Henrique Meirelles Ministro da Fazenda Ministério da Fazenda agosto de 2016
Fiscal do Brasil
O Novo Regime Fiscal
•
Expansão dos gastos da União nos próximos 20 anos não
pode ser superior à inflação
•
Limite individual para: Executivo, Legislativo, Judiciário,
Ministério Público e Defensoria Pública
•
Isenção para transferências intergovernamentais, Fundeb e
despesas inesperadas ou de caráter eventual
•
Limite mínimo de saúde e educação passa a ser corrigido
pela inflação (proteção a estes setores)
•
Não
há
punição
ou
paralisia
dos
programas:
descumprimento dispara medidas automáticas de controle
de despesas no ano seguinte
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A Crise Econômica
• O Brasil está em uma crise econômica sem precedentes.
• Solucionar a crise e voltar a crescer é a mais importante
POLÍTICA SOCIAL que precisamos colocar em prática para
recuperar emprego e renda.
• Sem crescimento econômico, a pobreza e a desigualdade vão
aumentar e as pessoas não vão melhorar de vida de forma
definitiva. Não vão passar para um patamar de bem estar
mais alto. O Brasil não será um país desenvolvido e justo.
A maior recessão dos séculos XX e XXI
-10 -5 0 5 1015 PIB - variação real anual %
1929-33 - 5,3 1980-83 - 6,3 1989-92 - 3,4 2015-16 - 7,0 Fonte: IBGE
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Queda de 16% no PIB per capita, desemprego e inflação
dobraram
30,5 30,3 28,9 25,7 23,0 24,0 25,0 26,0 27,0 28,0 29,0 30,0 31,0 2013 2014 2015 2016PIB per capita (R$ mil de 2014)
6,4% 11,2% 6% 7% 8% 9% 10% 11% Taxa de desocupação (%) 4,3 5,9 6,5 5,8 5,9 6,4 10,7 8,74 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 12m até jul/16 IPCA (% ao ano) Fonte: IBGE Fonte: LCA-Consultoria
Os pobres são os maiores prejudicados: taxa de desemprego em cada décimo de renda domiciliar per capita, Brasil - 2014
20,6% 15,0% 12,6% 9,8% 6,8% 5,3% 4,0% 2,8% 2,6% 1,9% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto Sétimo Oitávo Nono Décimo
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A nossa crise decorre de razões domésticas.
Não se trata de consequência de uma crise externa.
-6,0 -4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 V en ez u ela B rasil Rússia Amé ric a Lat in a e Carib e Itá lia Grécia Arge n tin a* Po rt u gal Áf ric a d o Su l B ot sw an a Chile Eq u ad o r Uru gu ai Esp an h a M éx ic o Pe ru Core ia d o Su l C ost a R ic a Egit o Po lôn ia Tu rq u ia Pa ragu ai Pa íse s d e re n d a méd ia B o lívia In don ésia Filip in as V ie tn am Irlan da China In d ia
Crescimento médio do PIB em 2014-2015
Fonte: Banco Mundial * Apenas 2014
Razões
• Abandono da prudência fiscal
• Desonerações fiscais seletivas
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A taxa de investimento e confiança dos empresários desabaram e o
risco Brasil disparou -
perda do grau de investimento em setembro de 201521,56% 16,90% 15,00% 16,00% 17,00% 18,00% 19,00% 20,00% 21,00% 22,00% FBCF - % PIB 0 100 200 300 400 500 600 31/01/2011 31/01/2012 31/01/2013 31/01/2014 31/01/2015 31/01/2016 CDS - Brasil
Fonte: Sistema de Contas Nacionais - IBGE Fonte: Bloomberg
Fonte: CNI 28,00 38,60 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 55,00 ja n /12 m ar /12 m ai/12 jul/12 set/12 n o v/ 12 ja n /13 m ar /13 m ai/13 jul/13 set/13 n o v/ 13 ja n /1 4 m ar /14 m ai/14 jul/14 set/14 n o v/ 14 ja n /15 m ar /15 m ai/15 jul/15 set/15 n o v/ 15 ja n /1 6 m ar /16 m ai/16 jul/16
Uma condição necessária para sair da crise é a criação de
condições para a retomada do investimento
• Governança de estatais, fundos de pensão e bancos públicos • Fortalecimento das agências reguladoras
• Concessões de infraestrutura
• Recuperação da confiança na estabilidade da dívida pública • Redução sustentada da taxa de juros de equilíbrio da economia
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A PEC 241/2016 faz parte dessa estratégia
• Recobrar o equilíbrio fiscal com visão de longo prazo
• Criar regras que contenham a pressão por expansão do gasto
além da capacidade de pagamento do governo
2,1% 1,8% 1,4% -0,4% -2,0% -3,0% -2,0% -1,0% 0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Resultado primário do Governo Central
(% do PIB)
Fonte: STN Fonte: Bacen
51,69% 66,52% 50% 52% 54% 56% 58% 60% 62% 64% 66% 68% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Dívida Bruta do Governo Geral
13 0 10 20 30 40 50 60 70 80
Chile Peru Turquia Equador Bolívia China Economias emergentes
Venezuela Colombia África do Sul
México Argentina Economias emergentes
- América Latina
Índia Brasil
Dívida Bruta do Governo Geral - 2015 (% do PIB)
A Dívida Líquida e o seu alto custo
• A Dívida Líquida do Setor Público também vem crescendo fortemente: passou de 33,1% do PIB em 2014 para 42% do PIB em junho de 2016.
• Isso decorre não apenas do crescimento da dívida bruta, mas também do alto custo da dívida líquida, que passou de 19% a.a. em 2014 para 24% a.a. em 2016. • A dívida líquida é calculada deduzindo-se da dívida bruta os créditos do Governo,
principalmente as reservas internacionais e os créditos junto ao BNDES. Como esses créditos têm remuneração menor que as taxas de mercado, o Governo acaba pagando pelos seus débitos um custo maior do que recebe pelos seus créditos. O resultado é uma taxa final para a dívida líquida muito elevada.
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Não podemos resolver o problema do déficit e da dívida por meio
de aumento de impostos, porque a nossa carga tributária já está
entre as mais altas do mundo.
Fonte: Heritage Foundation
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Fonte: Heritage Foundation 31,5 38,6 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0
BRICS (exceto Brasil) Brasil
Gasto público (% do PIB) - 2015
Fonte: STN 13,0% 14,0% 15,0% 16,0% 17,0% 18,0% 19,0% 20,0% 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15
Despesa Primária do Governo Central: 1997-2015 (% PIB)
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Despesa primária do Governo Central : 2011-2015 (% do PIB)
15,0% 15,5% 16,0% 16,5% 17,0% 17,5% 18,0% 18,5% 19,0% 19,5% 2011 2012 2013 2014 2015 16,6% 16,7% 17,2% 18,1% 19,5%
• De 1991 a 2015, a despesa primária do governo central
passou de 10,8% para 19,5% do PIB = crescimento de 8,7
pontos de percentagem do PIB.
• Desde o início da década de 1990, nenhum governante
conseguiu reduzir a despesa primária do governo central
como porcentagem do PIB.
• Há portanto, um desequilíbrio estrutural das contas publicas
no Brasil, que foi agravado no período recente pela recessão
e crescimento conjuntural do gasto público nos últimos anos.
Crescimento da Despesa Primária do Governo Central
1991 a 2015
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Crescimento da Despesa Primária em Pontos de
Porcentagem do PIB de 1991 a 2015
0,4 5,6 1,0 0,8 1,0 8,7 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Pessoal Previdência, Assistência Social, Seguro Desemprego e Abono Custeio Saúde e EducaçãoSubsídios Outros Total
• O desequilíbrio fiscal atual é forte.
• Precisamos de ajuste gradual, porém persistente e crível.
• Essa é a ideia básica da PEC: o gasto crescerá no máximo pela
variação da inflação por 10 anos, e o Congresso definirá os 10
anos seguintes.
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Como o reequilíbrio das contas ajudará na retomada do
crescimento econômico:
• Aumento da confiança
• Retomada do investimento privado • Crescimento econômico
• Emprego e renda
• Mais recursos disponíveis para investimento e consumo • Queda de juros estrutural
Como o reequilíbrio das contas ajudará na retomada do
crescimento econômico: o esgotamento do estímulo fiscal ao
crescimento
A experiência internacional mostra que o impacto dos gastos públicos na atividade econômica, no longo prazo:
• É fortemente negativo em países com dívida pública superior
a 60% do PIB (quando a dívida é alta, aumentos nos gastos
públicos sinalizam uma crise de pagamento da dívida e um provável ajuste abrupto, com forte elevação de tributos, não pagamento de despesas essenciais, desorganização do setor público – isso afeta as expectativas dos agentes econômicos, que se retraem e não investem e/ou retiram seu capital do país.)
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Como fazer um ajuste bem sucedido?
A experiência internacional mostra que um ajuste das contas públicas bem sucedido e com impacto positivo sobre o crescimento de longo prazo é aquele que:
• Coloca ênfase na contenção da despesa.
• Tem longa duração e enforque de longo prazo, em vez de constituído por medidas pontuais de ajuste, passíveis de reversão
• Anúncio antecipado e persistência na obtenção dos resultados ano a ano Em ajustes dessa natureza, a confiança das empresas e dos consumidores reage fortemente, permitindo a recuperação do investimento e do crescimento. Os investimentos crescem e impulsionam a economia.
Como fazer um ajuste bem sucedido?
Estudo recente do Banco Mundial conclui que:
• Regras de controle de despesa estimulam um melhor padrão de gastos, especialmente se acompanhadas de melhoria na gestão das finanças públicas.
• Limites para a despesa funcionam melhor que metas de superávit fiscal, particularmente se estiverem claramente definidas na legislação.
• Países que adotam ou adotaram, em período recente, tetos para a despesa pública: Argentina, Austrália, Botsuana, Bélgica, Bulgária, Canadá, Croácia, Dinamarca, Finlândia, França, Hungria, Islândia, Japão, Kosovo, Luxemburgo, Mongólia, Namíbia, Países Baixos, Peru, Polônia, Rússia, Espanha, Suécia e Estados Unidos.
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Gasto mínimo com saúde e educação
• A vinculação da despesa à receita é ineficiente
• A vinculação da despesa à receita nem sempre gera um limite mais alto
• A regra atual não protege os setores em momentos de crise
86,6 84,7 89,0 91,7 82,8 87,7 93,3 103,2 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 2013 2014 2015 2016
Limite mínimo do gasto em saúde pelos critérios de PIB, RCL e IPCA
(R$ bilhões de 2016)
13,2% RCL IPCA ano base
Fontes: Relatório Resumido de Execução Orçamentária (STN), vários números, IPEADATA.
A PEC e os gastos em saúde e educação
• A PEC só altera a fórmula de cálculo do limite mínimo de gastos.
Não obriga qualquer redução de gastos.
• Em ambos os setores o gasto está bastante acima do mínimo, e não
será cortado abruptamente.
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