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É preciso retomar a luta pela defesa do BB

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É preciso retomar a luta pela defesa do BB

Mais uma vez somos chamados à luta. Ao lado dos movimentos dos trabalhadores, a UNAMIBB se lança mais uma vez a campo. Fazemos um apelo para que todos venham se unir aos que dese-jam o Banco do Brasil Público.

O Banco do Brasil não pertence a governos e sim ao povo bra-sileiro.

O BB é o principal instrumento para o crescimento da Nação e para a sustentabilidade da economia.

Ao longo de sua história, sempre foi o BB a proporcionar crédito aos micros, pequenos e médios agricultores, a indústria e ao comércio.

Seja associado da UNAMIBB

Você também, se desejar, pode ajudar fazendo doações para que possamos intensifi car nosso trabalho junto à sociedade.

Precisamos investir na defesa do BB nas mídias sociais e na grande imprensa. Colabore: Banco do Brasil Agência 1614-4 Conta 753.870-7 CNPJ: 22.442.479/0001-54

Esta edição

do NOTÍCIAS

DO BBRASIL

é dedicada

a mostrar a

importância do

Banco do Brasil

como banco

público pertecente

ao povo brasileiro.

As últimas

declarações do

presidente do

BB e do ministro

da Economia são

provas da pressa

em privatizar o

Banco.

Nossa luta é

urgente!

É preciso união

para que nossa

voz seja ouvida.

(2)

Diretoria Presidente Isa Musa de Noronha

Vice-presidente Altair de Castro Pereira

Diretor Secretário José Sana Diretor Administrativo

Antonio Carlos Dias Diretor Financeiro Raimundo Vítor Santos

Jornal Notícias do BBrasil Jornalista Responsável: Luzia Lobato - MG-04651JP

Edição, Editoração e Projeto Gráfico: Luzia Lobato

Impressão:

Editora O Lutador (31) 3439-8000 Os conceitos emitidos nos artigos assinados não representam necessa-riamente a opinião do jornal, sendo de responsabilidade dos articulistas.

É uma publicação da União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil -

UNAMIBB Registro nº 916 Livro B - Cartório

Jero Oliva - Belo Horizonte - MG

Fundador: Cyro Verçosa

Endereço: Av. do Contorno, 6437 - Sala 301

Savassi - Belo Horizonte - MG CEP: 30110-039 Fone: (31) 3194 5900 Fax: (31) 3194 5903 www.unamibb.com.br unamibb@unamibb.com.br

A

campanha de

desmo-ralização do Banco,

visando o seu

enxu-gamento para a privatização,

apressou a criação da

UNAMI-BB. Em 1985, o emérito

jor-nalista Décio Bazin, da Gazeta

Mercantil, já alertava o povo

brasileiro sobre os riscos da

destruição do BB. Amigo de

Cyro, Décio Bazin foi o

pri-meiro a incentivar a criação

de uma entidade cujo

objeti-vo principal fosse a defesa do

Banco do Brasil como

patri-mônio público pertencente ao

povo brasileiro. Cyro abraçou

a ideia e rapidamente cuidou

de elaborar o projeto de

sal-vaguarda do BB. Décio

Ba-zin foi considerado por Cyro

como precursor da

resistên-cia à destruição do BB. São

suas estas palavras “continuo

e continuarei seguindo o

pre-cursor, Décio Bazin”.

A ideia tomava corpo,

pas-sou a ser discutida nos

corre-dores da Agência Centro BH,

com o apoio dos colegas e da

própria administração. Seu

então Gerente, Paulo Maria

Fernandes dos Santos,

permi-tiu que a UNAMIBB nascesse

ali, em seu próprio gabinete,

pelas mãos hábeis de seu

As-sistente. Com isso, ganhou

aliados de primeira hora e na

reunião de instalação da

UNA-MIBB o auditório estava cheio.

A colega Raquel Bueno Lanna

Coelho, também funcionária

daquela Gerência,

incumbiu--se de transcrever a Ata de

fundação da UNAMIBB, em

17.12.1986.

Ninguém poderia supor que

agora, em 2020, em plena

pandemia que assola o

mun-do, assistiríamos um

presi-dente do Banco do Brasil e o

próprio Ministro da Economia

alardear a privatização do

nosso Banco.

A UNAMIBB prossegue,

avança sem titubear. Em sua

história jamais se afastou de

seus objetivos. Sempre atuou

de forma legal, pelos

cami-A História é cíclica

nhos da Justiça, da sensatez.

É audaz sem ser

intemperan-te, ousada, mas prudenintemperan-te,

atrevida, mas discreta. Não se

presta a arroubos, a bravatas

ou tendências

político-parti-dárias. Não concorremos com

nenhuma entidade. Ao

con-trário, sempre conclamamos

pela união de forças

repre-sentativas. A UNAMIBB tem

um norte: a salvaguarda do

BB e para persistir nesse ideal

jamais se afastou da ética, do

bom senso e da justeza, afinal

seu lema é “Si causa nostra

iusta est, pro nobis Deus”.

Mais do que nunca, ou

como sempre, precisamos

que as forças conscientes do

país se unam em defesa do

Banco do Brasil. Felizmente,

entidades representativas dos

trabalhadores como

Sindica-tos de Bancários e a ANABB,

já trabalham para defender

o BB, o maior patrimônio do

povo brasileiro.

Essa Edição Especial,

re-cupera as lutas do passado e

pretende trazer novas

inicia-tivas para despertar corações

e mentes em favor do Banco

do Brasil

EDITORIAL

“Mais do que

nunca, ou como

sempre,

precisa-mos que as forças

conscientes do país

se unam em

de-fesa do Banco do

(3)

Décio Bazin, o precursor da resistência

(4)

Em 1999 o Ministério da Fazenda determinou ao BNDES que, por meio de concorrência pública, contratasse um estudo sobre o futuro e o que fa-zer ou que destinação dar às Institui-ções Financeiras Públicas Federais (IFPF). Por cerca de dez milhões de reais foi contratado o Consórcio Booz--Allen & Hamilton, famosa consultoria internacional atuante em incontáveis licitações de vários seguimentos go-vernamentais brasileiros, quase sem-pre naqueles que envolvam interesses estratégicos nacionais.

Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste e o próprio BNDES eram as IFPF que não cabiam na Cartilha Neoliberal, e o estudo encomendado à Booz-Allen foi “uma forma elegante” dos adesistas de primeira hora, por as-sim dizer, “lavarem as mãos” do desti-no dos bancos públicos nacionais.

Um dos alvos principais do Rela-tório Booz-Allen era o Banco do Bra-sil, cuja privatização começara a ser preparada ainda na administração Xi-menes, a partir da desumana política pública de desemprego em massa,

representada pelos PDV, através dos quais iniciou-se uma verdadeira re-engenharia de destruição da cultura corporativa, a partir do aniquilamento do seu capital humano, que levou con-sigo a própria memória da instituição.

Entre os trabalhos preparatórios da privatização foi incluída a “limpe-za” do Capital Minoritário do BB, via a hoje chamada “contabilidade criati-va”, com os monumentais prejuízos de 1995/96 – DOZE BILHÕES DE REAIS – quando havia paridade com dólar norte-americano, abrindo as portas para capitalização de 1996, quando os sócios minoritários foram reduzidos

A VERDADE SOBRE O RELATÓRIO BOOZ ALLEM

Dr. Luiz Vicente de Vargas Pinto

Advogado, Procurador da UNAMIBB

de 49% para 6% do capital total. Essa manobra financeira foi impugnada na Justiça pela UNAMIBB, que luta pela recomposição da proporcionalidade atacada.

Por outro lado, os trabalhos pre-paratórios da privatização incluíram um ataque ao sistema previdenciário privado do funcionalismo, combalindo os direitos e as finanças da Previ, via acordo de 1997, quando foram apro-priados mais de DEZ BILHÕES DE REAIS do Fundo de Pensão, ao argu-mento de uma alteração administrativa que daria aos funcionários algum po-der de comando nos destinos da sua Caixa de Previdência.

Isso foi apenas uma etapa do ata-que ao Fundo de Pensão, pois, em 1998, a Emenda Constitucional nº 20, além de introduzir a previdência com-plementar no Artigo 202 da Constitui-ção Federal, passou a legislar contra os direitos adquiridos e os direitos trabalhistas de todo o pessoal coberto por contratos de previdência privada, que culminaria com intervenções go-vernamentais na Previ.

Foi neste cenário absolutamente adverso – quando parecia ser quase impossível o enfrentamento, porque tudo estava perdido e o neoliberalismo vencera todas as batalhas, enquanto entidades do funcionalismo encolhiam--se em meros estudos acadêmicos ou reuniões a portas fechadas – que a UNAMIBB, não se intimidando com a força e a expressão dos adversários foi à luta no mundo do poder real, no mundo dos enfrentamentos legais.

Inteligência se responde com in-teligência. Isso os adversários do BB não esperavam. Só isto eles não es-peravam. A UNAMIBB acionou suas inteligências estratégicas e logrou um golpe que até agora imobilizou com-pletamente as forças reacionárias desencadeadas a partir do Relatório Booz-Allen.

O Relatório Booz-Allen foi, sim, “parar na gaveta”. Isto é verdade. Mas o que o engavetou não foram teorias acadêmicas nem reuniões muito bem fotografadas. Não, não foi isso que colocou na gaveta o Relatório Booz--Allen & Hamilton. O que engessou o Relatório Booz-Allen foi um MANDA-DO DE SEGURANÇA COLETIVO

ajui-zado pela UNAMIBB ainda no ano de 2000, quando foi aberta a Audiência Pública pelo Ministério da Fazenda, em sua página eletrônica da Internet, a qual daria, no máximo, um par de meses, pois a esta altura o cronogra-ma do Booz-Allen já estava com algum atraso.

Pois o Mandado de Segurança Co-letivo logrou uma liminar da Justiça Federal, hoje garantida por uma sen-tença de mérito, que impediu o encer-ramento da Audiência Pública e, com isto, impediu o prosseguimento do cronograma de trabalho da consulto-ria. Na verdade, o Relatório Booz-Al-len foi congelado, por assim dizer, pela liminar conseguida pela UNAMIBB, O QUE NÃO SIGNIFICA QUE ELE MORREU OU QUE O PERIGO FOI VENCIDO.

Vários fatos vêm se processando rapidamente. A destruição da cultura corporativa do BB vem avançando em alta velocidade. A restauração do Ca-pital minoritário ainda não aconteceu e o processo judicial sofre um novo ata-que pela anunciada venda das ações da União, o que já está sendo enfren-tado em mais de um feito cautelar, por envolver títulos que constituem coisa litigiosa em processo que corre entre os minoritários e o BB. A Previ voltou a ser atacada aparentemente sem ape-lação, sofrendo abertas violações le-gais, inclusive em seus estatutos e em suas finanças, onde pende uma luta judicial por mais de DOIS BILHÕES DE REAIS do Fundo.

Os próximos passos, por certo, se-rão muito difíceis, mas o império vem mostrando grandes fissuras que colo-cam em xeque a Cartilha Neoliberal com um dos seus pontos centrais – a receita das privatizações – sendo vista como um dos maiores erros históricos cometidos em matéria de economia e finanças públicas. O exemplo notório é a tragédia vivida pela Embratel, um dos fundamentos reais da economia brasileira, hoje um ativo vendido para uma empresa podre da combalida economia norte-americana.

(5)

Às vezes eu me lembro das sá-bias palavras de Thomas Jefferson: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Não só da liberdade. Há que se vigiar os humores das pessoas e governos. Volta e meia aparece em algum grande jornal a clara sugestão da venda do Banco do Brasil, da Caixa e da Petro-brás. Agora o palpite vem de um senhor tido como “um dos mais importantes analistas de bancos do mercado, Pedro Guimarães” (Valor Econômico, Caderno C1 – Finanças, 13.10.2004). E esse respeitável senhor fala claro: “O governo deveria privatizar os bancos federais”. O texto fala de estudos da ING, uma corporação mundial que avalia bancos sob encomenda para compra e venda e acrescenta “Se o Citigroup pagou US$ 12,5 bilhões para comprar o mexicano Banamex, certamente pagaria mais pelo BB...” Nada contra o México ou mexicanos, mas esse tal de Banamex será um banco de bananas? Aqui no Brasil não será tão simples vender o BB e a Caixa. Contudo, há Sombras do Passado. Não, não se trata de títu-lo de romance ou filme de terror! No passado (não muito distante, é verdade), a esquerda brasileira acusava o governo de “querer ven-der o país”. Todos devem estar lembrados da imensa campanha nacionalista contra a Privatização da Cia Vale do Rio Doce. O governo da época necessitou movimentar um exército de advogados para cassar as liminares que espocaram pelo país. Em 17/03/1999, o JB no-ticiava: “O Governo negou ontem que pretende privatizar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Fe-deral. A privatização dos bancos oficiais, segundo parlamentares do PFL, foi admitida na terça-feira pelo ministro Pedro Malan, durante a conversa com parlamentares. Apesar da negativa do Ministério da Fazenda e da Casa Civil, de-putados pefelistas reafirmaram ter ouvido o ministro dizer que o Governo trabalha, a longo prazo, com a hipótese de privatização do BB e da CEF” a nota dizia ainda “O presidente Fernando Henrique Car-doso avisou ontem que não está pensando em privatizar o Banco do

Brasil e a Caixa Econômica Federal, numa reação a pressões veladas do Fundo Monetário Internacional para que isto seja feito. Fernan-do Henrique CarFernan-doso aproveitou solenidade ontem no Palácio do Planalto para avisar publicamente: “Quem decide isso somos nós”.

Em 26/04/2002, Aloísio Mer-cadante, deu entrevista ao jornal Valor Econômico. Eis uma das perguntas e a respectiva respos-ta: “Valor: O PT foi o crítico das privatizações. Qual será a política? Mercadante: Ainda bem que criti-camos. Se não esse debate seria apenas sobre o Palácio da Alvorada e a Praça dos Três Poderes, porque

o resto, foi à la Menem: ficou só a Casa Rosada e a Plaza de Mayo. Não temos nenhuma perspectiva de privatizar o Banco do Brasil, por exemplo. Ele é fundamental para a capilaridade do crédito no país, for-ça o mercado à competitividade.”

O Professor Mário Maestri em ja-neiro/2004 escreveu “Um contexto mundial negativo, pouco provável mas não descartável, aumentaria a pressão para a privatização do Banco do Brasil, da Caixa Eco-nômica Federa, da Petrobrás, do BNDES, etc. e debilitaria o projeto neoliberal em desenvolvimento, reservando eventualmente a Lula da Silva a mesma sorte de De La Rúa e Lozada”.

No portal do Senado Federal, na página que traz as matérias prontas para a pauta na CCJ, po-demos ler:

“SF PDS 23 1999 DE 04/03/1999 Ementa: SUSTA ATO DO EXECU-TIVO QUE DETERMINA ESTUDOS E AÇÕES VISANDO A PRIVATIZAÇÃO

DO BANCO DO BRASIL E DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.

Outros Números: SF PDS 00023 1999

Autor: SENADOR - Roberto Freire

Localização atual: CCJ - Co-missão de Constituição, Justiça e Cidadania

Última Ação: SF PDS 00023/1999 Data:06/05/2003

Local: CCJ - Comissão de Cons-tituição, Justiça e Cidadania

Situação: PRONTO PARA A PAU-TA NA COMISSÃO

Texto: Recebido o relatório do Senador Tião Viana, com voto pelo arquivamento do Projeto. Matéria pronta para a Pauta na Comissão.

Existe uma salvaguarda. Al-gumas empresas e bancos que restaram já estão devidamente excluídos da possibilidade de pri-vatização pela Lei nº 9.491, de 09 de setembro de 1997. Afirma o art. 3º dessa lei:

Art. 3º. “Não se aplicam os dispositivos desta Lei ao Banco do Brasil S.A., à Caixa Econômica Federal, e as empresas públicas ou sociedades de economia mista que exerçam atividades de com-petência exclusiva da União, de que tratam os incisos XI e XXIII do art. 21 e a alínea c do inciso I do artigo 159 e o artigo 177 da Constituição Federal, não se apli-cando a vedação aqui prevista às participações acionárias detidas por essas entidades, desde que não incida restrição legal à alie-nação das referidas participações.” Assim é que repetimos: “Orai e vigiai”. Particularmente interessa-da no Banco do Brasil a UNAMIBB tem algumas medidas estratégicas para evitar a sua privatização. Se vão ser eficazes ou não, só o tempo dirá. Até agora estão surtindo efei-to. O BB sobreviveu a Figueiredo, Sarney, Collor, FHC. A gente nunca poderia pensar que temêssemos alguma coisa do gênero vindo de um Governo Lula, mas, “cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém” e assim, vamos ficar de olho.

(*) Publicado originalmente no NOTÍCIAS DO BBRASIL nº 51 de Novembro/Dezembro de 2004

Isa Musa de Noronha

Presidente da UNAMIBB

(6)

O

reinado da ideologia do estado mínimo e da racio-nalidade do livre mercado, dogma neoliberal dominante nas últimas décadas, chegou ao fim. Levado as últimas consequências o modelo conduziu a economia ca-pitalista, de forma irresponsável e sem controles, à uma crise de pro-porções gigantescas, maior até que a de 1929. Essa nova e dura reali-dade, impregnada de quebradeiras, desemprego e miséria, vai obrigar a profundas transformações em todo o arcabouço da convivência internacional e na revisão das ide-ologias até então prevalecentes.

No Brasil, a crise foi aos poucos dando mostras de sua verdadeira dimensão, e cautelosamente o go-verno, na tentativa de evitar o pâ-nico que só agravaria o problema, foi admitindo os desdobramentos dramáticos e crescentes do fenô-meno globalizado. No rastro de atitudes tomadas por praticamente todos os países, medidas anticícli-cas começaram a ser desenhadas e implementadas na tentativa de diminuir o impacto da crise.

No âmbito das medidas conside-radas necessárias, resolveu final-mente o governo brasileiro enfren-tar para valer, mesmo que de forma desajeitada, o problema essencial para desamarrar o imenso poten-cial produtivo do mercado interno: o custo do dinheiro praticado no País. E neste sentido decidiu utilizar os instrumentos financeiros oficiais para forçar o aumento do volume de crédito e diminuir o “spread” bancário praticado, colocando-o em níveis civilizados.

O sistema financeiro brasileiro, como é do conhecimento geral, vem praticando ao longo do tempo, as maiores taxas de juros do plane-ta. Essa realidade, defendida com unhas e dentes pelo “mercado”, tem sido uma das causas principais das distorções que caracterizam o nosso modelo econômico concen-trador de riquezas e mantenedor da injusta e desumana distribuição de rendas que envergonha o nosso País.

A prática, na ponta, das absur-das e indefensáveis taxas de juros, durante período tão extenso, inibiu a expansão do mercado consumi-dor e encareceu o custo de capital das empresas, com aumento do risco de inadimplência. O

volu-me de crédito, em consequência, é muito inferior às necessidades reais da economia, submetida a condições perversas, que acabam por desestimular as atividades produtivas e transferir renda para o setor financeiro.

A redução do ”spread” já era, uma exigência para permitir o cres-cimento, antes da crise. Agora com a crise e o consequente travamento das exportações, tornou-se essen-cial. Somente através da ampliação ao máximo limite possível, da po-tencialidade do seu mercado inter-no de consumo, como vem fazendo a China, a economia brasileira po-derá alcançar taxa de crescimento capaz de assegurar a manutenção a níveis adequados do emprego e da renda dos brasileiros.

Como acontece em todas as vezes que se discute taxas de juro no Brasil, as reações foram imedia-tas, articuladas e fortes. Agora se acrescenta um novo e importante ingrediente ao debate. O uso de instituições públicas como órgãos indutores da moderação das taxas de juros. Pretende o governo, de forma clara, que a Caixa Econo-mia e o Banco do Brasil, passem a aumentar a disponibilidade de crédito, a custos saudáveis e com-patíveis com o dos outros países. A redução do custo do dinheiro sempre foi reivindicação do setor produtivo nacional e se esperava que a medida fosse entusiastica-mente apoiada pela sociedade. O contrário aconteceu. Surpreen-dentemente, a reação na mídia foi muito negativa. Assentados na falida premissa neoliberal, da não intromissão do estado no mercado financeiro, pretendeu-se, impedir que o governo determinasse aos Bancos Oficiais sob seu contro-le acionário, que reduzissem as taxas de seus empréstimos para as empresas e pessoas físicas. A medida forçaria os Bancos privados a acompanhar o movimento ou alternativamente perder clientela, instalando-se assim a necessária competição com saudáveis refle-xos imediatos na diminuição dos spreads.

O ponto principal atacado foi que o Banco do Brasil sendo uma empresa de economia mista, tem ações negociadas no mercado e que a orientação do acionista majoritá-rio, no caso a União, estaria sendo

tomada em d e t r i m e n -to dos inte-resses dos a c i o n i s t a s minoritários. A diminuição d o s j u r o s iria provo-car redução na rentabi-lidade com consequente

prejuízo para seus acionistas. O resultado dessa reação foi a forte queda no valor das ações do Banco do Brasil na bolsa de valores.

No caso, a premissa é falsa. Como o spread é reconhecidamen-te exagerado, uma estratégia de apresentação de preços menores, exercerá forte atração de conquista de novos clientes. O aumento de escala mais do que compensaria a queda de receitas por diminuição do spread. A consequência seria um movimento geral de baixa dos custos do dinheiro, com reflexos muito positivos na diminuição dos riscos de inadimplência, aumento do volume e disponibilidade de crédito e a aceleração do desenvol-vimento econômico do País, que a todos beneficiaria.

Mas o mais importante disso tudo, é a oportunidade que se abre para a discussão do sistema de gestão e de avaliação de desem-penho de empresas de economia mista, que tem obrigação, pela sua natureza, de se incorporar efeti-vamente nos projetos de governo, sem se descuidar de atender os interesses dos investidores. O que se prova com a ocorrência, é que o País necessita de um Banco como o Banco do Brasil, fortalecido, com quadro de funcionários competen-tes, capaz de moderar ações de governo, de ser agente de desen-volvimento, mas também que seja capaz de apresentar desempenho de lucratividade suficiente para atender a remuneração adequada aos investidores que compraram ações do Banco no mercado. (*) Alcir Calliari é ex-presidente do BB e associado da UNAMIBB. Publicado originalmente no NOTÌ-CIAS DO BBRASIL nº 78 de Maio/ Junho de 2009

A discussão necessária

(7)

A

ANABB realizou em 10 de junho uma entrevista bastante esclarecedora com o economista, professor e ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, sobre a importância do Banco do Brasil e seu papel para o desenvolvimento econômico do Brasil.

Com grande conhecimento e experiência, o ministro, que também já foi deputado federal, destacou, de forma clara e objetiva, a relevância que sempre foi atribuída ao Banco do Brasil como o mais eficaz instrumento de governo para promover o crescimento do País.

“Fiquem tranquilos, funcionários do Banco do Brasil, cumpram o seu papel, porque a história está do lado do Banco”, disse o ex-ministro.

Ressaltamos os principais pontos abordados por Delfim Neto:

“BB AJUDA A CONHECER A REALIDADE DO BRASIL

Há uma grande incompreensão sobre o papel do Banco do Brasil. O BB é um instrumento complementar e operacional às informações do mercado para o ministro ter conhecimento da realidade nacional. Isso significa que o BB é o governo em todo o Brasil e, com ele, eu conseguia saber o que estava acontecendo na economia. O Banco do Brasil era os meus olhos, eram os meus braços. Se quiser ficar cego e amputar os braços, venda o BB.

SEM O BB O PAÍS NÃO TERÁ SUCESSO

Ignorar o BB como instrumento de informação administrativa é tolice gigantesca. A ideia de privatizar é idiota, de uma pessoa que não conhece o Banco do Brasil, nunca entrou nele, não entendeu seu papel. Desde 1964, o Banco se transformou em um instrumento efetivo de desenvolvimento e exerce papel decisivo na economia do país. O governo que não sabe usar as informações do BB para administrar o País não terá sucesso.

PRIVATIZAÇÃO

A burrice do governo não tem limite inferior. A privatização do Banco do Brasil é um ato político, que precisa da maioria do Congresso Nacional. Têm deputados e senadores que entendem o Brasil, que viveram o que o Banco do Brasil faz. Vai haver um embate sobre

a privatização.

BB CONTRIBUI PARA SOLUCIONAR OS PROBLEMAS

Quando o administrador acha que sabe tudo e que não precisa da informação empírica, ele não sabe usar o Banco do Brasil. O BB não é um simples banco. Ele pode ser mobilizado instantaneamente para qualquer problema emergente do Brasil. Os funcionários do BB são um verdadeiro exército. Por isso, os prejuízos de uma privatização são enormes. Não é uma vontade de uma burocrata que vai fazer isso. Essa é uma decisão da sociedade brasileira, por meio de uma autorização do Congresso Nacional.

AGROINDÚSTRIA

Eu fico muito triste quando eu vejo que o governo é incapaz de entender que o Banco do Brasil está ramificado em todo o País. Sua eficiência ninguém põe em dúvida, o Banco não podia viver de subsídios, o BB construiu sua independência e continuou sendo o mais importante financiador do mais importante setor da economia brasileira, que é a agroindústria, que hoje representa cerca de 30% do PIB, que só existe por essa combinação de dois entes estatais - o Banco do Brasil e a Embrapa.

BANCOS ESTRANGEIROS

Os bancos estrangeiros que vieram para o Brasil saíram daqui anões. Sobreviveu o Santander porque está se nacionalizando. Os privados são eficientes, mas não são instrumentos do governo. O BB, sim, é um instrumento de governo.

FUNCIONÁRIOS

O BB só resistiu porque soube internamente se educar. Sempre houve cursos internos, a promoção é por mérito. As pessoas confundem o BB com uma repartição pública, mas a competição interna no Banco é furiosa. Você não arranca um parecer de um funcionário do BB, porque sabe que tem consequências. Nos primeiros concursos do Banco, em 1967, nós recolhemos a inteligência nacional.

CRÉDITO PÚBLICO E RENTABILIDADE

Rentabilidade nesse momento é secundária. O Banco do Brasil é sociedade anônima, sendo o governo o controlador e majoritário. O BB deve obedecer a todas as decisões do Banco

Central, estar na ponta mostrando aos seus clientes que será o primeiro a aplicar decisões do BC. Ele que vai dar exemplo para os bancos privados, não vai ter problemas para correr risco. Somos instrumentos auxiliares da administração.

ÓRGÃOS DE CONTROLE

Todos os poderes têm que ter controle. Fico triste quando vejo pessoas falando coisas que não sabem. Volto a insistir que privatizar o BB não é decisão de economistas nem de banqueiros, é uma decisão política que só pode ser produzida pelo Congresso Nacional. É lá que está a vontade do povo. “

(Fonte: ANABB)

Com a palavra Almir

Pazzianotto

Importante jurista brasileiro, Almir Pazzianotto Pinto elaborou artigo em que cita o Banco do Brasil e as declarações do ministro da Economia sobre a instituição financeira, ocorridas em reunião ministerial.

Em seu artigo, o ex-ministro do Trabalho, que também presidiu o Tribunal Superior do Trabalho (TST), disse, entre outros temas, que: “omito as referências desairosas ao Banco do Brasil, sociedade anônima de capital aberto com ações na Bolsa de Valores, cujo nome deveria ser preservado pelo ministro da Economia”.

O jurista se refere à transmissão da reunião ministerial feita no Palácio do Planalto em 22 de abril último, quando o Ministro da Economia, Paulo Guedes, bradou contra o BB. No artigo, Pazzianotto, denuncia: “Sobre a economia, o presidente se esquivou de falar. Passou a palavra ao ministro Paulo Guedes. Entre palavrões impublicáveis, já divulgados e que me abstenho de reproduzir, declarou ao país e ao mundo: ‘O governo quebrou! O governo quebrou! Em todos os níveis. Prefeitura, governador e governo federal’. Omito as referências desairosas ao Banco do Brasil, sociedade anônima de capital aberto com ações na Bolsa de Valores, cujo nome deveria ser preservado pelo ministro da Economia.”

(Fonte: ANABB)

(8)

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Utilize a ficha abaixo ou em nosso site: www.unamibb.com.br

AAFBB na luta

Em 04/09/2017, o então presidente da AAFBB, Gilberto Santiago, publicava:

EM DEFESA DO BB

Gilberto Santiago

Noticiário recente divulgado na mídia ressalta uma série de providências administrativas que estão sendo tomadas pelo Banco do Brasil, em relação a seu quadro de pessoal, com cortes de comissões e fecha-mento de centenas de agên-cias. Como é natural, surgem insinuações a respeito de imi-nente processo de privatiza-ção.

Uma privatização não se faz de uma hora para outra. De modo geral, ela é sequência de uma série de procedimen-tos ocorridos em diversas épo-cas - alguns com a aparência de simples “reestruturação” ou adaptação aos tempos mo-dernos - no aguardo do tem-po certo para a implementação dos últimos capítulos. Talvez seja esta a finalização que es-tamos presenciando agora.

Lembramos a carta aber-ta do saudoso Betinho, de 20 de outubro de 1995 (já se vão mais de 20 anos) dirigida “às

amigas e amigos do Banco do Brasil“. Betinho relata a impor-tância da adesão “entusiasta, surpreendente e nacional” dos funcionários que, por toda a parte, organizaram cerca de três mil comitês. Tudo estava bem, “até que chegou a onda de privatizações das empre-sas públicas”. E acrescenta: “A direção do Banco, seguindo à risca as instruções do Gover-no, começou o processo de de-missões. A unidade que havia entre direções e base foi forte-mente abalada, a crise se ins-talou no BB e, em consequên-cia, nos comitês. Funcionários revoltados com o processo, e os demitidos, pararam de atu-ar, muitas vezes para cuidar da própria sobrevivência”. Como que profetizando o que viria a ocorrer 20 anos após, Betinho conclui que o Banco confirma-va (já naquela época) a sua postura de instituição voltada ao mercado, perdendo muito de sua visão e missão social. E pergunta: “como separar as questões do Banco do Brasil da

dinâmica da Ação da Cidada-nia? As instituições mudam, as direções passam, a cidadania e a solidariedade devem perma-necer”.

Betinho morreu, mas os pro-blemas em relação ao Banco permanecem vivos, a mesma vinculação ao mercado, a mes-ma busca do lucro desenfrea-do, a mesma dependência das “instruções e interesses do go-verno” acima de seu papel de fomento à produção e aderên-cia às questões soaderên-ciais. É esse Banco que precisamos resga-tar, esse Banco que financia 70% do agronegócio, em um movimento nacional seme-lhante à Ação de Cidadania tão bem capitaneada pelo saudoso Betinho, com a adesão maci-ça dos funcionários da ativa e aposentados, fortalecidos pela atuação firme e constante de nossas associações.

(gilbertomsantiago@terra. com.br)

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