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Guerra do Contestado: líderes militares que se destacaram

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Academic year: 2021

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GUERRA DO CONTESTADO: LÍDERES MILITARES QUE SE DESTACARAM1 Fabio Henrique Nunes da Silva

Resumo: O presente artigo científico tem por objetivo contextualizar o leitor em relação ao aspecto de personagens humanos no espaço e tempo sobre um dos principais conflitos internos ocorridos em solo brasileiro no século XX. Com objetivo de enaltecer as figuras militares do Exército e da Polícia Militar do Paraná daquele tempo, o leitor conhecerá os personagens que participaram da Guerra do Contestado: sertanejos, tropas do Exército, tropas da Polícia Militar do Paraná e jagunços armados a serviço de latifundiários na época chamados de coronéis. A partir desse extrato serão pontuados alguns militares do Exército e da Polícia Militar do Paraná, com uma análise do seu perfil e trajetória na carreira militar, dando o devido destaque ao elemento humano inerente a força decisória deste conflito, destacando quais foram as consequências de suas atitudes na Guerra do Contestado, bem como seus feitos após essa sangrenta guerra em solo brasileiro.

Palavras-chave: Guerra do Contestado. Líderes Militares e memórias militares.

1 INTRODUÇÃO

Durante a Guerra do Contestado devido a sua amplitude territorial dos combates e o período de duração da revolta (1912 a 1916), surgiram diversos líderes por parte dos insurrectos como por parte dos militares.

Quando pensamos em Instituições militares: história, memórias e identidade, logo associamos ao conceito de enaltecer e relatar feitos passados de uma determinada Instituição Militar. A importância que se tem em registrar e divulgar fatos passados se dá em resgatar valores, corrigir ou evitar erros já cometidos anteriormente.

Portanto, o presente artigo científico tem por objetivo contextualizar a participação dos combatentes envolvidos na Guerra do Contestado que aconteceu na divisa dos Estados do Paraná e de Santa Catarina, sendo um dos conflitos internos mais sangrentos do século XX.

Nesse conflito interno ocorrido na região sul do Brasil, visando impedir uma intervenção federal, o Estado do Paraná mandou o Regimento de Segurança (atual Polícia Militar do Paraná) para resolver um problema causado por nativos da região do Contestado que desalojados de suas terras resistiam à ação de empresas internacionais naquela região.

1 Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em História Militar, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em História Militar.

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Uma ação desastrosa e precipitada da tropa estadual, culminou com a intervenção federal, convertendo o então conflito passivo em conflito armado, que se estendeu de 1912 a 1916. Durante esses anos de conflito destacaram-se as principais batalhas: Combate do Irani, Combate da Estiva, Combate de Caragoatá, Combate de Taquaruçu e Combate de Santa Maria. Durante os quatro anos em que ocorreram esses combates, ascenderam diversos líderes tanto do lado dos revoltosos como do lado dos militares. O presente artigo tem por objetivo identificar os líderes militares do Exército e da Polícia Militar do Paraná, que atuaram na Guerra do Contestado, elencando seus principais feitos e suas consequências diretas e indiretas no âmbito das instituições militares envolvidas: Exército e Polícia Militar do Paraná. Não serão elencado os personagens da Polícia Militar de Santa Catarina pela extensão que proporcionaria a este artigo, assim o fato de não serem elencados, não quer dizer que não tiveram importância no conflito.

Para a elaboração deste artigo foi realizada uma pesquisa teórica pura do tipo bibliográfica-documental com objetivo geral de buscar conhecer melhor a história dos líderes militares do Exército Brasileiro e da Polícia Militar do Paraná atuantes na Guerra do Contestado.

Ao fim deste artigo o autor terá por objetivo trazer ao público geral quais foram os líderes de forças que participaram da guerra e quais consequências no Brasil contemporâneo resultaram deste conflito.

2 GUERRA DO CONTESTADO

2.1 OS PRIMÓRDIOS DO CONFLITO ARMADO

O início das desavenças entre os Estados de Santa Catarina e Paraná se deu em 1853, o Paraná se desmembra de São Paulo e recebia a incerteza de seus limites com o estado catarinense. Santa Catarina reivindicava os campos de Palmas e outras áreas como suas.

MOCELLIN (2015, p. 65) afirmou que:

A questão de limites iniciou-se antes da emancipação política do Paraná. Em 1820, a vila de Lages e todo o seu termo que fazia parte da Província de São Paulo foram desanexados e entregues à Província de Santa Catarina. As autoridades catarinenses entendiam que o termo de Lages abrangia todo o sertão, indo até “os espanhóis”. Essa visão era contestada pelos paulistas. Ao desmembrar-se da Província de São Paulo em 1853, a nascente Província do Paraná herdou esse conflito fronteiriço com os vizinhos de Santa Catarina.

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Figura1. Fonte: http://www.verboenem.com.br/blog/guerra-do-contestado/

O território em disputa ficou conhecido como Contestado e compreendia uma área de 48.000 km², tendo ao sul o rio Canoas, ao Norte o rio Uruguai, a leste os rios Negros e Iguaçu e a oeste a Serra Geral. Região rica no cultivo da erva-mate, pinheiros e imbuias centenárias.

Figura 2. Fonte: http://tresbarras.xpg.uol.com.br/contestado.html

Esse questionamento perdurou pelos anos seguintes culminando em 1883 com acusações infundadas do Estado de Santa Catarina contra a marcha do Corpo Policial do Paraná para conquista de território catarinense, alegando cobrança coercitiva de impostos indevidos na Estrada Dona Francisca. Diante desses fatos o Estado do Paraná responde as falsas acusações em uma reportagem concedida ao Jornal do Comercio do Rio de Janeiro, apaziguando o conflito entre os Estados.

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Santa Catarina tentando ocupar um território que reclamava como seu, manda uma coluna de seus militares estaduais armados em barco a vapor com objetivo de ocupar a região banhada pelas águas do rio Iguaçu e rio Negro. O Estado do Paraná discordando, se nega a ceder as terras que julgava suas ao Estado vizinho e, sabendo da movimentação de tropas catarinenses, em 20 de janeiro de 1896, ordena que uma fração de tropa militar paranaense se desloque da capital do Estado à região da cidade de Rio Negro evitando, assim, a ocupação por parte de Santa Catarina.

Alvo entre disputa de direitos, Paraná e Santa Catarina não chegaram a se envolver em conflito armado entre as federações. Mas os catarinenses continuavam a recorrer à república para conseguir as terras requisitadas. Esse foi o início do impasse na região do Contestado. Em seguida Santa Catarina busca seus direitos ao Supremo Tribuna Federal, tendo ganho de causa ao território requerido por três vezes, nos anos de 1904, 1909 e 1910.

Em meio à disputa territorial entre os Estados, no início o ano de 1912 um grande número de pessoas se agrupavam em torno de um sujeito misterioso que se dizia chamar José Maria do Santo Agostinho afirmando ser parente e sucessor de um monge eremita que viveu na região da Lapa em meados do século XIX, o monge João Maria D´Agostini.

José Maria era na verdade Miguel Lucena de Boaventura e conquistou seus primeiros seguidores em Campos Novos no Estado de Santa Catarina.

Na região de Taquaruçu/SC acompanhado de quase 300 fiéis, montou seu Quartel General pregando a volta da monarquia e o messianismo devoto de São Sebastião. Mais conhecido como Monge José Maria, organizou uma comunidade autônoma, chamada de Cidade Santa ou “Quadro Santo” em Taquaruçu (região de Curitibanos).

Seus seguidores eram trabalhadores despedidos da empresa Brazil Railway Company, responsável pela construção da estrada de ferro que ligava Rio Grande do Sul à São Paulo, de moradores locais que viviam do cultivo da erva-mate e que foram expulsos de suas terras com o advindo da instalação da maior serraria da América do Sul, a Southern Brazil Lumber and Colonization Company, que retirava madeiras nativas centenárias para exportação para europa. Além dessa gente simples e pacífica, também integraram o grupo de José Maria bandoleiros que ali se exilaram após a Revolução Federalista.

Com o discurso pró-monarquia, José Maria irrita os políticos que haviam instalado a República como sistema de governo, sendo Marechal Hermes da Fonseca Presidente na época. O prefeito de Curitibanos, Coronel Francisco Albuquerque, expulsou o monge e seus seguidores da região sem confronto armado. José Maria já conhecedor da região de Palmas buscou reduto nos Campos do Irani para a sua gente.

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MOCELLIN (2015, p. 16) relatou que:

A petulância do curandeiro enfureceu Albuquerque, que imediatamente telegrafou à Florianópolis, informando as autoridades estaduais que havia sido proclamada a monarquia nos sertões de Taquaruçu. Despeitado e alarmista, pediu ao governo estadual o envio de tropas para jugular o movimento sedicioso.

Sabendo da instalação de camponeses oriundos de Santa Catarina em suas terras, o Paraná entendeu tal fato como uma manobra para ocupação de território em disputa entre os Estados limítrofes com o objetivo da expansão catarinense. Buscando preservar seus territórios, o Presidente do Estado do Paraná, Dr. Carlos Cavalcanti de Albuquerque, determinou a seu Regimento de Segurança (atual Polícia Militar) que deslocasse à região de Porto União da Vitória para controlar a situação. Assim, em 22 de outubro de 1912, se deu início aos conflitos armados na região do Contestado, perdurando até 1915 com o aniquilamento do último acampamento dos sertanejos em Santa Maria.

Porém a disputa da região do Contestado só tem fim em 1916 quando a arbitragem presidida por Wenceslau Bráz, Presidente da República, mediou às negociações entre os governadores Afonso Camargo do Paraná e Felipe Schimidt de Santa Catarina, que firmaram as faixas territoriais pertencentes a cada Estado.

2.2 PRINCIPAIS BATALHAS NA GUERRA DO CONTESTADO

Para entendermos a magnitude da questão do Contestado é importante discorrer sobre as principais batalhas entre tropas militares e os caboclos. Durante os confrontos ocorridos no Contestado, militares e sertanejos se destacaram para o desenvolvimento da guerra e o seu resultado final. Valorosos militares não apenas contribuíram para as questões do Contestado, mas também após a guerra, pois aqueles que não morreram nela seguiram em briosas carreiras que marcaram a suas instituições.

2.2.1 COMBATE DO IRANI

Foi a batalha emblemática da deflagração do embate, ocorrida no dia 22 de outubro de 1912 ao sul da cidade de Palmas. Envolveu aproximadamente 500 religiosos e 65 militares do Regimento de Segurança do Estado do Paraná (atual Polícia Militar). Foi considerado o estopim da Guerra do Contestado. Devido ao seu resultado trágico, tomou proporções que envolveram tropas militares dos Estados de Paraná e Santa Catarina, tropas federais das forças armadas, forças de segurança privada (vaqueanos), além dos messiânicos que habitavam a região do Contestado.

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Segundo o historiador João Alves da Rosa Filho, contribuíram para o massacre dos integrantes do Regimento de Segurança uma soma de fatores, sendo eles o desconhecimento do terreno acidentado e coberto por mata densa em que os sertanejos estavam acampados, facilitando os pontos de emboscadas que os revoltados conheciam.

A tropa se encontrava equipada com armamento obsoleto e deficitário, em condições físicas desgastadas pelas seguidas marchas forçadas as quais eram submetidas desde seu desembarque em Porto União da Vitória em 14 de outubro de 1914, chegando para o fatídico dia do combate bastante debilitadas.

Somando aos fatos já relatados, ao decidir invadir o acampamento o Comandante da tropa – Coronel João Gualberto – sofreu interferência política do Chefe de Polícia – Desembargador Vieira Cavalcanti – o qual não concordou em deslocar todo o efetivo até Irani, concordando que o Coronel deslocasse apenas com uma fração da tropa. Assim João Gualberto selecionou apenas 65 dos 158 homens que o acompanhavam desde Curitiba. O grupo total era dividido em 15 Oficiais: 01 Coronel, 02 Majores (01 médico), 03 Capitães, 03 Tenentes (01 dentista), 06 Alferes (01 farmacêutico) e 85 Praças: 01 1º sargento, 11 2º Sargento, 01 Furriel, 22 Cabo, 21 Anspeçada, 85 Soldados e 02 Corneteiros. (Fonte: Episódios da História da PMPR, volume I – Combate do Irani, p.20)

Nesse primeiro conflito tiveram mortes significativas para ambos os lados do conflito. Foram vitimados o Comandante Geral do Regimento de Segurança Coronel João Gualberto e também o líder messiânico o Monge José Maria.

2.2.2 COMBATE DO TAQUARUÇU

Local de permanência de jagunços messiânicos durante um ano após o combate do Irani. O Combate de Taquaruçu foi o reinício da Revolta do Contestado.

Um pequeno grupo de bandoleiros partiu de Taquaruçu para a vila de Curitibanos em 03 de janeiro de 1914, se enfrentando com tropas militares estaduais catarinenses, dessa ação cinco dos caboclos, incluindo seu líder, foram mortos e os demais fugiram retornando à Taquaruçu.

Em reposta a solicitação de autoridades locais, houve um combate contraofensivo composto por mais de mil homens do Exército aparelhados por peças de artilharia e seções de metralhadoras. No ataque que perdurou até a madrugada de 09 de fevereiro de 1914, o reduto dos sertanejos foi dizimado e ocupado, onde houve evasão de bandidos armados em meio à mulheres e crianças que serviram de escudo humano para conter a perseguição aos mesmo. (Fonte: Episódios da História da PMPR, volume II – Campanha do contestado, p.7)

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2.2.3 COMBATE DE CARAGOATÁ

O combate de Caragoatá foi novamente um episódio de massacre para as forças de segurança que ali atuaram. Motivo pelo qual é um marco importante para o movimento Contestado.

Após o ataque em Taquaruçu, os caboclos se refugiaram e somaram-se a outros dois mil fanáticos que já habitavam em Caragoatá.

Em 09 de março de 1914 uma nova ofensiva militar atacou aquela localidade, porém um novo massacre contra as forças de segurança ocorreu. Novamente os caboclos se valeram do conhecimento do terreno acidentado favorável às suas posições e o desconhecimento dos militares. Assim o ataque militar findou com um saldo de 24 mortos, dentre eles 01 tenente, outros 21 foram feridos. Pelo lado dos bandoleiros apenas 04 fanáticos foram mortos, fortalecendo assim a confiança dos revoltosos que haviam triunfado novamente sob tropas do governo republicano (uma das aspirações do movimento era a reinstalação da monarquia). (Fonte: Episódios da História da PMPR, volume II – Campanha do contestado, p.7).

2.2.4 COMBATE DA ESTIVA

Esse combate ocorreu no dia 06 de setembro de 1914 na estrada da Estevia que liga os municípios de Rio Negro à Papanduva, envolvendo tropa militar do Paraná contra revoltosos do Contestado.

Naquele momento da Guerra do Contestado, os caboclos não mais aguardavam os ataques das forças de segurança, mas se antecipavam realizando os ataques, saques e assassinatos por onde passavam, gerando assim um clima de caos para os moradores da região, que amedrontados exigiam respostas de seus governos (Paraná e Santa Catarina) e percebendo que não conseguiriam atender a todos os postos ameaçados solicitaram o apoio do Governo Federal.

Não aguardando a chegada das tropas federais o Regimento de Segurança do Estado do Paraná, comandado pelo Major Benjamin Augusto Lage, avançava de Itainópolis sentido Papanduva com o objetivo de restabelecer a ordem lá quebrada e guarnecer os limítrofes do Estado do Paraná naquela localidade.

Caboclos entrincheirados atacaram uma fração de tropa avançada que seguia com objetivo de localizar possíveis emboscadas. A tropa percussora comandada pelos Tenente König, Alferes Benedito, Deocleciano e Busse revidou com apoio de duas metralhadoras,

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massacrando os revoltosos e os sobreviventes dispersando novamente em mata fechada. (Fonte: Episódios da História da PMPR, volume II – Campanha do contestado, p.7)

O combate da Estiva tem seu grau de importância no cenário da Guerra do Contestado pois se lá forças estaduais não tivessem barrado os fanáticos, certamente a cidade de Rio Negro teria sido tomada e as linhas de comunicações com a cidade de Canoinhas teriam sido interrompidas, cidade em que tropas federais iriam operar a seguir.

2.2.5 COMBATE DO RIO DAS ANTAS

A região do rio das antas se encontrava em elevado grau de revolta, pois os posseiros que ali viviam há muitos anos foram expulsos ficando desamparados. A região havia sido concedida para a madeireira Lumber, que buscando colonizar a região fixou colônias de imigrantes alemães e ucranianos.

Com a amplitude do movimento Contestado, os sertanejos hostilizavam os colonos. Em ameaça a esses, os revoltosos exigiram a desocupação de suas propriedades, pois caso contrário seriam atacados. Sabedores da proximidade das tropas do exército os colonos resistiram entorno da cidade, originando um embate em cuja resistência sobrepujaram os sertanejos.

Após a vitória contra os sertanejos, colonos juntaram seus pertences e abandonaram suas terras por medo de vingança por parte dos caboclos.

2.2.6 COMBATE DE SANTA MARIA

Com o cerco se apertando contra os sertanejos, seu último líder Adeodato, muda seu principal reduto para o vale de Santa Maria, sendo seguindo pelos demais, ocasionando uma superpopulação com aproximadamente 5.000 pessoas, ocorrendo problemas de abastecimento, causando moléstias que vitimaram diariamente dezenas de sertanejos e a perda da estratégia da guerra de movimento, grande vantagem apresentada pelo movimento dos caboclos.

O exército usou de muita coragem e paciência para se movimentar nas dificuldades do terreno, frente a resistência cabocla houve o recuo em 08 de fevereiro de 1915.

Em apoio as forças militares, o Governo Federal enviou 05 aeroplanos dos quais 02 sofreram incêndios acidentais durante o transporte. Com os aviões restantes, ocorreu em 1915, pela primeira vez na história militar do Brasil, uma força aérea motorizada foi usadas em missões militares.

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Frente a dificuldade de ocupação do local, a tropa militar recebeu um reforço de 2.000 homens, para o enfrentamento os sertanejos também agregaram outros 300 integrantes em suas forças.

O reduto de Caçador, base defensiva de Santa Maria, foi impiedosamente atacada por vaqueanos e militares de cuja ofensiva resultou a tomada do local e marcou o início da pacificação do conflito.

3. PERSONAGENS DA GUERRA DO CONTESTADO

A Guerra do Contestado teve vários personagens que contribuíram diretamente para o seu desfecho. Dentre eles podemos dividir em missionários e forças de segurança do Governo. Nas forças do Governo ainda podemos subdividir em policiais militares de Santa Catarina e Paraná, militares do Exército e os Vaqueanos.

3.1 OS LATIFUNDIÁRIOS – “Coronéis”

O título de Coronel não era advindo de uma carreira militar, mas sim um título dado a latifundiários donos de terras com influência política e econômica não só da região do Contestado, mas por todo o Brasil.

Alguns desses coronéis influenciaram nas consequências de decisões tomadas na região conflituosa. Dentre eles figuravam o Coronel Domingos Soares, morador do município de Palmas, sua participação se deu por tentar intermediar uma resolução pacífica do conflito entre Coronel João Gualberto e o Monge José Maria. O Coronel Juca Pimpão que era o dono das terras em que José Maria se instalou durante o combate do Irani. Por fim e não menos relevante o Coronel Francisco de Albuquerque o qual era o prefeito de Curitibanos quando José Maria apareceu em Taquaruçu, durante o período da Guerra do Contestado esteve presente nas questões da região de Curitibano.

3.2 OS VAQUEANOS

Sinônimo de tapejara, combatente civil contratado pelas tropas legais para guiar e combater em apoio as tropas militares. Em sua maioria os vaqueanos eram jagunços a serviço dos coronéis da região. Muitos vaqueanos eram contratados para garantir a segurança armada das fazendas dos coronéis para evitar a perda da posse e também os saques de cabeças de gado.

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Os vaqueanos do Coronel Fabrício se destacaram pelo excesso de atrocidades a eles atribuídas no decorrer do conflito, inclusive morte de mulheres e crianças das Cidades Santas.

3.3 OS SERTANEJOS (Camponeses e Missionários)

Os missionários eram compostos por fiéis seguidores de José Maria que o acompanharam quando expulsos da Vila de Curitibanos e ao se instalarem em terras paranaenses somaram-se a camponeses que ao perderem seus empregos nas construções da estrada de ferro, sofriam com a desapropriação de suas terras pela madeireira Southern Brazil Lumber and Colonization Company, pela construtora da estrada São Paulo-Rio Grande do Sul a Brazil Railway Company, ambas pertencentes ao magnata norte americano Percival Farquhar.

Eram equipados com facões afiados, alguns com armas de fogo de curto alcance. O uso da arma branca vinha da familiaridade que os camponeses locais tinham com esses objetos, pois eram de utilidade diária nos trabalhos rurais.

Após a morte do seu líder espiritual, os messiânicos passaram a crer na sua ressureição acompanhado de um exército celestial que os levariam a guerra santa e alcançariam paz desejada. Além de famílias desamparadas da região, o corpo combatente dos caboclos era composto por desertores das forças policiais, federais e ex-vaqueanos. (Fonte: RODRIGUES, 2012, p.36 Revista Esboços, volume 19).

Abaixo elencamos alguns personagens de destaque pelo lado dos sertanejos na Guerra do Contestado que tiveram participação relevante no decorrer da guerra.

Monge José Maria do Santo Agostinho, nome de Batismo Miguel Lucena de Boaventura) – foi o líder espiritual do qual pouco se sabe de sua origem, fontes dizem que José

Maria teria sido um soldado do exército ou do Regimento de Segurança do Estado do Paraná. Porém o historiador Capitão João Alves da Rosa Filho, relata em sua obra Episódio da História da PMPR, volume I, Combate do Irani, que não há registros oficiais de alistamento de Miguel Lucena de Boaventura.

José Maria aparece no cenário do Contestado em idos de 1909-10, juntamente com trabalhadores trazidos para as obras da estrada de ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. Com o fim da empreitada ficou sem emprego. Sua vida mística ascende na Vila de Campos Novos no Estado de Santa Catarina, mesclando em suas tarefas as habilidades de curandeiro e profeta, assim angariando a simpatia de vários bandoleiros e desabrigados que habitavam a região.

Dado por pesquisadores como uma pessoa de inteligência acima do normal chegou a instituir uma guarda pessoal armada composta por 24 fanáticos montados em cavalos brancos

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que o acompanhava por todos os cantos. Eram denominados os “Doze Pares da França”, rememorando a sua leitura predileta: Histórias de Carlos Magno e dos Dozes Pares de França.

Após ser expulso das terras de Taquaruçu segue com seu bando para a região do Irani e lá pretende ficar sem atritos com o Estado do Paraná, mas afirmou que se fosse agredido não fugiria da briga estando preparado para a guerra.

O monge José Maria foi morto no combate do Irani, mas sua liderança sob os fanáticos não foi esquecida. Supostos videntes passaram a pregar por seus acampamentos que vinham tendo visões do falecido monge e que o mesmo ressuscitaria acompanhado do exército de São Sebastião para a Guerra Santa.

Euzébio Ferreira dos Santos – esteve com José Maria em Taquaruçu. Foi o avô de

Teodora, a primeira virgem que tinha as supostas visões de José Maria. Euzébio foi um dos principais influenciadores do movimento Contestado após a morte de José Maria. Reorganizou os féis em Taquaruçu tendo forte influência em quem seriam os líderes a serem seguidos do movimento. No fim do conflito foi morto por Adeodato, o ultimo líder do movimento.

Manoel o enviado de Deus – era filho de Euzébio e substituiu Teodora a frente dos fiéis

aos dezoito anos de idade. Manoel em Taquaruçu recebia as ordens de José Maria quando se embrenhava sozinho nas matas e ao retornar as colocava em prática. Sua liderança caiu em descrédito após sugestionar que ele deveria dormir com duas virgens por ordem celestial. O povo defensor dos costumes morais não aceitou e o destituiu do trono com uma severa surra sendo deixado nas matas. Possivelmente em decorrência de seus ferimentos Manoel veio a falecer.

Maria Rosa a vidente – menina de 10 anos que passava horas até dias reclusa em seu

quarto orando e recebendo mensagens do além. E ao sair da clausura com forte influência sobre os caboclos, emanava ordens de quem seriam chefes, comandantes de brigas e reza, quem devia ser preso ou até mesmo fuzilado. Atuou na cidade santa de Caragoatá, negociando uma possível paz com as forças do exército intermediada pelo Capitão Matos Costa. Perdeu a liderança sobre os caboclos para Chiquinho Alonso, porém permaneceu no reduto e ao migrarem para Santa Maria ascende como líder novamente no reduto de Caçador Grande, assim seu carisma lhe garantiu importante papel até o fim dos movimentos do Contestado quando foi morta junto a outras mulheres no combate de Santa Maria.

Francisco Alonso de Souza, Chiquinho Alonso – aos 25 anos de idade tornou-se líder

dos fanáticos do Contestado após o combate em Caragoatá. Era bom atirador e bom esgrimista. Após tornar-se líder dos caboclos, ordena o ataque às forças do exército que vitimou o Capitão

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Matos Costa. Temendo perder sua liderança para Venuto, ordena que mesmo seja morto. Chiquinho morreu num combate com colonos europeus em Rio das Antas.

Elias de Morais – Caboclo, maltratado por anos de trabalho no sertão, tem o tino político

do manipulador. Com postura de quem vive nos bastidores das grandes decisões, é o comandante intelectual dos camponeses revoltados e não se furta em usar de suas capacidades diplomáticas para tirar sempre o melhor partido de tudo que envolva a revolta de seus comparsas. Tinha poder moderador dentro do grupo. Para uns era um "rei que não governava". Era ele quem escolhia os comandantes-gerais do movimento. Foi fuzilado após o conflito na serra do Caçador

Aleixo Gonçalves de Lima, Bonifácio José dos Santos e Antônio Tavares – Aleixo era

paranaense de Arraial Queimado (atual Bocaiúva do Sul), foi um ex-Capitão da Guarda Nacional, antigo maragato, possuidor de terras em Três Barras mas as perdeu para a Brazil Lumber Company. Revoltado com a perda de suas terras aderiu ao movimento caboclo levando consigo vários seguidores dentre eles Antônio Tavares Júnior e Bonifácio José dos Santos. Atuou em Canoinhas às margens do rio Canoinhas na Colônia Vieira. Após a dispersão de Santa Maria, permaneceu junto a Adeodato. Porém já na fase decadente do movimento foi morto pelo próprio líder. Tal atitude se deu por Adeodato estar implantando a governança pelo terror e medo a seus seguidores. Bonifácio José dos Santos, após ter sido preso e posto em liberdade, foi morar em Catanduvas onde morreu de causas naturais. Tavares viveu sob a proteção do governo catarinense pois entrou na luta para defender os interesses do Estado na “questão dos limites”.

Adeodato Manoel Ramos – nasceu em São José do Cerrito no ano de 1887. Exímio

cavaleiro passou a trabalhar como tropeiro, mas com a instalação das linhas férreas, perdeu o trabalho. Não se sabe quais os motivos que o levaram a adesão do movimento Contestado, somente que se deu no início de 1914.

Após a derrota na colônia do Rio das Antas, tendo seu líder morto, Adeodato é convidado por Elias de Moraes a assumir o comando das tropas sertanejas aos 27 anos de idade. Ao assumir o poder, se mostrou um líder sanguinário que comandava pelo medo, tratava de eliminar qualquer oposição. Foi o último líder dos sertanejos no Contestado, que em decadência passa a matar todos que desconfia da lealdade até seus principais homens como Euzébio e Aleixo. Após fugir do último reduto perambula por meses pelas matas sozinho até ser preso pelas tropas. Foi julgado e condenado, e em 1923 é morto em uma tentativa de fuga do presidio.

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3.4 POLICIAIS MILITARES DO PARANÀ

Major Custódio Gonçalves Rollemberg, Tenente Francisco Martins de Oliveira, Alferes Henrique Luiz Torres, Alferes Emilio Baptista Chaves – Em 20 de Julho de 1896

levaram as tropas paranaenses à Vila de Rio Negro, onde impediram o avanço da Coluna Militar do estado catarinense que vinha em barcos a vapores com objetivo de navegar pelos rios Iguaçu e Negro. Com essa ação os militares paranaenses conseguiram barrar o avanço dos catarinenses e ainda os desarmando, arrecadaram armas e munições em grande proporção. Ao retornarem com a tropa foram elogiados por parte do Governo paranaense.

Major Fabriciano do Rego Barros – nasceu em 30 de março de 1875 em um distrito de

Casa Forte em Recife. Trazia em seu sangue a vocação militar, pois Casa forte fora cenário da luta contra os invasores holandeses século antes. Aos 14 anos ingressou no exército em 25 de novembro de 1889 logo após a proclamação da República.

Atuou no sul do país da Revolução Federalista, como um florianista e republicano exaltado. Instalado em Curitiba, passou a maior parte de sua carreira em território paranaense participando ativamente da defesa da república.

No posto de 1º Tenente em 1912, foi convidado pelo Governador do Estado a criar e comandar o Corpo de Bombeiro de Curitiba sendo promovido ao posto de Major. Com trabalho árduo e dinamismo extraordinário em 08 de outubro de 1912 dá início às atividades do Corpo de Bombeiros.

Em 30 de outubro de 1912 assumiu o comando do Regimento de Segurança após a morte de João Gualberto, recebendo o comando do Major João Monteiro do Rosário. No Posto de Coronel deslocou com a tropa do Regimento de Segurança em agosto de 1914 para a Região de Rio Negro com objetivo de reestabelecer a ordem daquela localidade. Dotado de brilhante inteligência, qualidades militares e grande capacidade de trabalho foi acolhido pela esperançosa tropa.

Dentre seus feitos como comandante geral destaca-se a permanente preocupação com a sua tropa, assim melhor o uniforme, modificou o processo de escolha dos candidatos à promoção de oficiais, modificou o sistema de policiamento, brigava por falta de recursos orçamentários para a instituição. Ainda disciplinador expurgou vários maus elementos da corporação. Durante o seu comando modernizou a polícia militar. Após quase 05 anos comandando a renomeada “Força Militar do Estado do Paraná” (polícia militar) deixou o alto posto para assumiu o cargo de Inspetor militar da Força, ficando nesse cargo até 03 de junho de 1918.

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Retorna às fileiras do Exército ainda no posto de 1º Tenente, vindo a ser promovido ao posto de Capitão em 15 de janeiro de 1919 na cidade de Curitiba. Em 1922 vai trabalhar em Minas Gerais com o General de Divisão Fernando Setembrino de Carvalho. Em 1924 é reformado no posto de Capitão deixando às fileiras do exército. Quatro anos mais tarde em 1928 faleceu aos 54 anos de idade.

Major Benjamin Augusto Lage – nascido em 1º de maio de 1871, no Estado de Minas

Gerais. Defensor da república ao ingressar ingressou no exército vindo a atua na Revolução Federalista em 1893. Indivíduo corajoso jamais poupou-se do perigo em combate, vindo a sofrer ferimentos em combate. Devido à bravura na campanha federalista foi promovido ao posto de Capitão por Marechal Floriano Peixoto.

Em 1894 ingressa no Regimento de Segurança do Estado do Paraná (polícia militar) como Capitão aos 23 anos de idade, sendo oficial mais jovem nesta patente na milícia paranaense. Durante a sua trajetória na polícia militar, foi comandante da banda de música de 1896 a 1899, cargo destinado à oficias diferenciados. Também respondeu ao cargo de delegado em diversas localidades pelo interior do Estado, sempre elogiado por sua postura. Foi Major Fiscal (atual Chefe de Estado-Maior) durante seis anos (1908-1914). Atuou na campanha do Contestado à frente do Batalhão Tático, destacado a compor a coluna Leste do General Setembrino de Carvalho.

Sob seu comando, o Batalhão Tático foi a única força estadual que atuou em ambos os territórios, sendo alvo de elogios pelo seu comandante direto de Coluna, Tenente-Coronel Júlio Cesar e também do Comandante das tropas militares General Setembrino de Carvalho. (Fonte: ROSA FILHO, p.40, Episódios da História da PMPR, volume II – Campanha do Contestado).

Teve papel de destaque no combate da estiva, quando em patrulha sua tropa foi surpreendida por sertanejos e ao saber da notícia do ataque, para lá deslocou para apoio de sua tropa. Assim colocando a correr mais de 150 sertanejos.

Após a Campanha do Contestado Benjamin assumiu o comando do Corpo de Bombeiros do Paraná, e em 12 de julho de 1917 assumia o Comando do Regimento de Segurança, comissionado ao posto de Coronel. Assim tornando-se o primeiro oficial da instituição a comandá-la, até então seus comandantes eram indicados do Exército Brasileiro.

Além da fama de destemido, Benjamin Lage foi um comandante justo que jamais feria o direito de seus subordinados. Profundo conhecedor das falhas de administração de sua corporação não envidava esforços para solucioná-los, angariando assim o respeito e a confiança de seus subordinados.

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Ainda como Comandante Geral da instituição, teve papel importante no início da aviação militar no Estado do Paraná ao compor o Conselho Administrativo de criação da Escola e Aviação Militar do Estado do Paraná em 24 de março de 1918.

Após deixar o alto posto da corporação em 20 de junho de 1918, foi morar nos Estados Unidos e faleceu em 1950 no Hospital Central do Exército na cidade do Rio de Janeiro.

Coronel João Gualberto Gomes de Sá Filho – nasceu em 11 de outubro de 1874 na

cidade de Recife ingressou aos 16 anos de idade na Escola Militar do Exército. Aos vinte anos era promovido ao posto de Alferes. Formado como engenheiro militar em 1901 passa a servir no 13º Regimento de Cavalaria em Curitiba. Capitão da arma de engenharia do Exército Brasileiro lotado no quartel de Tiro de Rio Branco anteriormente havia sido indicado para o cargo de prefeito municipal da capital paranaense assumiu em 21 de agosto de 1912 o posto comissionado de Coronel Comandante-Geral do Regimento de Segurança, atual Polícia Militar do Estado do Paraná.

Logo que assumiu o Comando do Regimento de Segurança procurou melhor instruir o nível intelectual do seu pessoal, intensificando instruções e treinamentos técnico-profissionais (ROSA FILHO, p16 – Episódios da História da PMPR, volume I: Combate do Irani).

Dentre as melhorias que João Gualberto procurou fazer assim que assumiu o comando, ele reorganizou a estrutura administrativa do Regimento tendo como feitos a extinção de uma prisão administrativa no quartel inaugurando em seu lugar a uma barbearia, pois o mesmo valorizava muito a apresentação pessoal de seus comandados. Também transferiu a farmácia do Regimento para uma dependência mais ampla e transferiu a sede da banda de música para um barracão mais apropriado. Ainda buscando a valorização de seus profissionais, não admitia que as praças simples fossem utilizadas para serviços gerais como criados dos oficiais e sargentos da corporação. Que tais serviços não coadunavam com a função de um soldado. Assim percebeu-se que em suas ordens-do-dia, não continham punições severas habituais de seus antecessores por motivos banais. Suas punições eram contra a negligência do serviço, espancamento de civis e embriaguez.

Como era zeloso pelo asseio dos uniformes de seus comandados, substituiu o fardamento em brim cinzento para o Caqui, cor essa utilizada até a década de 70 do século passado quando migrou para o azul petróleo. Em 1988 regressou à cor cáqui que permanece até os dias atuais da Polícia Militar do Estado do Paraná.

Foi o segundo Comandante Geral a ser morto em pleno campo de batalha. Coronel João Gualberto morreu juntamente com 09 de seus comandados, somando posteriormente outros 03

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em decorrência dos ferimentos do combate. (ROSA FILHO, p.38 – Episódios da História da PMPR volume I: Combate do Irani).

O Corpo de João Gualberto foi o único a ser recuperado dos campos do Irani e retornado a Capital Paranaense. A ação foi realizada por um grupamento de caçadores do Quartel de Tiro de Rio Branco. Seu funeral foi revestido de verdadeira apoteose em respeito ao herói que foi. Após a missa realizada na Catedral de Curitiba, seu corpo seguiu em cortejo até o cemitério municipal sendo enterrado no mausoléu construído com verbas públicas.

Capitão Antônio Gomes Ferreira – Estava na base em Palmas e ao receber a notícia da

tragédia em Campo do Irani, tentou deslocar com sua coluna para ajudar, porem sendo proibido pelo Chefe de Polícia em Palmas.

Anos mais tarde em novembro de 1914, passaria a comandar a 2ª Companhia do recém-criado Batalhão Tático. Batalhão esse reorganizado do Batalhão de Infantaria com objetivo de colaborar mais eficientemente com a manutenção da ordem, passando a integrar a Coluna Leste estando totalmente às ordens do Exército Brasileiro.

Em missões pela Coluna Leste, esteve ao lado do Major Benjamin Lage no cerrado cerco sofrido na cidade de Papanduva, sendo alvo de seguidos ataques comandados pelos líderes sertanejos Aleixo Gonçalves, Antônio Tavares nos dias 18, 19, 20 e 21 de novembro. Sua bravura na contenção do ataque foi alvo de elogio por parte do Comandante-Geral da época.

Tenente João Alexandre Busse – nascido em 28 de março de 1886, em Curitiba Paraná,

ingressou no Regimento de Segurança, antiga denominação da Polícia Militar do Paraná, em 1º de maio de 1904. Em junho do mesmo ano foi promovido a Anspeçada (antiga graduação militar entre soldado e cabo) e em setembro, a cabo de esquadra. Em 1905 foi graduado como 2º Sargento, por bons serviços prestados, e em 1906 foi promovido a Alferes.

Em 1908 assumiu a diretoria da escola Regimental do Regimento de Segurança. Embrião do que hoje é a Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Academia Policial Militar do Guatupê da Polícia Militar do Estado do Paraná. Em 1933, a escola Regimental da Polícia Militar se dividiu em duas escolas de alfabetização e de ensino militar sendo essa nominada Escola Capitão Busse.

Em 1912 em atuação na campanha do Irani, teve papel de suma importância nos acontecimentos que anteviram o sangrento combate do Irani. Primeiramente tinha a missão percussora das tropas de infantaria de João Gualberto, com objeto de detectar e identificar a localização dos fanáticos. Foi através de Tenente Busse o primeiro contato com os seguidores de José Maria. Enquanto em patrulha de reconhecimento, Busse se deparou com os caboclos José Varella e José Júlio Farrapo, mateiros esses que tinham a missão de repassar uma

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mensagem de que o Monge José Maria queria se conferenciar com o Coronel Domingos Soares. Ainda nos dias antecessores ao conflito mantinha o Coronel João Gualberto atualizado sobre a localização, numerário e armamento dos fanáticos, assim auxiliando o Comandante no processo decisório de ataque ao acampamento dos fanáticos.

Durante o trágico combate do Irani no dia 22 de outubro de 1912, estava ao lado do Sargento Virgílio e o protegeu após o sargento ferir mortalmente o Monge José Maria quando dois caboclos vieram em sua direção para golpeá-lo com facões, sendo o primeiro neutralizado por Busse, porém o segundo conseguiu ferir mortalmente o sargento Virgílio.

Foi o primeiro piloto da aviação paranaense, tendo seu interesse pela mesma despertado ao conhecer e fazer amizade com Tenente aviador Ricardo Kirk. Em 1920 foi ao Estado de São Paulo onde formou-se piloto. Porém em 28 de maio de 1921 veio a falecer em um acidente aéreo em virtude de um plano audaz em que tentou deslocar de Campinas à Curitiba pilotando um avião. Pela Lei n° 15.377, de 15 de janeiro de 2007, a Seção de Transporte Aéreo do Estado do Paraná passou a denominar-se Capitão João Alexandre Busse.

Alferes Joaquim Antônio de Moraes Sarmento – nascido em 17 de maio de 1882 no

Estado do Ceará. Demonstrando desde a tenra infância vocação para o serviço militar ingressou nas fileiras do Exército aonde fez brilhante carreira, militando em prol da recém instituída República. Em 29 de julho de 1907 deixava, no posto de 1º Sargento, o exército para se alistar no Regimento de Segurança do Paraná. Rapidamente galga os postos de Soldado à 1º Sargento, graduação que havia deixado no exército.

Durante sua carreira na polícia militar, desempenhou o cargo de delegado em diversos municípios do Paraná, foi exímio instrutor militar, comandou Batalhão de Infantaria e Cavalaria e assistente geral. Destacou-se bravamente na restauração da ordem interna e um levante dos Sargentos contra a ordem pública.

Em 1912 participou do combate no Irani ao lado do Coronel João Gualberto. Durante a batalha pelos campos contestados. Sarmento foi ferido várias vezes sem que refutasse seu dever de combater. Até que um jagunço conseguiu desferir violentamente uma cutilada no rosto, extirpando-lhe o olho direito. Caído, antes que fosse novamente golpeado dessa vez para a morte, foi salvo pelo Soldado Romão dos Santos que neutralizou o caboclo agressor. Foi promovido por ato de Bravura ao posto de Tenente, permanecendo em combate até o fim do conflito em 1916.

De volta ao Quartel na capital paranaense é promovido ao posto de Capitão em 1921 por merecimento. Agora em atividades internas dedicou-se veemente ao cargo de instrutor de infantaria, elevando extraordinariamente o nível intelectual da Corporação paranaense.

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Em 1924 destaca-se sob o comando do Batalhão de Infantaria do Regimento de Segurança contra insurretos da Revolução de 24, onde militares do exército e das forças públicas estaduais de São Paulo, Amazonas, Mato Grosso marchavam pelo Brasil dando origem a Coluna Miguel Costa-Carlo Prestes.

ROSA FILHO (1998, P. 51) relatou que:

Quando se encontrava à frente dos destinos do 1º Batalhão de Infantaria, eclodiu a Revolução de 1924. Sua atuação frente a esta unidade constituiu-lhe o maior padrão de glórias de toda a sua vida de soldado, valendo-lhe as condecorações e os honrosos elogios que esmaltam a sua brilhante fé-de-ofício, por cuja leitura ficamos conhecendo a maneira digna, elevada a seu mais alto grau, porque soube o Coronel Sarmento honrar o uniforme policial-militar e assinalar a bravura indomável do soldado paranaense.

Logo na saída para a ação, transpondo as fronteiras do Paraná, o seu valor fez-se sentir, enaltecido por seus camaradas e temido por seu inimigo. De São Paulo, depois e travar diversos combates, regressou a Irati, marchando a seguir para Catanduvas, onde tomou parte na violenta batalha da Serra dos Medeiros, e para outras localidades do interior do Paraná.

Assim foi que, admirado com a sua obra, entusiasmado com a sua grande abnegação, o Governo do Estado promoveu-o, mesmo antes de terminar a revolução, ao posto de major, por comprovada bravura.

Pelos relevantes serviços prestados à pátria, após oito meses em destemida marcha pelos sertões paranaenses, e 25 de julho de 1925 é promovido ao posto de Tenente-Coronel.

Em 27 de julho de 1927 é reformado e no posto de Coronel deixa as fileiras da atividade da Polícia Militar do Paraná.

Vindo a falecer em 1934, Coronel Joaquim Antônio de Moraes Sarmento foi elevado ao patronato da instituição a que dedicou sua vida, reconhecido pela sua trajetória briosa ante a corporação que escolheu para triar a sua carreira.

Segundo Sargento Joaquim Virgílio da Rosa – Nascido em 1876 no Paraná e ingressou

na corporação em 1899. Em 22 de outubro de 1912 Virgílio foi quem matou o Monge José Maria durante no combate do Irani. Porém logo após acertar o líder religioso, foi morto por um caboclo que também foi morto em seguida pelo Soldado Antônio Félix Patrício. O Sargento foi promovido post mortem ao posto de Alferes.

ROSA FILHO (1998, p. 32) relatou que:

Nos últimos momentos de luta, quando os fanáticos já tinham convergido pela esquerda, atacando também pela retaguarda, o sargento Joaquim Virgílio da Rosa avistou o monge que, ostentando um chapéu de pelo de jaguatirica e uma cruz verde no peito, destacava-se entre os demais, e abateu-o com certeiros tiros de revólver. O valente sargento, que cavalgava à direita do Tenente Busse, foi atacado por dois

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fanáticos, um dos quais procurou feri-lo por detrás, mas caiu alvejado pelo oficial. O outro conseguiu atingi-lo com o facão, derrubando-o de sua montaria, já agonizante.

Segundo Sargento Cantídio da Costa Moreira - atuou no combate do Irani sob o

comando do Alferes Joaquim Antônio de Moraes Sarmento. No ataque das tropas estaduais ao acampamento do Monge José Maria, teve diversos ferimentos na cabeça, na omoplata e pulsos, produzidos por facão e tiros. Sendo efetivado na graduação de segundo sargento, por ato de bravura, Cantídio foi reformado em 26 de julho de 1913 no posto de Alferes, por sofrer de moléstia adquirida em serviço de campanha no Irani.

3.5 MILITARES DO EXÉRCITO

General Fernando Setembrino de Carvalho – nascido em Uruguaiana no Rio Grande

do Sul em 13 de setembro de 1861, era homem de confiança do Presidente da República Marechal Hermes da Fonseca, atuou na Revolução Federalista e comandou tropas na Revolta de Canudos, esse último conflito com características semelhantes ao Contestado. Setembrino exímio comandante que era comandou a força federal no Contestado de setembro de 1914 a maio de 1915, sendo que sua expedição militar foi a maior potência bélica registrada contra os rebeldes.

Segundo Rogério Rosa Rodrigues, Setembrino de Carvalho preocupado em demonstrar o envolvimento dos militares na política nacional procurou através de seus soldados enaltecer a Primeira República, vangloriando símbolos nacionais como a bandeira nacional, miliares que se destacaram para o desenvolvimento do Brasil (Tiradentes e os Proclamadores da República), através da instituição de um calendário cívico no campo de batalha incluindo comemorações do dia da Bandeira, Batalha do Tuiuti, Proclamação da República, aniversário da Constituição Republicana e dia de Tiradentes.

Objetivando manter a hierarquia e a disciplina determinou aos seus soldados incorporados ao efetivo combatente no Contestado, sem treinamento adequado, que cantassem diariamente os hinos “máxime o nacional, da república e da Bandeira”, ainda nas cerimônias festivas cívicas eram lidos texto de autoria do comandante da força militar. Tais ações se davam pela preocupação de que seus soldados incutissem o amor à pátria, o espírito de sacrifício e abnegação, uma vez que foram incorporados ao exército às pressas para complementação e expansão do exército. Assim os soldados que ali estavam eram guerreiros conscritos, ou seja, combatiam por obrigação e não por voluntariado, características dos fanáticos.

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O plano de Setembrino que conseguiu pôr fim aos ataques insurgentes dos caboclos foi posto em prática com a distribuição das tropas de segurança em quatro linhas distintas. As chamadas Coluna Norte, Sul, Leste e Oeste, cada coluna seria baseada no município mais povoado de sua região. Com plano de ação sua estratégia consistia em realizar um grande cerco aos redutos dos insurgentes e aos poucos fazendo com que eles se concentrassem em alguns poucos para então realizar ataques maciços.

Após o sucesso na Campanha do Contestado, Setembrino de Carvalho regressou ao Rio de Janeiro onde teve papel relevante na repressão contra o movimento Tenentista de 1922, conhecido nacionalmente como os 18 do forte. Ainda retornaria a região sul para intervir na Revolução de 1923, obtendo sucesso em sua missão com o armistício “paz de Pedras altas”. Devido à sua competência e conhecimento político chegou ao posto de Marechal em 1924, deparando-se com um novo movimento com foco em São Paulo, Paraná e demais Estados brasileiros, através da coluna Miguel Costa-Carlos Prestes. Em 1926 agostou-se da vida pública permanecendo no Rio de Janeiro até a sua morte em 24 de maio de 1947.

General Carlos Frederico de Mesquita – filho de militar, nasceu em 10 de dezembro

1853. Com 16 anos de idade, em 1869, ingressou como soldado no exército indo atuar na Guerra do Paraguai. Antes de atuar na Guerra do Contestado, Carlos Frederico atuou na Revolução Federalista de 1892 como Capitão. Já no posto de Major integrou a 4ª Expedição na Guerra de Canudos sendo ferido em combate e dois anos mais tarde promovido por ato de bravura ao posto de Tenente-Coronel.

Em maio 1914 já promovido ao posto de General, foi o primeiro neste posto a comandar uma ofensiva contra os rebeldes do Contestado. Tentou sem êxito dispersar pacificamente os religiosos do reduto de Santo Antônio, após o fracasso ordenou um ataque feroz com duração de dois dias de intenso tiroteio resultando no aniquilamento do reduto em 16 de maio de 1914, paralelamente a um surto de tifo no reduto de Caragoatá. Assim com os dois povoados dissipados, encerrou sua participação na Campanha do Contestado com a dissolução de sua coluna a seu pedido por entender que seus soldados e os meios a eles fornecidos eram precários. Ainda entendia que a questão não era de soberania nacional, mas de preservação da ordem pública de responsabilidade dos Estados.

Após sua participação no Contestado retornou ao Estado do Rio Grande do Sul até se aposentar por limite de idade no posto de Marechal. Mesquita faleceu em 10 de junho de 1933 aos 80 anos de idade.

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Capitão Antônio Teixeira de Matos Costa – nascido em 1875, no Estado do Rio de

Janeiro, sendo um militar exemplar. Serviu no Rio Grande do Sul, lutou em Canudos. Substituiu o General Carlos Mesquita no comando das forças federais de maio de 1914 até agosto do mesmo ano.

Competente, distinto e zeloso, foi diversas vezes elogiado por seus superiores. Por ser um militar muito sério procurou entender as razões dos conflitos, assim disfarçado de mascate, entrou em contato com os sertanejos para ouvir suas reclamações. E após concluiu que se tratava uma questão de luta pela terra e não de ataque ao sistema de governo.

RODRIGUES, Apud MACHADO (2012, p. 249) relatou que:

A revolta do Contestado é apenas uma insurreição de sertanejos espoliados nas suas terras, nos seus direitos, na sua segurança. A questão do Contestado se desfaz com um pouco de instrução e o suficiente de justiça, como um duplo produto eu ela é da violência que revolta e da ignorância que não sabe outro meio de defender o seu direito.

Com senso justo e crítico deslocou à cidade do Rio de Janeiro para denunciar abusos que vinham ocorrendo por parte do Coronel Fabrício Vieira, envolvido em derrama de dinheiro falso e atrocidades contra os caboclos através de seus jagunços. Também denunciou a conivência por parte dos Estados conflitantes Paraná e Santa Catarina em relação à violência abusiva dos coronéis locais, as ações oportunistas da Brazil Lumber Company e de politicagem grosseira que imperava na região. Mesmo após denúncias graves as autoridades ainda tratavam a guerra como caso de polícia e reestabelecimento da ordem.

Ao retornar do Rio de janeiro, Matos Costa esperançoso em conseguir um acordo com os revoltosos tenta uma mediação, com resultado infrutífero. Em 06 de setembro de 1914 após realizar um reconhecimento com uma tropa do exército na cidade de Caragoatá, Matos Costa recebe ordem para guarnecer a cidade de Porto União da Vitória. Porém no seu caminho para a cidade na estação de São João foram apanhados em uma emboscada preparada pelos jagunços, onde o Capitão e toda sua tropa foram mortos. Matos Costa foi enterrado em Curitiba em 15 de setembro de 1914.

Venuto Baiano, o fanático que o matou, foi morto depois pelos próprios companheiros, pois o Capitão Matos Costa era considerado um simpatizante e um importante aliado da causa sertaneja.

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Capitão Tertuliano Albuquerque Potyguara – nascido em 27 de abril de 1873 no

município de Sobra no Estado do Ceará, ingressou na carreira militar em 1889. Era amigo pessoal de Floriano Peixoto, antes de atuar na guerra do Contestado também atuou na Revolta da Vacina no Rio de Janeiro. Potyguara tinha postura ofensiva quando atuava em campanhas pelo exército, adotava a tática de terra arrasada e não fazia prisioneiros.

Militar competente de temperamento autoritário e ácido, teve papel fundamental no encerramento do conflito do Contestado, foi o comandante da Coluna Norte das forças militares de Setembrino de Carvalho. Com sua a coluna arrasou o acampamento de Santa Maria. (Fonte: AURAS, Marli, p. 138, Guerra do Contestado: organização da irmandade cabocla).

Após o Contestado combateu na Revolta Paulista de 1924 e 08 anos depois na Revolta Constitucionalista de 1932. Faleceu no Rio de Janeiro aos 84 anos em 30 de julho de 1957 após um atentado a bomba.

Tenente Ricardo Kirk - foi o primeiro oficial do Exército Brasileiro a aprender a pilotar

aviões. Brevetou-se em 22 de outubro de 1912, na École d'Aviation d'Etampes, na França. O oficial morreu durante a Guerra do Contestado no dia 1º de março de 1915, data oficializada como a primeira tentativa de aplicar o avião em uma missão militar. O trágico acontecimento foi registrado no pioneirismo da aviação militar brasileira. Kirk tinha 39 anos, quando o avião que pilotava caiu durante o vôo. Após a morte de Kirk, os militares desistiram de usar aviões no conflito.

Outros militares também contribuíram durante o conflito do Contestado, dentre eles o Coronel Antônio Sebastião Basílio Pyrhro imbuído de comandar a tropa miliar logo após o fatídico combate do Irani. Tenente-Coronel Duarte Aleluia Pires realizou um ataque ao município de Taquaruçu reduto dos fanáticos após aproximadamente 01 ano do combate no Irani. Tenente-Coronel Onofre Ribeiro, comandou a Coluna Norte fazendo parte da estratégia vitoriosa da operação de Setembrino. Coronel Júlio César Gomes da Silva comandou a Coluna Leste, única coluna a receber reforços de tropas do Regimento de Segurança paranaense. Tenente-Coronel Francisco Raul d´Estillac Leal comandou a Coluna Sul das tropas militares, a primeira tropa a realizar o ataque final ao reduto de Santa Maria.

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4 CONCLUSÕES

Ao lermos este artigo científico fica clara a complexidade que envolveu a questão do Contestado. Conflito que se encerrou somente após arbitragem do Governo Federal representado pelo Presidente da República Wenceslau Braz, o qual partilhou as terras contestadas entre o Estado do Paraná e o Estado de Santa Catarina.

Durante todo o seu período de conflito, muitos foram os personagens que se destacaram. O leitor certamente surpreendeu-se em saber que muitos que ali atuaram posteriormente continuaram suas carreiras de maneira briosa, e alguns estão justamente homenageados, dando seus nomes à diversas ruas, logradouros e instituições na cidade de Curitiba.

Em situações de conflitos é que valorosas características humanas afloram. Militares aqui elencados possuidores dessas características, marcaram a história não só por participarem do conflito, mas porque eram brilhantes guerreiros.

Como exposto neste artigo, participaram deste sangrento combate experientes militares que atuaram nos mais importantes episódios da formação do Brasil, entre eles a Revolução Federalista e a Proclamação da República, outros que com sua experiência adquirida nos combates do Contestado, consolidaram o regime republicano que estava em questionamento naquela época.

Por fim após pontuados os principais militares do Exército e da Polícia Militar do Paraná, é possível concluir que o principal militar a contribuir para o fim do conflito foi o General Setembrino de Carvalho que com sua experiência de Canudos e da Revolução Federalista, soube conduzir com maestria as manobras militares importantes para que o conflito tivesse o fim desejado. Ao assumir o comando das tropas mudou a estratégia de combate criando 4 colunas de combate com objetivos de cortar as linhas de comunicação, mantimentos e logística dos sertanejos, minando suas forças e consequente resistência.

Não se pode excluir de menção o brio, valentia e forte sentimento arraigado de luta e perseverança demonstrados pelos sertanejos citados, na defesa daquilo que acreditavam ser o justo e pelo qual valia o sacrifício de suas vidas.

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REFERÊNCIAS

AURAS, Marli. Guerra do Contestado: A Organização da Irmandade Cabocla. Editora UFSC, Florianópolis, 2001.

FIGUEREDO, Vagner Melo. Sertanejos do Contestado: a disputa pela memória do movimento e seus sujeitos. Artigo Científico, UNIOESTE, Mal. Cândido Rondon, 2014.

FILHO, João Alves da Rosa. Episódios da História da PMPR volume I: Combate do Irani. Associação da Vila Militar, Curitiba, 1998.

FILHO, João Alves da Rosa. Episódios da História da PMPR volume II: Campanha do Contestado. Associação da Vila Militar, Curitiba, 1998.

MOCELLIN, Renato. Pelados X Peludos: Massacre dos Xucros. Do Autor, Curitiba, 2015.

PELLIZZARO, Reinaldo Assis. Guerra do Contestado: Linguagem dos Caboclos. Edipel, 2014.

RODRIGUES, Rogerio Rosa. É doce e honroso morrer pela pátria? Rituais cívicos e disciplina militar na guerra do Contestado. Revista Esboços, Florianópolis v.19 p.31-48, 2012.

RODRIGUES, Rogerio Rosa. Animotógrafo da guerra: Canudos e Contestado e a fotografia militar no Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém. V. 9, n.2, p. 308-401, mai/ago, Belém, 2014.

RODRIGUES, Rogério Rosa. Estilhaços da violência: A guerra do Contestado e a memória Oficial. Revista Contemporânea – Dossiê Guerras e Revoluções no Século XX, a.5, n.8, v.2, ISSN [2236-4846], 2015.

RODRIGUES, Rogério Rosa. Um espectro ronda os sertões: Contestado e Canudos e o trem da história. História e Cultura, v.1, n.2, p.32-50, jul/dez, UECE, 2013

VALENTINI, Delmir José. Da Cidade Santa à Corte Celeste: Memórias de Sertanejos e a Guerra do Contestado. UnC, Caçador, 2003.

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