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Introdução aos Materiais Sintéticos para o Atado de Moscas

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Academic year: 2021

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Introdução aos Materiais Sintéticos para o Atado de Moscas

Por: Alejandro Antúnez de Mayolo Doimi (Índio)

Introdução

Já faz algum tempo que temos testemunhado uma explosão na produção e uso de materiais sintéticos para o atado de moscas. A tendência na utilização destes materiais obedece à constante expansão das novas fronteiras da pesca com mosca: novas espécies de peixes em habitats cada vez mais variados. Muitos destes novos desafios estão sendo atendidos por uma nova geração de materiais sintéticos cujas características incluem: brilho, durabilidade, cores e outras características físicas que, junto com sua disponibilidade e relativo baixo custo, os tornam mais apropriados e acessíveis para a grande maioria dos atadores.

O leitor deve considerar este artigo sobre materiais sintéticos como uma simples “foto” na linha tempo. Novos materiais são introduzidos a cada dia e convidamos o leitor a fazer suas próprias pesquisas. Consideramos que este artigo é simplesmente uma introdução e não pretende ser uma lista exaustiva de todos os produtos disponíveis hoje em dia ou no futuro.

Porque os materiais sintéticos?

Os materiais naturais tais como penas e pêlos são limitados em termos de tamanhos, durabilidade, cor, textura, brilho e, principalmente, nem sempre encontram-se disponíveis por questões de preço, restrições sanitárias, de importação ou até ecológicas. Os materiais sintéticos superam muitas destas limitações, ao mesmo tempo que trazem novas propriedades inexistentes nos materiais naturais. Estas características empolgam muitos dos atadores, permitindo-lhes criar novos padrões com efeitos de cor, movimento e brilhos antes inimagináveis.

Origem das fibras sintéticas

As fibras sintéticas são o resultado de anos de pesquisa para substituir, e em alguns casos melhorar, as características das fibras naturais de origem animal ou vegetal. As fibras sintéticas são fabricadas a partir de matérias primas de origem químico ou petroquímico que são polimerizadas até obter longas cadeias. Após combinadas, elas são submetidas a um processo de extrusão até obter as longas fibras nos diâmetros desejados.

A primeira fibra artificial foi a viscose (1894), inventada pelo cientista e industrial francês Hilaire de Chadornet, ela surgiu como um substituto artificial para a seda. A matéria prima da viscose é a celulose. Os franceses queriam alimentar sua crescente e lucrativa indústria têxtil com uma alternativa à seda natural que não dependesse das fontes naturais, controladas principalmente pelo oriente. Em 1865 surge o acetato de celulose, e em 1924 o rayon; ambas fibras artificiais,

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mas não realmente sintéticas pois eram fabricadas a partir da madeira (mais especificamente, da celulose).

O nylon (1939) foi a primeira fibra realmente sintética. Ela surge numa época de racionamento e necessidades da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, foi criado para substituir, entre outros, a seda natural, que era muito utilizada na fabricação de paraquedas para o exército. No pós-guerra, muitas outras fibras acabaram surgindo no mercado, principalmente motivadas pelo crescimento da indústria têxtil e com os mais diversos nomes comerciais, tais como: orlon (1941), acrílico (1950), poliéster (1953), spandex (1959), kevlar (1961), darlon (antron ou z-Lon 1972 e o zylon (1980) . Hoje em dia, as fibras sintéticas representam mais da metade das fibras consumidas no mundo, com um destaque especial para o poliéster, pois ele sozinho representa 60% do total das fibras sintéticas utilizadas pelas diversas industrias.

Fonte:    O  Ecoextitles:-­‐  Man  made  synthetic  fibers    http://oecotextiles.wordpress.com    

O conceito de brilho

Durante muitos anos, os atadores utilizaram materiais naturais tais como pêlos de foca e de ursos polares para dar um efeito de brilho nas moscas. Os fios metálicos redondos e planos (tinsel), ou transados envolta de uma fibra um núcleo (tinsel redondos) eram outros dos recursos utilizados pelos atadores para dar um efeito de brilho nas iscas, e assim torná-las mais atraentes para os peixes.

Classificação+Genérica+das+Fibras+Sinté6cas++

FIBRAS

Naturais Artificiais

Orgânicas Inorgânicas

Por transformação de

polímeros naturais A partir de polímeros sintéticos Acetato Alginato Cupro Elastodieno (Elastofibras) Lyocell Triacetato Viscose Aramida Chlorofibra Elastano Fluorofibra Modacrílico Poliamida Acrílico Poliéster Polietileno Polimida Olipropileno Imilal Carvão Cerâmica Vidro Metal

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A introdução no uso de materiais sintéticos para o atado começou em 1982, com o lançamento do flashabou, e depois explodiu nas centenas de produtos disponíveis hoje sob diferentes nomes comerciais. No entanto, como já anuncia o ditado: “nem tudo o que brilha é ouro”. Toda esta variedade de materiais disponíveis acabou provocando uma verdadeira confusão em relação à natureza e também à correta utilização dos mesmos.

Vamos a entender um pouco melhor o que significa exatamente “brilho”, para assim poderemos agrupar ou classificar melhor os materiais sintéticos segundo suas capacidades em alterar a direção da luz e produzir o que chamamos de “brilho” e/ou outros efeitos similares.

Aqui teremos que pedir ajuda à Física, mais especificamente à Ótica.

Como sabemos, a luz é capaz de se deslocar através de diferentes meios. A mudança de meio geralmente provoca desvios no feixe de luz. É o que conhecemos como fenômenos de reflexão e refração. Os materiais que chamamos de “brilhantes”, têm justamente a capacidade de alterar, refletir ou eventualmente até emitir algum tipo de luz.

• Reflexão: Na ótica, a reflexão é a mudança na direção da luz após ter entrado em contato com uma superfície refletora. retornando para o meio no qual ela se originou. Dependendo da natureza do material refletor, a reflexão pode ser especular (ex. Imagem refletida num espelho) ou difusa (quando o feixe de luz é refletido em diferentes direções dada as características físicas da superfície).

• Refração: Na ótica, a refração é a mudança na direção de um feixe ao atravessar a fronteira entre dois meios com diferentes índices de refração. A refração modifica a velocidade de propagação e o comprimento de onda, provocando uma alteração das características do feixe original.

• Transparência e translucidez: No campo da ótica, a transparência é a propriedade física de alguns materiais de permitir a passagem da luz sem sofrer dispersão. Os materiais chamados de translúcidos provocam um certo grau de dispersão. A opacidade é a propriedade oposta à translucidez, os matérias “opacos” não permitem a transmissão da luz através deles.

• Iridescência: É a propriedade de certas superfícies de alterar a cor segundo o ângulo de incidência da luz. Um exemplo muito comum da iridescência é o efeito provocado pela superfície das bolhas de sabão quando a luz incide nelas. O mesmo fenômeno pode ser observado na superfície inferior dos CDs.  

Fenômeno da iridescência observado no dorso de um besouro

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• Ativação por raios UV: Os raios UV representam uma porção do espectro eletromagnético onde os comprimentos de onda estão entre os 10 e 400 nm. Alguns materiais mostram certas propriedades quando expostos a este tipo de onda:

Fluorescência: É a propriedade que alguns materiais têm de emitir luz (luminescência) após ter absorvido outro tipo de luz ou radiação eletromagnética, como por exemplo os raios UV (conhecidos comercialmente como Day-glo).

Fosforescência: É um tipo muito especifico de fotoluminescência. Diferentemente da fluorescência, a luz não é reemitida imediatamente mas só após um certo período de tempo. (Conhecidos comercialmente como Glow-in-the-dark).    

      Refletância UV (UVR): É a proporção entre o fluxo de radiação UV incidente numa superfície e o fluxo que é refletido. Junto com a absorção UV, são mecanismos de sinalização e comunicação muito utilizados na natureza por alguns insetos, aves e flores.

Imitação de camarão atada com material fosforescente

Foto de uma flor (Rudbeckia fulgida var. deamii.) Á esquerda sob a luz normal (perspectiva humana) Á Direita sob luz

UV (provável perspectiva de uma abelha) Fenômeno da fluorescência num coral.

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Fosforescência e fluorescência são frequentemente confundidos. Materiais fosforescentes emitem luz na escuridão total. Materiais fluorescentes só emitem luz (além de refleti-la como qualquer outro material) na presença de luz. Pescadores da Austrália, têm comprovado a efetividade de utilizar materiais fosforescentes no atado de moscas para a pesca de trutas à noite.

Além das características intrínsecas do material, alguns fabricantes tem utilizado outras abordagens para criar o efeito de brilho. Uma delas tem a ver com o formato das fibras, é o caso da chamadas fibras “Trilobal”. A seção transversal destas fibras tem três superfícies côncavas que produzem o efeito de reflexão.

Além das propriedades mencionadas anteriormente, os materiais sintéticos podem ter outras características mecânicas tais como a flexibilidade (ou rigidez), comprimento, durabilidade, e impermeabilidade; assim como o custo e disponibilidade que as tornam mais ou menos desejáveis para determinados usos.

Toda esta inovação no campo das fibras e materiais sintéticos acabou sendo absorvida pela indústria de materiais para atado, influenciando o desenvolvimento de matérias tais como o chenille, lãs, dubbing, floss, pêlos e peles sintéticas. A continuação faremos uma revisão dos principais materiais sintéticos utilizados no atado de moscas. Organizei este material na sequencia histórica na qual eles foram introduzidos.

Chenille

O chenille é provavelmente um dos primeiros e mais antigos matérias sintéticos utilizados no atado de moscas. Também é um dos primeiros materiais com os quais o atador se depara quando aprende a atar suas primeiras moscas: a Woolly Bugger e Woolly Worm.

O chenille era originalmente fabricado com fibras de seda ou lã que eram retorcidas ao redor de um núcleo formado por dois ou mais cordões de algodão. Quando estas fibras são retorcidas ao redor do núcleo elas acabam se espalhando radialmente o que gera uma aparência aveludada, bem similar à superfície de uma lagarta, daí a origem do nome chenille (em francês – lagarta).

Seção transversal de uma fibra Trilobal mostrando as três superfícies côncavas refletivas. Fonte: www.flyfoundry.com

Principio utilizado na fabricação do chenille. Fibras de diferentes tipos (B) são retorcidas ao redor duas ou mais linhas do núcleo (A) para dar um efeito “aveludado”.

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Hoje em dia o chenille é fabricado com materiais sintéticos (principalmente rayon e nylon) e encontra-se disponível numa grande variedade   de tamanhos, densidade e cores (todas as imagináveis, incluindo as chamadas cores fluorescentes). Este material é muito versátil pois é utilizado no atado de uma grande variedade de moscas, tanto para água doce como salgada, fria e quente.

Chenille de rayon:. É fabricado com fibras de rayon retorcidas entre dois ou mais fios de poliamida. Existe uma grande variedade de cores e desenhos. Eles costumam ser fabricados em quatro medidas: extrafino, fino, médio e grosso. As cores mais utilizadas são: Preto, marrom, cinza, verde oliva, amarela e laranja. Também estão disponíveis em cores fluorescentes e listrados em duas cores (speckled).

Micro chenille: Também comercializado sob o nome de

vernille ou ultra-chenille. É um   chenille muito fino e firme, as fibras utilizadas na sua fabricação são muito finas, e são aplicadas eletro-estaticamente nos fios de poliéster que formam o núcleo. Este material é extremamente resistente e tem uma textura firme e aveludada. É utilizado em   corpos de ninfas e emergentes e na diminuta imitação da minhoca “san juan worm”. As cores mais utilizadas são o cinza, preto, marrom, verde oliva, creme e vermelho.

Trilobal Antrom Chenille: É um dos mais recentes tipos de chenille introduzidos no mercado. Ele é fabricado utilizando fibras Trilobal Antrom® altamente

refletivas. O resultado é um chenille que mantém as cores muito vivas, inclusive dentro d’água.

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Crystal ou ice chenille: O material translúcido e brilhante (geralmente mylar)1 é retorcido   ao redor de um núcleo de

fibras de poliéster. Apropriado para imitar os corpos de alevinos. Também costuma ser utilizado no atado de moscas para steelhead, salmão e outros peixes de água salgada. As cores mais usadas são: pérola, verde, preto e aquele que imita a cor das penas do pavão (cactus chenille).

Estaz chenille: Similar ao crystal chenille só que as fibras são mais dispersas. O resultado é um chenille brilhante e com um efeito translucido.

Palmer Chenille: É fabricado com fibras brilhantes de mylar que ocupam unicamente um dos lados do chenille. Quando o material é enrolado no anzol de maneira compacta ele forma um corpo denso e brilhante. Já quando ele é enrolado de maneira mas dispersa, ele cria um corpo mais leve, com mais movimento e brilho. Quando ele é atado desta ultima maneira, substitui o saddle hackle em moscas como a Woolly Bugger. Em tamanhos menores ele chega a substituir o hen saddle e algumas poucas voltas deste material no anzol conferem um brilho especial às wet fly.

Tamanhos de chenille e uso recomendado

Tamanho Descrição Diâmetro Tamanhos de anzóis

00 Extrafino 3/32” (2,5 mm) #12 ou menores

0 Fino 1/8” (3,22 mm) #8-#10

1 Médio 5/32” (4 mm) #4 - #6

2 Grande 3/16” (4,75 mm) #1/0 - #2

3 Extra Grande 1/4" (6,35 mm) #2/0 ou maiores

                                                                                                                         

1  O mylar é uma marca registrada de um poliéster derivado do PET. Além de ser muito resistente apresenta excelentes características de transparência e refletividade.  

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Floss ou seda artificial

Como o próprio nome sugere   , este material surgiu como um substituto da seda natural. São varias fibras finas e lisas de acetato, rayon ou dacron tingidas em cores geralmente brilhantes e vivas. Existem os floss de um único cordão, que são utilizados no atado de corpos finos, e os de quatro cordões para os corpos maiores. É muito utilizado no atado de iscas de colar macio (soft hackle), ninfas, moscas molhadas (wet flies), moscas secas e alguns streamers clássicos pra a pesca do salmão.

Poly floss: Fabricado a partir de fibras de poliéster, este material é levemente texturizado e de um brilho extraordinário. É muito utilizado na construção de corpos coloridos e uniformes das moscas secas e ninfas, grandes ou pequenas. Ele também pode ser utilizado na construção de corpos segmentados, seja sozinho ou em combinação com outras lãs. Disponível numa ampla variedade de cores, incluindo as fluorescentes.

Flexi floss: É um material enrugado e levemente elástico (lycra ou spandex), com consistência similar ao fio dental. Ideal para a segmentação de corpos ou para imitar pernas e antenas. O material adiciona certo brilho à mosca e não quebra como as tiras de borracha frequentemente utilizadas para imitar as pernas de insetos.

Lãs sintéticas

O uso das lãs naturais no atado de moscas é tão antigo quanto o registro da primeira mosca feito por volta de 200 D.C. pelo escritor romano Claudius Aelianus. Ele descreveu um estilo de pesca praticado pelo povo da Macedônia que utilizava uma isca artificial para imitar um inseto da região, esta isca era feita com “uma lã vermelha enroscada num anzol e duas penas de galo que imitavam as asas do inseto”

Hoje em dia as lãs sintéticas modernas, com características superiores às naturais, continuam sendo muito utilizadas na construção de corpos e também como material de dubbing.

Floss de Rayon: Geralmente comercializado em carreteis com diferentes comprimentos

Floss de poliéster ou poly-floss em cores fluorescentes.

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Lãs acrílicas: Elas têm a propriedade de ser muito

brilhantes e pontudas, além de serem fáceis de utilizar como dubbing. Também são o material favorito para atar os corpos das imitações de caranguejos, tais como a Del’s Merkin,

Poly-yarn: Esta lã é fabricada com fibras de polipropileno, uma fibra sintética muito suave, flutuante e translúcida. Graças a sua propriedade de flutuação, esta lã é muito utilizada como indicador de pique. No atado, ela é utilizada na construção dos postes das moscas secas, asas de caddis e spinners. Vale dizer que é um material muito utilizado na construção de corpos de streamers, bucktails e muddlers.

Lãs de Antron® ou Z-Lon: O Antron é uma marca

registrada da Dupont. Trata-se de uma fibra de poliamida   Trilobal, muito utilizada na fabricação de tapetes. Como já vimos, a seção transversal das fibras Trilobal é triangular (e não circular) o que permite que o tapete (mesmo molhado) conserve sua maciez. Quando utilizadas no atado, estas fibras não colam entre si, não absorvem água e retêm as bolhas de ar, conservando um aspecto translúcido e brilhante. É um material ideal para o atado de ninfas e para imitar o exoesqueleto (shuck) deixado atrás pelas emergentes. As cores mais utilizadas são: Cinza, verde oliva, creme, marrom e preto.

Lãs de orlon: Orlon é o nome comercial da fibra fabricada a partir no polímero

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suas fibras são muito brilhantes e longas. Ele é utilizado como material de dubbing na construção de moscas pequenas e é um excelente substituto para a lã natural.

Lãs fosforescentes: Permite adicionar detalhes

fosforescentes às moscas. Muito utilizada para imitar os exoesqueletos de insetos emergentes, caudas, tags, corpos e assas. A diferença dos plásticos com pigmentos fosforescentes impregnados, a lã permite controlar a quantidade do efeito desejado em cada mosca.  

 

   

Lãs para o atado de ovos: O alto conteúdo de

poliéster na composição, torna esta lã volumosa, leve e macia. Por conta destas propriedades ela foi orginalmente muito utilizada na imitação de ovas de salmão. As chamadas Glow Bug Yarn vêm em cores fluorescentes/UV e são muito utilizadas em uma ou mas cores combinadas para dar um toque de cor nas iscas do tipo attractors.  

   

Materiais Sintéticos para Dubbing

30 anos atrás, muitas das moscas para a pesca de truta, salmão e steelhead eram atadas utilizando materiais naturais tais como pêlos e sub-pêlos de foca e nutria para criar o efeito espetado e translúcido necessário para imitar os corpos de alguns insetos aquáticos. Por vários motivos, os pêlos naturais de muitas espécies não estão mais disponíveis para os atadores, que desde então partiram a procura de materiais substitutos. Hoje em dia, muitas fibras sintéticas têm substituído com sucesso os materiais naturais, além de oferecer uma ampla variedade de cores, brilhos, texturas e misturas (blended) nunca antes imaginadas pelos atadores.

O jogo das cores e as “misturas espectrais” – Quando falamos de misturas de dubbing (ou

em inglês blends) os fabricantes têm criado ao longo do tempo uma enorme lista de receitas secretas com misturas de matérias naturais e sintéticos para tornar os dubbings mais atraentes aos peixes, e que ao mesmo tempo, sejam fáceis de utilizar e atar.

Um aspecto importante nas misturas está relacionado com o conceito de cor e do espectro de cores. Na natureza, raramente um objeto tem uma cor única e pura, a cor dos objetos naturais é o resultado de uma combinação de varias cores que nossos olhos combinam ou misturam na

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forma de um “tom” ou “tonalidade”. Por exemplo, quando vemos o ventre alaranjado de um pequeno crustáceo como a páncora estamos vendo o resultado de uma mistura de cores vindas do espectro (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul claro (cyan), azul e violeta), onde a cor “laranja” predomina, mas não é a única cor presente.

Este conceito tem sido explorado pelos fabricantes de misturas para dubbing nas chamadas misturas espectrais (spectra blends). Neste tipo de mistura o material de cor base é misturado com outros materiais coloridos vindos do espectro básico de cores e, eventualmente, alguns materiais brilhantes, numa proporção que geralmente é de 90/10: 90% (Base) e 10% (Materiais Adicionais).

Adicionalmente, muitas destas misturas incluem pêlos ou materiais artificiais com diferentes texturas, produzindo uma ampla variedade de dubbings para diferentes propósitos: Os mais finos para moscas secas e mais grossos e espetados para ninfas.

Fibras de Antron®: O Antron é um polímero sintético da família do darlon que também é utilizado na fabricação de lãs. É um material muito translúcido que oferece uma aparência natural. São frequentemente misturados com outras fibras naturais e sintéticas para mudar suas características ou introduzir um certo brilho. Por ser um material sintético ele pode ser fabricado numa ampla variedade de cores e texturas (suaves ou mais pontudas), as mais utilizadas são: Marrom, verde oliva, cinza, bege, preto e creme.

Superfine dubbing: Geralmente fabricado a partir de fibras de

polipropileno (um polímero de baixa densidade e mais leve do que a água). São fibras muito finas e suaves, totalmente a prova d’água, ideais para a construção dos corpos das moscas secas.

Close-up do resultado de uma mistura espectral. A cor de base (verde oliva clara) é misturada com fibras coloridas. O resultado pode ser visto de perto junto com as fibras em diferentes texturas.

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Hare Tron: Mistura de pelos da lebre “Hare” com fibras sintéticas de Antron. Os pêlos de lebre proporcionam um aspecto pontudo enquanto as fibras de Antron dão um aspeto mais brilhante e translúcido. Ideal para o atado de imitações de pupa de caddis e ninfas.

Ice Dubbing: É um dos matérias favoritos dos atadores para introduzir brilho nas iscas de água doce ou salgada. O Ice Dubbing é um material brilhante que é frequentemente misturado com fibras naturais para lhe proporcionar ainda mais translucidez. Os fabricados com materiais holográficos ou UV são particularmente cintilantes e relativamente fáceis de trabalhar.

Seal-Ex e SLF: É um material sintético que, dado seu  brilho excepcional, se torna um excelente substituto para os pelos e sub-pêlos de foca e urso polar.. A fibras chamadas de SLF (Synthetic Living Fibers) são outro material sintético muito utilizado para substituir os pêlos de foca. Estas fibras foram originalmente desenvolvidas por Davy Wotton e são atualmente fabricadas em   misturas específicas para atadores como Dave Whitlock e Poul Jorgensen

Dubbings espectrais:

Spectrablend: A Orvis mantém uma linha de produtos baseados no conceito de misturas espectrais. Estas misturas de dubbing são fabricadas em diferentes texturas para o atado de moscas secas (Spectrablend dry-fly dubbing) e ninfas (Spectrablend nymph dubbing) e o Spectrablend Antron dubbing.

Hends sprectra dubbing: A Hends é outra fabricante com uma linha de produtos espectrais para dubbing. Seus produtos contém na mistura uma quantidade maior de brilho.

Lite-Brite dubbing: Este material é fabricado com fibras muito finas de material brilhante (mylar ou flashabou) trituradas junto com fibras transparentes de nylon que fornecem a liga para ambas. Normalmente é atado utilizando a técnica de loop-dubbing para criar um efeito mais espetado, similar ao chenille. Este tipo de dubbing reflete a luz em todas as direções e, a semelhança do marabou, é muito suave e ondulante dentro da água

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Pêlos, Fibras e Pelagens sintéticas

Os pêlos naturais são um dos matérias mais antigos utilizados no atado de moscas. Muitas outras fibras sintéticas desenvolvidas no século 20 vieram substituir pelos naturais.

Fishair: É um dos primeiros “pêlos” sintéticos criados para substituir os chamados “bucktails” muito utilizados no atado de moscas para água doce e salgada. Ele perdeu certa popularidade após a chegada da nova geração de fibras sintéticas, mas ainda continua sendo muito utilizado

por alguns atadores. São fibras longas e geralmente retas, disponíveis em diferentes cores e grossuras (medidos segundo a escala Dernier). Os mais finos são utilizados nas asas das moscas para salmão ou steelhead, e os mais grossos, nas asas das grandes moscas para a pesca no mar.

Super-hair e Ultra-hair: São fibras muito longas de nylon ondulado. O material é muito translucido e similar à fibra natural do terneiro ou calf-tail. Este material é muito resistente e durável e suporta perfeitamente o ataque de peixes como a barracuda e muskie. O super-hair é praticamente o material padrão no atado de moscas para a pesca no mar. O ultra-hair é uma versão mais fina que é muito utilizada no atado das Clouser Minnows.

Big-Fly fiber ou Haribou: São fibras extremamente longas e finas utilizadas para atar grandes e longas moscas como as utilizadas na pesca do tucunaré, dourado, pike e muitas espécies marinas. O material é muito flexível e ondula muito bem embaixo da água dando a impressão de volumem sem agregar muito peso à mosca. Esta ultima característica facilita muito o arremesso, e é importante para não provocar a fadiga do pescador.

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Craft fur: É basicamente uma imitação de pelagem na qual as fibras ou pelos tem sido fixados num tecido de base. Este material é muito utilizado no artesanato, para imitar o couro cabeludo nas bonecas ou a pelagem de alguns animais. Pode ser obtido facilmente nas lojas de artesanato, mas a variedade de cores pode ser limitada. As lojas especializadas em material de atado geralmente oferecem um espectro de cores mas apropriado para esta finalidade. As fibras são muito similares as da Big-Fly ou Haribou.

Neer hair: Este material é o precursor das fibras utilizadas para “esculpir” iscas, como as fabricadas atualmente pelo Enrico Puglisi (EP). São fibras muito cumpridas com uma textura mais áspera que podem ser recordadas durante o atado para imitar o formato da isca. Dadas estas características, ele é muito utilizado no atado de iscas maiores e corpulentas como os alevinos e caranguejos.

Pêlo Sintético de Yak: Os pêlos

naturais de Yak são uma das fibras naturais mais longas utilizadas no atado dos grandes streamers. Esta fibra sintética é um bom substituto das fibras naturais, e como elas, têm um formato levemente ondulado. Também pode ser utilizada na construção dos postes para moscas secas. Ela é comercializada em chumaços e estão disponíveis numa grande gama de cores, incluído as fluorescentes.

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Materiais brilhantes (Flash)

Revisamos nas primeiras páginas deste artigo o conceito de brilho. A continuação, veremos alguns dos materiais que nos permitem adicionar brilho as nossas iscas.

Tinsel: É dos materiais mais antigos. Originalmente eram fabricados em metais revestidos com resinas, hoje em dia utilizam-se muitos materiais sintéticos como o mylar. O mylar é uma marca registrada de um poliéster derivado do PET, que além de ser muito resistente apresenta excelentes características de transparência e refletividade.

Algumas variedades de tinsel:

T. Francês plano: São tiras planas de metal, geralmente fabricados em três   medidas: Largo, mediano e fino. Tradicionalmente eram fabricados nas cores prata e ouro, no entanto hoje em dia estão disponíveis numa ampla variedade de outras cores metálicas. São principalmente utilizados na segmentação e construção dos corpos das moscas.

T. Francês ovalado: O material do tinsel é enrolado ou transado ao-redor de linha de algodão ou poliéster. Eles são fabricados em quatro tamanhos: grande, mediano, fino e extrafino. As cores mais comuns são o prata e ouro e são utilizados na segmentação dos corpos de streamers ou moscas para salmão.

T. Sintéticos: Estes   tinseis são fabricados geralmente com mylar e podem ter diferentes acabamentos e usos. Alguns têm dupla face (prata e ouro) e substituem com muita praticidade os tinseis metálicos planos. Outros têm um acabamento perolizado e são muito utilizados no atado de ninfas emergentes do tipo flahsback . Finalmente, tem os tinseis holográficos com um efeito colorido em 3D muito utilizados nos corpos de streamers tais como o Black-nosed Dace e Muddler Minnow

Tinsel Holográfico (foto superior) e Perolizado (inferior)

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Mylar tubular: Este material é fabricado transado fibras planas de mylar ao-redor de um   núcleo de algodão ou poliéster.   Quando o núcleo é retirado resta uma casca cilíndrica que é utilizada na construção dos corpos de Zonker e streamers. São fabricados em diferentes tamanhos e com diferentes tipos e cores de mylar

Corpo tubular: Similar ao tubo, só que as fibras

monofilamento de mylar são tecidas entre elas sem um núcleo. É muito utilizado na construção de corpos de peixinhos e nas cabeças dos grandes streamers. Permite que canetas ou marcadores permanentes sejam utilizados para desenhar ou colorir a superfície.

Flashabou: É o nome comercial de filamentos planos feitos com mylar.. Além de resistente, este material é muito flexível e leve, ideal para adicionar brilho as caudas e asas dos streamers. São também muito utilizados na segmentação dos corpos de ninfas. Eles são comercializados em diferentes tamanhos e geralmente em cores metalizadas: Dourado, prata, azul, verde vermelho,   etc.

Algumas variedades de flashabou:

F. Miragem (F. Mirage): Este material combina as propriedades refletivas com uma tecnologia chamada de “deslocamento de cor” para criar um efeito iridescente numa única superfície.

F. Holográfico (Holographic F.): Material com um efeito prismático multicolorido, 3D.

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F. micro-perolizado (Micro-pearl F.): É um material perolizado com menor largura (e maior espessura) ideal para ser utilizado no atado de pequenas moscas.

F. para água salgada (Saltwater F.): Com uma maior largura para poder ser utilizado no atado das grandes moscas de água salgada pois reduz a chance do material se enroscar com o anzol.

F. escamas laterais (Lateral scale F.): É um flashabou frisado que é muito utilizado como uma listra lateral para adicionar muito brilho as grandes moscas ou nas imitações de baifish. É um material altamente resistente que tem uma ação pulsante de brilho .

Krystal Flash: Assim como o flashabou, ele é fabricado a partir do mylar, a diferença é que os finos filamentos deste material são submetidos a um tratamento eletrostático para lhes dar um formato helicoidal que produz reflexos alternados e sutis semelhantes a lâmpadas minúsculas. São quase imprescindíveis nas moscas para água salgada e muito utilizados na segmentação assim como complementos das asas e caudas de muitas moscas. Recentemente, tem sido lançados flashabous com cores fluorescentes (FL-Laranja, FL-Amarelo, FL-Verde e FL-Rosa-Camarão) e Ultra-Violeta (UV-Azul, UV-Cinza, UV-Preto, UV-Laranja, UV-Perolizado, UV-Rosa, UV-Purpura e UV-Bege).

Algumas variedades de krystal flash (KF):

KF-Perolizado-Rígido (pearl stiff KF long): É um material mais grosso e rígido do que o krystal flash comum. A sua principal qualidade é que os primeiros 15 cm do material se mantêm rígidos e dificilmente enroscam  no anzol quando a isca for arremessada ou trabalhada embaixo da água.

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Grizzly-KF: Neste material duas cores são combinadas para dar um efeito listrado similar ao das penas do tipo grizzly. Cores: Preto/Branco, Preto/Vermelho, Cobre/Azul

Midge KF: Este material tem um diâmetro menor, mais apropriado para o uso em moscas pequenas. É oferecido numa ampla gama de cores incluindo: Azul, preto, cobre, creme, dourado, azul-cinza, verde oliva, pavão, perolizado, purpura, vermelho, prata, bege, amarelo, e as cores fluorescentes: FL-Verde-claro, FL-Laranja, FL-Amarelo.

Glow in the dark Accent: É um filamento muito flexível e ondulante e fosforescente que agrega um brilho no escuro as iscas artificiais. Excelente material para ser utilizado nas asas, caudas e corpos de moscas e streamers.

 

Sparkle Flash: É um filamento que combina mylar e nylon para formar uma fibra transada brilhante que reflete a luz com várias facetas.

 

Polar-flash: Pequenos micro-filamentos de nylon envolvem cada fio de flashabou criando uma fibra mais resistente com características únicas de difusão da luz e brilho. É um excelente material para ser utilizado em streamers tanto para a pesca em água doce como no mar. Disponíveis em muitas cores metálicas e perolizadas.  

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Gliss’N Glow: Este material produz um brilho sutil e iridescente devido à natureza corrugada da sua superfície. Simula muito bem as escamas dos peixes motivo pelo qual é frequentemente usado no atado de streamers ou para adicionar brilho nas asas e causas das moscas. Geralmente duas destas diminutas fibras são o suficiente para gerar o efeito de brilho.

Fibras brilhantes de organza: Quando o assunto é colocar brilho em moscas muito pequenas as delicadas fibras da organza são a opção ideal. Este material é normalmente comercializado em pedaços de tecido do qual são retirados as finas fibras que podem ser adicionadas nas asas dos spinners, as caudas que imitam os esqueletos abandonados pelas emergentes, ou misturados as asas de alguns streamers. As cores mais utilizadas são: vermelho brilhante, Cinza (dun), Verde, FL-Neon, bege e branco perolizado.

   

Espumas sintéticas:

A espuma sintética (ou foam, em inglês ) é um excelente material para a construção de moscas secas pois dispensa o uso de produtos químicos ou impermeabilizantes para manter sua flutuação. Outras características interessantes deste material são sua flexibilidade e plasticidade que o tornam um material fácil de atar. Finalmente é um material que está disponível numa imensa variedade de cores, tamanhos e é relativamente barato e fácil de achar. As espumas sintéticas são fabricadas em diferentes densidades, cores, formatos e resistência. As características podem variar muito de fabricante para fabricante, ou inclusive de uma linha de produtos para a outra.

Segundo sua consistência, as espumas podem ser classificadas em: suaves, duras ou rígidas. Mas além disso, elas podem ter sido fabricada com células fechadas ou abertas.

• As espumas sintéticas com células-fechadas (closed-cell): São as mais interessantes para nos, atadores. Estas espumas sintéticas são fabricadas injetando gases no material sintético derretido. Como resultado deste processo as pequenas cavidades que armazenam os gases ficam lacradas, tornando o material extremamente flutuante.

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• Espumas sintéticas com células-abertas (open-cell): Neste caso as cavidades internas estão interconectadas (Ex. esponjas de banho) o que permite a passagem da água entre elas. Definitivamente este material é pouco flutuante motivo pelo qual seu uso está limitado ao atado de algumas ninfas.

Espumas suaves (ou flexíveis): Elas podem ser dobradas e comprimidas facilmente. São

geralmente fabricadas a partir de 3 matérias primas: poliuretano, vinil e polietileno. A desvantagem das espumas de poliuretano é que elas se tornam quebradiças quando são expostas por longos períodos aos raios UV. Por outro lado as espumas de vinil podem reagir quimicamente ao contato de alguns solventes, tintas ou colas e derreter. O polietileno não tem nenhuma destas desvantagens, e é considerada a melhor espuma flexível para atado.

EVA (Acetato de Etilo Vinilo): É a espuma sintética

mais comum, comercialmente ela também é conhecida como Polycelon, Fly Foam ou Evasote. As espumas EVA são fabricadas adicionando pequenas quantidades de uma sustância plastificante (geralmente vinil) ao polietileno e injetando gases nessa mistura. O material resultante é uma espuma de células-fechadas que pode ter diferentes graus de flexibilidade dependendo da mistura e do tamanho das bolhas. Este material é uma boa opção quando o padrão de atado requer um material suave e compressível. As folhas são comercializadas em espessuras que vão de 0,5 a 2,5 mm.

Cilindros de EVA: Facilitam o atado e ajudam a

manter a consistência na qualidade das moscas que requerem de espumas recortadas neste formato (postes, corpos, etc.). Eles são comercializados em diferentes diâmetros entre 1 e 25 mm. Alguns cilindros são pré-moldados e têm um acabamento liso (Rainy’s float foam).

Corpos e peças pré-moldadas em EVA: Alguns

fabricantes já vendem alguns componentes dos corpos pré-moldados tais como: cabeças de poppers, corpos de donzelinhas, inclusive em cores fluorescentes para moscas atadas no estilo “paraquedas” e indicadores para corpos de formigas.

Espuma EVA – Cabeças para poppers Pre-moldadas

Espuma EVA em laminas, conjuntos de cores pré-combinadas (Na foto: Cores para Mayfly )

Fonte: J:Son & Co

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Ethafoam: É uma espuma de células-fechadas muito macia fabricada a partir do polietileno. Dadas suas características mecânicas de absorção de impacto e isolamento térmico, ele é muito utilizado para isolar as janelas e também como material para embalagem de produtos eletrônicos. O Ethafoam é menos durável do que outros tipos de espumas sintéticas, mas são muitos translúcidos e flutuantes.

Gary Lafontaine utilizava este material para atar vários dos seus padrões entre eles o Halo emerger e a Airhead. Alguns outros atadores passam um ferro quente neste material para construir as asas de moscas secas. Ele é comercializado em lâminas com diferente espessura, cores, desenhos e texturas.

Loco-foam: É uma espuma sintética geralmente de EVA com uma das fases recoberta com uma lamina perolizada ou metálica-brilhante. Excelente material para atar imitações de insetos terrestres (especialmente besouros), poppers e em geral padrões do tipo attractor, que não imitam necessariamente uma fonte específica de alimento dos peixes.

Loko-skin and Siliskin são nomes comerciais para uma material similar, feito sobre uma lamina de vinil, mais flexível do que o EVA. São muito utilizadas no atado de imitações de pequenos peixes e alevinos.

Espumas Duras: Reduzindo a quantidade de plastificante na mistura (geralmente vinil),

obtemos espumas mais rígidas. Como as espumas mais flexíveis, elas recuperam rapidamente sua forma original após ter-se aplicado algum tipo de pressão. Mas elas são mais difíceis de dobrar.

Algumas laminas de espumas EVA para artesanato são mais rígidas e densas. Elas vem numa grande variedade de cores. E devido a suas características são mais apropriadas para o atado de certas moscas. Esta espuma é geralmente comercializada em lâminas com 2 mm de espessura, são relativamente fáceis de manipular. As mais grossas e podem ser laminadas ou coladas em múltiplas camadas para atar iscas maiores. Sua firmeza o converte numa boa opção para atar corpos estendidos.

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Espumas Rígidas: O Poliestireno expandido (ou isopor) é

uma das poucas espumas rígidas que tem utilidade pratica no atado de moscas. Este tipo de material é um aglomerado de bolinhas brancas que podem ser utilizadas para dar flutuação as moscas.

O Material também é pré-moldado em diferentes formatos para serem utilizados como corpos de poppers.

Cabeças e Olhos

As moscas com cabeças metálicas (bead head) são muito populares, principalmente porque o peso ajuda a manter as ninfas perto do fundo, justamente onde as trutas acostumam procurar por alguns insetos .

O brilho das cabeças tem comprovado ser muito atraente para os peixes, provavelmente pelo fato de poder localizar a isca rapidamente. A origem destes tipos de moscas parece estar ao norte da Itália na região do Piemonte, Bergamo, Brescia e Friula onde os pescadores acostumavam utilizar este tipo de iscas artificiais nos rios alpinos. Nessa época as cabeças de vidro eram muito provavelmente fabricadas na região de Murano (Veneza).

Hoje em dia existe uma grande variedade de cabeças em vidro e metálicas que são fabricadas em diversos formatos, cores e tamanhos. As cabeças fabricadas em tungstênio são mais amigáveis com o meio ambiente. Além disso, o tungstênio é um metal mais denso do que o chumbo, cobre ou bronze, as ninfas atadas com este tipo de cabeças afundam mais rápido inclusive em águas rápidas.

Cabeças esféricas: Fabricadas com diferentes materiais (plástico, ou ligas metálicas), em algumas ocasiões são revestidas com tinta fluorescente. Geralmente comercializadas em tamanhos que vão entre 2 e 6 mm de diâmetro. Uma versão especial destas cabeças possui uma fenda ou ranhura num dos extremos para facilitar o passagem de anzóis com curvas ou “gap” muito fechadas (slotted bead heads).

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Cabeças cônicas: Também são fabricadas em diferentes matérias e tamanhos. O Formato aerodinâmico as torna mais adequadas para a construção de moscas “nadadoras” tipo Skulpins, Bunny leeches e Woolly Buggers.

Miçangas de vidro: Estão disponíveis numa variedade de cores e tamanhos e são muito utilizadas no atado de ninfas para lhes dar um toque de brilho. Também ao utilizadas na construção dos corpos de scuds, pupas de caddis ou atada acima da haste do anzol nas emergentes.

Miçangas de vidro podem ser moldadas de diferentes maneiras para imitar os olhos de insetos específicos. É o caso deste par de olhos de vidro que imitam os olhos as larvas de donzelinhas e libélulas.

Olhos metálicos em formato de relógio de areia (dumbbells): Fabricados em diversos metais como o chumbo, bronze e tungstênio. O formato facilita a fixação na haste do anzol, em alguns casos também são recobertos com tintas fluorescentes ou ambas as superfícies pintadas ou esmaltadas para imitar o olho do peixe. Eles são utilizados no atado de streamers tanto para água doce como salgada.

Correntes: Fabricadas com diferentes tipos de metais (ou até plástico), estas correntes são cortadas formando pares de esferas. Os pares de olhos resultantes são ocos e mais leves, são uma boa opção quando queremos dar um certo peso à isca, mas sem perturbar demais a superfície da água quando for arremessada. São muito utilizados no atado de moscas para agua doce (imitação de larvas de donzelinhas e libélulas) e para a pesca de tarpoon de bonefish no mar.

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Olhos em resina: São olhos fabricados em resina epóxica muito transparentes, elásticos e resistentes à radicação UV. Alguns deles tem efeitos 3D que os tornam muito realistas. São muito utilizados no atado de streamers e imitações de crustáceos.

Cabeças em formatos especiais: Existe uma grande variedade de cabeças fabricadas em formatos específicos, a maneira de exemplo, a ilustração ao lado mostra cabeças metálicas para a imitação de pequenos peixes (ou sculpins).

Outros materiais para Asas, Corpos, Pernas e Caudas

 

Asas    

Ráfia ou palha suíça (Swiss straw): Eh um material sintético translucido e muito versátil que pode ser utilizado para imitar asas ou as caixas para asas e carapaças de vários insetos e crustáceos.

Clear wing – É uma película plástica muito fina e transparente. Quando atada ela pode ser levemente enrugada ara imitar os veios das asas dos insetos.

Web wing: É um tecido transado muito leve e durável que é tingido e estampado em diferentes padrões. Ele é recortado ou queimado com as formas até obter o formato desejado para imitar as assas ou os estojos localizados na parte superior do tórax dos insetos.

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Asas realistas: Quando o objetivo é dar um toque de realismo as assas das nossas moscas este é “O” material a ser utilizado. As nervuras das asas são impressas em finas laminas de transparentes de plástico reproduzindo as asas dos insetos nos mínimos detalhes. O atado é relativamente simples, mas as asas podem imprimir um efeito giro na mosca que deve ser compensado com o uso de um tippet maior.

 

Corpos  

Fios de vinil: São fabricados em diferentes diâmetros e formatos. São muito utilizados na construção e segmentação dos corpos das ninfas, scuds e algumas moscas para água salgada. O vinil é um material translucido, flexível e relativamente elástico, muito fácil de ser trabalhado. São geralmente comercializados nos seguintes tamanhos:

Tamanho Tamanhos de anzóis Usos

Grande (Large) #1 - #8 Stoneflies, Streamers, água Salgada

Médio #8 - #12 Crazy Charlie, Stoneflies e Ninfas grandes

Pequeno (Ninfa) #12 - #16 Ninfas médias e midges

Fino (Midge) #16 - #20 Pequenas ninfas e midges

Algumas variedades de fios de vinil:

• Redondo: A secção transversal deste fio é circular. É o tipo mais comum de fio de vinil. Pincipalmente utilizado na construção de corpos segmentados.

• Swannundaze:. É um fio de vinil com secção transversal ovalada. Utilizado na construção e segmentação dos corpos das ninfas, scuds e algumas moscas para água salgada. O material chamado de Plaston é uma versão mas fina do swannnundaze utilizada para o atado de corpos das moscas secas e emergentes.

Fios de Vinil: Geralmente comercializado em carreteis com diferentes tamanhos

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• Rib, D-Rib: A secção transversal tem um formato semicircular ou “D”. Muito utilizado na segmentação de corpos. Devido a seu formato acaba aderindo bem ao material subjacente e não gera muitas sobre saliências na segmentação do corpo.

Larva lace e micro tubo: Este material é utilizado na construção dos corpos de larvas, ninfas, scuds e streamers. É um tubo muito fino de vinil, translúcido e flexível que permite construir moscas com extremo realismo. Pode ser enrolado diretamente no anzol ou segmentado utilizando a linha de atado. Uma versão menor chamada de micro-tubo é utilizadas em moscas pequenas.

Thin ou thick skin: É uma fina camada de plástico elástico e transparente que pode ser moldado para imitar os corpos de insetos. Ele tem um acabamento fosco e com um desenho que imita diferentes tipos de peles e exoesqueletos de insetos e crustáceos: scuds, caranguejos e camarões. São comercializados em duas espessuras: fino (ou thin) e grosso (ou thick)

Body streach: Também comercialmente conhecido com outros nomes como flat body glass. É um material muito flexível e elástico (Geralmente látex ou vinil), fabricado em diferentes larguras e cores (4 e 6 mm sendo as mais comuns). É utilizado na construção dos XXX das de ninfas.

Corpos macios de tungstênio: São relativamente recentes. São fabricados adicionando pó de tungstênio na borracha o silicone. Eles são fácies de atar pois não escorregam no anzol como os lastres tipicamente utilizados, basta adicionar uma fina camada de dubbing por cima e pronto. Desta maneira a atador elimina a massa adicional do lastre produzindo moscas com uma silhueta bem definida.

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Corpos realistas: Para os atadores mais perfeccionistas, existem corpos e partes pré-moldadas em plástico. Elas não só tornam as iscas mais realistas mas também reduzem o tempo de atado e dão um acabamento consistente e muito profissional. Exoesqueletos, corpos inteiros e pernas para larvas e adultos de mayflies, caddis, stoneflies, libélulas e até crustáceos estão disponíveis em diversos tamanhos e cores.  

 

 

Pernas  

Fios redondos de borracha (round rubber legs): É o material tradicionalmente utilizado no atado para imitar as pernas de ninfas e adultos e para adicionar alguns efeitos especiais nos streamers para água doce e pesca no mar. As finas tiras de borracha são vendidas em tiras e são fabricadas em diferentes diâmetros, cores e listras.

Sili legs: É uma versão mais moderna da pernas de borracha anterior. São fabricadas com um material mais flexível e translucido com diferentes formatos de seção transversal. Em alguns casos são embutidos materiais brilhantes ou tintas fluorescentes e fosforescentes.

Pernas pré-moldadas: Fabricadas em plástico ou borracha.

São fabricadas em diferentes tamanhos, formatos e cores para imitar as pernas de vários insetos e crustáceos.

 

 

Esquerda: Laminas plásticas impressas imitando corpos de stoneflies . Canto superior-direito Corpos estendidos para mayflies, e no canto inferior pernas e

corpos de ninfas

Pernas pré-moldadas em plástico Imitação de pernas de gafanhotos

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Caudas  e  Antenas  

 

Micro Fibbets: São fibras muito longas, finas e rígidas fabricadas em nylon. Repelem muito bem a água tornando-as ideais para o atado das caudas de moscas secas.

Antenas realistas: Material pré-moldado em plástico ou silicone, elas podem ser permanentemente curvadas e pintadas (com marcadores permanentes). Utilizadas ara imitar as antenas de stoneflies e caddis.

Colas, resinas e tintas

 

Head Cement: Aplica-se à terminação da cabeça de qualquer mosca. Também existem fases intermediárias do atado nas quais utilizamos cola para aumentar a vida útil da mosca. Hoje em dia existe uma grande variedade de produtos químicos, os adequados para o atado de moscas são os denominados nitro sintéticos que utilizam o thinner como solvente. Os materiais nitro celulósicos são utilizados nas tintas dos carros. O esmalte de unhas (que utiliza acetona como solvente) também pode ser utilizado. A consistência deve ser bastante fluida para que possa penetrar os materiais e em especial no fio de atado.

As colas rápidas (comercialmente conhecidas como “super

bonder”) ou cianocrilatos são também muito úteis e são utilizados na fixação de alguns componentes como os olhos.

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Resinas epóxicas: São cada dia mais usadas na

imitação de pequenos alevinos e no acabamento de algumas partes do corpo de ninfas (ex. caixa torácica na Copper John). Devem ser escolhidas segundo sua facilidade de aplicação e o tempo de secagem.

Resinas UV: A introdução deste tipo de resina no

atado é um tremendo avanço em termos de qualidade de acabamento e economia de tempo. São resinas não inflamáveis que são endurecidas em questão de segundos utilizando uma pequena lanterna UV. Não é mais necessário misturar a resina com o catalizador, ou esperar até o endurecimento da mesma para prosseguir com o atado da mosca.

Tintas: São utilizadas no acabamento das

cabeças de moscas e olhos. Pode ser utilizado qualquer tipo de esmalte sintético, de preferência aqueles de secagem rápida (Disponíveis nas lojas de aeromodelismo). Recentemente têm sido lançadas ao mercado novas tintas UV, estas tintas são mais fáceis de aplicar e secam rapidamente, o que resulta num melhor acabamento da mosca.

Canetas ou marcadores permanentes: São

utilizados no acabamento das moscas. Permitem colorir os olhos e a parte superior do abdômen de insetos ou desenhar listras e outros padrões nas laterais dos streamers.

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Outros Materiais

Lastres redondos: O elemento mais utilizado era o arame de

chumbo, que por motivos ecológicos tem sido substituído pelo arame denominado “lead free” (isto é, sem chumbo). Ele vem em bobinas com diferentes diâmetros. Quando enroscado no anzol facilita o afundamento de ninfas e algumas moscas molhadas (wet flies).

Tamanhos do Lastre:

Tamanho Tamanhos de anzóis

0,010 #18 ou menores 0,015 #14 - #16 0,020 #10 - #12 0,025 #6 - #8 0.030 #2 - #4 0,035 #2 ou maiores

Lastres Planos: O Atado das moscas

Zonker e algumas ninfas exigem o uso de lastre que não crie muitas protuberâncias. Neste caso usa-se umas laminas de material “lead free” que são cortadas em finas tiras que simulam o corpo da isca ou que são enroscadas no anzol minimizando as protuberâncias que seriam criadas caso usássemos lastres redondos.  

Existem no mercado diversos tipos de olhos fabricados em chumbo e outros metais

(bronze, titânio, etc.) que podem ser utilizados como lastre. Como vimos anteriormente, as cabeças metálicas também cumprem esta função. Alguns pescadores preferem colocar o lastre no líder para não alterar a ação da mosca.

 

Fio de Lastre: Geralmente comercializado em carreteis com

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Cera para dubbing (Dubbing Wax): Existem diferentes

misturas de cera disponíveis. A função da cera é manter o sub-pêlo no lugar na linha e facilitar o processo de atado (processo conhecido como “dubbing”). Você pode querer usar cera mesmo que alguns fios já sejam pré-encerados. De preferência compre as ceras que vem em tubos retrateis, pois evitam que suas mãos fiquem sujas e grudentas durante o atado.

Alguns fabricantes oferecem esta cera em duas consistências:

• Baixa aderência (low-tack): Para trabalhar o dubbing em moscas menores, onde as quantidades de dubbing utilizado é

• Alta aderência (high-tack): Para a s moscas maiores, onde é necessário aplicar grandes quantidades de dubbing.

Bibliografia e Fontes de Consulta:

• “Tying Foam Flies” – Skip Morris Editora – Frank Amato - Portland

• Artigo: “Synthetic Tying Materials” escrito por Phil Genoa e Ronald A. Howard Jr. publicado no site http://www.4hfishing.org

• Wikipedia - Fibras sintéticas: www.wikipedia.com

• Ver tabela anexa de sites de fabricantes e distribuidores de material de atado com os sites consultados para a redação deste artigo

© Mosca N’água

www.moscanagua.com.br

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Chenille' Dubbing' Lãs'' Pêlos'e'

Fibras' Brilho' Espumas' Cabeças/Olhos' Materiais'Outros' Resinas'e'Colas'

Spirit'River'

www.spiritriver.com-- X" X" X" Fibers""DNA" X" X" X" X"

Enrico'Puglisi'

www.epflies.com-- "EP"Fibers" X" X" Orvis'Co.'

www.orvis.com-- Spectra"Blend"

Wapsi'Flies'Inc.-www.wapsifly.net-' X" SLF"" X" UTC"Tinsel"" UTC"Vinil"

Danville'Chenille'Company'Inc.'

www.danvillechenille.com-- X" Tinsel"Floss"

Textreme'(Filtex)'

www.textreme.it-- X" X" X" X" Poly"floss" X" UNI'Products'

www.uniproducts.com"" X" Tinsel"Floss"

Semperfli'

www.semperfli.net-- X" X" X"" Tinsel"Floss" X" X" X"

Hareline'Dubbing'Inc.'

www.hareline.com-- X" X" X" X" Lagartun"" X" X" Lagartun"Wire" X"

OPL'OOcean'Pacific'Leisure'Inc.' Fibers"DNA" Loon'Outdoors'Products'

www.loonoutdoors.com-- X"

Rainy’s'Flies'&'Supplies'

www.rainysflies.com-- X" X" X"

Referências

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