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Curso/Disciplina: Processo Judicial Tributário Aula: Processo Judicial Tributário - 02 Professor (a): Mauro Lopes Monitor (a): Caroline Gama.

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Curso/Disciplina: Processo Judicial Tributário

Aula: Processo Judicial Tributário - 02

Professor (a): Mauro Lopes

Monitor (a): Caroline Gama

Aula 2

Legitimação Ativa

1. Recepção constitucional da Lei nº 6.830/1980 (LEF)

Como a Lei de Execução Fiscal (LEF) é de 1980, a validade das suas normas será perquirida, quando necessário, à luz da Constituição de 1967 com a EC nº 1/1969. Nesse caso, não há um controle de constitucionalidade sobre ela, mas há um controle de recepção, ou seja, deve-se observar a recepção das normas previstas na LEF pela CRFB/1988.

2. Legitimados ativos

Pessoas jurídicas de direito público (art. 1º da LEF)

Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo

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Apenas as pessoas jurídicas de direito público tem a possibilidade constituírem unilateralmente o título executivo extrajudicial (certidão da dívida ativa) que instruirá a execução fiscal.

Inscrição em dívida ativa: prerrogativa do poder público.

Observação: vedação de execução fiscal proposta pelo B.R.D.E

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (B.R.D.E)1 é um banco de fomento regional criado pelos estados da região sul do Brasil (SC, PR, RS).

Na criação do B.R.D.E, foi designada de maneira forçada a natureza jurídica de autarquia a esse banco de fomento. Por isso, ele intentou a cobrança de seus créditos por meio de execução fiscal. Todavia, o STF não admitiu isso, sendo acompanhado pelo STJ nesse sentido, conforme o posicionamento fixado nos exemplos das seguintes ementas do RE 115.062/RS, RE 120.932/RS, REsp 83.130/RS e AI 751.007 AgR/RS:

EMBARGOS A EXECUÇÃO FISCAL MOVIDA PELO BRDE PELO PROCEDIMENTO DA LEI DAS EXECUÇÕES FISCAIS - OFENSA AO ART. 170 E PARÁGRAFOS DA CONSTITUIÇÃO (EC N. 1/69). O BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO EXTREMO SUL - BRDE - EMPRESA ESTATAL QUE EXPLORA ATIVIDADE ECONÔMICA, NÃO PODE VALER-SE DE MECANISMO DE EXECUÇÃO DE DÍVIDAS DE QUE AS EMPRESAS PRIVADAS SE VEEM EXCLUÍDAS, INDEPENDENTEMENTE DO FATO DE O BANCO SE AFIRMAR AUTARQUIA. A NORMA DO PARAGRAFO 2. DO ART. 170 DA CONSTITUIÇÃO DE 1967 (EC N. 1/69) CONTÉM GARANTIA CIVIL, POR ELA CONCEDIDA A TODAS AS PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS NACIONAIS OU ESTRANGEIRAS, QUE AOS ESTADOS NÃO É LÍCITO SEQUER MODIFICAR, MUITO MENOS, NEGAR E DESCONHECER. RE CONHECIDO E PROVIDO. (RE 115062, Relator(a): Min. CÉLIO BORJA, Segunda Turma, julgado em 03/03/1989, DJ 31-03-1989 PP-04333 EMENT VOL-01535-04 PP-00544)

Execução fiscal: débito representado por Cédula de Crédito Industrial em favor do BRDE - Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul: inidoneidade da via processual, resultante da solução negativa a questão constitucional da suposta natureza autárquica interestadual, que se arroga o credor exequente: RE provido.

I. Atividade econômica do Estado: intervenção suplementar no domínio econômico ou exploração de serviço público. 1. Ainda que se devesse reduzir a participação suplementar do Estado na atividade econômica "stricto sensu" - objeto do art. 170 CF/69 - aquela que se faça mediante o apelo a técnica privatística das empresas estatais de forma mercantil não basta a descaracterização, em tese, da natureza autárquica de um banco de desenvolvimento criado pelo Poder Público. 2. Em tese, a assunção estatal, como serviço público, da atividade dos bancos de desenvolvimento e tanto mais viável quanto e certo que, desde a Constituição de 1967, a elaboração e a execução de planos regionais de desenvolvimento foram explicitamente incluídos no rol da competência da União: dispensa demonstração que, nosso regime de liberdade de iniciativa, a atividade de fomento dela, desenvolvida pelos bancos de desenvolvimento - mediante empréstimos com prazo ou condições favorecidas, prestação de garantias, intermediação de empréstimos externos ou tomada de participações acionarias -, são um dos instrumentos primaciais da tarefa estatal de execução do planejamento econômico.

II. Autarquia interestadual de desenvolvimento: sua inviabilidade constitucional.

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Projeto Memória BRDE. Disponível em: <http://www.brde.com.br/institucional/cultura/projeto-memoria/>. Acesso em 17 abr. 2017.

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3. O dado diferencial da autarquia e a personalidade de direito público (Celso Antônio), de que a podem dotar não só a União, mas também as demais entidades politicas do Estado Federal, como técnicas de realização de sua função administrativa, em setor específico subtraído a administração direta. 4. Por isso mesmo, a validade da criação de uma autarquia pressupõe que a sua destinação institucional se compreenda toda na função administrativa da entidade matriz. 5. O objetivo de fomento do desenvolvimento de região composta pelos territórios de três Estados Federados ultrapassa o raio da esfera administrativa de qualquer um deles, isoladamente considerado; só uma norma da Constituição Federal poderia emprestar a manifestação conjunta, mediante convênio, de vontades estatais incompetentes um poder que, individualmente, a todos eles falece. 6. As sucessivas Constituições da República - além de não abrirem explicitamente as unidades federadas a criação de entidades públicas de administração interestadual-, têm reservado a União, expressa e privativamente, as atividades de planejamento e promoção do desenvolvimento regional: análise da temática regional no constitucionalismo federal brasileiro. (RE 120.932, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 24/03/1992, DJ 30-04-1992 PP-05725 EMENT VOL-01659-02 PP-00255 RTJ VOL-00141-01 PP-00273)

EXECUÇÃO FISCAL. LEI 6.830/1980. AUTARQUIA (BRDE). CONTRATO DE MÚTUO. INAPLICABILIDADE. INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO. FUNGIBILIDADE DE RITO. POSSIBILIDADE EM TESE. EXECUÇÃO APARELHADA COM CERTIDÃO DA DÍVIDA ATIVA. NULIDADE DO TÍTULO. INEXISTÊNCIA NOS AUTOS DE OUTRO INSTRUMENTO HÁBIL A AMPARAR A EXECUÇÃO. PRECEDENTES. RECURSO DESACOLHIDO.

I - CONSOANTE JÁ ASSENTOU A TURMA, AUTARQUIA QUE ATUA COMO BANCO NÃO DISPÕE DA EXECUÇÃO FISCAL PARA HAVER CRÉDITO ADVINDO DE CONTRATO DE MÚTUO.

II - NÃO SENDO LÍCITO A AUTARQUIA CONSTITUIR TÍTULO E PROMOVER EXECUÇÃO COM BASE NA LEI DE EXECUÇÕES FISCAIS, A CONVERSÃO DA EXECUÇÃO AO RITO CODIFICADO DEPENDE DE CONSTAR DOS AUTOS OUTRO TÍTULO, EM TESE HÁBIL A EMBASÁ-LA, NOS TERMOS DO ART. 585, CPC.

(REsp 83.130/RS, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 28/04/1997, DJ 26/05/1997, p. 22545)

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356/STF. BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO EXTREMO SUL - BRDE. NATUREZA JURÍDICA. DIREITO PRIVADO. A questão constitucional alegada no recurso extraordinário não foi objeto de análise pelo Tribunal de origem. Tampouco foram opostos embargos declaratórios para sanar eventual omissão. Incidência das Súmulas 282 e 356/STF. O Supremo Tribunal Federal já firmou entendimento de que o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE possui personalidade jurídica de direito privado. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AI 751.007 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 27/05/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-125 DIVULG 27-06-2014 PUBLIC 01-07-2014)

O conceito de autarquia está ligado à execução descentralizada de serviço público e não à exploração de atividade econômica, regida por normas aplicáveis a empreendimentos privados, tendo em vista a existência de concorrência entre ele e outros bancos. Não pode haver benefício, como o relativo à propositura de execução fiscal, para um banco pelo fato de ser criado com “natureza autárquica”, a fim de que não seja violado o princípio constitucional da livre concorrência (art. 170, IV da CRFB/1988).

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

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Na hipótese, ainda que tenha se atribuído a natureza de direito público a uma entidade que desempenhe atividade que caberia mais adequadamente nas formas de empresa pública ou sociedade de economia mista, ou seja, com natureza jurídica de direito privado2, não é reconhecida a legitimidade ativa para propor execução fiscal.

Observação: decisões de Tribunal de Contas

As decisões de Tribunais de Contas, que imponham condenação patrimonial para ressarcimento ao erário ou imposição de multa, têm eficácia de título executivo extrajudicial, nos termos do art. 71, §3º da CRFB/1988 (aplicável por simetria aos demais entes da federação):

Art. 71, § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.

A execução de título executivo extrajudicial proveniente de decisão do TCU será feita com base nas normas do Código de Processo Civil, não sendo regulada pela LEF, pois a CDA (certidão de dívida ativa) é o único título executivo extrajudicial que autoriza a propositura de execução fiscal. Ainda que o crédito tratado no acórdão do TCU tenha a natureza de crédito público, não se equipara à CDA.

O legitimado ativo para promover a execução será o ente público beneficiário da condenação.

 Se for ressarcimento ao erário, será o ente público que teve seu patrimônio prejudicado.

Exemplo: se for uma autarquia federal, o seu procurador federal será o representante no processo de execução.

 Se for multa, a verba será revertida em favor do ente federativo ao qual pertença o Tribunal de Contas.

Exemplo: a cobrança da multa imposta por tribunal de contas estadual será realizada

judicialmente por meio da execução proposta pelo Estado, o qual será representado pelo procurador estadual; se a multa for imposta por decisão do TCU, a execução será proposta pela União.

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Quando o Estado explora diretamente a atividade econômica, ele deve se submeter ao regramento de direito privado, aplicável aos demais concorrentes, em respeito ao art. 173 da CRFB/1988, o qual prevê que “ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”.

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A Segunda Turma do STJ admitiu no REsp 1.390.993/RJ que o poder público opte de maneira discricionária pela execução direta do acórdão do TCU regulada pelo CPC, ou pela inscrição do crédito em dívida ativa para se valer do processo de execução fiscal regulado pela Lei nº 6.830/1980.

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE DECISÃO CONDENATÓRIA DO TCU. DESNECESSIDADE DE INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA E CONSEQUENTE INAPLICABILIDADE DA LEI N. 6.830/80.

1. Consoante a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte, não se aplica a Lei n. 6.830/80 à execução de decisão condenatória do Tribunal de Contas da União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos executivos extrajudiciais, de modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa - CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador discricionariamente opta pela não inscrição.

2. Recurso especial provido para determinar que a execução prossiga nos moldes do Código de Processo Civil.

(REsp 1390993/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 17/09/2013)

Na concepção do professor Mauro Lopes, a opção pela execução direta é mais adequada, em respeito ao princípio da eficiência disposto no art. 37, caput da CRFB/1988, pois se há um título executivo extrajudicial decorrente das decisões do tribunal de contas, seria ineficiente constituir um novo título (materializado na CDA) sobre o mesmo objeto. Além disso, a execução direta é reconhecida como a mais adequada em respeito ao art. 71,§3º da CRFB/1988, que designa a eficácia de título executivo extrajudicial às decisões do tribunal de contas.

Observação: OAB

Constituição unilateral de título executivo extrajudicial pela OAB:

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sempre foi considerada como autarquia especial (“sui generis”). Ocorre que o STF, quando julgou a questão relacionada à submissão das contas da OAB ao controle pelo TCU, não reconheceu a OAB como uma entidade pública, não tendo a sua arrecadação a natureza de receita pública. O STF nesse julgado entendeu que a OAB não teria natureza de entidade autárquica e suas contas não estariam sujeitas ao controle do TCU.

O STF não definiu a natureza jurídica da OAB. Segundo o Estatuto da OAB, aprovado por lei ordinária, ela pode constituir unilateralmente o título executivo extrajudicial, nos termos do art. 46, parágrafo único da Lei nº 8.906/1994.

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Art. 46. Compete à OAB fixar e cobrar, de seus inscritos, contribuições, preços de serviços e multas. Parágrafo único. Constitui título executivo extrajudicial a certidão passada pela diretoria do Conselho competente, relativa a crédito previsto neste artigo.

A certidão da OAB na qual consta a inadimplência de advogado não corresponde à certidão da dívida ativa, por isso ela não tem legitimidade ativa para ajuizar a execução fiscal. A OAB pode promover a execução3 por título extrajudicial regida pelo Código de Processo Civil, sendo o juízo da vara comum competente para realizar o julgamento.

O STJ é pacífico no sentido de que as anuidades que a OAB cobra não têm natureza tributária, ou seja, não são receitas públicas, portanto não podem ser exigidas por meio de execução fiscal. Como exemplo desse entendimento, destaca-se a seguinte ementa do EREsp 503.252/SC:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - OAB. LEI N.º 8.906/94. ANUIDADES. NATUREZA JURÍDICA. LEI DE EXECUÇÃO FISCAL. INAPLICABILIDADE.

1. Embora definida como autarquia profissional de regime especial ou sui generis, a OAB não se confunde com as demais corporações incumbidas do exercício profissional.

2. As contribuições pagas pelos filiados à OAB não têm natureza tributária.

3. O título executivo extrajudicial, referido no art. 46, parágrafo único, da Lei n.º 8.906/94, deve ser exigido em execução disciplinada pelo Código de Processo Civil, não sendo possível a execução fiscal regida pela Lei n.º 6.830/80.

4. Não está a instituição submetida às normas da Lei n.º 4.320/64, com as alterações posteriores, que estatui normas de direito financeiro dos orçamentos e balanços das entidades estatais. 5. Não se encontra a entidade subordinada à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, realizada pelo Tribunal de Contas da União.

6. Embargos de Divergência providos.

(EREsp 503.252/SC, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2004, DJ 18/10/2004, p. 181)

Pessoas jurídicas de direito privado

Como as pessoas jurídicas de direito privado não têm registro da dívida ativa, elas não podem promover execução fiscal.

Ainda que a pessoa jurídica de direito privado execute algum serviço público (exemplos: concessionária, delegatária) e a receita decorra dele, se a cobrança ficar a cargo de uma entidade de direito privado, ela não poderá ser feita por meio de execução fiscal.

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Observação: contribuições destinadas ao Sistema S

Há julgado no STJ sobre a arrecadação tributária realizada por entidade privada, o que é uma exceção ao disposto no art. 119 do CTN, pois este estabelece que o sujeito ativo da obrigação tributária seja uma pessoa jurídica de direito público.

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.

Apesar da regra estabelecida pelo art. 119 do CTN, há casos concretos em que pessoas jurídicas de direito privado exigem tributo. Um deles é referente à cobrança realizada por entidade do Sistema S, conforme veremos no exemplo a seguir:

Exemplo

O INSS arrecadava as contribuições destinadas às entidades do Sistema S (exemplos: SESI, SESC, SENAI) e, em alguns casos, a cobrança era delegada a elas. Atualmente, a Receita Federal do Brasil arrecada todas as contribuições sobre a folha de salário.

O SESI é destinatário da receita da contribuição, prevista no art. 240 e genericamente no art. 149 CRFB/1988. Essa contribuição incide sobre a folha de salário das empresas e é revertida para as entidades do Sistema S.

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.

Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical.

Como não foi invalidado o convênio por meio do qual a fazenda pública delegou a cobrança de tributos a essas entidades privadas do Sistema S e elas não possuíam registro da dívida ativa, promoviam a

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ação de cobrança pelo rito comum, o que é admitido pelo STJ, conforme os itens 2, 3 e 4 da ementa do REsp 1.272.229/SC:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DOS ARTS. 165, 458 E 535 DO CPC. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. CONTRIBUIÇÃO AO SESI. CELEBRAÇÃO DE CONVÊNIO PARA ARRECADAÇÃO DIRETA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ASSISTENCIAIS. AÇÃO DE COBRANÇA. POSSIBILIDADE. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA. ART. 174 DO CTN. POSSIBILIDADE. IMPUGNAÇÃO DO VALOR DA DÍVIDA. COMPROVAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.

1. Inexiste violação dos arts. 165, 458 e 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida, com enfrentamento e resolução das questões abordadas no recurso.

2. A contribuição cobrada pelo SESI, pessoa jurídica diversa do ente federativo que instituiu o tributo, possui natureza jurídica de contribuição parafiscal, em virtude do que estabelece o art. 149 da Constituição Federal e em decorrência do Convênio celebrado entre as partes, podendo ser arrecadada diretamente pela entidade.

3. É juridicamente possível a ação de cobrança para o recebimento da referida contribuição social, porquanto, além de ter natureza parafiscal, o sujeito ativo é pessoa jurídica de direito privado, não previsto entre os legitimados para a utilização da execução fiscal nos termos da Lei 6.830/80.

4. A jurisprudência desta Corte reconhece a legitimidade ativa das entidades do sistema "S" para a cobrança das respectivas contribuições adicionais, quando por si fiscalizadas/lançadas. Na hipótese, a Notificação de Débito, relativas aos créditos ora cobrados, foi expedida por agente fiscal do SESI no exercício de atribuições do Poder Público Federal, razão pela qual houve o lançamento tributário.

5. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.120.295/SP, submetido ao rito dos recursos repetitivos, consolidou entendimento segundo o qual, mesmo nas Execuções Fiscais, a citação retroage à data da propositura da ação para efeitos de interrupção da prescrição, na forma do art. 219, § 1º, do CPC quando a citação tenha ocorrido em condições regulares, ou que, havendo mora, seja esta imputável aos mecanismos do Poder Judiciário, nos termos da Súmula 106/STJ.

6. Hipótese em que se encontram prescritos os créditos cujos fatos geradores ocorreram anteriormente aos cinco anos que antecederam a propositura da ação. A alteração das conclusões adotadas pela Corte de origem, quanto à comprovação do valor da dívida cobrada e à inversão do ônus da prova, implica, necessariamente, novo exame do acervo fático-probatório constante dos autos, providência vedada em recurso especial, por esbarrar no óbice da Súmula 7/STJ.

7. Conforme a jurisprudência pacífica desta Corte, a aferição do quantitativo em que autor e réu saíram vencidos na demanda, bem como da existência de sucumbência mínima ou recíproca, mostra-se inviável em sede de recurso especial, tendo em vista a circunstância obstativa decorrente do disposto na Súmula 7/STJ.

Recurso especial conhecido em parte e improvido.

(STJ – Resp. 1.272.229/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/04/2016, DJe. 13/04/2016)

Em regra, não importa a natureza da verba cobrada, mas a qualidade de quem cobra. Se for uma pessoa jurídica de direito público, a cobrança será feita por meio de execução fiscal, regulada pela Lei nº 6.830/1980 e subsidiariamente pelo CPC, conforme se verifica no exemplo da seguinte ementa do TRF-5:

PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. SESI. ILEGITIMIDADE ATIVA. COMPETÊNCIA DA FAZENDA NACIONAL. EXECUÇÃO FISCAL.

1. O SESI é uma entidade privada sem fins lucrativos e mantida mediante contribuições sociais de natureza tributária.

2. O fato de o ECT recolher diretamente as contribuições sociais para o SESI, por força de convênio, não afasta a competência da Fazenda Nacional para cobrar o débito tributário.

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3. Antes da Lei nº 11.457/07, a arrecadação, a fiscalização e a cobrança das contribuições sociais destinadas a terceiros ficava a cargo do INSS, autarquia previdenciária federal.

4. Após a edição da citada norma, a Fazenda Nacional assumiu o papel de cobrar, via a execução fiscal da Lei nº 6.830/80, as contribuições sociais, inclusive as devidas ao SESI.

5. Sem o recolhimento da citada exação, cabe à Fazenda Nacional promover a notificação de lançamento do débito tributário, a inscrição em Dívida Ativa da União e a ação executiva.

6. Apelação parcialmente provida.

(TRF-5 - AC 2009.85.00.005441-7, Relator: Desembargador Federal Emiliano Zapata Leitão, Data de Julgamento: 26/06/2012, Primeira Turma, Data de Publicação: 29/06/2012)

Se for uma pessoa jurídica de direito privado e houver título executivo extrajudicial, o processo de execução será regulado pelas normas do Livro II do Código de Processo Civil. Caso não haja título executivo extrajudicial, a pessoa jurídica de direito privado poderá ajuizar uma ação de cobrança, a fim de que seja formado o título executivo judicial e promovido o cumprimento de sentença.

Observação: FGTS

A Lei nº 8.844/94 atribui à União o poder-dever de realizar a cobrança dos créditos do FGTS4 por intermédio da Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN). As verbas relativas ao FGTS são inscritas na dívida ativa da União e cobradas pela PGFN.

A PGFN pode celebrar um convênio com a Caixa Econômica Federal (CEF) para ser representada por ela em juízo nas execuções fiscais cujo objeto sejam os créditos do FGTS.

Como a CEF é uma empresa pública federal, ela tem natureza de pessoa jurídica de direito privado. Para garantir que as verbas devidas ao FGTS possam ser cobradas por meio de execução fiscal pela CEF, o art. 2º da Lei nº 8.844/94 admite expressamente que ela atue como representante da União, desde que haja

convênio entre a PGFN e a CEF.

Art. 2º Compete à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional a inscrição em Dívida Ativa dos débitos para com o Fundo de Garantia do Tempo de serviço - FGTS, bem como, diretamente ou por intermédio da Caixa Econômica Federal, mediante convênio, a representação Judicial e extrajudicial do FGTS, para a correspondente cobrança, relativamente à contribuição e às multas e demais encargos previstos na legislação respectiva.

Nessas situações, a CEF não tem privilégios processuais de prazos diferenciados típicos da fazenda pública, ainda que ela esteja representando a União nas execuções fiscais para a cobrança de créditos do FGTS. Esse entendimento é corroborado pelo STJ no AgRg no Ag 543.895/RS:

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PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL DENEGADO POR INTEMPESTIVIDADE. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE DÉBITOS PARA COM O FGTS. COBRANÇA PROMOVIDA PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, COM BASE NO CONVÊNIO A QUE SE REFERE O ART. 2º DA LEI 8.844/94, FIRMADO COM A PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL, A QUEM COMPETE A REPRESENTAÇÃO JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL DO FUNDO. INAPLICABILIDADE, IN CASU, DOS PRIVILÉGIOS PROCESSUAIS PREVISTOS NOS ARTS. 25 DA LEI 6.830/80 E 188 DO CPC, OS QUAIS SÃO CONCEDIDOS PELA LEGISLAÇÃO SOMENTE À FAZENDA PÚBLICA. DESPROVIMENTO.

1. Sendo uma universalidade de direito, sem personalidade jurídica própria, o FGTS não se enquadra em nenhuma das categorias de entidades que compreendem o conceito de Fazenda Pública a ensejar-lhe a extensão dos privilégios processuais somente a esta conferidos, os quais, aliás, não comportam interpretação ampla, mas restritiva.

2. Não pode ser considerado autarquia porque essa, consoante o disposto no DL 200/67, possui personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, sendo criada para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

3. Também não é uma fundação pública, a qual, segundo a Lei 7.596/87, é criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

4. Por outro lado, de acordo com o art. 2º da Lei 8.844/94, com a redação dada pela Lei 9.467/97, compete à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional a inscrição em Dívida Ativa dos débitos para com o FGTS, bem como, diretamente ou por intermédio da Caixa Econômica Federal, mediante convênio, a representação judicial e extrajudicial do dito fundo, para a correspondente cobrança, relativamente à contribuição e às multas e demais encargos previstos na legislação respectiva. 5. Nesse contexto, uma vez processada a execução fiscal de que cuidam os presentes autos, não sob a representação judicial da Fazenda Nacional, mas unicamente sob a representação da Caixa Econômica Federal, empresa pública, dotada de personalidade jurídica de direito privado, são inaplicáveis, justamente por essas particularidades, os privilégios processuais dos arts. 25 da Lei 6.830/80 e 188 do CPC, concedidos pela legislação tão-somente à Fazenda Pública.

6. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no Ag 543.895/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/03/2005, DJ 05/12/2005, p. 222)

Observação: Simples Nacional

O Simples Nacional é um regime simplificado de tributação, regulado pela Lei nº 123/2006, pelo qual as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte recolhem tributos federais, estaduais e municipais, com alíquota reduzida, por meio de uma única guia.

Art. 41. [...]

§ 2º Os créditos tributários oriundos da aplicação desta Lei Complementar serão apurados, inscritos em Dívida Ativa da União e cobrados judicialmente pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

§ 3º Mediante convênio, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional poderá delegar aos Estados e Municípios a inscrição em dívida ativa estadual e municipal e a cobrança judicial dos tributos estaduais e municipais a que se refere esta Lei Complementar.

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A inscrição em dívida ativa deve ser realizada pela União e a correspondente cobrança pela PGFN. Logo, a PGFN irá cobrar os créditos não adimplidos por Microempresas e Empresas de Pequeno Porte e os distribuirá aos entes correspondentes.

A PGFN pode delegar aos estados e municípios, por meio de convênio, a inscrição em dívida ativa estadual e municipal correspondente aos respectivos créditos tributários estaduais e municipais inadimplidos.

Fonte: http://www8.receita.fazenda.gov.br/SIMPLESNACIONAL/Documentos/Pagina.aspx?id=1

Observação: multa imposta em processo criminal

Antigamente a multa imposta em processo criminal era cobrada pelo Ministério Público. Com o advento da Lei nº 9.268/96, a legitimidade para propor a execução de pena de multa imposta em processo criminal é da fazenda pública correspondente, nos termos do art. 51 do Código Penal.

Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no

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