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QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO BURANHÉM, PORTO SEGURO BAHIA, DE 2008 A 2014

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QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO BURANHÉM, PORTO SEGURO – BAHIA,

DE 2008 A 2014

Ana Carolina Rodrigues de Sá Silva1*; Marcos Eduardo Cordeiro Bernardes 2Allison Gonçalves

Silva 3 Marcus Luciano Souza de Ferreira Bandeira4

Resumo – O monitoramento ambiental de corpos d’água é fundamental na gestão responsável

dos recursos hídricos, especialmente sob condições de estiagem. Este trabalho objetiva avaliar a qualidade da água do rio Buranhém, localizado em Porto Seguro, Bahia, através das variáveis que compõem o IQA – Índice de Qualidade da Água. Para isso, utilizaram-se os dados secundários da estação de monitoramento (ponto de amostragem) da qualidade da água do INEMA (coordenadas geográficas 16°23'34.10"S e 39°17'9.60"O). O período analisado é de 2008 a 2014, em que ocorreram 19 campanhas de coleta. Esses dados foram comparados ao padrão estabelecido pela resolução CONAMA 357/05 para corpos hídricos de classe 2. Na grande maioria dos casos, observou-se conformidade com a legislação. No entanto, houve violação desses limites para fósforo total e pH em três ocasiões cada, seguida de duas vezes para coliformes totais e uma vez para oxigênio dissolvido. Provavelmente esses casos estejam associados ao lançamento de esgotos domésticos em concentração acima da capacidade de depuração desse trecho do rio.

Palavras-Chave – IQA, monitoramento ambiental, CONAMA.

WATER QUALITY IN RIVER BURANHÉM, PORTO SEGURO – BAHIA, FROM 2008 TO 2014

Abstract – The environmental monitoring of water bodies is fundamental in a responsible

management of water resources, especially under drought conditions. This article aims to assess the water quality of Buranhém river, Porto Seguro – Southern Bahia, Brazil, based on WQI – Water Quality Index parameters. Secondary data of a water quality monitoring station of INEMA (geographic coordinates 16°23'34.10"S e 39°17'9.60"W) were used. Data span 2008 to 2014, during which 19 field campaigns were carried out. Results were compared against CONAMA (National Environment Council) standards defined by its Resolution Nº 357/05 for rivers classified as of ‘Class 2’. On most situations, the variables were in conformity with the legal framework. However, there were three violations to these limits for total phosphorus and pH, followed by two of fecal coliforms and one for dissolved oxygen. These situations may be linked to the release of domestic sewage in concentrations above the river depuration capacity at that point.

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INTRODUÇÃO

É notória a preocupação crescente em relação à quantidade e qualidade dos recursos hídricos, especialmente agravada devido às condições atuais de estiagem em diversas regiões do Brasil. Para se avaliar a qualidade da água, especialmente, para fins de abastecimento, utiliza-se o IQA (Índice de Qualidade das Águas), que permite classificar os corpos hídricos pela qualidade em ótima (79<IQA≤100), boa (51<IQA≤79), regular (36<IQA≤51), ruim (19<IQA≤36) ou péssima (IQA≤19). Esse índice considera nove variáveis: oxigênio dissolvido (OD); coliformes termotolerantes; potencial hidrogeniônico (pH); demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20);

nitrogênio (N) total; fósforo (P) total; temperatura; turbidez; e resíduo total (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2013).

Na área da bacia hidrográfica do rio Buranhém (Figura 1), há uma grande heterogeneidade quanto à coleta e tratamento do esgoto, que vai desde municípios sem informação sobre a rede coletora de esgoto, passando pelos que não as têm, até aqueles que tratam mais de 90% do seu esgoto, como é o caso de Porto Seguro. Apesar disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011) considera a região como “área de ameaça potencial de poluição aos recursos hídricos” por conta do lançamento de efluentes de esgoto e/ou lodos, além da sua alta relevância para a biodiversidade, possivelmente devido ao aporte de esgotos a montante da bacia hidrográfica do rio Buranhém. De acordo com o IBGE (2008), em Porto Seguro ocorre o lançamento de efluente de águas pluviais no mar, o que também pode comprometer a qualidade da água na região, reconhecida por sua atividade turística. Durante o período de 2008 a 2014, o IQA do rio Buranhém foi classificado como“bom” ou “ótimo” pelo INEMA - Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (2015).

Como forma de contribuir para o monitoramento da qualidade da água no país, este trabalho objetiva avaliar a qualidade da água do rio Buranhém, localizado na cidade de Porto Seguro, estado da Bahia, através das variáveis que compõem o IQA, avaliando os parâmetros analisados pelo INEMA e contribuir de forma a propor novas estratégias de monitoramento periódico ao montante e jusante do rio.

METODOLOGIA

A estação de monitoramento da qualidade da água no rio Buranhém, do INEMA, na região de estudo encontra-se nas coordenadas 16°23'34.10"S e 39°17'9.60"O. Esse local está a aproximadamente 25 km a montante da zona urbana de Porto Seguro e sua orla (Figura 1; INEMA, 2015). Como o esgoto desse município é lançado a jusante da estação de monitoramento, a qualidade da água do rio Buranhém ainda pode ser afetada por essa carga orgânica até chegar ao mar. A partir dos dados disponíveis pelo INEMA para o período de 2008 a 2014, com frequência amostral variável durante o período analisado, 19 campanhas de coleta foram realizadas no período analisado. Os dados foram tratados com o software Microsoft Excel® e, posteriormente, foram comparados ao padrão estabelecido pela resolução CONAMA 357/05 para corpos hídricos de classe 2.

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Figura 1: Localização da bacia hidrográfica do rio Buranhém e da estação de monitoramento da qualidade d’água do INEMA (16°23'34.10"S e 39°17'9.60"O, altitude 15 m) - Adaptado de Agência Nacional das Águas, s.d.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Para coliformes termotolerantes, a resolução CONAMA n°357 define o limite desta variável em 1.000 UFC (unidades formadoras de colônias) para corpos hídricos de classe 2. Durante o período analisado, esse valor foi ultrapassado em duas coletas: setembro de 2013 e novembro de 2014, com valor mínimo de 16 UFC em outubro de 2008 (Figura 2). Apesar disso, houve campanhas que o valor da variável é muito baixo, não sendo representativo no gráfico (Figura 2).

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Figura 2: Coliformes termotolerantes no rio Buranhém, Porto Seguro – BA. Adaptado de INEMA (2015).

Os sólidos totais (Figura 3) apresentaram um pico na coleta de dezembro de 2011. Essa variável tem relação com a turbidez (Figura 4), que também apresentou valor máximo na campanha de dezembro de 2011. Apesar disso, o limite definido pela resolução CONAMA 357/05 de 100 NTU (unidade nefelométrica de turbidez) não foi ultrapassado.

Figura 3: Sólidos Totais no rio Buranhém, Porto Seguro – BA. Adaptado de INEMA (2015).

0 2000 4000 6000 8000 10000 Maio-08 S et-08 Out-0 8 Ja n-09 Maio-09 Jul-09 Out-0 9 Ja n-10 Maio-10 S et-11 De z-11 Ago-12 Ja n-13 Jun-13 Set-13 De z-13 Maio-14 Ago-14 Nov-14 Colif . te rm o (U F C/100m L ) Período amostral

Coliformes termotolerantes Limite Superior

0 50 100 150 200 250 Maio-08 S et-08 Out-0 8 Ja n-09 Maio-09 Jul-09 Out-0 9 Ja n-10 Maio-10 S et-11 De z-11 Ago-12 Ja n-13 Jun-13 Set-13 De z-13 Maio-14 Ago-14 Nov-14 Sól id os tot ais ( m g.L -1) Período amostral

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Figura 4: Turbidez no rio Buranhém, Porto Seguro – BA. Adaptado de INEMA (2015).

Os dados de temperatura da água apresentaram pequenas variações entre as coletas, em aparente conformidade com as variações térmicas observadas na região (Figura 5).

Figura 5: Temperatura da água no rio Buranhém, Porto Seguro – BA. Adaptado de INEMA (2015).

O fósforo pode ser apresentado no ambiente aquático sob três formas principais: ortofosfato, fosfatos orgânicos e polifosfato; no entanto, nas águas naturais, o fósforo se encontra quase que exclusivamente sob a forma de fosfato (MANSOR, 2005). A principal fonte de fósforo nas águas naturais é proveniente do esgoto doméstico e industrial, juntamente com os detergentes, podendo ocasionar eutrofização artificial do ambiente aquático na forma dissolvida ou particulada. Assim, este parâmetro é um fator importante para se avaliar a ação antropogênica na qualidade da água.

0 20 40 60 80 100 120 Maio-08 S et-08 Out-0 8 Ja n-09 Maio-09 Jul-09 Out-0 9 Ja n-10 Maio-10 S et-11 De z-11 Ago-12 Ja n-13 Jun-13 Set-13 De z-13 Maio-14 Ago-14 Nov-14 T u rb id ez (N T U) Período amostral

Turbidez Limite superior

0 5 10 15 20 25 30 35 40 Maio-08 S et-08 Out-0 8 Ja n-09 Maio-09 Jul-09 Out-0 9 Ja n-10 Maio-10 S et-11 De z-11 Ago-12 Ja n-13 Jun-13 Set-13 De z-13 Maio-14 Ago-14 Nov-14 T em p er at u ra C) Período amostral

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método de análise não foi atingido. Outro fator que pode estar contribuindo no valor deste parâmetro é que nas proximidades do Rio Buranhém encontra-se o aterro sanitário municipal de Porto Seguro, o qual está localizado na Bacia Hidrográfica deste rio, a aproximadamente 17 Km da Costa Atlântica, na BR – 367 sentido Eunápolis(BANDEIRA; TAVARES; BANDEIRA, 2010).

Figura 6: Fósforo total no rio Buranhém, Porto Seguro – BA. Adaptado de INEMA (2015).

De acordo com Basso (2006), a concentração do oxigênio é um dos importantes indicadores da qualidade da água. Considera-se que uma baixa concentração pode indicar uma fonte poluidora por despejos orgânicos. Segundo os padrões da resolução CONAMA 357/05 para classe 2, que determina que o curso d’água apresente valores de oxigênio dissolvido acima de 5 mg/L para água doce. Os resultados, em geral, estiveram de acordo com este padrão de qualidade (Figura 7). No entanto, as coletas de janeiro e maio de 2009 apresentaram concentrações abaixo do limite estabelecido pela resolução CONAMA em questão.

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 Maio-08 S et-08 Out-0 8 Ja n-09 Maio-09 Jul-09 Out-0 9 Ja n-10 Maio-10 S et-11 De z-11 Ago-12 Ja n-13 Jun-13 Set-13 De z-13 Maio-14 Ago-14 Nov-14 P T ot al (m g.L -1) Período amostral

P Total Limite superior

0 2 4 6 8 10 12 Ma io-08 S et-08 Out-0 8 Ja n-09 Maio-09 Jul-09 Out-0 9 Ja n-10 Maio-10 S et-11 De z-11 Ago-12 Ja n-13 Jun-13 Set-13 De z-13 Maio-14 A go-14 Nov-14 OD ( m g.L -1) Período amostral

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O potencial hidrogeniônico (pH) indica se o ambiente está em uma condição ácida, neutra ou alcalina. Observou-se que a maioria dos resultados (Figura 8) se encontraram dentro do padrão da resolução CONAMA 357/05, que estabelece um limite de pH de 6 a 9. Não entanto, os dados de maio de 2008, setembro de 2011 e dezembro de 2013 estavam fora do padrão.

Figura 8: Potencial hidrogeniônico no rio Buranhém, Porto Seguro - BA. Adaptado de INEMA (2015).

CONCLUSÃO

Dentre as variáveis que compõem o IQA, durante a grande maioria das 19 coletas entre 2008 e 2014, observou-se conformidade com a resolução CONAMA 357/05 para corpos hídricos de classe 2. No entanto, houve violação desses limites para fósforo total e pH (em três ocasiões cada), seguida de coliformes totais (duas vezes) e OD (uma vez), provavelmente associada ao lançamento de esgotos domésticos em concentração acima da capacidade de depuração desse trecho do rio. Observa-se que existe apenas um único ponto de coleta de amostra para análise realizada pelo INEMA referentes ao IQA. Desta forma, com o intuito de garantir uma gestão integrada da bacia hidrográfica do rio Buranhém, ressalta-se a necessidade de se considerar a expansão da rede de monitoramento da qualidade da água até a sua desembocadura, com o intuito de analisar o efeito ao longo de um trecho maior do rio, assim como promover uma maior regularidade nas coletas de amostras e análises para compor o IQA.

REFERÊNCIA

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Bases de Dados Georreferenciadas. Disponível em: <http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/solicitacaoBaseDados.asp>. Acesso em: 25 abr. 2015.

0 2 4 6 8 10 Maio-08 S et-08 Out-0 8 Ja n-09 Ma io-09 Jul-09 Out-0 9 Ja n-10 Maio-10 S et-11 De z-11 Ago-12 Ja n-13 Jun-13 Set-13 De z-13 Maio-14 Ago-14 Nov-14 pH Período amostral

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BANDEIRA, M. S. F.; TAVARES, A. J.; BANDEIRA, M. L. S. F. Avaliação dos planos, programas e projetos de resíduos sólidos do Plano de Desenvolvimento Diretor Urbano do município de Porto Seguro, Bahia. Revista Eletrônica Multidisciplinar Pindorama do Instituto

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CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução n° 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 10 mar. 2005, n. 53, p. 58-63.

INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS (INEMA). SEIRH/MONITORA –

INEA, 2015. Disponível em <http://monitora.inema.ba.gov.br/index.php>. Acesso em: 20 maio

2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, 2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de

Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, disponível em

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MANSOR, M. T. C. Potencial de Poluição de Águas Superficiais por Fontes não Pontuais de

Fósforo na Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Pinhal, Limeira – SP. Tese de doutorado em

Engenharia Agrícola. Universidade Estadual De Campinas. Faculdade de Engenharia Agrícola. Campinas, 2005. 189 p.

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