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Relatório da Comissão de Revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior

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Relatório da Comissão de Revisão do Regulamento de

Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino

Superior

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1. Apresentação

Tendo como objetivo a revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo para Estudantes do Ensino Superior1, o Secretário de Estado do Ensino Superior procedeu à criação de uma Comissão, por intermédio do Despacho n.º 2906-C/2015, a qual deveria, dentro do período de tempo dado, elaborar um relatório com um conjunto de propostas de alteração ao Regulamento.

Na verdade, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) tem feito, ao longo dos últimos anos, um importante esforço no aumento da eficiência do sistema de ação social escolar direta, objetivo esse assumido nas várias revisões efetuadas ao Regulamento nos últimos 4 anos, reafirmado nas Linhas de Orientação Estratégica para o Ensino Superior, publicadas em 2014 e renovado com a criação da Comissão.

A participação na elaboração das bases fundamentais da política de ação social escolar, assim como a concepção de novas medidas e a melhoria das já existentes deve ser um processo assumido por todos e feito em estreita colaboração entre o MEC e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), a Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP), bem como as associações académicas e de estudantes do ensino superior.

Nesta lógica, durante os dois últimos anos letivos foram apresentados, pelos vários intervenientes, múltiplos contributos referentes ao processo de atribuição de bolsas de estudo a estudantes do ensino superior.

As problemáticas são naturalmente distintas, de acordo com a percepção de cada organismo, mas há muitos pontos de contacto e linhas de atuação que se podem considerar transversais e consensuais.

O objetivo do trabalho da Comissão foi o de coligir, entre os representantes dos organismos referidos anteriormente, um conjunto de alterações que merecessem ampla aceitação. É o resultado desse trabalho que aqui se apresenta.

1 Despacho n.º 8442-A/2012, de 22 de junho, retificado pela Declaração de Retificação n.º 1051/2012, de 14 de agosto e alterado pelo Despachos n.º 627/2014 (2.ª série), de 14 de janeiro e n.º 10973-D/2014 (2.ª série), de 27 de agosto.

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2. Composição da Comissão

A Comissão tem a seguinte composição:

 Ricardo Morgado, em representação do gabinete do Secretário de Estado do

Ensino Superior;

 Ana Costa Freitas, em representação do Conselho de Reitores das

Universidades Portuguesas;

 Fernando Sebastião, em representação do Conselho Coordenador dos

Institutos Superiores Politécnicos;

 António Barros, em representação da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado;

 Bruno Caixeiro, em representação da Direção-Geral do Ensino Superior;

 Daniel Martins de Freitas, em representação do movimento associativo estudantil;

 Daniel Pires Monteiro, em representação do movimento associativo

estudantil.

No período de tempo que foi dado à Comissão para elaborar o presente Relatório, esta ouviu algumas entidades que intervêm no processo de atribuição de bolsas de estudo, cumprindo fazer um especial agradecimento à Eng.ª Cristina Centeno, Diretora dos Serviços de Ação Social da Universidade de Évora, à Dr.ª Rosa Maria Rodrigues, Administradora dos Serviços de Ação Social do Instituto Politécnico de Viseu e ao Eng.º Carlos Silva, Administrador dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho.

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3. Missão da Comissão

Nos termos do despacho de criação, compete à Comissão o desenvolvimento de um trabalho de análise ao atual Regulamento de atribuição de bolsas de estudo a estudantes do ensino superior, sugerindo alterações que tornem o sistema mais rápido e eficiente.

Esta incumbência visa aperfeiçoar uma política ativa de ação social escolar direta, através da atribuição eficiente e equitativa de bolsas de estudo a estudantes economicamente carenciados com aproveitamento académico, assegurando desta forma que nenhum cidadão português é privado do acesso ao ensino superior por insuficiências económicas.

As alterações a propor pela Comissão não devem traduzir, nos termos do despacho, um aumento da despesa, em virtude do financiamento para bolsas de estudo estar já consignado nas respetivas fontes de financiamento: financiamento europeu e orçamento do estado.

Por último, cumpre referir que a apresentação deste relatório com a análise e as propostas de alteração ao Regulamento respeita a data determinada pelo Secretário de Estado do Ensino Superior.

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4. Enquadramento

A atribuição de bolsas de estudo a estudantes do ensino superior tem-se realizado, desde junho de 2012, ao abrigo do Regulamento aprovado pelo Despacho n.º 8442-A/2012, de 22 de junho, retificado pela Declaração de Retificação n.º 1051/2012, de 14 de agosto e alterado pelo Despachos n.º 627/2014 (2.ª série), de 14 de janeiro e n.º 10973-D/2014 (2.ª série), de 27 de agosto.

Esta atribuição resulta da obrigação do Estado de «garantir a existência de um sistema de ação social que permita o acesso ao ensino superior e a frequência das suas instituições a todos os estudantes» (n.º 1 do art. 18.º da Lei nº 37/2003, de 22 de agosto).

O Regulamento constitui a principal modalidade de atribuição de apoios do Estado aos estudantes carenciados do ensino superior, tendo como grande finalidade igualar as oportunidades dos mesmos perante o sistema, equilibrando-os nos mínimos indispensáveis para que possam frequentar uma formação superior, servindo, fundamentalmente, como uma ferramenta de justiça social.

O presente Regulamento sofreu, desde a sua aprovação até à presente data, algumas alterações, das quais se destacam a remoção da norma que impedia a atribuição de bolsa de estudo a estudantes cujo agregado familiar tivesse qualquer elemento com dívidas fiscais e/ou contributivas e a criação de um escalão 0 na consideração do património mobiliário no rendimento.

O trabalho realizado pela Comissão, concretizado nas propostas apresentadas neste Relatório, visa essencialmente três grandes objetivos:

- Maior eficiência e celeridade no processo de análise e decisão; - Maior equidade nos conceitos e critérios;

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5. Propostas de alteração

Apresentam-se de seguida as propostas de alteração ao Regulamento consideradas necessárias pela Comissão, procurando-se, de forma sucinta, justificar e simular o impacto da proposta no número de bolseiros e/ou na variação da despesa.

5.1. Alteração da alínea a) do n.º 1 do artigo 4.º Artigo 4.º

[…] 1 — […]

a) Cônjuge ou pessoa em união de facto, nos termos previstos em legislação específica, do próprio ou de outro membro do agregado;

Justificação:

Na atual redação da alínea a) do n.º 1 do artigo 4.º decorre que só o cônjuge ou o unido de facto do próprio candidato integram o conceito de membro do agregado familiar relevante para o Regulamento. Com esta alteração, pretende-se estender o âmbito da norma, considerando na composição do agregado familiar o cônjuge ou unido de facto de qualquer elemento, e não apenas do candidato.

5.2. Alteração do n.º 2 do artigo 4.º

Artigo 4.º […] 1 — […]

2 – Podem constituir agregados familiares unipessoais os estudantes com residência habitual fora do seu agregado familiar de origem e que, comprovadamente, disponham de rendimentos não inferiores a uma média mensal de 30% do IAS, no ano civil anterior ao da apresentação da candidatura e/ou no ano civil da apresentação da candidatura.

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Justificação:

O n.º 2 do artigo 4.º não estabelece, atualmente, critérios objetivos que permitam aferir a medida do rendimento de que o estudante deva dispor para poder ser considerado agregado familiar unipessoal, nos casos em que o candidato declare que vive fora do seu agregado familiar de origem. Tal como está a redação atual, tanto se viabiliza esta opção a quem não tem sérias dificuldades económicas, como a quem apresente rendimentos razoáveis.

Face ao exposto, entende-se que devem ser fixados critérios objetivos que delimitem valores de rendimento compatíveis com a opção de viver fora do agregado familiar de origem, em ordem a evitar qualquer desvio daquela que foi a ratio da norma por parte dos candidatos.

Optou-se pelo valor de rendimento mínimo exigível de 30% do IAS, isto é, cerca de 125€ mensais.

5.3. Alteração da alínea d) do artigo 5.º Artigo 5.º

[…]

d) Esteja inscrito num mínimo de 30 ECTS, salvo nos casos em que se encontre inscrito num número de ECTS inferior por estar a finalizar o curso ou por não se poder inscrever àquele número mínimo de ECTS por a isso obstarem normas internas de inscrição na tese, dissertação, projeto ou estágio do respetivo ciclo de estudos."

Justificação:

A alínea d) do artigo 5.º estabelece como exceção lógica à regra da condição de elegibilidade consistente na inscrição a pelo menos 30 ECTS, a inscrição dos estudantes finalistas num número inferior por estarem a concluir o curso.

Todavia ignora uma outra situação que obedece a lógica idêntica e que tem gerado algumas injustiças nas decisões de atribuição de bolsas de estudo, que são as situações em que, por força de regras internas das próprias instituições, existir uma impossibilidade objetiva de inscrição àquele mínimo de 30 ECTS. É o caso típico dos estudantes de Mestrado que podem ter no 2.º e último ano do seu ciclo de

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estudos uma única unidade curricular com um peso igual ou muito próximo dos 60 ECTS (tese, dissertação, estágio ou projeto), mas a que só se podem inscrever se tiverem tido aproveitamento em todas as unidades curriculares que a antecederam.

5.4. Alteração da alínea e) do artigo 5.º Artigo 5.º

[…]

e) Tendo estado matriculado e inscrito em instituição de ensino superior em ano letivo anterior àquele para o qual requer a bolsa, tenha obtido, no último ano em que esteve inscrito, aprovação em, pelo menos:

NC, se NC < 36 36 ECTS, se NC ≥ 36

30 ECTS, se NC ≥ 30, no caso dos estudantes de 1.º ano/ 1.ª vez inscritos em ciclos de estudo de licenciatura e mestrado integrado

Justificação:

Entende-se que a condição do aproveitamento escolar é desequilibrada na medida em que atribui condições diferentes ao esforço realizado por diferentes estudantes. Ao exigir 60% de aproveitamento para qualquer número de ECTS superior a 60 e uma vez que já existe limitação ao número de anos que o estudante pode ser apoiado até concluir o curso, cria-se alguma injustiça nesta aplicação. Sugere-se, então, que esta situação seja alterada, passando-se a exigir um aproveitamento de 36 ECTS, independentemente do número de créditos a que o estudante se inscreva a partir de 36.

No caso dos estudantes do 1.º ano/ 1.ª vez, a introdução de um critério mais flexível prende-se com o facto de ser neste ano que se verifica um maior insucesso escolar, motivado por diversos factores, dos quais se destacam a adaptação a um novo tipo de ensino, uma nova instituição e, em alguns casos, um novo estilo de vida. Contudo, é de salientar que estes estudantes terão sempre de respeitar os demais critérios de aproveitamento escolar previstos no Regulamento nos anos subsequentes, nomeadamente o critério da alínea f) do artigo 5.º.

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Simulação:

Foi efetuada uma análise sobre 23246 requerimentos que apresentam, em 2014/2015, motivos de indeferimento e que contêm informação académica, tendo-se verificado a existência de 4647 requerentes (20%) que haviam estado inscritos a mais de 60 ECTS no ano letivo anterior. Analisada a situação, exclusivamente em relação ao aproveitamento académico, 977 requerentes (4,2%) deixariam de apresentar como motivo (ou um dos motivos) de indeferimento, a falta de aproveitamento. Efetuada uma análise aos requerimentos que haviam sido indeferidos, exclusivamente, por este motivo, a alteração sugerida aumentaria em 710 o número de bolseiros, a que corresponde aproximadamente mais 1,5 M€ anuais de despesa.

5.5. Alteração da alínea g) do artigo 5.º Artigo 5.º

[…]

g) Tenha um rendimento per capita do agregado familiar em que está integrado, calculado nos termos do artigo 45.º, igual ou inferior a 16 vezes o indexante dos apoios sociais em vigor no início do ano letivo, acrescido do valor da propina máxima anualmente fixada para o 1º.ciclo de estudos do ensino superior público nos termos legais em vigor.

Justificação:

O limiar de elegibilidade é o critério que permite determinar o universo de candidatos potencialmente considerados para a atribuição de uma bolsa de estudo, ou seja, define o escalão mínimo de apoio dos bolseiros.

Desta forma, o limiar de elegibilidade diz-nos qual o rendimento máximo acima do qual um candidato deixa de ser considerado elegível por excesso de capitação.

Atualmente, todo o candidato cujo agregado familiar que disponha de cerca de 6930 euros de rendimento anual per capita, deixa de ser elegível para efeito de atribuição bolsa.

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Face ao contexto atual de crise, é entendimento da Comissão que este limiar deve ser alargado, como forma de aumentar o universo de candidatos abrangidos pela bolsa mínima. Entende-se que o valor que mais se ajusta às reais necessidades dos agregados é o de 16xIAS+P, o que corresponde a um aumento de 838,44€ no limiar de elegibilidade.

Simulação:

Impacto, no número de bolseiros e na despesa, da alteração do limiar de elegibilidade para 16xIAS e 15x IAS, usando dados históricos dos anos letivos 2012/13 a 2014/2015.2

Número de indeferidos com um dos motivos “rendimento per capita superior a 14 x IAS + P”

Concurso 14xIAS+P 15xIAS+P Acréscimo

potencial máximo n.º bolseiros 16xIAS+P Acréscimo potencial máximo n.º bolseiros 2012-2013 13531 11249 2282 9570 3961 2013-2014 10019 8086 1933 6705 3314 2014-2015 10389 8296 2093 6821 3568

Dos quais, os indeferimentos exclusivamente por rendimento per capita superior a 14 x IAS + P

Concurso 14xIAS+P 15xIAS+P Acréscimo potencial n.º bolseiros Acréscimo potencial de despesa 16xIAS+P Acréscimo potencial n.º bolseiros Acréscimo potencial de despesa 2012-2013 9476 7831 1645 1.610.858,48 6573 2903 2.839.700,42 2013-2014 8572 6895 1677 1.243.791,08 5696 2876 2.091.621,11 2014-2015 8697 6939 1758 1.750.034,17 5701 2996 2.989.654,40

2 Considerando que não existe alteração à fórmula de apuramento do valor de bolsa, o acréscimo é calculado tendo em conta a propina efetivamente suportada pelos requerentes em causa, facultada pelos serviços competentes.

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5.6. Alteração da subalínea ii) da alínea i) do artigo 5.º Artigo 5.º

[…] i) […]

i. […]

ii. As situações que não lhe sejam imputáveis, considerando-se, designadamente, a insolvência decretada judicialmente.

Justificação:

A subalínea ii) da alínea i) do artigo 5.º não define qualquer situação concreta em que se possa entender não ser imputável a falta de regularidade da situação tributária ou da situação contributiva. Desta forma, torna-se necessária a densificação desta norma, enumerando taxativamente as duas situações possíveis nas quais o candidato a bolsa, ou o próprio agregado familiar, não têm a liberdade de gerir o pagamento das suas dívidas: insolvências e dívidas prestativas.

Leia-se que, no caso da existência de uma dívida prestativa à Segurança Social ou à Autoridade Tributária, o contribuinte pode não ter conhecimento da mesma. Por sua vez, no caso de uma insolvência decretada judicialmente, qualquer decisão cabe ao Administrador da Insolvência nomeado pelo Tribunal que decretou a insolvência. 5.7. Alteração do artigo 8.º Artigo 8.º […] […] a) […];

b) Não releva o requisito fixado na alínea e) do artigo 5.º, desde que no ano letivo em questão o candidato não tenha beneficiado da atribuição de bolsa de estudo.

Justificação:

Nas situações de mudança de curso (1.ª mudança) o artigo 8.º determina que ao número limite de inscrições necessárias para completar o ciclo de estudos sem

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perder o direito a bolsa, previsto na alínea f) do artigo 5.º, seja acrescentada uma unidade.

Tal regra é justificada pela oportunidade que se pretende dar ao estudante de, numa segunda opção, conseguir concluir o novo curso escolhido no mesmo tempo concedido aos demais estudantes.

Porém, na execução de tal desiderato não se teve em conta o requisito da alínea e) do artigo 5.º, ou seja, quando haja lugar a uma primeira mudança de curso, o Regulamento obriga a que seja considerado na análise da elegibilidade do candidato o aproveitamento escolar que obteve na sua última inscrição no ensino superior.

Assim, para se dar plena aplicação ao princípio que cremos subjazer neste artigo, cremos que o mesmo deve conter duas alíneas, permitindo que, para os estudantes cuja primeira inscrição no ciclo de estudos tenha sido feita na sequência de uma mudança de curso, os valores a que se refere a alínea f) do artigo 5.º sejam acrescidos de uma unidade e o aproveitamento previsto na alínea e) desse mesmo artigo não releve, desde que o candidato não tenha, no ano letivo em questão, beneficiado de bolsa de estudo.

5.8. Aditamento do n.º 3 ao artigo 10.º Artigo 10.º

[…] 1 - […]

2 – […]

3 - Para os fins da condição a que se refere o número 1, quando um estudante transite do regime de tempo parcial para o regime de tempo integral as inscrições realizadas no regime de tempo parcial são divididas por dois.

Justificação:

Do n.º 2 do art.º 10.º, na sua atual redação, a fazer-se uma interpretação meramente literal do mesmo, depreende-se que só os estudantes que transitem do tempo integral para o tempo parcial beneficiam de uma regra especial de contagem do número de inscrições para efeitos de verificação do número limite de inscrições

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até ao qual podem beneficiar da atribuição de bolsa de estudos. Contudo, não se encontra prevista a situação em que os candidatos possam ter realizado a transição oposta, ou seja, do tempo parcial para o tempo integral.

5.9. Aditamento do n.º 2 ao artigo 12.º Artigo 12.º

[…] 1 - […]

2 - São consideradas situações especialmente graves ou socialmente protegidas aquelas que, pela sua natureza estritamente pessoal, sejam comprovadamente impeditivas da frequência das atividades letivas, nomeadamente:

a) O exercício de direitos de maternidade e paternidade;

b) A assistência imprescindível e inadiável a familiares que integram o agregado familiar do assistente;

c) Ter diminuição física ou sensorial, conferente de incapacidade igual ou superior a 60%, que contribua para um acentuado menor rendimento escolar.

Justificação:

O artigo 12.º determina que para efeitos de verificação do aproveitamento escolar mínimo e do número limite de inscrições até ao qual um estudante tem direito a bolsa de estudo, não sejam consideradas as inscrições relativas a anos letivos em que o estudante não obtenha aproveitamento escolar por motivo de doença grave prolongada, devidamente comprovada, ou outras situações especialmente graves ou socialmente protegidas, igualmente comprovadas.

Esta norma tem-se revelado, na sua aplicação prática, indefinida e demasiado ampla, pelo que se entende necessário proceder-se a uma enumeração, a título exemplificativo, de algumas situações concretas a contemplar.

5.10. Supressão do n.º 6 do artigo 14.º e do n.º 3 do artigo 15.º:

Entende-se que o número 6 do artigo 14.º e o n.º 3 do artigo 15.º devem ser suprimidos. Estes números dispõem que, respetivamente:

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“6 - O valor da bolsa de referência fixado nos termos dos números anteriores é majorado em 7,5 % no caso dos agregados familiares:

a) Unipessoais;

b) Constituídos pelo requerente e por um elemento menor de idade; c) Constituídos pelo requerente e por um elemento maior de idade.” e

“3 - Para os agregados familiares a que se refere o n.º 5 do artigo anterior, o valor da bolsa base anual é igual a:

BR - (R x 0,85), para aqueles a que se refere a alínea a); BR - [(R x 0,85)/1,5], para aqueles a que se refere a alínea b); BR - [(R x 0,85)/1,7], para aqueles a que se refere a alínea c) em que:

BR é a respetiva bolsa de referência;

R é o rendimento calculado nos termos do artigo 34.º”.

Justificação:

O Regulamento contempla majorações que são introduzidas no cálculo do valor da bolsa de estudo dos candidatos integrados em agregados familiares de menor dimensão, nomeadamente agregados familiares unipessoais e com menos de 3 pessoas.

Ainda que compreendendo a razão e a importância de se majorar o valor da bolsa de estudo dos candidatos provenientes de agregados familiares com menos de 3 pessoas, entende-se que a forma de cálculo do valor da bolsa de estudo deve ser igual para todos os agregados familiares, colocando termo a esta discriminação entre agregados e candidatos, que se revelou de carácter eminentemente transitório aquando da sua introdução no Regulamento (em 2012).

Desta forma, acentua-se a igualdade na distribuição dos recursos disponíveis e evitam-se situações de discriminação entre agregados, que neste caso favoreciam os agregados mais pequenos em detrimento dos agregados mais numerosos.

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Simulação:

Foram avaliados os requerimentos deferidos onde os agregados familiares eram compostos por menos de 3 elementos.

Concurso N.º requerimentos com menos de 3 elem no agregado

Poupança alcançada na despesa pela eliminação da majoração de 7,5%

2013-2014 6454 2.448.399,91

2014-2015 6621 2.549.630,39

Desta forma, a medida ora proposta gera uma redução previsível da despesa de aproximadamente 2,5M€, essencial para, numa lógica de redistribuição, permitir a opção por outras medidas propostas neste Relatório.

5.11. Aditamento do n.º 6 ao artigo 19.º e do n.º 2 ao artigo 20.º Artigo 19.º […] 1 – […] 2 – […] 3 – […] 4 – […] 5 – […]

6 - Os estudantes bolseiros deslocados a que se referem os números 1 e 2 beneficiam de um complemento mensal adicional quando, através de comprovativo emitido pelos serviços académicos da instituição que frequentam, façam prova de terem realizado/estarem a realizar determinados atos académicos, designadamente provas de avaliação e estágios.

Artigo 20.º […] 1 – […]

2 - Os estudantes bolseiros deslocados a que se refere o número 1 beneficiam de um complemento mensal adicional quando, através de comprovativo emitido pelos serviços académicos da instituição que frequentam, façam prova de terem

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realizado/estarem a realizar determinados atos académicos, designadamente provas de avaliação e estágios.

Justificação:

Os estudantes de Ensino Superior, por força da realização de exames em épocas de setembro, bem como pela realização de exames até ao final do mês de julho, acabam muitas vezes por ficar alojados em residência dos Serviços de Ação Social ou mesmo em alojamento privado durante 11 meses. No entanto, atendendo a que o complemento de estudante deslocado é pago em número de prestações igual ao da bolsa, o estudante bolseiro apenas recebe 10 complementos mensais. Assim, entendemos que o Regulamento deve adequar-se a esta nova realidade, fazendo a atribuição de complementos de alojamento para 11 meses, quando se demonstrar comprovadamente essa necessidade, e não apenas 10 tal como atualmente está previsto.

5.12. Alteração do n.º 3 do artigo 19.º

Artigo 19.º […] 1 – […]

2 – […]

3 – O disposto no número anterior aplica-se igualmente aos estudantes bolseiros deslocados do ensino superior público inscritos em instituições de ensino superior que ainda não disponham de residências ou que se encontrem a frequentar atividades letivas, nomeadamente estágios curriculares, em localidades onde as instituições de ensino superior não disponham de residências próprias ou possibilidade de os fazer alojar em residências de outras instituições e de ensino superior.

Justificação:

O n.º 3 do artigo 19.º estabelece, a propósito da atribuição de complemento de alojamento a estudantes bolseiros, em articulação com o n.º 2 do mesmo artigo, que os estudantes bolseiros deslocados do ensino superior público inscritos em instituições de ensino superior que ainda não disponham de residências e que,

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tendo requerido a atribuição de alojamento em residência dos serviços de ação social não o tenham obtido, beneficiam, no período letivo em causa, de um complemento mensal igual ao valor do encargo efetivamente pago pelo alojamento e comprovado por recibo, até ao limite de 30 % do indexante dos apoios sociais.

Porém, em norma alguma do Regulamento é acautelada a situação dos estudantes bolseiros deslocados inscritos em instituições de ensino superior que até disponham de residências, mas não disponham delas na localidade onde aqueles tenham que frequentar as atividades do curso. É o caso, por exemplo, dos estudantes que tenham que frequentar estágios curriculares ou outras atividades letivas, não só fora da sua localidade de residência, como ainda fora da localidade onde se situa o seu estabelecimento de ensino. A introdução desta nova redação visa corrigir esta assimetria.

5.13. Aditamento de um novo n.º 2 ao artigo 28.º Artigo 28.º

[…] 1 – […]

2 – Ocorrendo a inscrição antes de 30 de setembro é sempre garantido um prazo mínimo de 20 dias úteis após a inscrição para que o candidato apresente o requerimento de atribuição de bolsa.

3 - […].

Justificação:

Relativamente a este artigo, que fixa os prazos de submissão dos requerimentos de atribuição de bolsas de estudo, propõe-se o aditamento de um novo n.º 2 que estabeleça o princípio da garantia de um prazo mínimo de 20 dias úteis, após a inscrição, para que o candidato possa submeter o requerimento a atribuição de bolsa de estudos.

Na verdade, na redação atual, o artigo 28.º dispõe que um estudante que se inscreva no dia 30 de setembro e que pretenda receber as 10 prestações de bolsa seja obrigado a apresentar o requerimento de atribuição de bolsa de estudos nesse mesmo dia. Ora, esta situação parece-nos desproporcionada relativamente aos

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demais estudantes, razão pela qual, em alinhamento com o que já dispõe a alínea b) do n.º 1 deste artigo, se entende que deve ser sempre garantido o prazo mínimo de 20 dias úteis após inscrição a qualquer candidato a bolsa.

5.14. Alteração do artigo 32.º

Artigo 32.º […]

Em caso de alteração significativa da composição e/ou da situação económica do agregado familiar do estudante em relação ao ano anterior ao do início do ano letivo, pode o mesmo, consoante os casos, submeter requerimento de atribuição de bolsa de estudo ou de reapreciação do valor da bolsa de estudo atribuída, sendo o montante a atribuir proporcional ao valor calculado nos termos do presente Regulamento, considerando o período que medeia entre o mês de apresentação do requerimento e o fim do período letivo ou do estágio.

Justificação:

O artigo 32.º prevê que em caso de alteração significativa da situação económica do agregado familiar do estudante em relação ao ano anterior ao do início do ano letivo, pode o mesmo, consoante os casos, submeter requerimento de atribuição de bolsa de estudo ou de reapreciação do valor da bolsa de estudo.

Ora, este artigo não inclui uma outra situação que pode igualmente afetar significativamente a situação dos estudantes bolseiros ou candidatos a bolsa, que é a de haver uma alteração na composição do agregado familiar, como por exemplo o nascimento de um filho ou o falecimento de um familiar que compõe o agregado. A redação proposta visa corrigir estas situações.

5.15. Alteração do artigo 36.º

Artigo 36.º […]

Consideram-se rendimentos empresariais e profissionais os definidos no artigo 3.º do CIRS, apurados de acordo com o previsto no n.º 1 do artigo 28.º do mesmo Código, não podendo ser considerados rendimentos inferiores aos que resultariam da aplicação das

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regras do regime simplificado, ainda que apurados com base na contabilidade organizada.

Justificação:

O artigo 36.º define o critério de apuramento dos rendimentos de trabalho independente dos membros do agregado familiar do estudante candidato a bolsa, remetendo, para tanto, para o rendimento apurado de acordo com o n.º 1 do artigo 28.º do CIRS.

Esta norma determina como critérios de apuramento dos rendimentos de trabalho independente ou os decorrentes das regras do regime simplificado de tributação ou os decorrentes de apuramento em contabilidade organizada.

Ora parece-nos que a opção tomada nesta norma, na parte que respeita aos rendimentos de trabalho independente cuja base tributária é apurada através de contabilidade organizada, distorce os princípios que devem subjazer à atribuição de um apoio social, como é a bolsa de estudos, visto que se beneficiam os titulares de rendimentos de trabalho independentes que, tendo a vantagem de poder ter contabilidade organizada, podem imputar na atividade empresarial diversos encargos e despesas.

Face ao exposto, e com o intuito de repor alguma justiça social nesta situação, propõe-se a alteração deste artigo.

Simulação:

Foram considerados 1884 requerimentos de bolsa entregues no ano letivo de 2014-2015 que apresentam o anexo C na declaração de IRS electrónica. Apenas neste tipo de declaração, cujos dados são obtidos por interoperabilidade, se encontram disponíveis os valores discriminados. Este valor representa cerca de 2,7% dos requerimentos entregues que apresentam todos os elementos do agregado familiar associados a declarações electrónicas.

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20 Valor atualmente considerado Novo valor a considerar Variação em valor a considerar para efeitos de rendimento Variação percentual Rendimentos apresentados no anexo C 0 20 078 440,91 + 13 314 164,14 Aumento de 297% no montante a considerar Lucro apresentado no anexo C 6 764 276,77 0

Foi efetuada análise a 1220 requerimentos, para os quais existe toda a informação adicional necessária para a simulação.

Valor atualmente considerado Novo valor a considerar Variação em valor a considerar para efeitos de rendimento Variação percentual Rendimentos apresentados no anexo C 0 10 816 742,05 + 7 031 157,19 Aumento de 285% no montante a considerar Lucro apresentado no anexo C 3 785 584,86 0 Valor considerado Novo valor a considerar

Variação em valor Variação percentual

Total de Rendimentos 31 412 875,56 38 444 032,75 7 031 157,19 Aumento de 22,4% Rendimento per capita 8 360 063,06 10 265 962,00 1 905 898,94 Aumento de 22,7%

Rendimento per capita inferior a 14xIAS+P

Rendimento per capita

superior a 14xIAS+P Variação Cálculo atual 836 384 Novo Cálculo proposto 648 572 - 188 bolseiros

(21)

21

Os 188 requerentes que perdem a condição de bolseiros representariam uma diminuição de despesa anual de, aproximadamente, € 274 222.

A alteração na fórmula de apuramento do rendimento afetaria, ainda, os estudantes bolseiros. O impacto nestes 648 requerentes traduzir-se-ia numa diminuição de € 311 561 no montante de bolsas a pagar, a que corresponde, em termos médios a uma diminuição de € 481 no valor da bolsa base atribuída.

Assim, a alteração proposta resultaria numa diminuição da despesa que totalizaria cerca de € 600 000 e do número de bolseiros em cerca de 190.

5.16. Aditamento do n.º 2 ao artigo 37.º Artigo 37.º

[…]

2 – Relativamente aos titulares de quotas de sociedades comerciais é considerada uma participação nos lucros ou dividendos de ações, no valor mínimo correspondente à percentagem da sua participação social sobre 20% dos proveitos anuais realizados.

Justificação:

O artigo 37.º define o critério de apuramento dos rendimentos de capitais dos membros do agregado familiar do estudante candidato a bolsa, remetendo para os rendimentos definidos no artigo 5.º do CIRS, designadamente os juros de depósitos bancários, dividendos de ações ou rendimentos de outros ativos financeiros.

A aplicação desta norma levanta problemas no que toca aos titulares de participações sociais em sociedades comercias, semelhantes às anteriormente colocadas a propósito dos titulares dos rendimentos de trabalho independente que seguem a regra de apuramento do rendimento tributável através da contabilidade.

Assim, propomos que se determine que, relativamente aos titulares de ações ou quotas de sociedades comerciais, seja considerada uma participação nos lucros ou dividendos de ações, no valor mínimo correspondente à percentagem da sua participação social sobre 20% dos proveitos anuais realizados. A percentagem poderá ser outra.

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22

Simulação:

Não é possível realizar a simulação solicitada em virtude de não existir, atualmente, informação sobre participações de elementos do agregado familiar em sociedades por quotas.

Uma alteração no sentido de apuramento de rendimentos proposto, poderá ser efetuada em termos próximos de:

- No formulário do requerimento, solicitar ao requerente informação sobre se algum elemento do agregado familiar possui participação em sociedade por quotas. Em caso afirmativo solicitar-se-á informação sobre a(s) mesma(s), nomeadamente “designação social”, “nipc” e “participação (%)”. Será, também, solicitado documento relativo à(s) sociedade(s) enunciada(s), designadamente o mod 22 do IRC;

- Poderá ser efetuada interoperabilidade com a AT, ou IRN, ou outra entidade da administração pública, que detenha informação sobre participações em sociedades por quotas. Esta situação, desejável, careceria do desenvolvimento de todas as ações no sentido de ser disponibilizado o serviço na Plataforma de interoperabilidade da Administração Pública, nomeadamente consulta à entidade detentora da informação, bem como à CNPD.

5.17. Alteração do artigo 40.º

Artigo 40.º […]

Consideram-se prestações sociais todas as prestações, subsídios ou apoios sociais atribuídos de forma continuada, com exceção das prestações por encargos familiares, encargos no domínio da deficiência, encargos no domínio da dependência do subsistema de proteção familiar, bolsas de estudo no âmbito da ação social do ensino superior, bolsas de estudo por mérito, bolsas atribuídas ao abrigo do Programa Retomar e bolsas atribuídas ao abrigo do Programa + Superior.

(23)

23

Justificação:

Relativamente a esta norma propomos que se aditem às exceções atuais as bolsas de estudo por mérito, as bolsas atribuídas ao abrigo do Programa Retomar e as bolsas atribuídas ao abrigo do Programa + Superior.

5.18. Alteração do artigo 43.º

Artigo 43.º […]

1 — Consideram-se património mobiliário todos os valores depositados em contas bancárias, certificados do Tesouro, certificados de aforro, ações, obrigações, unidades de participação em fundos de investimento e outros valores mobiliários e instrumentos financeiros.

Justificação:

A supressão dos planos poupança reforma do património mobiliário prende-se com o facto de não serem, de facto, rendimento e de não consubstanciarem qualquer ato comercial.

5.19. Aditamento do n.º 2 ao artigo 45.º Artigo 45.º

[…] 1 – […]

2 – Nos casos em que o candidato tenha na composição do seu agregado familiar um ou mais menores em regime de guarda partilhada, devidamente comprovada através da declaração de IRS, considera-se, para efeitos do número anterior, cada menor como meia unidade.

Justificação:

O artigo 44.º estabelece o critério de apuramento do rendimento per capita tendo em consideração o princípio da divisão do rendimento do agregado familiar pelo número de pessoas que o constituem.

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24

Todavia, não são consideradas nesta regra as situações de menores com guarda partilhada, que por força de recentes alterações ao CIRS podem constar nas declarações de IRS de ambos os progenitores, feita a devida menção.

Assim propõe-se que, nos casos de guarda partilhada de menores, cada menor com guarda partilhada, devidamente comprovada através da declaração de IRS dos seus titulares, seja considerado como meia unidade, para os efeitos do cálculo do rendimento per capita do agregado familiar, mas apenas nos casos do candidato ser um dos progenitores.

Caso o candidato seja o menor sobre quem recai a guarda partilhada é considerado como uma unidade, tal como acontece atualmente, podendo no entanto escolher qual dos agregados familiares pretende que seja considerado no processo de atribuição da bolsa.

5.20. Alteração da c) do artigo 51.º:

Artigo 51.º […] a) […]

b) […]

c) A não prestação, por razões imputáveis ao requerente, dentro dos prazos fixados das informações complementares solicitadas.

5.21. Aditamento do n.º 2 ao artigo 54.º: Artigo 54.º

[…] 1 – […]

2 - Após a decisão, o pagamento da bolsa de estudo é efetuado em dia fixo mensal, a constar de calendarização anual disponibilizada pela Direção-Geral do Ensino Superior até ao início do mês de setembro.

3 – [anterior n.º 2] 4 – [anterior n.º 3] 5 – [anterior n.º 4]

(25)

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Justificação:

Sendo a bolsa de estudos um apoio à formação atribuído pelo Estado, a fundo perdido, ao estudante que demonstre cumprir todos os critérios de elegibilidade exigidos, importa que exista um compromisso do pagamento das prestações devidas se efetuar em dia certo. Assim, nos termos da lei, devem as prestações de bolsa vencer-se mensalmente em data conhecida previamente.

5.22. Aditamento da alínea f) ao n.º 2 do artigo 60.º Artigo 60.º […] 1 – […] 2 – […] a) […] b) […] c) […] d) […]

e) Número de requerimentos indeferidos e respetivas causas de indeferimento.

Justificação:

Sendo divulgados e tornados públicos um conjunto de dados sobre a atribuição de bolsas de estudo a estudantes do ensino superior, consideramos importante conhecerem-se também as principais causas de indeferimento dos requerimentos.

(26)

26

6. Outras matérias analisadas

No âmbito do trabalho da Comissão, foram ainda analisadas outras propostas de alteração do sistema de atribuição de bolsas de estudo que, por não terem sido consensuais e/ou por se traduzirem num significativo aumento da despesa, devem apenas ser consideradas em conjunto, num cenário de crescimento económico do país e de reforço das dotações para o ensino superior e, em particular, para o sistema de ação social escolar.

Dessas matérias destacam-se:

Alteração da alínea h) do artigo 5.º, no sentido do património mobiliário do agregado passar a ser considerado per capita e não como um todo, não podendo ser superior a 75 vezes o valor do indexante dos apoios sociais. Entende-se, desta forma, que o mesmo requisito de património mobiliário (240xIAS) não deve ser exigido a todos os agregados familiares sem se atender ao número de elementos que o compõem. De facto, se o rendimento total considerado para efeitos de atribuição é per capita, faz igualmente sentido que esta limitação do património mobiliário também o seja. De acordo com a simulação efetuada, foram analisados 87325 requerimentos, dos quais 6442 apresentam um total de património mobiliário declarado pelo requerente superior a 240xIAS. Ora, introduzindo um limiar de elegibilidade de 75xIAS, mas analisado um «património mobiliário per capita», verifica-se que 5480 requerimentos superam esse valor, traduzindo-se numa redução potencial de 962 indeferimentos e num aumento potencial da despesa de 2M€;

Alteração do n.º 4 do artigo 15.º, alterando o valor da bolsa base anual mínima atual para um valor diferente (o valor do indexante dos apoios sociais à data do início do ano letivo em causa ou o valor da propina mínima). Para esta simulação foram considerados os estudantes que viram ser-lhes atribuída bolsa mínima, de valor igual à propina efetivamente suportada,

(27)

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com o limite da propina máxima fixada para o 1.º ciclo do ensino superior público. Foram analisados os cenários em que a bolsa mínima se reduzia para o valor do IAS (€ 419,22) e para o valor de propina mínima (€ 630,50). Esta medida geraria uma poupança entre os 7,5M€ e os 11M€, conforme se constata da tabela que se segue.

Bolsa mínima = IAS = 419,22 Bolsa mínima = Pmin = 630,5

Concurso N.º bolseiros com valor de bolsa reduzido N.º bolseiros com bolsa mínima Poupança alcançada se bolsa mínima = IAS N.º bolseiros com valor de bolsa reduzido N.º bolseiros com bolsa mínima Poupança alcançada se bolsa mínima = Pmin 2013-2014 21855 14996 10.814.283,93 21247 17544 7.388.151,45 2014-2015 21968 15220 10.933.957,08 21302 17687 7.468.355,30

Alteração do artigo 35.º, o qual define o critério de apuramento dos rendimentos de trabalho dependente dos membros do agregado familiar do candidato a bolsa. Atualmente, no caso de rendimentos de trabalho dependente são considerados, para efeitos de determinação do rendimento global do agregado familiar, os rendimentos anuais ilíquidos, ou seja, sem o abatimento de qualquer encargo, nomeadamente os de caráter obrigatório, como as contribuições para a Segurança Social e a retenção de IRS. Porém, o mesmo já não acontece em relação aos rendimentos de trabalho independente, em que o valor que é mandado considerar (atual artigo 36.º) é o que tiver sido apurado de acordo com o n.º 1 do art.º 28.º do CIRS, ou seja, é o valor tributável e não o valor ilíquido dos rendimentos obtidos. Ora, daqui resulta que o tratamento dado no Regulamento aos titulares de rendimentos do trabalho dependente considera valores de rendimento que não estão à disposição do agregado, consubstanciando um tratamento desigual relativamente aos titulares de rendimentos de trabalho independente. De acordo com a simulação efetuada, foram considerados 69895 requerimentos de bolsa entregues no ano letivo de 2014-2015 que apresentam, associado a

(28)

28

todos os elementos do agregado familiar, declaração de IRS eletrónica. Apenas neste tipo de declaração, cujos dados são obtidos por interoperabilidade, se encontram disponíveis os valores de descontos. Analisado exclusivamente o rendimento per capita, verifica-se:

Rendimentos ilíquidos Limiar de carência Rendimentos ilíquidos deduzidas os descontos obrigatórios Variação em n.º de potenciais bolseiros Variação em valor de bolsa N.º requerimentos N.º requerimentos 36061 Rendim <= (14xIAS+P) 38697 2636 2 705 086 33834 Rendim > (14xIAS+P) 31198

Analisados os 36061 requerimentos de bolsa que atualmente respeitam a regra de elegibilidade definida na alínea g) do artigo 5.º, verificam-se alterações no que respeita ao apuramento do valor do rendimento total, rendimento per capita e, consequentemente, da bolsa a atribuir.

Valor considerado

Novo valor a considerar

Variação em valor Variação percentual Rendimentos de cat A e H 307 488 109,00 260 418 140,50 - 47 069 968,50 Redução média de 15,3% Rendimento per capita 136 511 601,30 121 934 732,80 - 14 576 868,50 Redução média de 10,7%

Valor de bolsa 78 197 085,00 87 142 247,00 + 8 945 162,00 Aumento médio de 11,4%

Em termos médios, resulta da análise efetuada um aumento médio do valor da bolsa de estudo de € 248. Em termos de requerimentos apresentados no presente ano letivo, e assumindo um comportamento semelhante em relação aos restantes requerimentos não incluídos na presente simulação,

(29)

29

poderá estimar-se um aumento de despesa de aproximadamente € 15 875 000.

Ao valor referido deverá, naturalmente, ser somado o efeito da inclusão de novos bolseiros. Este impacto poderá estimar-se entre mais 7 a 10% de bolseiros, o que representa um incremento adicional no valor a pagar com bolsas de estudo entre o € 4 600 000 e os € 6 600 000.

Supressão do n.º 2 e do n.º 3 do artigo 38.º, visto que ao serem contabilizados critérios que tornam dúbios os verdadeiros rendimentos do agregado familiar, pode estar-se a colocar fora do sistema estudantes verdadeiramente carenciados. Esta situação pode resultar, por exemplo, através de um cenário de contabilização como rendimento de 5% do valor patrimonial dos bens imóveis do agregado familiar que não geram qualquer tipo de rendimento. De acordo com a simulação efetuada, foram analisados 61413 requerimentos do ano letivo de 2014-2015 que apresentam património imobiliário. Destes, 25852 (42,1%) apresentam património imobiliário que não é habitação própria permanente. O valor de património considerado para efeitos de rendimentos, associado a estes requerimentos é de € 32 513 503,60. Analisado, exclusivamente, o rendimento per capita, verifica-se que 3088 apreverifica-sentam um valor superior a 14xIAS+P. Caso não fosverifica-se considerado como rendimento o património imobiliário, 613 requerimentos passariam a apresentar um valor de rendimento per capita inferior ao limite definido, mantendo-se 2475 em situação de indeferimento. Os referidos 613 requerimentos representariam um incremento de despesa com bolsas de estudo de € 686 928. Em relação aos 22764 requerimentos que atualmente já cumprem a condição prevista na alínea g) do artigo 5.º foram, posteriormente, analisados os que, independentemente do seu estado, apresentavam toda a informação académica, isto é, 22636 requerimentos. Os resultados foram os que se apresentam na seguinte tabela:

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Valor considerado

Novo valor a considerar

Variação em valor Variação percentual Rendimentos associados a patrim. imobiliário 22 403 304,22 0 - 22 403 304,22 Redução de 100% Rendimento per capita 93 243 859,63 86 872 409,39 - 6 411 830,55 Redução média de 6,8%

Valor de bolsa 42 136 379 46 353 332 + 4 216 953 Aumento médio de 10%

Em relação à previsão inscrita no n.º 3 do artigo 38.º, verificou-se que no ano letivo de 2014-2015, foram abrangidos 162 requerimentos (0,27%). Destes, 91 viram o requerimento de bolsa indeferido, dos quais 60 por excesso de rendimento per capita.

Manutenção do atual nº 6 do artigo 14.º e do n.º 3 do artigo 15.º, cuja supressão consta da proposta n.º 5.10 do presente Relatório, definindo-se desta forma como prioritária a permanência das majorações para os agregados familiares com menos de 3 pessoas.

Cumpre ainda fazer referência a outras matérias de ordem meramente metodológica ou procedimental, a saber:

 Tendo em consideração que o Decreto-Lei n.º 43/2014, de 18 de março determina a cessação progressiva de funcionamento, no âmbito das instituições de ensino superior, dos cursos de especialização tecnológica (CET), é entendimento da Comissão que, numa revisão do Regulamento, todas as disposições referentes aos CET devem passar a constar de uma disposição transitória, com vigência até ao fim da lecionação dos CET em contexto de ensino superior;

Alteração do artigo 21.º, visto que uma das dificuldades que os SAS têm na aplicação deste artigo é a verificação da condição da inexistência de curso

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congénere no local da residência, verificação que, se já é complicada no caso das licenciaturas e mestrados torna-se ainda mais no caso dos CET e dos TeSP. Assim, e considerando que a DGES tem toda a informação necessária sobre tal matéria, entende-se que a Direção-Geral do Ensino Superior deve divulgar, até ao início do ano letivo, a relação dos CET, TeSP, cursos de licenciatura e de mestrado congéneres de cursos existentes nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

Referências

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