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VULNERABILIDADE SÓCIO-CLIMÁTICA: CASOS BRASILEIROS EMBLEMÁTICOS DE ÁREAS SUJEITAS A ALAGAMENTO

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Academic year: 2021

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VULNERABILIDADE SÓCIO-CLIMÁTICA: CASOS BRASILEIROS

EMBLEMÁTICOS DE ÁREAS SUJEITAS A ALAGAMENTO

Aluno: Camila Romano de Paula Antunes

Orientador: Maria Fernanda Rodrigues Campos Lemos

Introdução

A pesquisa ora desenvolvida acerca de casos brasileiros emblemáticos de áreas sujeitas a alagamento está inserida e oferece contribuição específica para a pesquisa ampliada

desenvolvida pela professora orientadora, intitulada “Vulnerabilidade sócio-climática, adaptação de cidades para a mudança climática e resiliência urbana: plano e projeto urbano para a resiliência de áreas alagáveis”, que busca contribuir na área de projeto e planejamento urbano para o enfrentamento do desafio da crise socioambiental exacerbado pelo fenômeno de mudança climática global. Tanto devido à especificidade própria exigida para soluções nesse tema quanto pela falta ou dificuldade de acesso a projeções climáticas em escala local em diversas áreas do planeta, dentre outras informações de escala adequada, pesquisas nesse tema, com resultados práticos, são, ainda hoje, bastante raras e prementes.

Objetivos

A pesquisa tem como objetivo avaliar diagnósticos de vulnerabilidade sócio-climática para casos emblemáticos brasileiros, apontando variáveis que possam contribuir para o desenvolvimento de uma estratégia metodologia de avaliação de soluções urbanas para a redução de vulnerabilidade sócio-climática em espaços urbanos ameaçados por alagamento no Brasil.

Metodologia

A pesquisa se apoiou na compreensão de vulnerabilidade sócio-climática, pautada na revisão de literatura realizada, a partir da qual foi possível estabelecer critérios que servissem de substrato para definição de escopo adequado à formulação dos diagnósticos de

vulnerabilidade sócio-climática de cada contexto em estudo.

A construção dos diagnósticos simplificados de vulnerabilidade sócio-climática, portanto, seguiram escopo específico (variáveis e componentes de vulnerabilidade) definido na própria pesquisa, tendo como base o levantamento de dados em fonte secundária adequada.

A primeira etapa consistiu na definição das áreas urbanas a serem estudadas no Brasil que apresentassem grande vulnerabilidade frente a inundações.

Esta etapa foi acompanhada da definição do escopo para elaboração dos diagnósticos simplificados de vulnerabilidade sócio-climática de cada contexto em estudo, seguida pela etapa de diagnóstico propriamente dito. A simplificação dos diagnósticos, alcançada pela adoção de número mínimo de variáveis, foi uma opção para viabilizar a análise comparativa de um número máximo de casos vis-à-vis os obstáculos encontrados para obtenção de dados de maneira uniforme para todos os casos. As variáveis mínimas, entretanto, foram

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criteriosamente escolhidas à luz da discussão teórica sobre o impacto de cada variável

possível sobre cada componente de vulnerabilidade sócio-climática: exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa.

Em seguida foi possível, através da análise dos diagnósticos, realizar uma seleção de critérios de análise relativos aos contextos que poderiam ser utilizados para verificação do potencial de contribuição de soluções em projeto e planejamento urbano para ampliação da resiliência em áreas sujeitas a alagamento no Brasil.

Vulnerabilidade sócio-climática

Adota-se como definição de vulnerabilidade sócio-climática, portanto, para efeito desta pesquisa, a combinação de: nível de exposição (pessoas e bens localizados em área

ameaçada), sensibilidade (características da estrutura física da área urbana exposta em relação às características da ameaça) e capacidade adaptativa (condições da população e instituições de gestão para utilizar recursos disponíveis no enfrentamento- da ameaça incidente)

Através de um diagnóstico de vulnerabilidade é possível definir em que aspectos do sistema se deve atuar (transformar) para que se torne resiliente, considerando que “resiliência é a capacidade do sistema, comunidade, ou sociedade exposta aos riscos para resistir,

absorver, acomodar e se recuperar dos efeitos do perigo de forma eficaz e a tempo,

nomeadamente através da preservação e restauro das suas funções e infraestruturas básicas.”1 Escopo para diagnósticos de vulnerabilidade sócio-climática

Com isso definem-se como critérios para formulação dos diagnósticos de

vulnerabilidade sócio-climática nesta pesquisa as seguintes variáveis, relacionadas a cada componente de vulnerabilidade: população (relacionada à exposição), saneamento

(relacionada à sensibilidade), escolaridade e renda (relacionadas à capacidade adaptativa). Essas variáveis somam-se ao levantamento de informações sobre eventos recentes de alagamento nas áreas estudadas e suas consequências.

A revisão bibliográfica realizada aponta para a necessidade de consideração de cenários climáticos em diagnósticos de vulnerabilidade sócio-climática, sendo esta a variável que torna específico este tipo de diagnóstico. A literatura, entretanto, também indica a importância de medidas de adaptação para enfrentamento das vulnerabilidades hoje existentes, mesmo sem considerar cenários de mudança climática.

Para efeito desta pesquisa, considerou-se a vulnerabilidade já existente, específica para cada caso, tendo em conta a ameaça global de intensificação dos eventos climáticos extremos e a tendência de elevação das médias de temperatura no planeta.

1

Definição de resiliência Segundo o 'United Nations International Strategy for Disaster Reduction (UNISDR) (2009), UNISDR Terminology on Disaster Risk Reduction, UNISDR Geneva'

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Vulnerabilidade sócio-climática de cidades brasileiras em áreas sujeitas a alagamento

Áreas urbanas a serem estudadas no Brasil

Foram escolhidas áreas urbanas que demonstrassem grande exposição frente à ameaça de alagamento e compartilhassem de características geográficas semelhantes, a fim de facilitar análises comparativas. Como a exposição é definida por número de pessoas e bens expostos, procuraram-se contextos urbanos com maior concentração de pessoas e bens. A primeira filtragem foi sobre as regiões metropolitanas brasileiras. O Brasil possui 24 regiões metropolitanas: Aracaju, Baixada Santista, Belém, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Londrina, Macapá, Maceió, Manaus, Maringá, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Grande São Luís, São Paulo, Vale do Aço, Grande Vitória, Sudoeste Maranhense. Em seguida, identificou-se que 18 sedes são também capitais de seus estados, conferindo, a estas, ainda maior importância regional como centros de atração de população, negócios e investimentos. Destas, 14 têm parte significativa de seu território em áreas costeiras e em cotas abaixo de 10m de altitude: Macapá, Belém, São Luís, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracaju, Salvador, Vitória, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre. Essa característica amplia ainda mais sua exposição, estando sujeitas à elevação do nível do mar e eventos climáticos costeiros. Por fim, sete desses municípios tem população expressiva, superior à 1.000.000 de habitantes: Belém, Recife, Fortaleza, Salvador, São Luiz, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

O levantamento de dados e formulação de diagnósticos simplificados de vulnerabilidade sócio-climática foram realizados sobre esses 7 municípios costeiros brasileiros.

Diagnósticos de Vulnerabilidade sócio-climática: capitais costeiras brasileiras A tabela1 abaixo exibe os dados de população, saneamento, renda e escolaridade relativos a cada um dos 7 municípios estudados.

município exposição sensibilidade Capacidade adaptativa

População [no de habitantes] Fonte: IBGE

Saneamento – esgoto e drenagem [percentual de população atendida e tipo de sistema] Fonte: SNIS Renda per capita média Fonte: IBGE Escolaridade (percentual da população e nível de escolaridade) Fonte: MEC Belém 1.425.922 8,1% - Rede Separadora R$ 1.017,36 66,64% - 2o ciclo

fundamental ou mais Recife 1.599.513 35,5% - Rede Separadora R$ 1.361,17 64,71% - 2o ciclo fundamental ou mais Fortaleza 2.551.806 53,6% - Rede Separadora R$ 994,29 63,61% - 2o ciclo fundamental ou mais Salvador 2.883.682 79,2% - Rede Separadora R$ 1.126,39 67,15% - 2o ciclo fundamental ou mais

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São Luiz 1.053.922 45,6% - Rede Separadora

R$ 917,15 71,84% - 2o ciclo fundamental ou mais

Rio de Janeiro 6.429.923 77,8% - Rede Separadora

R$ 1.784,44 69,57% - 2o ciclo fundamental ou mais

Porto Alegre 1.467.816 88,0% - Rede

Separadora e Unitária

R$ 2.125,19 72,19% - 2o ciclo fundamental ou mais

Tabela 1: dados para diagnóstico de vulnerabilidade sócio-climática de sete municípios brasileiros

A partir da definição das variáveis – população, saneamento, renda e escolaridade – para cada um dos estudos de caso, foi feito um levantamento sobre os recentes impactos causados por ameaças naturais em cada uma das cidades.

A tabela2 abaixo exibe os dados sobre eventos recentes de alagamento e algumas consequências relativos a cada um dos 7 municípios estudados.

município

data fonte desabrigados mortes

Belém 14/04/2009 Extra 15.000 48

Recife 26/06/2014 G1 65 0

Fortaleza 08/04/2003 Uol 218 4

Salvador 10/11/2011 Uol 300 0

São Luiz 15/04/2009 Extra 216 0

Rio de Janeiro 11/12/2013 O Globo 1.987 3

Porto Alegre 11/11/2003 Terra 110 0

Tabela 2: dados sobre eventos recentes de alagamento e algumas consequências em sete municípios brasileiros

Através de uma análise comparativa entre as variáveis definidas e os recentes efeitos

relacionados aos eventos naturais, pode-se destacar que as regiões mais vulneráveis sofreram o maior numero de perdas, e tiveram maior dificuldade de recuperação após os desastres. Resultados: Critérios de análise para verificação do potencial de contribuição de soluções em projeto e planejamento urbano para resiliência em áreas sujeitas a alagamento no Brasil

É proposto, a seguir, um conjunto de critérios que, segundo os estudos realizados nesta pesquisa, deveriam ser considerados, com ênfase, em uma estratégia metodológica de

verificação do potencial de contribuição de soluções em projeto e planejamento urbano para resiliência em áreas sujeitas a alagamento no Brasil. Evidentemente, considerando a

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critérios prioritários, ainda como hipótese, necessitando confirmação novos estudos correlatos.

O primeiro critério que foi possível destacar é de prioridade para soluções que estejam associadas à ampliação da capacidade adaptativa, tendo em vista os números obtidos nesse item para os casos brasileiros e a importância desta componente de vulnerabilidade na preparação das cidades para enfrentamento de ameaças presentes e futuras. Uma população sem informação e recursos financeiros não será capaz de utilizar de forma adequada a tecnologia e os meios disponíveis para enfrentamento das ameaças incidentes. Dificilmente uma população com estas carências terá um nível de autonomia alto, tornando-se dependente de ações do poder público em situações de emergência, o que aumenta muito sua

vulnerabilidade.

Além disso, os dados permitem levantar como hipótese que será importante priorizar soluções de saneamento inovadoras, a fim de reduzir a sensibilidade local, tendo em vista que mesmo em municípios onde a rede de saneamento é abrangente, está prioritariamente baseada em tecnologia convencional, e as perdas em situações de alagamento são ainda significativas.

Outro critério importante se refere a dar prioridade para soluções que reduzam a exposição, o que, considerando o enorme desafio que consiste na remoção de população exposta, poderia se traduzir em controle da expansão e adensamento de áreas vulneráveis, assim como regulação da forma de ocupação dessas mesmas áreas, com interferência na legislação edilícia, por exemplo.

Cronograma de atividades realizadas

Cronograma de Atividades Trimestre

1o 2o 3o 4o

1- Revisão de literatura: leitura e discussão do conjunto de textos determinado pela professora orientadora, relacionado ao tema de vulnerabilidade sócio-climática para melhor entendimento sobre resiliência e vulnerabilidade, para desenvolvimento do diagnóstico das cidades escolhidas.

x x

2- Levantamento de dados e definição dos municípios de análise: escolha das áreas urbanas brasileiras em contexto de vulnerabilidade sócio-climática e sistematização de dados relevantes.

x x

3- Desenvolvimento de análises: definição das variáveis e indicadores que influenciarão no entendimento da vulnerabilidade de cada cenário escolhido.

x x

4- Levantamento de eventos climáticos recentes e suas consequências em cada município. Discussão sobre os dados sistematizados.

x x

5- Conclusões e elaboração do relatório: desenvolvimento do relatório e material de apresentação com os resultados gerados pelas análises.

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Referências

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha do Brasil. Brasília: MMA, 2008. 242p.

INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). Summary for policymakers. In: Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Part A: Global and Sectoral Aspects. Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge: Cambridge University Press, pp.1-32., 2014.

KLEIN, R. et al. The resilience of Coastal Megacities to weather-related hazards. In:

KREIMER, A.; ARNOLD, M. & CARLIN, A. Building Safer Cities: the future of disaster risk. Washington: Banco Mundial, 2003. (Disaster Risk Management Series, 3).

LEMOS, M. F. Adaptação de cidades para mudança climática: uma metodologia de análise para os planos diretores municipais. 2010. 284f. Tese (Urbanismo) – PROURB/ FAU, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

UNITED NATIONS HUMAN SETTLEMENTS PROGRAMME. Cities and Climate Change: Global Report on Hunan Settlements 2011. Washington: Earthscan, 2011. UNITED NATIONS INTERNATIONAL STRATEGY FOR DISASTER REDUCTION

(UNISDR). 2009 UNISDR terminology on disaster risk reduction. UNISDR, 2009. Disponível em: <www.unisdr.org/publications>. Acesso em: abr. 2013.

BRUNA, G. C., PISANI, M., A., Mudanças climáticas e pobreza: reflexões. Revista

Brasileira de Ciências Ambientais, 18, pp. 58-66, 2010. Disponível em: <www.rbciamb.com. br/ images/online/RBCIAMB-N18-Dez-2010-Materia06_artigos261.pdf>. Acesso em: mar. 2013.

Referências

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