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CoordenaçãoGeral de Tributação
Solução de Consulta nº 78 Cosit Data 28 de março de 2014 Processo Interessado CNPJ/CPF
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE A RECEITA BRUTA (CPRB). EMPRESAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (TI) E DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC). BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. CARÁTER OBRIGATÓRIO.
A receita bruta que constitui a base de cálculo da contribuição previdenciária a que se refere o art. 7.º da Lei n.º 12.546, de 2011, compreende: receita decorrente da venda de bens nas operações de conta própria, a receita decorrente da prestação de serviços em geral e o resultado auferido nas operações de conta alheia.
Não se computa, nessa base de cálculo, o ajuste de que trata o inciso VIII do art. 183 da Lei nº 6.404, de 1976, e excluemse os valores correspondentes: a) às vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; b) à receita bruta de exportações; c) à receita bruta decorrente de transporte internacional de carga; d) ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, se incluído na receita bruta; e) ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário.
Outras receitas, porventura auferidas pela pessoa jurídica sujeita ao recolhimento da CPRB, tais como receitas financeiras, variação cambial, recuperação de despesas, aluguéis, não compõem a base de cálculo da contribuição. A contribuição substitutiva a que se refere o art. 7.º da Lei nº 12.546, de 2011, é obrigatória para as pessoas jurídicas contempladas nesse artigo. EMPRESAS MISTAS. BASE DE CÁLCULO PROPORCIONAL. As empresas consideradas mistas, isto é, que auferem receitas decorrentes da prestação de serviços de TI e de TIC na forma estabelecida no art. 7.º da Lei n.º 12.546, de 2011, e de outras atividades não submetidas à contribuição substitutiva, deverão recolher: a) a contribuição previdenciária sobre a receita bruta mediante a aplicação da alíquota de
dois por cento (dois e meio por cento até 31 de julho de 2012) sobre a parcela da receita bruta correspondente às atividades de TI e TIC; e b) a contribuição previdenciária patronal sobre a folha de pagamento prevista nos incisos I e III do art. 22 da Lei n.º 8.212, de 1991, calculada pela aplicação da alíquota de 20% sobre o valor total das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a serviço da empresa, aplicandose, sobre o resultado, o percentual resultante da razão existente entre a receita bruta de atividades não sujeitas à substituição e a receita bruta total, devendo, nesta última, serem computadas as receitas de exportação.
Não se aplica o regime misto quando a receita bruta decorrente de outras atividades desenvolvidas pela empresa for igual ou inferior a 5% da receita bruta total, sendo a contribuição previdenciária calculada sobre a receita bruta total auferida no mês.
As empresas de TI e TIC que se dediquem também a outras atividades deverão segregar meticulosamente as receitas provenientes dos serviços de TI e TIC daquelas decorrentes de outros serviços, mantendo registro discriminado de sua origem, a fim de que seja possível a correta utilização da desoneração fiscal de que aqui se trata.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL.
Não se aplica a disciplina estabelecida no art. 8.º da Lei n.º 12.546, de 2011, à pessoa jurídica equiparada a estabelecimento industrial que não realizar qualquer das operações de industrialização indicadas no art. 4.º do Decreto 7.212, de 2010 (Ripi/2010), o que implica o recolhimento das contribuições previdenciárias previstas no art. 22, incisos I e III, da Lei n.º 8.212, de 1991.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA,
TREINAMENTO E ASSESSORIA E CONSULTORIA EM
INFORMÁTICA.
Os treinamentos visando à capacitação de funcionários (xxx) de (xxx) clientes em máquinas e programas de computador não se confundem com os serviços de assessoria e consultoria em informática, porquanto estes são serviços de tecnologia da informação, ao passo que aqueles se enquadram no conceito de atividades de ensino. Dispositivos Legais: Constituição Federal, 1988, art. 149, § 2.º, inc. I; Lei n.º 8.212, de 1991, art. 22 e 30; Lei n.º 11.774, de 2008, art. 14; Decreto n.º 3.000, 1999 (RIR/1999), arts. 279, 373, 374, 375, 377 e 378; Decreto nº 7.212, de 2010 (RIPI/2010), arts. 4º, 8º e 9º e 609; Lei n.º 12.546, de 2011, arts. 7.º a 9.º e 52; Lei n.º 12.715, de 2012, arts. 55 e 78; Medida Provisória n.º 563, de 2012; Medida Provisória n.º 634, de 2013; Lei n.º 12.844, de 2013, art. 13; Decreto n.º 7.828, de 2012, arts. 2.º, 4.º e 5.º; IN RFB n.º 1.110, de 2010; IN RFB n.º 1.436, de 2013; Parecer Normativo n.º 3, de 2012; ADE Codac n.º 86, de 2011; ADE Codac n.º 93, de 2011, e ADE Codac n.º 33, de 2013.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
PROCESSO DE CONSULTA. INEFICÁCIA PARCIAL.
O processo de consulta destinase a dirimir dúvidas do sujeito passivo acerca da interpretação de dispositivos da legislação tributária, não se prestando a fornecer orientações procedimentais ou a enquadrar a pessoa jurídica em qualquer sistemática de tributação. Dispositivos Legais: IN RFB n.º 1.396, de 2013, art. 1.º e art. 18, incisos VII e XIV.
Relatório
A interessada, pessoa jurídica acima identificada, por meio de seu Procurador devidamente identificado, a partir da referência aos serviços por ela prestados que entende se enquadrarem no conceito de “Tecnologia da Informação” – TI e “Tecnologia da Informação e Comunicação” – TIC, nos termos do artigo 14, parágrafos 4.º e 5.º da Lei n.º 11.774, de 17 de setembro de 2008, e aos quais se aplicam o contido na Lei n.º 12.546, de 14 de dezembro de 2011, e MP n.º 563, de 03 de abril de 2012 (doc. 03), formula consulta sobre a utilização da nova sistemática de cálculo das contribuições previdenciárias sob à luz dessa referida lei. 2. Explica, sob o enfoque da Lei n.º 12.546, de 2011, que, no caso das empresas
prestadoras exclusivas de serviços de TI e TIC, ficou estabelecida, até 31 de Dezembro de 2014, uma alíquota de 2,5% que passou a 2% com a edição da MP n.º 563, de 2012 sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos e as receitas oriundas de exportação, para o cálculo das contribuições previdenciárias devidas; por outro lado, em se tratando de empresas que, também, praticam outras atividades – (xxx) o cálculo das contribuições previdenciárias deve ser feito de forma proporcional (artigo 9.º, § 1.º), com a exclusão da receita de exportação da base de cálculo (artigo 9.º, inciso II).
3. Prossegue, nos mesmos parâmetros, especificando as alíquotas a serem
aplicadas e as exclusões permitidas, no caso de empresas fabricantes de produtos listados no Anexo da norma legal em comento, bem como em relação àquelas empresas que se dedicam a outras atividades, como é o seu caso como equiparada à industrial. 4. Relembra os motivos da promulgação da Lei n.º 12.546, de 2011, e da MP n.º 563, de 2012 – incentivar as empresas de determinados setores econômicos a se recuperarem da crise econômica que vem abalando o cenário mundial – para ressaltar, por meio de cálculos exemplificativos, que, dependendo do valor da receita bruta e da folha de salários, a nova
forma de recolhimento será um malefício, e concluir que essa nova sistemática seria uma faculdade para os contribuintes e não uma obrigatoriedade (grifos do original).
5. Conclui, com relação ao tema “aferição da base de cálculo e exclusão das
receitas de exportação” passando pela análise do conceito de “receita bruta total” que, nos termos do artigo 9.º, inciso II, da Lei n.º 12.546, de 2011, tais receitas devem ser excluídas quando for apurado o valor da contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta do serviço de TI/TIC.
6. Entende, com base no artigo 14, §§ 4.º e 5.º, da Lei n.º 11.774, de 2008, ao discutir o “enquadramento do serviço de “Treinamento” como serviço de TI/TIC” – (...) que o serviço de treinamento consiste num serviço de “assessoria e consultoria em informática”, devendo, portanto, ser agregado aos demais serviços de TI/TIC por ela desenvolvidos. 7. (xxx). 8. (xxx). 9. Sob esse prisma, apresenta as seguintes indagações: a) A Receita Federal ratifica o entendimento da Consulente no sentido de que a nova forma de recolhimento previdenciário seria uma faculdade do contribuinte? A Receita Federal ratifica o entendimento de que a Consulente poderá deixar de utilizar a forma substitutiva de recolhimento previdenciário nas competências em que a nova sistemática lhe for desfavorável?
b) A Receita Federal ratifica o entendimento da Consulente no sentido de que os valores decorrentes da "receita de exportação" não deverão ser considerados como parte do valor da "receita bruta total" para calcular o percentual estabelecido no art. 9°, §1.°, II, da Lei n.°. 12.546/2011, visto que as "receitas de exportação" estão expressamente excluídas da base de cálculo das contribuições previdenciárias?
c) A Receita Federal ratifica o entendimento da Consulente no sentido de que o serviço de "treinamento" por ela realizado configura em nítido serviço de "tecnologia da informação" TI e "tecnologia da informação e comunicação" TIC?
d) A Receita Federal ratifica o entendimento da Consulente no sentido de que a pessoa jurídica equiparada à industrial poderia ser considerada fabricante para fins de cálculo das contribuições previdenciárias de acordo com a sistemática prevista na Lei n° 12.546/12? Além disso, a Receita Federal ratifica o entendimento da Consulente no sentindo de que esta poderá se beneficiar, se for o caso, da nova forma de recolhimento
previdenciário previsto nos artigos 7.o, 8.o e 9.o da Lei n.° 12.546/2011? (grifos do
original).
e) A Receita Federal ratifica o entendimento da Consulente no sentido de que a forma correta para declarar e recolher as contribuições previdenciárias em GFIP/SEFIP seria utilizar o campo "compensação" para refletir a diferença existente entre a o valor da contribuição previdenciária apurado nos termos do artigo 30 da Lei n.°. 8.212/91 e o valor da contribuição previdenciária apurado nas formas dos artigos 7.o, 8.o e 9.° da Lei n.° 12.546/2011? f) A Receita Federal ratifica o entendimento da Consulente no sentido de que a Guia da Previdência Social — GPS gerada automaticamente pelo sistema GFIP/SEFIP deverá ser desprezada, devendo ser preenchidas novas guias de recolhimento, manualmente, com os valores efetivamente devidos sobre cada parcela, devendo ser utilizada GPS e DARFs para cada parcela?
g) A Receita Federal ratifica o entendimento da Consulente no sentido de que os valores devidos a título de contribuição previdenciária deverão ser recolhidos: (a) em GPS única (para cada estabelecimento), sob o código de recolhimento "2100", ante a ausência de criação de código de recolhimento específico para esta hipótese, sobre a parcela relativa à folha de salários; e (b) em DARFs, de forma única e centralizada, sobre a parcela relativa à receita bruta dos serviços de TI e TIC e outra sobre a
parcela relativa à importação de produtos listados nos Anexos I e II do Decreto nº. 7.828/2012 (nos casos em que a nova forma de recolhimento for favorável à Consulente)?(grifos do original).
10. xxxxx
11. Por fim, insere a seguinte indagação:
h) A Receita Federal ratifica o entendimento da Consulente no sentido de que os valores decorrentes de "receitas financeiras" não deverão integrar o conceito de "receita bruta total" e, dessa forma, não deverão ser incluídas na base de cálculo das referidas contribuições?
12. Acrescenta, no tocante ao enquadramento do serviço de “treinamento” como
serviço de TI/TIC – “assessoria e consultoria em informática – Lei n.º 11.774, de 2008, artigo 14, § 4.º, inciso VI – que o Projeto de Lei n.º 3.647, de 2012, propõe a inclusão do serviço de “treinamento em informática” no rol de serviços de TI/TIC, com a justificativa de que, (xxx), (xxx) os especialistas da área não sabem se a expressão "treinamento em informática" referese apenas a cursos de informática (...). É o Relatório.
Fundamentos
13. (xxx).14. Preliminarmente, cabe informar que a finalidade do processo de consulta,
disciplinado pela Instrução Normativa RFB n.º 1.396, de 2013, destinase unicamente a dirimir dúvidas, nos termos em que foi relatada, do sujeito passivo acerca da interpretação de determinada norma tributária aplicável a situações por ele vivenciadas e cujo sentido pareça lhe dúbio, obscuro ou de difícil compreensão. Por conseguinte, esta Solução de Consulta terá, como base, as informações fornecidas pela consulente, expostas no relatório supra, somente produzindo efeitos nesse contexto. Assim, qualquer fato omitido ou novo, que seja relevante e altere as circunstâncias descritas, tornará inaplicável o entendimento esboçado na presente decisão.
15. Ponto importante a ser observado é o de que não cabe, em sede de processo de
consulta, chancelar o enquadramento do contribuinte, ou de parte de suas receitas, em uma ou outra das sistemáticas de tributação previstas na legislação aplicada às Contribuições Previdenciárias, porquanto tal trabalho configura consultoria fiscal, que, além de fugir ao objetivo da consulta que é, reiterese solucionar dúvidas originadas de ambiguidades do texto legal ou de peculiaridades do caso concreto em função das quais haja dificuldade em adequar o “conceito do fato” ao “conceito da norma” demandaria a análise de documentos e das atividades da empresa. A opção deverá ser fruto de sua própria avaliação, cabendo à Administração apenas fornecer subsídios para que possa decidir com maior margem de segurança.
16. Sob esse ângulo, considerando que, de modo geral, os requisitos formais da
admissibilidade de cada uma das questões suscitadas pela consulente, que podem ser agrupadas nos seguintes assuntos: faculdade de aplicação do benefício instituído pela Lei n.º 12.546, de 2011; exclusão de receitas de exportação, para fins de cálculo do percentual previsto na referida norma; exclusão de receitas financeiras no conceito de “receita bruta total”; possibilidade de enquadramento dos serviços de treinamento como serviço de TI/TIC; equiparação da empresa a industrial como fabricante de produtos listados nos Anexos I e II do Decreto n.º 7.828, de 16 de outubro de 2012; e operacionalização do recolhimento previdenciário.
Da faculdade de aplicação do benefício instituído pela Lei n.º 12.546, de 2011, e da possibilidade de enquadramento dos serviços de treinamento como serviço de TI/TIC
17. (xxx).
18. A Lei n.º 12.546, de 2011, fruto da conversão da MP n.º 540, de 02 de agosto de
2011, vem sofrendo, desde a sua publicação, constantes alterações por meio de medidas provisórias e suas respectivas leis de conversão, como: a MP n.º 563, de 3 de abril de 2012, convertida na Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012; a MP n.º 582, de 20 de setembro de 2012, convertida na Lei n.º 12.794, de 02 de abril de 2013; a MP n.º 601, de 28 de dezembro de 2012, cujo prazo de vigência esgotou em 03 de junho de 2013, conforme Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional n.º 36, de 05 de junho de 2013; a MP n.º 612, de 04 de abril de 2013, cujo prazo de vigência esgotou em 1.º de agosto de 2013, conforme Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional n.º 49, de 06 de agosto de 2013; a Lei n.º 12.844, de 19 de julho de 2013; a Lei nº. 12.865, de 9 de outubro de 2013, a Lei nº 12.873, de 24 de outubro de 2013 e a MP nº 634, de 26 de dezembro de 2013.
19. O artigo 7.º da Lei n.º 12.546, de 2011, sofreu alterações com a edição da
Medida Provisória n.º 563, de 2012, que, mais tarde, em 17 de setembro de 2012, foi convertida na Lei n.º 12.715, restando, conforme abaixo, redigido o citado dispositivo:
Art. 7º Até 31 de dezembro de 2014, a contribuição devida pelas empresas que prestam exclusivamente os serviços de Tecnologia da Informação (TI) e de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), referidos no § 4º do art. 14 da Lei nº 11.774, de 17 de setembro de 2008, incidirá sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, à alíquota de 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento). (Vide art. 45 da Medida Provisória nº 563/2012 )
Art. 7.º Até 31 de dezembro de 2014, contribuirão sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do art. 22 da Lei n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, à alíquota de 2% (dois por cento): ( Redação dada pela Lei nº 12.715, de 17 de setembro de 2012) ( Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012 ) I as empresas que prestam os serviços referidos nos §§ 4.º e 5.º do art. 14 da Lei n.º 11.774, de 17 de setembro de 2008; (Redação dada pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012).
1.º Durante a vigência deste artigo, as empresas abrangidas pelo caput e pelos §§ 3.º e 4.º deste artigo não farão jus às reduções previstas no caput do art. 14 da Lei n.º 11.774, de 2008. § 2.º O disposto neste artigo não se aplica a empresas que exerçam as atividades de representante, distribuidor ou revendedor de programas de computador, cuja receita bruta decorrente dessas atividades seja igual ou superior a 95% (noventa e cinco por cento) da receita bruta total. (Redação dada pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012). 3.º No caso de empresas de TI e de TIC que se dediquem a outras atividades, além das previstas no caput, até 31 de dezembro de 2014, o cálculo da contribuição obedecerá: (Vide art. 53 da Medida Provisória nº 563/2012 ) (Revogado pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 79, inc. III da Lei 12.715/2012) I – ao disposto no caput quanto à parcela da receita bruta correspondente aos serviços relacionados no caput; e (Revogado pela Lei nº 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 79, inc. III da Lei 12.715/2012) II – ao disposto nos incisos I e III do art. 22 da Lei n.º 8.212, de 1991, reduzindose o valor da contribuição a recolher ao percentual resultante da razão entre a receita bruta de atividades não relacionadas aos serviços de que trata o caput e a receita bruta total. (Revogado pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012 ) (Vide art. 79, inc. III da Lei 12.715/2012)
§ 4.º O disposto neste artigo aplicase também às empresas prestadoras dos serviços referidos no § 5.º do art. 14 da Lei n.º 11.774, de 2008. (Vide art. 53 da Medida Provisória nº 563/2012 ) (Revogado pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 79, inc. III da Lei 12.715/2012).
(...). (grifos da transcrição).
20. Da leitura acima, verificase que, com o advento da MP n.º 563, de 2012 Lei
n.º 12.715, de 2012, para fins de aplicação das normas referentes à contribuição previdenciária trazida pelo artigo 7.º da Lei n.º 12.546, de 2011, a partir de 1.º de abril de 2012 até 31 de dezembro de 2014 data da vigência da norma referida – a incidência da contribuição previdenciária se dará à alíquota de 2% sobre o valor da receita bruta, com a exclusão das vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do art. 22 da Lei n.º 8.212, de 1991, com a ressalva de que as empresas referidas que prestam serviços de TI/TIC (caput) não farão jus às reduções previstas no caput do artigo 14 da Lei n.º 11.774, de 2008, com a ressalva prevista no § 7.º do art. 2.º do Decreto n.º 7.828, de 2012.
21. Para fins da limitação imposta pelo inciso I do art. 7.º da Lei n.º 12.546, de
2011, inclusive em relação à impossibilidade de usufruir das reduções acima ressalvadas, cabe transcrever o descrito nos §§ 4.º e 5.º do art. 14 da Lei n.º 11.774, de 2008:
Lei n.º 11.774, de 2008:
Art. 14. As alíquotas de que tratam os incisos I e III do caput do art. 22 da Lei n.o
8.212, de 24 de julho de 1991, em relação às empresas que prestam serviços de tecnologia da informaçãoTI e de tecnologia da informação e comunicaçãoTIC, ficam reduzidas pela subtração de 1/10 (um décimo) do percentual correspondente à razão entre a receita bruta de venda de serviços para o mercado externo e a receita bruta
total de vendas de bens e serviços, após a exclusão dos impostos e contribuições incidentes sobre a venda, observado o disposto neste artigo. (...). § 4.o Para efeito do caput deste artigo, consideramse serviços de TI e TIC: I análise e desenvolvimento de sistemas; II programação; III processamento de dados e congêneres; IV elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos; V licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação; VI assessoria e consultoria em informática; VII suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de programas de computação e bancos de dados; e VIII planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas (...). (grifos da transcrição).
22. Sob o enfoque dessa lista restritiva, no que tange ao questionamento quanto à
possibilidade de a expressão “assessoria e consultoria em informática”, contida no inciso VI, do § 4.º, da Lei n.º 11.774, de 2008, abranger “treinamento” “(xxx)” podese verificar, com base na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) Versão 2.1, disponível em http://www.cnae.ibge.gov.br, que tais treinamentos não podem ser entendidos como serviços de assessoria e consultoria em informática, eis que estes são serviços de tecnologia em informação pertencentes à subclasse 62040/00 da CNAE, ao passo que aqueles são atividades de ensino, pertencentes à subclasse 85996/03.
23. Noutros termos, os treinamentos relacionados à prestação de serviços de
informática são direcionados à aprendizagem, enquanto processo de aperfeiçoamento na formação de profissionais; os serviços de assessoria e consultoria em informática se destinam à análise das necessidades dos clientes, aos serviços de assessoria para auxiliar o usuário na definição de um sistema quanto aos tipos e configurações de equipamentos (hardware) e programas de informática (software), aos serviços de customização de programas de informática (software), dentre outras finalidades.
24. Significa dizer, portanto, que tais serviços se distinguem em sua substância,
muito embora estejam relacionados à área de informática. Logo, as receitas advindas da prestação de serviços de treinamento, nos termos trazidos pela consulente, não poderão ser consideradas na apuração das contribuições sociais pelo regime substitutivo.
25. Essa contribuição substitutiva que tem como base de cálculo a receita bruta,
impõese em caráter obrigatório a todas as pessoas jurídicas que se enquadrem nas situações previstas na legislação de regência, independentemente de essas pessoas jurídicas terem empregados ou não. É o que esclarece o art. 4.º do Decreto n.º 7.828, de 2012, que regulamenta a incidência da contribuição previdenciária sobre a receita devida pelas empresas de que tratam os artigos 7.º a 9.º da Lei n.º 12.546, de 2011:
Art. 4.º As contribuições de que tratam os arts 2.º e 3.º têm caráter impositivo aos contribuintes que exerçam as atividades neles mencionadas.
Parágrafo único. As empresas que se dedicam exclusivamente às atividades referidas
nos arts. 2.o e 3.o, nos meses em que não auferirem receita, não recolherão as
contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei n.º 8.212, de 1991. (...). (grifos da transcrição).
Da definição de receita bruta para fins de incidência da CPRB e das exclusões da base da CPRB
26. Para fins de aplicação dos arts. 7.º e 8.º da Lei n.º 12.546, de 2011, ficou
estabelecida, em seu artigo 9.º, com a redação dada pela Lei n.º 12.844, de 2013, a base de cálculo da contribuição substitutiva: Art. 9.º Para fins do disposto nos arts. 7.º e 8.º desta Lei: I a receita bruta deve ser considerada sem o ajuste de que trata o inciso VIII do art. 183 da Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976; II Excluise da base de cálculo das contribuições a receita bruta: (Redação pela Lei n.º 12.844, de 19 de julho de 2013) a) de exportações; e (Incluído pela Lei n.º 12.844, de 19 de julho de 2013) (...).
V – com relação às contribuições de que tratam os arts. 7.º e 8.º , as empresas continuam sujeitas ao cumprimento das demais obrigações previstas na legislação previdenciária.
VI (VETADO). (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012)
(...).
§ 1.º No caso de empresas que se dedicam a outras atividades além das previstas nos arts. 7.º e 8.º, até 31 de dezembro de 2014, o cálculo da contribuição obedecerá: (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012 )
I ao disposto no caput desses artigos quanto à parcela da receita bruta correspondente às atividades neles referidas; e (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) ( Vide art. 78, § 2.º da Lei nº 12.715/2012 ).
II ao disposto no art. 22 da Lei n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, reduzindose o valor da contribuição dos incisos I e III do caput do referido artigo ao percentual resultante da razão entre a receita bruta de atividades não relacionadas aos serviços de que tratam o caput do art. 7.º e o § 3.º do art. 8.º ou à fabricação dos produtos de que trata o caput do art. 8.º e a receita bruta total. (Redação dada pela Lei n.º 12.794, de 2 de abril de 2013) (Vide art. 21, inc. I da Lei n.º 12.794/2013)
(...).
§ 3.º Relativamente aos períodos anteriores à tributação da empresa nas formas
instituídas pelos arts. 7.º e 8.º desta Lei, mantémse a incidência das contribuições
previstas no art. 22 da Lei n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, aplicada de forma proporcional sobre o 13.º (décimo terceiro) salário. (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012).
§ 4.º Para fins de cálculo da razão a que se refere o inciso II do § 1.º, aplicada ao 13.º (décimo terceiro) salário, será considerada a receita bruta acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao mês de dezembro de cada anocalendário. (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012).
§ 5.º O disposto no § 1.º aplicase às empresas que se dediquem a outras atividades, além das previstas nos arts. 7.º e 8.º, somente se a receita bruta decorrente de outras atividades for superior a 5% (cinco por cento) da receita bruta total. (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012) § 6.º Não ultrapassado o limite previsto no § 5.º, a contribuição a que se refere o caput dos arts. 7.º e 8.º será calculada sobre a receita bruta total auferida no mês. (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012). § 7.º Para efeito da determinação da base de cálculo, podem ser excluídos da receita bruta: (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012 ) I as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § º da Lei º 12.715/2012.) II (VETADO); (Incluído pela Lei n.º 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012). III o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, se incluído na receita bruta; e (Incluído pela Lei nº 12.715, de 17 de setembro de 2012) (Vide art. 78, § 2.º da Lei n.º 12.715/2012) (...). § 9.º As empresas para as quais a substituição da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento pela contribuição sobre a receita bruta estiver vinculada ao seu enquadramento no CNAE deverão considerar apenas o CNAE relativo a sua atividade principal, assim considerada aquela de maior receita auferida ou esperada, não lhes sendo aplicado o disposto no § 1.º. (Incluído pela Lei n.º 12.844, de 19 de julho de 2013).
§ 10. Para fins do disposto no § 9.º, a base de cálculo da contribuição a que se referem o caput do art. 7.º e o caput do art. 8.º será a receita bruta da empresa relativa a todas as suas atividades. (Incluído pela Lei n.º 12.844, de 19 de julho de 2013).
(...). (grifos da transcrição).
27. Da leitura acima, ficou estabelecido que, para as empresas que se dedicam a
um regime misto de cálculo da contribuição previdenciária. Ou seja, a empresa recolhe as duas contribuições previdenciárias: sobre a receita bruta e sobre a folha de pagamento, esta última com a aplicação de um coeficiente de redução (Lei n.º 12.546, de 2011, art. 9.º, § 1.º, inciso II). 28. De se ressaltar que, de acordo com o parágrafo 10, “para fins do disposto no § 9.º, a base de cálculo da contribuição a que se refere o caput do art. 7.º e o caput do art. 8.º será a receita bruta da empresa relativa a todas as suas atividades”, comando este incluído pela Lei n.º 12.844, de 2013.
29. Importante observar que a Lei n.º 12.715, de 2012, resultado da conversão da
MP n.º 563, de 2012, fixou limites para a aplicação do regime misto. Assim, não se aplica o regime misto quando a receita bruta decorrente de outras atividades desenvolvidas pela empresa for igual ou inferior a 5% da receita bruta total, sendo a contribuição previdenciária “calculada sobre a receita bruta total auferida no mês” (§§ 5.º e 6.º do art. 9.º da Lei n.º 12.546, de 2011, com a redação dada pela Lei n.º 12.715, de 2012).
30. Assim, devese ter, por certo, que as empresas de TI e TIC que se dediquem
também a outras atividades deverão segregar meticulosamente as receitas provenientes dos serviços de TI e TIC daquelas decorrentes de outros serviços, mantendo registro discriminado de sua origem, a fim de que seja possível a correta utilização da desoneração fiscal em comento.
31. A empresa submetida ao regime misto, para fins de apuração da contribuição
previdenciária devida sobre a folha de pagamento, deverá aplicar a regra descrita no inciso II do §1.º do art. 9.º da Lei nº 12.546, de 2011, utilizando como base de cálculo o valor total das remunerações pagas, devidas ou creditadas, durante o mês, a todos os seus segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais, independentemente de estarem relacionados ou não com as atividades substituídas ou não.
32. A contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento, mesmo dos
estabelecimentos que não tiveram receita bruta decorrente da fabricação dos produtos discriminados no caput do art. 8.º da Lei n.º 12.546, de 2011, sofre a redução correspondente ao percentual resultante da razão entre o valor da receita de produtos não substituídos e a receita bruta total, o que implica dizer que é irrelevante um determinado estabelecimento ter receitas derivadas de produtos alcançados pela contribuição substitutiva ou não. Isto porque a contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta dos produtos alcançados pela substituição é calculada de forma centralizada e assim também deve ser o cálculo do percentual de redução. 33. Em resumo: calculase a contribuição de 20% (vinte por cento) sobre a folha de pagamento total de cada estabelecimento e, sobre o resultado apurado, aplicase o percentual de redução decorrente da razão entre as receitas de produtos não substituídos e a receita bruta total apurada no mês de competência.
34. Ao analisar a definição e a abrangência da base de cálculo da contribuição
previdenciária sobre a receita instituída pelos arts. 7.º a 9.º da Lei nº 12.546, de 2011, substitutiva das contribuições previstas nos incisos I e III do art. 22 da Lei n.º 8.212, de 1991, o Parecer Normativo RFB n.º 3, de 21 de novembro de 2012 (DOU de 27/11/2012), assim delimita o conceito de “receita bruta”:
A receita bruta que constitui a base de cálculo da contribuição substitutiva a que se referem os arts. 7.º a 9.º da Lei n.º 12.546, de 14 de dezembro de 2011, compreende: a receita decorrente da venda de bens nas operações de conta própria; a receita decorrente da prestação de serviços; e o resultado auferido nas operações de conta alheia. Podem ser excluídos da mencionada receita bruta: a receita bruta de exportações; as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), quando incluído na receita bruta; e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário.
(...). (grifos da transcrição).
35. Tal conceito possui a mesma dicção conceitual daquela prevista no caput do art.
12 do DecretoLei n.º 1.598, de 26 de dezembro de 1977, base legal do art. 279 do vigente Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999, Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999, que prevê: “a receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia”.
36. Dentro desse delineamento, com fundamento no art. 108, I, do Código
Tributário Nacional, que autoriza o emprego da analogia na “ausência de disposição expressa”, o tratamento fiscalcontábil a ser dado aos juros, descontos, rendimentos de aplicações financeiras e variações ativas e passivas, no âmbito da contribuição previdenciária substitutiva instituída pela Lei n.º 12.546, de 2011, pode ser orientado pelas regras gerais impostas a essa matéria pela legislação do imposto de renda e, em específico, pelo disposto no artigo 373 do Decreto n.º 3.000, de 1999, inserido no Capítulo V – Lucro Operacional, Seção IV “Outros Resultados Operacionais” e Subseção I “Receitas e Despesas Financeiras”, bem como pelo disposto nos artigos 374, 375, 377 e 378, que estabelecem que tais rendimentos compõem a receita financeira, o que não se confunde com a receita bruta de venda e serviços, a qual deve resultar diretamente da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, ou seja, das atividades que constituam objeto da pessoa jurídica.
37. No mesmo Parecer Normativo RFB n.º 3, de 2012, está assentado que, acerca
das exclusões da base de cálculo da contribuição substitutiva em exame, não é necessário elaborar qualquer integração normativa por via interpretativa, pois as normas de regência estabeleceram expressamente as possibilidades de exclusão, conforme disposições do art. 9.º da Lei n.º 12.546, de 2011, compiladas no inciso II do art. 5.º do Decreto n.º 7.828, de 2012, que regulamenta a referida contribuição:
"Art. 5.º Para fins do disposto nos arts. 2.º e 3.º:
(...)
II na determinação da base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a receita, poderão ser excluídos:
a) a receita bruta de exportações;
b) as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; c) o IPI, quando incluído na receita bruta; e
d) o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário."
38. Dessa forma, para fins da determinação da base de cálculo da contribuição de
que tratam os arts. 7.º e 8.º da Lei n.º 12.546, de 2011, deve ser excluído o valor da “receita bruta de exportações”. Notese que a lei somente prescreve a exclusão do valor da receita bruta de exportação quando trata da obtenção da base de cálculo da contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta. Aliás, essa previsão é respaldada no fato de que as contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2.º, inciso I, da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional n.º 33, de 2001).
39. No que se refere ao cálculo dos demais percentuais dispostos na Lei nº 12.546,
de 2011, tais como os previstos no art. 8.º, §1.º, II, ‘a’, e no art. 9.º, §1.º, II, não devem ser excluídas do cômputo as receitas de exportação, já que não se referem à base de cálculo de
tributos.
40. Desta forma, para fins de cálculo do percentual previsto no § 5.º do artigo 9.º da
lei em comento, que dispõe que a substituição se aplica a empresas que “se dediquem a outras atividades, além das previstas no caput dos arts. 7.º. e 8.º, cuja receita bruta decorrente de outras atividades for superior a 5% da receita bruta total, devem ser computadas as receitas de exportação decorrentes dessas atividades, o que significa dizer que o termo “total” remete à integralidade das receitas da pessoa jurídica, seja decorrente da venda de bens e serviços no mercado interno ou externo. 41. Igualmente, no cálculo do redutor aplicável às empresas com atividades mistas, previsto no art. 9.º, §1.º, II, da Lei n.º 12.546, de 2011, a receita bruta decorrente das atividades ou da fabricação de produtos não relacionados nos arts. 7.º e 8.º da referida lei e a receita bruta total devem ser consideradas sem a exclusão da receita decorrente de exportações. Isso porque, nesse caso, essas receitas servem apenas para se chegar a uma razão para fins de redução da contribuição previdenciária incidente sobre a folha de pagamento a que essas empresas continuam sujeitas. Não se trata de base de cálculo da contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta.
42. Quanto à questão relativa à possibilidade de a pessoa jurídica equiparada à
industrial poder ser considerada fabricante, para fins de cálculo das contribuições previdenciárias nos termos do art. 8.º da Lei n.º 12.546, de 2011, porquanto este limita que estão sujeitas à incidência da contribuição previdenciária sobre a receita em substituição às contribuições incidentes sobre a folha de pagamentos as “empresas que fabricam os produtos classificados na TIPI, aprovada pelo Decreto n.º 7.660, de 23 de dezembro de 2011, nos códigos referidos no Anexo I” daquela lei, cabe esclarecer que estabelecimento industrial é aquele que executa qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, e da qual resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (art. 8.º do Regulamento do IPI, Decreto 7.212, de 15 de junho de 2010 Ripi/2010). Além disso, o inciso II do art. 609 do Ripi/2010 determina que as expressões “fábrica” e “fabricante” são equivalentes a estabelecimento industrial, nos limites definidos pelo art. 8.º do Ripi/2010.
43. Sob esse enfoque legal, resta claro que, se a empresa realizar qualquer das operações de industrialização indicadas no art. 4.º do Ripi/2010, será considerada estabelecimento industrial para todos os efeitos. Consequentemente, estará sujeita ao cumprimento de todas as obrigações, principal e acessórias, decorrentes da prática das operações previstas no art. 8.º da Lei n.º 12.546, de 2011, sem prejuízo do cumprimento das demais obrigações previstas na legislação previdenciária.
44. É importante observar que o Ripi/2010 equipara a industrial estabelecimentos
que, embora não executem operações de industrialização, exercem atividades que os sujeitam ao pagamento do imposto e ao cumprimento de obrigações acessórias. A equiparação não é para todos os efeitos legais, mas para fins da legislação do IPI (art. 9.º, inciso I do Ripi/2010). 45. De se concluir que, caso a consulente não execute operações de industrialização, a ela não se aplica o art. 9.º, § 7.º, inciso III, da Lei n.º 12.546, de 2011. 46. Nesse sentido, a Lei n.º 12.715, de 2012, em seu art. 55, ao alterar a redação da Lei n.º 12.546, de 2011, afastou qualquer dúvida de que a substituição atinge apenas a empresa que efetivamente industrializa os produtos constantes no seu Anexo I: “Art. 55. A Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, passa a vigorar com as seguintes alterações: (...) § 1.º O disposto no caput: I aplicase apenas em relação aos produtos industrializados pela empresa; II não se aplica: (...).
§ 2.º Para efeito do inciso I do § 1.º, devem ser considerados os conceitos de industrialização e de industrialização por encomenda previstos na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI.” (grifos da transcrição). 47. Portanto, concluise que a empresa equiparada a industrial, que não industrializa qualquer produto, limitandose a encomendar a industrialização com terceiro e posteriormente vender o produto, ou que, apenas, comercializa os produtos por ela importados, classificados na Tipi, aprovada pelo Decreto n.º 7.660, de 2011, nos códigos referidos no Anexo I da Lei n.º 12.546, de 2011, está sujeito ao recolhimento das contribuições previdenciárias nos moldes previstos pelo art. 22 da Lei n.º 8.212, de 1991.
Da operacionalização do recolhimento previdenciário.
48. As indagações “f”, “g” e “h”, referentes à operacionalização do recolhimento
previdenciário estão determinadas no ADE Codac n.º 93, de 19 de dezembro de 2011, que “dispõe sobre os procedimentos a serem observados para o preenchimento da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) pelas empresas abrangidas pelos arts. 7.º e 8.º da Lei n.º 12.546, de 2011.” Outras informações atinentes à mesma matéria estão contidas no art. 9.º da referida lei (inciso III e V)
e no art. 30 da Lei n.º 8.212, de 1991, bem como nas IN´s n.º 1.110, de 24 de dezembro de 2010, e n.º 1.436, de 30 de dezembro 2013, que tratam, respectivamente, da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) e da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), destinada ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), devida pelas
empresas referidas nos arts. 7.º e 8.º da Lei nº 12.546, de 2011.
49. De se lembrar que o Decreto n.º 7.828, de 2012, que regulamenta a incidência da
contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta devida pelas empresas de que tratam os arts. 7.º a 9.º da Lei n.º 12.546, de 2011, alterado pelo Decreto n.º 7.877, de 27 de dezembro de 2012, dispõe, em seu art. 5.º, §§1.º e 2.º, que sua apuração e pagamento devem ser realizados de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica e na forma definida em ato próprio da RFB.
50. Portanto, o recolhimento dessa contribuição previdenciária sobre a receita bruta
deverá ser efetuado até o dia 20 do mês subsequente ao da competência, em um único Documento de Arrecadação das Receitas Federais (DARF), de forma centralizada, no CNPJ do estabelecimento matriz, utilizando um dos códigos de receita conforme estabelecido no Ato Declaratório Executivo (ADE) Codac n.º 86, de 1.º de dezembro de 2011, com a redação dada pelo ADE Codac n.º 33, de 17 de abril de 2013:
I 2985 Contribuição Previdenciária Sobre Receita Bruta Art. 7.º da Lei 12.546/2011; e
II 2991 Contribuição Previdenciária Sobre Receita Bruta Art. 8.º da Lei 12.546/2011. (grifos da transcrição). 51. Sob esse ângulo, considerando que as indagações acima referidas dizem respeito a procedimentos que devem ser realizados pelas empresas, bem como as orientações solicitadas se encontram “disciplinadas em atos normativos publicados na Imprensa Oficial antes de sua apresentação”, há que se declarar INEFICAZ as questões “e”, “f” e “g”, nos termos do art. 1.º e 18, incisos VII e XIV, da IN RFB n.º 1.396, de 2013: Art. .1º Esta Instrução Normativa trata dos processos administrativos de consulta sobre interpretação da legislação tributária e aduaneira relativa aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e sobre classificação de serviços, intangíveis e outras operações que produzam variações no patrimônio. (...). Art. 18. Não produz efeitos a consulta formulada: (...).
VII quando o fato estiver disciplinado em ato normativo publicado na Imprensa Oficial antes de sua apresentação;
(...);
XIV quando tiver por objetivo a prestação de assessoria jurídica ou contábil fiscal pela RFB.
(...). (grifos da transcrição).
52. Sob o parâmetro do artigo 1.º e 18, inciso XIV, supratranscritos, declarase a
ratifica o entendimento da Consulente no sentindo de que esta poderá se beneficiar, se for o caso, da nova forma de recolhimento previdenciário previsto nos artigos 7.o, 8.o e 9.o da Lei n.° 12.546/2011? – por fugir ao escopo do processo administrativo de consulta.
53. Por fim, convém esclarecer que a Administração não se furta a prestar
assistência ao contribuinte diante de eventuais dúvidas dessa natureza; o processo administrativo de consulta, por seus efeitos especiais e inerentes restrições legais, é que não se presta a isso. Questões dessa espécie podem ser apresentadas pelo contribuinte no Plantão Fiscal, serviço de atendimento pessoal posto à sua disposição na Delegacia da Receita Federal do Brasil de seu domicílio fiscal.
Conclusão
54. Em vista do exposto, considerando as indagações como listadas no Relatório,
concluise que:
a) é INEFICAZ a consulta relativa à segunda parte da indagação “d”, que foge ao objetivo do processo administrativo de consulta, bem como são INEFICAZES as
indagações “e”, “f” e “g”, que tratam da operacionalização do recolhimento da
contribuição previdenciária;
b) as contribuições de que tratam os arts. 7.º e 8.º da Lei n.º 12.546, de 2011, têm caráter impositivo aos contribuintes que exerçam as atividades neles mencionadas (indagação “a”);
c) para fins de determinação da base de cálculo da contribuição de que tratam os arts. 7.º e 8.º da Lei n.º 12.546, de 2011, deve ser excluído o valor da receita de exportações, por força do art. 149, § 2.º, inciso I, da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional n.º 33, de 2001; por outro lado, as receitas de exportação deverão ser computadas na receita bruta total, para fins de cálculo dos demais percentuais dispostos na referida norma legal tais como os previstos no art. 8.º, §1.º, II, ‘a’, e no art. 9.º, §1.º, II já que não se referem à base de cálculo de tributos (indagação “b”);
d) as receitas advindas da prestação de serviços de treinamento, nos termos trazidos pela consulente, não poderão ser consideradas na apuração das contribuições sociais pelo regime substitutivo, uma vez que tais serviços, embora relacionados à área de informática, estão direcionados à aprendizagem, tendo, inclusive, classificações diferenciadas na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE)
(indagação “c”);
f) o Ripi/2010 equipara a industrial estabelecimentos que, embora não executem operações de industrialização, exercem atividades que os sujeitam ao pagamento do imposto e ao cumprimento de obrigações acessórias, todavia, tal equiparação é somente para fins de legislação do IPI. Assim, caso a consulente não execute operações de industrialização, a ela não se aplica o art. 9.º, § 7.º, inciso III, da Lei n.º 12.546, de 2011 (primeira parte da indagação “d”);
g) as receitas financeiras, por não se confundirem com a receita bruta de venda e serviços, a qual deve resultar diretamente da venda de mercadorias ou da prestação de
serviços, ou seja, das atividades que constituam objeto da pessoa jurídica, não devem ser computadas na base de cálculo da CPRB (indagação “h”). Assinado digitalmente por ANGELA MARIA MAGNAN BARBOSA AuditoraFiscal da RFB De acordo. À consideração superior. Assinado digitalmente por AGUEDA CAROLO QUINTAS ALVES AuditoraFiscal da RFB De acordo. Encaminhese ao Coordenador COPEN. Assinado digitalmente por JOSÉ CARLOS SABINO ALVES AuditorFiscal da RFBChefe da Disit07 De acordo. Ao CoordenadorGeral da Cosit para aprovação. Assinado digitalmente por MIRZA MENDES REIS Auditora Fiscal da RFB – Coordenadora da Copen