguns indicadores demográficos, sociais, econômicos e de inserção da população ocupada nos setores de atividade. Além disso, pretende-se correlacionar tal análise com os movimentos pendulares para trabalho em 2010

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nos municípios destas regiões, através da comparação entre a população que reside e trabalha no município e a população que entra para trabalhar no município, por setor da atividade econômica. No caso da metrópole, os movimentos populacionais serão considerados na sua relação com tais regiões, seja como origem ou destino.

O texto apresenta uma primeira seção que trata brevemente sobre a relação entre elementos da estrutura urbana, a organização territorial regional e as fronteiras urbanas que são colocadas para os indivíduos e famílias diante das mudanças na economia e no mercado de trabalho. Em seguida, tratamos sobre os movimentos populacionais que ultrapassam algumas dessas fronteiras – não apenas as político-administrativas, mas as sociais, culturais, econômicas, relacionadas às mudanças recentes nos padrões de mobilidade espacial. Na terceira seção, são abordadas algumas mudanças na dinâmica econômica e urbana no Estado do Rio de Janeiro, concentrando-se da metrópole para o eixo norte do estado. Assim, na última seção, são analisados os movimentos populacionais recentes enquanto mudanças de residência e deslocamentos para trabalho nas regiões das Baixadas Litorâneas e Norte Fluminense.

1. Estrutura e fronteiras urbanas

Os movimentos populacionais, em sua relação com a estrutura urbana, podem ser compreendidos como expressão das estratégias (individuais e coletivas) e dos constrangimentos (mercado de trabalho, mercado imobiliário, sistemas de acessibilidade, políticas urbanas e habitacionais, etc.) que se colocam às práticas de apropriação da cidade. Isso significa que mover-se no espaço urbano implica em ultrapassar fronteiras. Dependendo da escala, a dimensão espacial dessa fronteira é mais nítida, como os movimentos entre municípios na escala regional.

A análise do espaço urbano passa por várias dimensões, como aquelas relacionadas aos aspectos sociais, econômicos, demográficos, políticos que se expressam no espaço. A aglomeração urbana se organiza em zonas ou áreas comerciais, industriais, residenciais, por exemplo, que se sobrepõem aos limites político-administrativos do município, podendo atingir a escala regional. A abordagem a respeito dessa sobreposição escalar e da perspectiva de fronteiras urbanas é importante para a análise das regiões que serão consideradas neste texto, uma vez que o Estado do Rio de Janeiro apresenta diversas divisões regionais, como a do IBGE, a da Fundação CIDE, a da FIRJAN; e nenhuma destas contempla, por exemplo, a divisão ensejada pelo impacto das atividades petrolíferas, como a referente aos municípios

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considerados produtores de petróleo, aproximada pela participação destes na Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (OMPETRO).

A organização urbano-regional passa por processos que distribuem, conformam e relacionam as unidades espaciais. Para Castells (1983, p. 185-186) esses processos são: concentração, centralização/descentralização, segregação, circulação, invasão-sucessão – estreitamente relacionados com a distribuição das atividades econômicas, culturais, de serviços e lazer, e com a distribuição da população conforme sua diferenciação social. Ou seja, a estrutura urbana também manifesta-se através de uma divisão econômica e social do espaço, e a integração entre os espaços se dá pelo sistema de acessibilidade – dimensão importante para pensar sobre a relação entre os processos de mobilidade espacial entre municípios e a transposição de fronteiras das mais diversas ordens, como as condições efetivas para empreender um movimento, as imposições da estrutura urbana, o acesso às oportunidades.

Portanto, os processos relacionados ao mercado de trabalho, oportunidades educacionais, dinâmica da moradia e o sistema de mobilidade, entre outros, exercem impactos diferenciados na distribuição populacional no espaço e suas condições de deslocar-se. Na realidade de estudo proposta, parte-se do pressuposto de que o desenvolvimento regional visto especialmente a partir das mudanças nas atividades econômicas, afeta estes elementos que, por sua vez, levam à ocorrência de certos tipos de mobilidade espacial. Simultaneamente tais movimentos exercem novo impacto sobre a organização social e espacial das cidades e regiões.

Diante das distinções entre apropriação do espaço físico que passa pela posição dos agentes no espaço social (BOURDIEU, 1997, p. 160), há sempre uma reorganização na localização – com redistribuição de populações, atividades, bens e serviços no espaço – e ajustamento do sistema urbano, levando a mudanças na forma espacial da cidade e na distribuição da renda real, de que fala Harvey (1973). Muitas vezes quem tem que se relocalizar no espaço urbano são os grupos sociais, impactando principalmente a população de renda mais baixa, às vezes constrangida a se mover. A inabilidade do mecanismo de mercado para alocar eficiente e igualitariamente os recursos relacionados à moradia, trabalho, educação, mobilidade, etc. – associado ainda ao quadro exposto anteriormente de competitividade entre cidades e regiões e de disputa entre escalas com certo aval do Estado e governos locais – revela a importância da análise da estrutura urbana sobre a dinâmica populacional.

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Como afirma Castells (1983), ao falarmos que o espaço urbano é estruturado, significa que apresenta uma organização não aleatória, “os processo sociais que se ligam a ele exprimem, ao especificá-los, os determinismos de cada tipo e de cada período da organização social. (...) Não basta pensar em termos de estrutura urbana; é preciso definir os elementos da estrutura urbana e suas relações antes de analisar a composição e a diferenciação das formas espaciais” (CASTELLS, 1983, p.182; 191).

A proposta aqui colocada visa remeter o olhar para uma análise dos movimentos de população na escala regional, contemplando o interior do Estado do Rio de Janeiro, a partir das Regiões Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas. Tal análise justifica-se em função da dinâmica regional no interior do Estado, em decorrência da indústria do petróleo, do expressivo recebimento de royalties por parte dos municípios, das expectativas em função da instalação de um complexo industrial e portuário, das atividades imobiliárias e turísticas, da expansão do número de universidades nessas regiões e, especialmente, da persistência de alguns municípios em posições desvantajosas na análise de alguns indicadores sociais na região – o que representa um aparente paradoxo em relação aos fatores anteriores.

2. Mudanças recentes nos movimentos populacionais no Brasil

No período de intensa urbanização, os movimentos migratórios internos no Brasil constituíam-se num processo social envolvendo grandes massas populacionais, geralmente em direção à Região Sudeste do país, notadamente nas metrópoles paulista e fluminense – fato que predominou até os anos 1970 aproximadamente.

Após um período de políticas industriais centralizadas, desenvolvimento por substituição de importações, intenso crescimento populacional, alta fecundidade, mudança para o predomínio da população urbana e crescimento das metrópoles, chegou-se aos anos 1980 numa situação de crise econômica e instabilidade financeira, o que teve reflexo também da diminuição dos ritmos de crescimento populacional. Nos anos 1990, as lógicas fundamentadas na exclusão socioespacial se evidenciaram ainda mais mediante as transformações na dinâmica econômica e no mercado de trabalho, com expressivo aumento da pobreza urbana, crescimento da informalidade, etc. contribuindo também para o aprofundamento das mudanças demográficas. Embora tal fenômeno social tenha ficado mais evidente nos espaços metropolitanos, como na metrópole fluminense, o interior do Estado também experimentava os impactos sociais da crise econômica.

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A partir de 1990, com as mudanças ocorridas na dinâmica econômica, processos de desconcentração da estrutura produtiva, condições sociais e econômicas mais adversas especialmente nas metrópoles, os movimentos populacionais de longas distâncias reduziram-se consideravelmente. É nesreduziram-se contexto que a dinâmica populacional no interior do dos estados também ganha expressividade. Já nesse período, primeira década do século XXI, a população urbana segue apresentando significativas mudanças de localização, de movimentação e de acesso aos serviços e à cultura urbana nas cidades. Passa a ganhar notoriedade movimentos no interior dos estados, movimentos intrametropolitanos e os movimentos pendulares. Essa mobilidade espacial passa a ser expressão também de dinâmicas regionais específicas, há uma fragmentação dos fluxos – não mais movimentos de massa – e lógicas socioeconômicas distintas operando sobre a mobilidade da população no espaço.

Diante dessas mudanças em termos de localização da população no próprio espaço urbano, surge um debate em torno dos processos de desconcentração econômica e populacional com dinâmicas de interiorização, leituras que apontam um favorecimento de cidades de porte médio, inclusive no que se refere ao fato de abarcar parcela maior na distribuição populacional, com as migrações internas – que passam a ser mais regionais, de distâncias mais curtas. Em que pese a permanência do contingente populacional metropolitano e também das atividades econômicas, ou seja, uma estabilidade populacional e de mercado de trabalho nas metrópoles (RIBEIRO, SILVA e RODRIGUES, 2011), há certamente novas dinâmicas no interior dos estados que contribuem para explicar os movimentos populacionais. No caso do Estado do Rio de Janeiro, essa dinâmica, essencialmente econômica, é localizada em certos espaços do interior, como na Região Norte Fluminense do Estado, destacada pelo desenvolvimento das atividades petrolíferas, e na Região das Baixadas Litorâneas, com o desenvolvimento de atividades ligadas a construção civil, alojamento e alimentação, atividades imobiliárias, etc.

Como defendido em SILVA (2013), há uma dupla face dos movimentos populacionais entre espaços urbanos, a diversidade de tipos de movimentos e as particularidades que cada um destes tipos vem apresentando. As características desses tipos podem ser apreendidas através dos sentidos destes movimentos em termos de fluxos (interestaduais, intraestaduais, intrarregionais), dos espaços de origem e destino (áreas com concentração de atividades econômicas e/ou melhores indicadores sociais, por exemplo), e dos atributos das pessoas que realizam tais movimentos (renda, ocupação, idade, escolaridade, etc.).

Neste trabalho, a mobilidade espacial será apreendida através dos fluxos realizados, da caracterização dos municípios quanto a alguns indicadores demográficos, econômicos e da

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própria mobilidade espacial, e do perfil das pessoas em movimento no que se refere à inserção dos ocupados nos setores de atividade.

3. Dinâmica urbana, econômica e populacional recente no ERJ

A contribuição do eixo norte do interior para a retomada da dinâmica econômica no Estado do Rio de Janeiro teve como propulsor fundamental a indústria de exploração e produção de petróleo e gás, no Norte Fluminense, com impactos na indústria de transformação e nos serviços – tanto os especializados prestados às empresas quanto os serviços à população, sobretudo à população que chegou para residir nos municípios da região.

A conexão estabelecida com a metrópole também é evidente, pois as sedes de várias empresas ficam no município do Rio de Janeiro, o que contribuiu para aumentar os movimentos populacionais entre a metrópole e o interior, seja enquanto mudança de residência, seja através dos deslocamentos cotidianos. Os investimentos nas áreas de infraestrutura, logística, construção naval e petroquímica no espaço contíguo entre a metrópole e o norte do estado – que envolve parte dos municípios da Região Metropolitana e parte das Baixadas Litorâneas – também vem contribuindo para promover uma articulação regional em toda esta extensão territorial da metrópole até o norte do Estado, chegando ao Porto do Açu, em São João da Barra. Alguns estudos indicam a ocorrência de um continuum urbano englobando estas regiões do interior (CRUZ, 2006; SILVA e TAVARES, 2013). A Região das Baixadas Litorâneas vem sendo incorporada ao processo de expansão física do complexo de exploração de petróleo e gás natural no interior do estado.

Segundo Cruz (2014, p. 13), primeiramente ocorreu a incorporação do município de Rio das Ostras, vizinho de Macaé, que passou a receber algumas instalações físicas de empresas fornecedoras de bens e serviços, “posteriormente, e, gradativamente, os demais municípios litorâneos da BL, foram e vêm sendo incorporados, particularmente enquanto municípios de residência de técnicos e profissionais de renda média e superior, e de lazer, já que possuem tradição enquanto balneários turísticos” (CRUZ, 2014, p. 13).

Nossa hipótese é a de que os movimentos populacionais (migratórios e pendulares) têm se constituído em elemento fundamental para tal articulação. Esta foi a razão para selecionar justamente as Regiões Norte e Baixadas Litorâneas para analisar os movimentos populacionais no interior do Estado, inclusive em sua articulação com a região metropolitana. Devido à extensão da análise e aos limites do texto, foram selecionados alguns municípios

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destas regiões do interior. O critério utilizado baseou-se na dinâmica populacional no que se refere ao tamanho e aos ritmos de crescimento – foram incluídos os municípios que apresentavam 50 mil habitantes ou mais em 2010 e/ou que apresentaram taxa de crescimento populacional acima de 1,5% a.a. no período de 2000 a 2010 – reduzindo a análise para 13 municípios do total das duas regiões, conforme a tabela 1. O objetivo foi concentrar a reflexão sobre municípios com uma polaridade passada ou ainda vigente na região, uma aproximação através do porte populacional elevado, e municípios que apresentam dinâmica populacional atual mais intensa, aproximada através da taxa de crescimento populacional.

Nas Baixadas Litorâneas, os municípios selecionados foram mais em função do crescimento populacional acelerado nos últimos anos. Entre estes, estão alguns municípios considerados produtores de petróleo, ou petro-rentistas segundo Serra, Terra e Pontes (2006). Já no Norte Fluminense, são exatamente os municípios petro-rentistas que se enquadraram na seleção realizada. À exceção de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, todos os municípios apresentam taxa de crescimento populacional acima de 3% a.a., considerada bastante alta para a dinâmica demográfica atual.

Nestas regiões, observa-se aquilo que tratamos na parte teórica, o fato de que uma aglomeração urbana na escala regional muitas vezes se organiza de forma a sobrepor-se aos limites político-administrativos do município (CASTELLS, 1983). No caso do interior do Estado do Rio de Janeiro, seguindo pelo eixo-norte, a localização das atividades econômicas que conforma o acesso ao mercado de trabalho aliada às condições de acesso à moradia influenciaram a dinâmica da população, e esta, por sua vez, também influencia a estrutura urbana, reorganizando o espaço físico e social da cidade.

O grau de urbanização1 é elevado, no geral acima de 90%, mas é possível observar que mesmo entre alguns municípios petro-rentistas há níveis de urbanização abaixo da média das regiões, como em Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Carapebus, São João da Barra e, principalmente, Quissamã (tabela 1). Isso significa que estes municípios que convivem com rendas petrolíferas altíssimas, oriundas da inserção da região num ramo altamente especializado da economia nacional e internacional, apresentam também suas peculiaridades locais, embora a participação de ocupados na agropecuária seja bastante reduzida, como se verá em seguida. A densidade demográfica, que expressa o processo de ocupação do espaço de cada município por parte da população, é mais alta nos municípios das Baixadas Litorâneas do que na Região Norte Fluminense. Embora com densidade demográfica de 115,2

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O grau de urbanização considera o percentual da população total do município que vive em áreas consideradas como urbanas.

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hab./km2 e baixa taxa de crescimento populacional, Campos abrange 54,6% da população do Norte Fluminense. Ou seja, a dinâmica econômica regional em virtude do petróleo não trouxe mudanças significativas em termos de crescimento populacional no município que sustentou durante muito tempo a função de polo regional. Foi uma polaridade passada que contribuiu para sua elevada participação na participação regional.

Macaé abrange 24,3% da população do Norte Fluminense, juntamente com aqueles que se desmembraram – Quissamã e Carapebus – apresentam as maiores taxas de crescimento de sua respectiva região. Mas estes dois municípios não possuem instalações físicas de empresas do setor petrolífero. Já na Região das Baixadas Litorâneas, a maior participação populacional é de Cabo Frio, seguido por Araruama e Rio das Ostras.

Tabela 1 – Indicadores da dinâmica populacional: distribuição, taxa de crescimento, grau de urbanização, densidade dos setores urbanos – Municípios selecionados da Região Norte

Fluminense e Baixadas Litorâneas – 2010

Município Popu-lação Tx. Cres. 2000-2010 Grau de Urb. Densidade demog. Part. Reg. (%) Araruama 112.008 3,1 95,1 175,6 16,0

Armação dos Búzios 27.560 4,2 100,0 392,2 3,9

Cabo Frio 186.227 3,9 75,4 453,8 26,6

Casimiro de Abreu 35.347 4,8 80,7 76,7 5,0

Iguaba Grande 22.851 4,2 100,0 439,9 3,3

Rio das Ostras 105.676 11,2 94,5 461,4 15,1

São Pedro da Aldeia 87.875 3,3 93,5 264,1 12,5

Saquarema 74.234 3,5 94,9 210,0 10,6

Baixadas Litorâneas 700.842 4,2 88,8 192,3 100,0

Carapebus 13.359 4,4 78,9 43,4 1,6

Campos dos Goytacazes 463.731 1,3 90,3 115,2 54,6

Macaé 206.728 4,6 98,1 169,9 24,3

Quissamã 20.242 4,0 64,2 28,4 2,4

São João da Barra 32.747 1,7 78,5 72,0 3,9

Norte Fluminense 849.515 2,0 88,1 87,2 100,0

Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010 – IBGE.

Através da distribuição diferencial do PIB entre os municípios selecionados, é possível aproximar-se da dinâmica econômica existente nas regiões (tabela 2). Na Região Norte Fluminense, a participação do PIB da indústria é maior do que nas Baixadas Litorâneas, 60% e 50%, respectivamente. Já o PIB de serviços e administração pública tem uma participação maior na Região das Baixadas Litorâneas. Entretanto, há municípios com uma participação considerável do PIB industrial mesmo nesta região, como Rio das Ostras com quase 70%. O

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mesmo acontece com Campos dos Goytacazes e Quissamã no Norte Fluminense, já que estes municípios são grandes recebedores dos royalties, mesmo não possuindo um conjunto de instalações físicas industriais deste setor, como em Macaé. Vale observar que este município, que mais justificaria ter uma participação alta do PIB industrial, acaba tendo quase 40% tanto no PIB industrial quanto no PIB serviços – o que deve ocorrer devido à presença de várias empresas que prestam serviços às demais do ramo petrolífero e à própria Petrobras. Além disso, também há os serviços prestados a essa população que trabalha em Macaé, como alojamento, alimentação, lazer e os serviços pessoais.

O peso da administração pública na composição do PIB é mais alto nos municípios selecionados das Baixadas Litorâneas, em alguns casos chega a superar 30% de participação no PIB total, como em Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Saquarema. Já no Norte Fluminense, a participação do PIB da administração pública é mais reduzida, entretanto, Carapebus apresenta participação de 11,3%, seguido por Macaé com quase 10%.

Quanto aos diferenciais de produção de riqueza em cada região, a participação no PIB regional das Baixadas Litorâneas concentra-se em Cabo Frio e Rio das Ostras, municípios com alta participação do PIB industrial, recebedores de royalties do petróleo. Já no Norte Fluminense Campos é o município com maior peso do PIB no total da região – 56,7%, seguido por Macaé com participação de 24,5%. Observa-se mais uma vez o impacto dos royalties sobre o PIB municipal.

Complementar a esse quadro de riqueza estão os altos valores de PIB per capita em vários municípios, especialmente entre estes selecionados já que provavelmente apresentam maiores ritmos de crescimento populacional também em função do impacto da atividades econômicas nas regiões. O Norte Fluminense apresentou PIB per capita médio calculado por mês de R$ 4.468,38, em preços correntes de 2010, já a Região das Baixadas Litorâneas apresentou este mesmo PIB per capita no valor de R$ 2.350,84, embora menor que a Região Norte Fluminense, também é um valor muito alto.

Entretanto, divergente desse quadro são os valores da renda per capita, medida através da massa total de rendimentos da população. Apesar dos altos valores de PIB e das receitas provenientes dos royalties do petróleo, a renda per capita da população não é tão expressiva, ou não corresponde a essa realidade. As maiores rendas per capita registradas em 2010 a partir de dados censitários foi em Macaé e Rio das Ostras, municípios que recebem mais diretamente os impactos da atividade petrolífera na região por constituírem lugar de residência dos trabalhadores desta atividade, sobretudo os renda mais alta. Os demais municípios apresentaram renda per capita em torno ou abaixo de R$ 800,00 mensais, sendo

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mais inferiores no Norte Fluminense (com valor mais alto em Campos – R$ 650,79) e um pouco maiores nos municípios das Baixadas Litorâneas (chegando a R$ 802,23 em Armação de Búzios). Portanto, a desigualdade de renda que os municípios dessas regiões experimentam é bastante expressiva, sobretudo se compararmos com a riqueza “produzida” na região ou auferida pelas administrações públicas locais.

Tabela 2 – Indicadores da dinâmica econômica: distribuição do PIB por setores – Municípios selecionados da Região Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas – 2010

Município

Distribuição percentual do PIB municipal Part. PIB Reg.* (%) PIB per capita mensal Renda per capita mensal Agrope-cuária Indús-tria Serviços (s/ Ad. Púb.) Adm. Pública Impos-tos Araruama 1,5 14,6 44,3 32,6 7,1 6,4 945,61 655,57

Armação dos Búzios 0,3 55,5 28,1 12,2 4,0 6,5 3.903,92 802,23

Cabo Frio 0,5 54,2 29,2 12,0 4,2 33,2 2.934,26 799,72

Casimiro de Abreu 0,4 51,2 33,1 9,7 5,7 9,3 4.330,16 742,77

Iguaba Grande 0,6 10,4 44,4 40,1 4,5 1,2 871,92 766,34

Rio das Ostras 0,1 69,7 19,1 7,9 3,3 31,0 4.833,09 1.022,12

São Pedro da Aldeia 1,1 10,7 46,1 35,8 6,2 4,8 898,25 697,74

Saquarema 0,9 13,1 47,0 30,9 8,1 4,8 1.065,12 646,72

Baixadas Litorâneas 0,5 50,6 29,4 14,9 4,6 *4,9 2.350,84 763,07

Carapebus 0,6 44,6 37,2 11,3 6,3 1,3 3.658,17 603,46

Campos dos Goytacazes 0,4 70,2 18,4 7,9 3,0 56,7 4.642,90 650,79

Macaé 0,2 38,5 39,1 9,9 12,3 24,5 4.502,49 1.046,63

Quissamã 0,6 61,5 28,2 4,7 5,1 6,8 12.823,32 602,38

São João da Barra 0,6 83,9 9,3 4,3 1,9 7,7 8.876,84 540,91

Norte Fluminense 0,6 60,8 24,3 8,8 5,5 *11,2 4.468,38 718,09

Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010 – IBGE.

* Não soma 100% pois aqui foram considerados apenas os municípios selecionados. O valor percentual do total de cada região refere-se à participação no PIB estadual.

Quanto à participação da população ocupada nas atividades econômicas, considerou-se a população que reside e trabalha no município mais a população que entra para trabalhar por setor de atividade, como uma proxy no mercado de trabalho local (tabela 3). O setor da agropecuária apresenta no geral uma participação mais reduzida, embora no Norte Fluminense seja considerável em Quissamã, São João da Barra e Carapebus – acima de 10%. As indústrias extrativas, como esperado, apresentam maior participação de ocupados em Macaé, justamente pelo setor de exploração de petróleo e gás natural. A indústria de transformação tem uma participação variada, mas relativamente baixa em relação ao total, apresenta maior participação em Campos, seguido por Macaé. O setor de construção civil

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abarca maior parcela de trabalhadores nas Baixadas Litorâneas – em relação ao Norte Fluminense, com destaque para Armação de Búzios, Saquarema e, sobretudo, Rio das Ostras, que chega a ter 18,5% de ocupados trabalhando neste setor, tanto entre os que aí residem quanto aqueles que vêm de outros municípios para trabalhar. Os impactos da indústria petrolífera e a chegada de população nas Baixadas Litorâneas potencializaram a construção civil nesta região, tanto no que se refere à moradia, alojamento-hospedagem e alimentação, além dos empreendimentos em outros serviços.

Tabela 3 – Mercado de trabalho local: população que reside e trabalha no município mais população que entra para trabalhar por setor de atividade – Municípios selecionados da

Região Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas – 2010

Município Reside e Trab. Trab. Total Agrop. Ind. Ext. Ind.

Transf. Const. Comer. Serv. Adm. Pub. Educ. Saúde Outras Araruama 39.185 41.845 4,3 0,3 5,9 14,8 20,5 32,6 5,5 16,1

Armação dos Búzios 13.039 20.163 2,0 0,1 2,5 15,3 15,5 47,6 6,6 10,3

Cabo Frio 69.347 83.259 3,2 0,8 5,5 13,9 22,2 33,7 6,8 13,9

Casimiro de Abreu 12.267 14.479 5,2 0,4 5,8 13,1 17,8 26,5 14,6 16,6 Iguaba Grande 6.648 7.749 3,0 0,0 3,7 13,5 16,2 32,7 12,4 18,5 Rio das Ostras 35.520 41.905 2,0 1,3 4,7 18,5 18,1 34,7 7,0 13,7 São Pedro da Aldeia 24.457 27.031 4,5 0,5 4,8 11,6 21,3 28,3 16,6 12,3

Saquarema 27.287 28.634 5,2 0,1 4,7 17,8 19,9 32,7 5,7 13,9 Baixadas Litorâneas 227.750 283.485 4,0 0,6 5,0 14,8 19,8 33,3 8,2 14,2 Carapebus 3.604 3.885 18,6 0,4 1,8 12,3 14,9 16,2 17,3 18,5 Campos Goytacazes 173.999 183.612 4,9 1,6 8,2 10,6 18,7 29,1 5,8 21,1 Macaé 100.154 152.153 1,3 16,3 7,1 9,4 12,0 29,1 5,5 19,3 Quissamã 7.196 7.868 10,8 0,6 4,0 9,0 12,6 25,2 18,0 19,9

São João da Barra 12.724 14.307 13,1 1,0 5,3 12,8 14,0 28,1 8,2 17,6 Norte Fluminense 297.677 401.600 6,0 7,0 7,2 10,0 15,6 28,0 6,5 19,7

Fonte: Censo Demográfico de 2010 – IBGE.

As atividades relacionadas ao comércio também envolvem parcela significativa da população, apesar desta participação ser maior nas Baixadas Litorâneas, embora no Norte Campos também apresente uma participação considerável de cerca de 18%. Já o setor de serviços, que normalmente abrange maior parte da população ocupada, apresenta uma variação expressiva entre os municípios, no geral fica entre 25% e 35% nos municípios da região, embora em Armação de Búzios chegue a 47% dos ocupados neste grande setor, certamente devido às atividades turísticas, envolvendo hotéis, restaurantes e serviços dos mais diversos. Em alguns municípios, o setor de administração pública também emprega muitos trabalhadores, em Casimiro de Abreu, São Pedro da Aldeia e Iguaba Grande envolve cerca de

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12% a 16% dos ocupados. Já em Carabepus e Quissamã, municípios no Norte Fluminense próximos a Macaé, essa participação é de 17% e 18%, respectivamente. Educação, saúde e outras atividades abrangem aproximadamente entre 10% e 20% dos ocupados.

Portanto, em termos de atividades econômicas nessas regiões, observa-se que as atividades industriais apresentam maior participação na Região Norte Fluminense. Ao mesmo tempo, nessa região, ainda há uma participação considerável de ocupados na agropecuária, mais do que nas Baixadas Litorâneas. O setor de construção civil tem uma participação no geral em torno de 10% ou mais nas regiões, embora seja maior a participação nos municípios das Baixadas Litorâneas. Comércio e serviços tradicionalmente abrangem uma parcela significativa dos ocupados, o que não é diferente nos municípios aqui considerados, apesar de também ser mais expressivo nas Baixadas Litorâneas. Já os setores de administração pública, educação, saúde e outras atividades apresentam uma participação variada.

4. Movimentos populacionais: mudanças de residência e deslocamentos para trabalho nas Baixadas Litorâneas e Norte Fluminense

Todas essas mudanças na divisão econômico-territorial do Estado, no mercado de trabalho no interior, nas condições de moradia e a busca por acesso às oportunidades influenciaram os movimentos da população no espaço, afetando o volume demográfico dos municípios, a redistribuição populacional e seus ritmos de crescimento. Nossa hipótese vai no sentido de uma relação dialógica entre esses processos, pois o comportamento da população e sua localização no espaço é fruto destas mudanças, mas também volta a impactar a estrutura urbana. Nesse sentido, é importante avaliar como tem se dado o comportamento da mobilidade espacial nesses espaços.

Quanto aos movimentos migratórios, o percentual de emigrantes varia de 2,8% a 7,9% entre os municípios das regiões consideradas. Mas no geral o número de pessoas que chega para morar nos municípios das regiões (imigrantes) é maior do que a quantidade de pessoas que saem (emigrantes). Nas Baixadas Litorâneas, o município que teve o maior número de emigrantes entre 2005 e 2010 foi Cabo Frio, entretanto, essa saída é mais do que compensada pela quantidade de pessoas que entraram para residir (pouco mais de 26 mil), gerando um saldo migratório2 positivo e alto. Observa-se que nesta região, há uma atração migratória expressiva, enquanto o percentual de emigrantes não chega a 10% da população, o percentual

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O saldo migratório refere-se ao número de imigrantes menos o número de emigrantes (entrada subtraída da saída), mede a contribuição das migrações ao incremento populacional do período em números absolutos.

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de imigrantes que contribuíram para o porte populacional de 2010 é muito expressivo, principalmente em Rio das Ostras, Casimiro de Abreu e Iguaba Grande.

O caso mais notório é o de Rio das Ostras, pois o número de imigrantes no período foi de 33.725, esse foi o número de pessoas que em 5 anos chegou para residir neste município, representando 34,5% da população em 2010. Vale notar que Rio das Ostras apresentou a 5ª maior taxa líquida migratória3 do país, que representa a contribuição do saldo migratório para a população no período, o que certamente influenciou o fato de ter sido o município com a maior taxa de crescimento populacional no Brasil na década de 2000. No geral, a taxa líquida migratória é positiva nos municípios selecionados desta região.

Já no Norte Fluminense a situação migratória é mais diversificada. Segundo Silva e Tavares (2013), em Macaé aumentou em mais de 10 mil o número de pessoas que foram residir no município de 2005 a 2010 em relação ao período de 1995 a 2000, e tanto em 2000 quanto em 2010, o município apresentou o maior saldo migratório da Região Norte Fluminense.

Ao comparar os dois polos regionais, verifica-se nesse município o oposto ao que acontece em Campos: enquanto em Macaé, a chegada de imigrantes de outros municípios é maior do que a saída de pessoas de pessoas do local (emigrantes), em Campos a saída é maior do que a entrada, gerando um saldo migratório negativo, o que significa que o município perde população pela migração, explicando a taxa de crescimento mais baixa entre os municípios selecionados neste trabalho. Apesar disso, o crescimento é positivo, certamente em função do crescimento vegetativo. Isso vai de encontro ao discurso predominante na região – em parte fundamentado pelos empreendedores do Porto do Açu e incorporado por diversos segmentos sociais da região, como a mídia, políticos, investidores imobiliários – de que “Campos em breve experimentará uma explosão populacional”4. Claro que esses dados ainda não sofreram impacto significativo das transformações recentes em função das atividades de implantação e funcionamento do Complexo Industrial do Porto do Açu, pois muitos trabalhadores que vieram de outros lugares do país e até do exterior têm circulado, sobretudo em Campos, por este município apresentar condições mais diversificadas de infraestrutura, comércio, serviços, etc. Essa problemática também é tratada por Givisiez e Oliveira (2012), que sugerem o confronto de algumas hipóteses para o crescimento

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A taxa líquida migratória corresponde ao saldo dividido pela população de 5 anos ou mais – expressando a contribuição relativa do saldo na população.

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populacional em Campos e São João da Barra. Segundo dados do IBGE (2013), a população estimada de Campos em 2013 foi de cerca de 477mil pessoas.

Carapebus apresenta a maior taxa migratória líquida, significa que em termos relativos, o município tem crescido consideravelmente pela migração. Esse fato pode ser explicado pela proximidade geográfica de Carapebus com o município de Macaé (onde se localizam as instalações físicas da Petrobras) que, como afirmado anteriormente, atrai população de toda região, causando impacto inclusive nos municípios vizinhos.

Segundo Silva e Tavares (2013), Carapebus, assim como Rio das Ostras, funciona como “cidade dormitório” que serve tipicamente de moradia aos trabalhadores da indústria petrolífera, e Quissamã também exerce essa função. Segundo Cruz (2014), os municípios recém-emancipados, Quissamã e Carapebus, mantêm um crescimento demográfico acelerado devido, inicialmente, à montagem da máquina administrativa – como visto na tabela 3 são os municípios que mais empregam relativamente no setor de administração pública – e, posteriormente, à crescente condição de municípios-dormitório. Em linhas gerais, a Região Norte Fluminense também é atrativa, especialmente pela influência exercida por Macaé. Entretanto, a Região das Baixadas Litorâneas tem exercido uma atratividade maior. Sendo assim, tanto Carapebus e Quissamã, quanto Rio das Ostras fazem parte de uma mesma dinâmica urbana impulsionada pela indústria petrolífera instalada em Macaé.

Tabela 4 – Imigrantes, Emigrantes, Saldo e Taxa Líquida Migratória – Municípios selecionados da Região Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas – 2010

Município Número de Emi-grantes Emi-grantes (%) Número de Imi-grantes Imi-grantes (%) Saldo Migra-tório Taxa L. Migra-tória Araruama 4.256 4,1 12.766 12,2 8.510 8,14

Armação dos Búzios 2.035 7,9 3.830 14,9 1.796 7,01

Cabo Frio 12.247 7,1 26.530 15,3 14.282 8,23

Casimiro de Abreu 1.795 5,5 6.595 20,1 4.800 14,66

Iguaba Grande 793 3,7 4.267 19,9 3.474 16,19

Rio das Ostras 4.769 4,9 33.725 34,5 28.956 29,59 São Pedro da Aldeia 4.348 5,3 13.115 16,0 8.767 10,72

Saquarema 3.031 4,4 6.137 8,8 3.106 4,48

Carapebus 396 3,2 1.869 15,1 1.473 11,89

Campos dos Goytacazes 18.640 4,3 12.206 2,8 (6.434) -1,49

Macaé 14.353 7,5 27.995 14,7 13.642 7,14

Quissamã 577 3,1 1.893 10,0 1.317 6,98

São João da Barra 864 2,8 2.893 9,4 2.029 6,62

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Tão importante quanto avaliar os volumes e proporções das migrações nos municípios, é avaliar as origens e destinos desta mobilidade espacial, como consta na tabela 5. Na Região das Baixadas Litorâneas, observa-se que a maior parte dos imigrantes tem como origem a região metropolitana, principalmente o Município do Rio de Janeiro. Ou seja, essa região tem sido atrativa para moradores da metrópole que tem mudado de residência para o interior litorâneo. Em Araruama, Iguaba Grande e Saquarema, nota-se que de 47% a 55% dos imigrantes saíram do Rio de Janeiro, tendo também uma participação considerável de origens nos demais municípios da RMRJ. Em seguida, há uma participação de cerca de 20% de imigrantes que saíram de outros municípios do próprio interior do Estado do Rio de Janeiro.

Em Rio das Ostras, a participação destes imigrantes intraestaduais do interior é a maior (36% – sendo 20% de Macaé, Campos e Itaperuna conjuntamente), embora neste município cerca de 40% da imigração também seja da RMRJ. Em Cabo Frio, outro município com altíssimo número de imigrantes, as principais origens também foram a RMRJ, 30,4% da imigração do Rio de Janeiro e participações de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São Gonçalo, etc. Ou seja, nas Baixadas Litorâneas há uma relação das imigrações especialmente com a metrópole.

Já na Região Norte Fluminense, a maior participação é da migração interestadual. Isso devido ao peso exercido por Campos e Macaé, os polos das respetivas microrregiões, que atraem mais pessoas de outros estados do que do próprio Estado do Rio de Janeiro, 36% e 46% dos seus imigrantes, respectivamente. Já nos demais municípios predomina a migração intrarregional, que são as mudanças de residência na própria região, principalmente em São João da Barra. A saída de Macaé implica em atratividade residencial para Carapebus e Quissamã (intrarregional) e em Rio das Ostras (interior do Estado) – confirmando os dados sobre crescimento populacional e a relação com Macaé por parte destes municípios.

A inserção dos imigrantes ocupados acompanha em linhas gerais a inserção da população ocupada residente, e as diferenças não são tão consideráveis entre o total das regiões. A maior parte trabalha nos setores e serviços, comércio e construção. Mas vale notar que em Rio das Ostras, Carapebus e mesmo em Quissamã há um percentual maior de imigrantes que trabalham nas indústrias extrativas, provavelmente migraram para estes municípios, mas trabalham em Macaé.

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Tabela 5 – Imigrantes por tipo de fluxo realizado – Municípios selecionados da Região Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas – 2010

Município Intra-regional Interior do Estado Município do Rio Demais da RMRJ Interes-tadual Total (100%) Araruama 11,6 6,8 47,2 23,4 11,0 12.765

Armação dos Búzios 16,2 14,4 27,2 17,9 24,4 3.831

Cabo Frio 11,0 16,8 30,4 24,3 17,4 26.530

Casimiro de Abreu 16,8 22,7 24,9 21,6 14,0 6.596

Iguaba Grande 16,7 6,2 55,6 14,9 6,6 4.267

Rio das Ostras 5,5 36,6 20,8 19,8 17,3 33.725

São Pedro da Aldeia 30,8 10,0 23,3 19,9 15,9 13.116

Saquarema 8,5 6,7 49,9 28,0 7,0 6.137

Baixadas Litorâneas 12,7 20,1 29,9 22,0 15,3 112.070

Carapebus 52,6 11,4 9,7 12,7 13,5 1.869

Campos dos Goytacazes 16,6 15,8 21,7 9,8 36,1 12.207

Macaé 13,5 16,8 13,5 13,0 43,1 27.995

Quissamã 39,1 7,0 20,2 20,1 13,6 1.894

São João da Barra 62,3 3,4 11,5 4,7 18,1 2.893

Norte Fluminense 21,5 16,2 15,0 12,2 35,1 52.396

Fonte: Censo Demográfico de 2010 – IBGE.

É nesta articulação entre mudanças de residência para as regiões ou em seu interior e o mercado de trabalho regional que se torna importante avaliar informações sobre o lugar de moradia. Isso porque além das mudanças de residência também fazem parte dos processos de mobilidade espacial os deslocamentos cotidianos, que podem ocorrer por vários motivos: pode ser um deslocamento para a produção – geralmente os movimentos entre lugar de moradia e lugar de trabalho – ou um deslocamento para a reprodução – que envolvem as diferentes atividades realizadas no espaço urbano, para consumo, lazer, escola, etc.

A respeito dos movimentos para trabalho, serão considerados os movimentos pendulares nos municípios da região (tabela 6). Nas Baixadas Litorâneas, municípios como São Pedro da Aldeia, Rio das Ostras e Casimiro de Abreu apresentam uma taxa de saída acima de 25%, significando que mais de 25% de sua população ocupada residente, na verdade trabalha em outro município. Em Cabo Frio, Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia, o volume também é alto – entre 13 e 15 mil pessoas que saem para trabalhar. Já a maior taxa de atração ocorre em Armação de Búzios, que deve estar relacionada às atrações turísticas da cidade, aos movimentos constantes em função de atividades especializadas de lazer. Nesta região, Cabo Frio também exerce certa atratividade para trabalho, e recebe também o maior volume de trabalhadores entre os municípios selecionados das Baixadas Litorâneas. Simultaneamente, a

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taxa de retenção é alta em Armação de Búzios (96%), mas também em Saquarema, Araruama e Cabo Frio.

Na Região Norte Fluminense, a maior taxa de saída é em Carapebus, município pequeno, com características econômicas baseadas na agropecuária, mas, como já visto, experimenta intenso processo de crescimento em função da proximidade a Macaé, para onde vai boa parte de sua população para trabalhar. A taxa de saída em São João da Barra e Quissamã também é acima de 10%. Embora com taxa de saída mais reduzida, o volume de pessoas que sai de Campos para trabalhar é o maior da região – 12,7 mil pessoas, tendo como principal destino Macaé e Rio de Janeiro. Em relação à entrada, a atratividade de Macaé é surpreendente não só pela taxa, mas também pelo volume. Macaé recebe frequentemente cerca de 50 mil pessoas para trabalhar, correspondendo a 50% de sua própria população ocupada. Os setores de atração, conforme mostrado por Silva e Tavares (2013, p. 14), são especialmente as indústrias extrativas, comércio e serviços.

No geral, à exceção de Carapebus, os demais municípios selecionados da Região Norte Fluminense apresentam uma taxa de retenção considerável, acima de 80%, sendo maior em Campos e Macaé – acima de 93% nestes municípios.

Tabela 6– População ocupada que entra e sai do Município e taxa de retenção para trabalho – Municípios selecionados da Região Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas – 2010

Município

Saída para trabalho Entrada para

trabalho Residem e Trabalham no município (%) Pendular (%) Pendular (%)

Araruama 6.554 14,3 2.616 5,8 85,6

Armação dos Búzios 557 4,1 7.029 52,4 95,9

Cabo Frio 15.351 18,1 13.318 16,4 81,8

Casimiro de Abreu 4.959 28,8 2.184 12,8 71,1

Iguaba Grande 2.056 23,6 1.101 12,6 76,2

Rio das Ostras 14.886 29,5 6.182 12,6 70,3

São Pedro da Aldeia 13.116 34,8 2.537 6,8 64,9

Saquarema 3.585 11,6 1.347 4,4 88,3

Carapebus 2.458 40,4 281 4,6 59,3

Campos dos Goytacazes 12.734 6,8 8.971 5,1 93,1

Macaé 2.576 2,5 50.435 50,6 97,4

Quissamã 1.414 16,4 648 7,8 83,5

São João da Barra 1.688 11,7 1.566 11,0 88,2

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Considerações finais

No contexto atual da conformação de novas territorialidades, pensar o movimento das pessoas no espaço abrange um amplo leque de determinantes e diferenciadas configurações, implica não apenas refletir sobre a dinâmica demográfica, mas também sobre as mudanças nas atividades econômicas, as transformações no mercado de trabalho, a estrutura social sob o confronto das perspectivas de desigualdade e/ou exclusão e os modelos socioculturais com novos estilos de vida e apreensão do urbano. Estes elementos vão atuar sobre a organização do espaço físico e social da cidade, sobre o lugar que as pessoas ocupam na região.

O movimento populacional nas Regiões Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas tem sido intenso nas últimas décadas. Observa-se que há uma distinção nas origens dos imigrantes. Nas Baixadas Litorâneas há uma participação maior de imigrantes que vêm da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (quase 30% da capital e outros 22% dos demais municípios da RMRJ). No Norte Fluminense, embora também haja imigrantes da RMRJ, há uma participação maior daqueles que vêm de outros estados (35%), sobretudo em Macaé, que atrai pessoas até de Salvador e São Paulo. Nesta região, também há uma participação considerável da migração intrarregional, entre os próprios municípios da Região – embora em menor medida em Campos e Macaé.

Essas informações de mobilidade espacial, tanto pela ótica das migrações quanto dos movimentos pendulares sugerem a hipótese de um processo de mudança residencial e deslocamentos para trabalho entre os municípios mais diretamente afetados pelas instalações físicas da indústria petrolífera. Observa-se que Macaé, embora tenha um saldo migratório positivo por atrair muitos imigrantes, também gera uma saída expressiva de população, ao mesmo tempo em que municípios do seu entorno – como Carapebus, Quissamã e sobretudo Rio das Ostras – experimentam uma atração residencial que tem Macaé como principal ponto de origem. Complementar a essa situação, Rio das Ostras e Carapebus (Quissamã em menor medida) também apresentam uma saída expressiva de população para trabalhar, principalmente em Macaé. Ou seja, podemos supor que o processo de segregação espacial que já vinha ocorrendo na própria cidade de Macaé também alcança os municípios próximos dessas regiões, processo que passa pela segmentação econômica do território regional. Para isso, seria importante analisar o perfil social dessas pessoas que se movem no território regional, comparando com características sociais e econômicas das áreas de origem e destino.

Nota-se que as fronteiras urbanas atuam não apenas no sentido de limitar a população no espaço, mas também pode atuar no sentido de potencializar, ou mesmo constranger, uma

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indivíduos e famílias a mudarem de residência. Ou seja, a mobilidade espacial nas regiões consideradas parece ocorrer tanto por fatores atrativos das principais áreas de destino, mas também por fatores de constrangimento (repulsão) em áreas de origem. Macaé se configura como exemplo mais evidente dessa relação.

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