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Acolhimento à pessoa idosa: o olhar do usuário na atenção básica

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

CAMYLA BERNARDO MEDEIROS

ACOLHIMENTO À PESSOA IDOSA: O OLHAR DO USUÁRIO NA ATENÇÃO BÁSICA

NATAL/RN 2017

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CAMYLA BERNARDO MEDEIROS

ACOLHIMENTO À PESSOA IDOSA: O OLHAR DO USUÁRIO NA ATENÇÃO BÁSICA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré-requisito para a obtenção do título de Mestra em Saúde Coletiva.

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves.

NATAL/RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - -Departamento de Odontologia

Medeiros, Camyla Bernardo.

Acolhimento à pessoa idosa: O olhar do usuário na Atenção Básica / Camyla Bernardo Medeiros. - 2017.

57f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva, Natal, RN. Orientador: Maria do Socorro Costa Feitosa Alves.

1. Atenção Básica à Saúde - Dissertação. 2. Acolhimento - Dissertação. 3. Atenção Integral ao Idoso - Dissertação. I. Alves, Maria do Socorro Costa Feitosa. II. Título.

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DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho aos meus pais, Antônia e Jorge, que sempre representaram para mim um exemplo de luta, força e perseverança para buscar os objetivos que almejados.

A minha avó, Margarida, que tanto me apoia em meus planos e que, apesar de não fazer parte dos sujeitos da pesquisa, é idosa tanto quanto eles e também necessita desse olhar e atitude acolhedora por parte dos profissionais de saúde, melhorando o atendimento e tornando as ações em saúde mais resolutivas e eficazes.

A Jackson, meu esposo, que sempre me deu forças para que eu continuasse firme nesse caminho, mesmo com todas as dificuldades e pedras pelo caminho.

A todos os idosos que participaram da pesquisa, que de algum modo possamos provocar reflexões nos atores envolvidos neste processo, para que trabalhem numa perspectiva mais humanizadora e facilitadora para o acesso e atendimento dos idosos, bem como para a realização de suas demandas em saúde.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos os professores do programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (UFRN) pelo conhecimento compartilhado, pelo apoio e contribuição na minha formação.

Ao secretário Lucas Soares de Araújo que desempenha de forma comprometida e dedicada seu trabalho.

Agradeço em especial à minha orientadora Profa Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves, que me ajudou e orientou neste processo com muita atenção, paciência e compromisso.

À banca examinadora, representadas por Profª. Dra. Edna Maria da Silva, que vem contribuindo com nosso trabalho desde a qualificação. Em especial à Profª Dra. Roberta Kaliny de Souza que aceitou meu convite prontamente para participar da banca e que terá muito a contribuir com o trabalho.

Às professoras suplentes da banca, que se disponibilizaram de forma bastante solícita para ajudar no que for necessário, representadas pelas Profas. Dra Maísa Paulino Rodrigues e Dra Lígia Cerqueira Moura.

À bibliotecária Cecília que me ajudou com algumas correções bibliográficas necessárias.

Agradeço também de modo muito peculiar à minha família, meus pais que sempre me incentivaram nesse processo de aprendizado.

À minha vó, Margarida que esteve sempre me apoiando em minhas escolhas e que sempre me colocou em suas orações para que eu conseguisse alcançar meus objetivos.

Aos meus irmãos e sobrinhos que de alguma forma me impulsionaram a seguir esse caminho.

De modo muito especial ao meu esposo, que me incentivou em todos os momentos e compreendeu sempre que tivemos que abdicar de algum passeio para que eu pudesse ficar me dedicando ao estudo.

A todos os colegas do mestrado pela amizade construída, conhecimento compartilhado e por torcerem uns pelos outros de modo que todos pudessem alcançar sua meta.

A todos que direta ou indiretamente participaram e ajudaram para que esse momento se concretizasse.

Aos idosos que participaram da pesquisa de forma tão espontânea e interessada buscando simplesmente opinar sobre o tema em questão.

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“Se temos de esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida. Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos, de solidariedade e amizade.”

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria:Cuidado. Natal, 2017...……... 33 Quadro 2 - Categoria:Acesso. Natal, 2017... 36 Quadro 3 - Categoria:Resolutividade. Natal, 2017………... 40

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LISTA DE SIGLAS

SUS- Sistema Único de Saúde PSF- Programa de Saúde da Família ESF- Estratégia de Saúde da Família

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística BBC - British Broadcasting Corporation

PNH – Política Nacional de Humanização AVC – Acidente Vascular Cerebral ONU – Organização das Nações Unidas URSS- União Soviética

HAS- Hipertensão Arterial Sistêmica DM2- Diabetes Mellitus Tipo 2

DCNT- Doença Crônica Não Transmissível

PNSPI- Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa PNSI- Política Nacional do Idoso

USF- Unidade de Saúde da Família

PNAB- Política Nacional de Atenção Básica PNI- Política Nacional do Idoso

PMAQ- Programa Nacional de Melhoria de Acesso e Qualidade da Atenção Básica UBS- Unidade Básica de Saúde

SACI- Saúde e Cidadania

POTI- Programa de Orientação Tutorial para o Trabalho Integrado em Saúde TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

CNS- Conselho Nacional de Saúde CEP- Comitê de Ética em Pesquisa

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HUOL- Hospital Universitário Onofre Lopes ASG- Auxiliar de Serviços Gerais

PACS- Programa de Agentes Comunitários de Saúde ACS- Agente Comunitário de Saúde

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RESUMO

O acolhimento, uma das diretrizes da Politica Nacional de Humanização, constitui-se em tecnologia para reorganização dos serviços, permitindo a garantia de acesso universal e humanização do atendimento. Este trabalho objetiva analisar o acolhimento na atenção básica pelo olhar da pessoa idosa, bem como identificar a sua concepção acerca do assunto e proporcionar reflexões sobre o tema. Trata-se de um estudo descritivo e analítico composto por 30 usuários, com idade igual e superior a 60 anos, de ambos os sexos, vinculados ao Programa Hiperdia e atendidos em uma Unidade de Saúde da Família do município de Natal/RN. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre Lopes, com parecer n

º

1.808.237. Para a coleta dos dados utilizou-se a entrevista semiestruturada contendo dados de identificação e perfil sociodemográfico. Os dados foram analisados através da Análise de Conteúdo de Bardin, emergindo as categorias: Cuidado; Acesso e Resolutividade. Os idosos consideraram o acolhimento como cuidado e respeito com a pessoa, visto como uma concepção ampla, extrapolando a visão biológica. Na categoria acesso, foi relatado dificuldades como a espera prolongada em conseguir consultas e a falta de assistência médica; No que se refere à terceira categoria, foi mencionado que há resolução dos problemas, porém a longa espera e a burocratização do sistema de saúde foram novamente enfatizadas e, em função disto, a busca por serviços privados tem sido a opção de escolha. Embora se vislumbre avanços no SUS, e com efeito na Atenção Básica, o estudo mostrou que o acolhimento à pessoa idosa é visto com muitas fragilidades, sobressaindo as contradições na humanização das ações em saúde.

Palavras-chave: Atenção Básica à Saúde. Acolhimento. Atenção Integral ao Idoso.

.

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ABSTRACT

The welcoming of the Elderly Person in the National Health Care, is one of the National Humanization Policy guidelines, using technology for the reorganization of the services, this way allowing and granting the universal access and humanization of the health care. This study aims to analyze the host (welcoming) in Primary Care by the elderly person's perspective, as well as to identify the elderly person's conception about the reception and to provide reflections on the welcoming. This is a descriptive and analytical study composed by 30 elderly users, with ages of 60 or over, of both sexes, linked to the Hiperdia Program, that attended the Family Health Unit of Bom Pastor, Natal / RN. The Ethics Committee of HUOL, with opinion n º 1,808,237, approved this research. To collect the data, a semi-structured interview with identification data and sociodemographic profile was used. The data analyzed using the Bardin Content Analysis, with the emerging categories: Care; Access and Resolutivity. It was observed that the elderly consider the host/welcoming with care and respect to the person, with a broad conception, exceeding the biological view. In the second category, care and access to services reported that despite the difficulties, like a long waiting to have an appointment time scheduled, the acquisition of records, and the lack of doctors. Regarding the third category, it mentioned that the resolution for the problems exists, although the long wait and bureaucratization of the health system again emphasized, and because of this, a search for private health care services has been the choice of many users. Although, we can see advances in the SUS, and with an effect on the Basic Care, the study showed that the Welcoming to the elderly person still is seen with frailties, standing out the contradictions on the humanization of the actions in health.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...…... 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO...…... 13

2.1 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO...…... 13

2.2 A ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE....…... 15

2.3 ACOLHIMENTO EM SAÚDE………...………... 19 3 OBJETIVOS... 26 3.1 OBJETIVO GERAL... 26 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 26 4 METODOLOGIA... 27 4.1 TIPO DE ESTUDO... 27 4.2 CENÁRIO DO ESTUDO... 27 4.3 SUJEITOS DO ESTUDO... 28

4.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS………..………. 29 4.5 ASPECTOS ÉTICOS………... 29

4.6 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS…... 29

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 31

5.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA……... 31

5.2 ACOLHIMENTO A PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA….…. 32 6 CONCLUSÃO……….. 41

REFERÊNCIAS... 43

ANEXOS…... 49

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INTRODUÇÃO

A presença dos idosos nos serviços de saúde é cada vez mais observada inclusive nas Unidades de Saúde da Família, todavia também se observa muitas dificuldades das equipes para lidar com este público, o qual é submetido a longas filas e espera para resolução de suas demandas. O acolhimento nesses serviços, ainda fragilizado, interfere diretamente no segmento do atendimento como um todo, resultando, muitas vezes, no aumento das hospitalizações, já que os problemas apresentados na Estratégia de Saúde da Família- ESF são pouco resolvidos.

A população idosa cresce cada vez mais com o passar dos anos. Dados mais recentes demonstram este fenômeno, revelando que o segmento populacional que mais aumenta na população brasileira é o de idosos, com taxas de crescimento de mais de 4% ao ano no período de 2012 a 2022. A população com 60 anos de idade ou mais passou de 14,2 milhões, em 2000, para 19,6 milhões, em 2010, devendo atingir 41,5 milhões, em 2030, e 73,5 milhões, em 2060 (IBGE, 2015).

O aumento da expectativa de vida pode ser vivenciado em virtude dos diversos meios de prevenção de doenças já praticados pela população, como mudança de hábitos de vida, aumento das tecnologias na área da saúde, dentre outras estratégias. Em contrapartida, aumenta também o número de pessoas acometidas por doenças crônicas (VERAS, 2016).

Em consequência, tem-se o aumento desses usuários nos serviços de saúde como um todo, especialmente na atenção básica, os quais deverão estar preparados para acolher essa população de forma humanizada, bem como dar resolutividade às suas demandas de saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) representado pela atenção básica de média e alta complexidade é responsável por prestar assistência à saúde dos indivíduos.

A atenção básica deve ser o contato preferencial do usuário com o sistema de saúde, caracterizado por um conjunto de ações individuais e coletivas, que abrange a promoção, a prevenção e a recuperação da saúde, orientada pelos princípios da universalidade, acessibilidade e do cuidado, do vínculo, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2011).

Por ser um serviço elencado como porta de entrada para o sistema de saúde, a Saúde da Família, como estratégia de organização e consolidação da atenção básica, propõe-se a

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efetivar práticas de acolhimento, já que é a partir dela que o usuário terá acesso a toda a rede de atenção nos diversos níveis (FRANCO; MERHY, 1998).

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa – PNSPI objetiva recuperar e promover a autonomia dos idosos, além de propor ações coletivas e individuais de abrangência integral, voltadas aos princípios do SUS, e a atenção básica é estratégica para consolidação dessas ações em virtude do seu papel. Todavia, para que essa prática se consolide, é necessário que esse serviço esteja baseado no acolhimento de forma mais efetiva, porém se observa essa lacuna não somente nas ESF's como também nos demais níveis de atenção, o que dificulta a resolubilidade das ações em saúde como um todo.

Vale ressaltar que, ao realizar um acolhimento efetivo na própria atenção básica, dando seguimento aos problemas apresentados de forma resolutiva, pressupõe-se que isso implicará diretamente na diminuição da demanda em hospitais, o que influenciará na diminuição de gastos dos cofres públicos, visto que diminuirá também as hospitalizações.

O acolhimento é uma prática essencial à humanização da atenção à saúde. Na atualidade é discutido enquanto dimensões que permeiam entre postura/atitude dos profissionais e técnica/dispositivo organizacional, buscando melhor diálogo entre equipe e usuários e melhor acesso, bem como maior resolubilidade dos problemas (VILAR, 2014).

Com a Política Nacional de Humanização (PNH), o Ministério da Saúde reforça a valorização de atores e sujeitos que participam na produção da saúde. A operacionalização da PNH se traduz pela oferta de dispositivos (tecnologias, ferramentas e modos de operar). O acolhimento se destaca pela característica de um modo de operar os processos de trabalho em saúde, de forma a dar atenção a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo suas necessidades e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas junto aos usuários (BRASIL, 2006b)

Diante da importância representada pelo acolhimento e de sua repercussão para a melhoria dos serviços de saúde no geral, especialmente da atenção básica, porta de entrada para os serviços de saúde do SUS, o presente trabalho tem por objetivo analisar o acolhimento na atenção básica, pela pessoa idosa, bem como descrever e conhecer a concepção da pessoa idosa acerca do acolhimento na atenção básica, posto que ainda se observa relevantes níveis de incompreensão acerca do acolhimento, e consequentemente, se sobressai à prática do modelo tradicional, caracterizado pela marcação de consultas com a entrega de fichas, impondo espera prolongada e filas para atendimento aos usuários.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico contempla a discussão acerca do conceito de envelhecimento e suas peculiaridades, bem como das mudanças demográficas ocorridas no Brasil e no mundo, além de sua repercussão nos serviços de saúde. Trata ainda da atenção básica à saúde, a política nacional, seus princípios e diretrizes, organização e consolidação a partir da Estratégia Saúde da Família. O acolhimento é discutido em suas várias dimensões e importância para a humanização e acesso da população aos serviços de saúde, em especial os de atenção básica. A problemática estudada foi idealizada desde o início da Pós-Graduação, porém ganhou mais interesse após a disciplina de Envelhecimento, onde foi visualizada a importância e a necessidade de estudos nessa área de conhecimento.

2.1 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO

O envelhecimento é caracterizado pelo acúmulo de danos celulares e moleculares que ocasiona perda gradual nas reservas fisiológicas e aumento do risco de adquirir doenças além de declínio da capacidade intrínseca. O idoso é definido pelo Estatuto como pessoa com 60 anos de idade ou mais (OMS, 2015; BRASIL, 2013a).

A população de idosos cresce a cada ano em diversos países. Na Europa, estima-se que essa população irá atingir os 207 milhões em 2025 e 220 milhões em 2050. Além disso, dados da Organização da Nações Unidas-ONU 2002, indicam que essa proporção será de 17,5% na Ásia e 19,3% na Oceania no referido ano. Situação peculiar ocorre em Portugal, o qual em 2013 já apresentava 136 idosos para cada 100 jovens e estima-se que em 2053 seja de 296 idosos para cada 100 jovens (CARVALHO; MARTINS, 2016).

Ademais, segundo estudo da World Health Statistics Anualls, 1982, no ano de 2025 a população de 60 anos e mais será de 284 milhões na China; 146 milhões na Índia e 71 milhões na URSS. No Brasil, esse crescimento também é observado, estatísticas demonstram que o índice alcançará em torno de quarenta e oito milhões de pessoas em 2050 que representará cerca de 22,7% da população. Fazendo uma comparação do crescimento da população idosa com a geral, verifica-se que a população idosa cresceu 126,3% enquanto que a população geral foi de 55,3% (KUCHEMANN, 2012).

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Tal representação demonstra a dimensão global do envelhecimento humano. Tendo em vista o envelhecimento populacional que vem ocorrendo, emergem alguns desafios, tais quais a questão da previdência social, saúde, assistência social, cuidado e integração social desse público (IBGE, 2015).

O envelhecimento traz consigo o declínio das atividades funcionais de modo progressivo, o que torna o idoso mais suscetível a riscos diversos e a doenças. A longevidade, consequentemente implica em preocupação com os cuidados prestados no fim da vida aos idosos. (CARVALHO; MARTINS, 2016).

Essas capacidades funcionais podem ser entendidas como habilidades físicas e mentais para executar as atividades da vida diária de modo independente (CARMO; OLIVEIRA; MORELATO, 2016). As alterações são decorrentes das mudanças anatomofisiológicas ocorridas no organismo dos idosos, como as alterações no sistema osteoarticular (diminui o equilíbrio corporal); atrofia do córtex cerebral (dificuldade cognitiva); aumento de gordura e espessamento dos vasos; enfraquecimento da musculatura pélvica, dentre outras modificações (CARDOSO, 2009).

O envelhecimento pode ser caracterizado pela redução sucessiva da reserva funcional dos indivíduos (senescência) que não provoca problemas, em condições normais. Porém em condições atípicas de estresse, doenças e acidentes, pode resultar em condição patológica que requer assistência (senilidade) (BRASIL, 2006b).

Sendo assim, algumas patologias podem ser observadas com maior evidência nessa faixa etária como: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), doenças cardiovasculares, respiratórias, osteomusculares, neuropsiquiátricas e algumas neoplasias. A prevalência dessas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) pode ser minimizada através do estilo de vida praticado por esses idosos, como: alimentação saudável, prática de atividades físicas, comportamento preventivo e relacionamento interpessoal (VERAS, 2016; SOUZA et al., 2016).

Tem-se também que as doenças crônicas não transmissíveis são as principais causas de óbito na população idosa, sendo a doença cerebrovascular a primeira da lista, e as cardiovasculares em segundo lugar. Com relação às internações, aparecem novamente as doenças do aparelho circulatório em primeiro lugar, seguidas de patologias no aparelho respiratório e digestivo (BRASIL, 2010a).

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Dados do Ministério da Saúde reforçam a importância da capacidade funcional que surge como um novo paradigma de saúde, proposto pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), com destaque para o cuidado à pessoa idosa, que deve ser um trabalho conjunto entre equipe de saúde, idoso e família. Além disso, essa política se baseia na promoção do envelhecimento ativo e saudável; Estímulo às ações intersetoriais visando a integralidade; Fortalecimento do controle social, dentre outras diretrizes (BRASIL, 2006a).

O idoso possui algumas peculiaridades, como doenças crônicas, fragilidades, maior custo, menor recurso financeiro. Diante de tantas peculiaridades, o cuidado ao idoso deve ser estruturado de forma diferente da assistência dada ao adulto (VERAS, 2016).

Os problemas que acometem os idosos podem resultar em aumento do número de internações hospitalares, as quais são mais frequentes e duradouras e, sendo assim, o envelhecimento implica em maior carga de doenças na população, mais incapacidades e consequentemente aumento do uso dos serviços de saúde (VERAS, 2009).

Nessa perspectiva, com a maior presença dessa população idosa nos serviços de saúde, é necessário que esses estejam preparados para recebê-los, embasados em princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), como a integralidade; equidade; descentralização além de políticas de saúde capazes de contribuir com o envelhecimento ativo e saudável, bem como com um ambiente social e cultural mais favorável ao idoso.

2.2 A ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

A Atenção Básica se configura como um conjunto de ações de saúde que inclui a promoção, proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde em uma dimensão coletiva e individual, objetivando desencadear uma atenção integral capaz de intervir diretamente na situação de saúde e autonomia das pessoas, bem como nos determinantes e condicionantes de saúde (BRASIL, 2012b?).

Nesta perspectiva, e diante das mudanças demográficas e do quadro de morbidades crônicas, bem como da ineficiência do modelo assistencial vigente (curativo, biomédico), houve necessidade de um modelo pautado nos determinantes sociais e com ênfase na família. Sendo assim, foi criado em 1994 pelo Ministério da Saúde, o Programa de Saúde da Família (PSF), estratégia criada para fortalecer a atenção básica como primeiro nível de assistência no Sistema Único de Saúde (SUS) baseado em alguns princípios como: adscrição de usuários;

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territorialização; diagnóstico de situação de saúde e planejamento de ações (SOUSA; HAMANN, 2009).

O PSF era responsável por realizar o acolhimento e resolução do problema apresentado pelo usuário, ou dar seu devido encaminhamento. Ademais, era necessário que esses serviços se preocupassem com a promoção da saúde, bem como prevenção de doenças dos usuários no geral, incluindo os idosos. E, com o intuito de qualificar a assistência voltada a esse público, surge a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI).

A Política destaca o envelhecimento saudável, além de outras diretrizes como: a manutenção da capacidade funcional; atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; provimento de recursos capazes de assegurar a qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; estímulo à participação e fortalecimento do controle social; formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; o apoio aos estudos e pesquisas; dentre outras (BRASIL, 2006a).

Como mencionado anteriormente, cabe aos serviços de Atenção Básica basear-se na promoção da saúde enquanto prática, a qual é compreendida como uma estratégia de articulação e que proporciona maior visibilidade aos fatores determinantes e condicionantes das doenças e, sendo assim, visa criar mecanismos que reduzam as vulnerabilidades, defendam a equidade e o controle social frente às políticas (BRASIL, 2010b).

O PSF traz ainda como objetivos o vínculo com os usuários, a integralidade, a qualidade da atenção e a humanização da assistência e assume o desafio de propor mudanças nas dimensões político-institucional; organizativa, relacionada aos níveis de complexidade tecnológica e técnico-assistencial (ROCHA et al., 2008). Inicialmente, atendia às populações mais carentes e tinha baixa articulação com os demais níveis de atenção, porém foi lentamente propagado nos grandes centros urbanos melhorando o acesso da população a esse tipo de serviço.

A partir de 1996, o Programa passou a ser denominado como Estratégia Saúde da Família, retirando a perspectiva de verticalidade e transitorialidade existente (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013). A Estratégia modifica o objeto de trabalho que passa a não valorizar apenas os problemas de saúde, mas também focam nos determinantes e condicionantes de saúde com o intuito de incentivar novas práticas tanto por parte da equipe de saúde como também da população (GONDIM et al., 2011).

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O trabalho em saúde é definido como “trabalho vivo em ato” e é expresso em relações intercessoras onde há o encontro com o usuário final que representa as necessidades de saúde. As mudanças vão além das ações em saúde, é necessário que ocorram também nas relações com os usuários proporcionando ações acolhedoras pautadas na escuta qualificada e na corresponsabilização (MERHY; FRANCO, 2002).

Ainda em 1996 surge a Política Nacional do Idoso (PNI), que assegura direitos sociais a esse público inclusive ao atendimento nos diversos níveis de complexidade do SUS, bem como sua participação em organizações representativas; capacitação de recursos humanos na área de geriatria e gerontologia; implementação de sistemas de informação capazes de divulgar a política e apoio a estudos sobre o envelhecimento.

Posteriormente, a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI) determina a readequação de atividades e serviços voltados a essa população. E em 2003, foi criado o Estatuto do Idoso, que veio com o objetivo de proporcionar a equidade da atenção, atendendo aos idosos de acordo com suas limitações, além de reafirmar seus direitos buscando efetivá-los. O Estatuto do Idoso em seu Capítulo I, Art. 9º defende que é dever do estado, através do Sistema Único de Saúde (SUS), proporcionar a proteção à vida e a saúde da pessoa idosa tendo em vista as políticas públicas de saúde e viabilizando um envelhecimento saudável e com dignidade (BRASIL, 2013a).

Ademais, tais direitos são mais especificados no Capítulo IV, que trata do Direito à Saúde, quando o Estatuto descreve que tal população deve ser assegurada com atenção integral e acesso universal e igualitário priorizando ações voltadas para as demandas desse público, como atendimento geriátrico, gerontológico, domiciliar, dentre outros (BRASIL, 2013a).

Com a criação do Estatuto em 2003, os idosos ganharam mais visibilidade frente ao restante da população, já que antes esses usuários não eram prioridade nas ações implementadas pelas políticas de saúde vigentes. Porém, mesmo assim, as ações ainda não eram tão efetivas, sendo tal quadro modificado apenas em 2006 com o Pacto pela Saúde, com destaque para o Pacto pela Vida, que elencou como objetivo e prioridade implantar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) com vistas na atenção integral (ARAÚJO; VALENÇA; ROCHA, 2012).

A PNSPI surge com o objetivo de recuperar, manter e promover a autonomia e independência dos indivíduos idosos com práticas embasadas nos princípios do SUS. Além

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disso, busca realizar ações pautadas na promoção da saúde, comprometer-se com a participação ativa dos idosos na sociedade, promover o envelhecimento saudável e fomentar a saúde e bem-estar na velhice (BRASIL, 2006a).

Com o advento do Pacto, os gestores estavam mais preocupados em oferecer serviços e inserir esse público no sistema de saúde, sendo a inserção feita preferencialmente pela Unidade de Saúde da Família – USF, porta de entrada preconizada pela Portaria 2.488 de 2011, que trata da Política Nacional de Atenção Básica, e que tem como objetivo não só a assistência à saúde, mas também ações de prevenção, promoção e reabilitação baseando-se na criação de vínculos (BRASIL, 2011).

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), define também algumas peculiaridades a serem desenvolvidas nas estratégias de saúde da família como: realizar o acolhimento com escuta qualificada, classificação de risco, avaliação de necessidades de saúde e análise de vulnerabilidades comprometendo-se com uma assistência resolutiva; participação coletiva na gestão, compromisso com ambiência, constituição de vínculos solidários, identificação de necessidades sociais, dentre outros (BRASIL, 2012b).

Essa concepção também é relatada por Starfield (2002) quando define os atributos da atenção primária à saúde como: Acesso de primeiro contato (abrange as dimensões de utilização e acessibilidade); Longitudinalidade (que supõe a existência de uma fonte regular de atenção à saúde ao longo do tempo); Coordenação da atenção (Inclui as dimensões da integração de cuidados e sistemas de informação) e Integralidade (abrangendo os serviços disponíveis, bem como os prestados).

A Política mencionada tem como diretrizes: Ter território adstrito com o intuito de planejar as ações setoriais e intersetoriais; Possibilitar o acesso universal com acolhimento; Adscrever usuários e criar relações de vínculo e responsabilização; Coordenar a integralidade compreendendo a demanda espontânea de forma multiprofissional; Estimular a participação dos usuários no cuidado e nos serviços. A estrutura das Unidades de Saúde pode compor consultório médico, de enfermagem, odontológico, sala multiprofissional, gerência, sala de atividades coletivas, recepção, local para arquivo, vacinas, sala de procedimentos, dispensação de medicamentos, inalação coletiva e curativos (BRASIL, 2012b).

As equipes de saúde devem ser compostas por: enfermeiro, médico, cirurgiões-dentistas, auxiliar ou técnico em saúde bucal, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde, minimamente. Com relação ao processo de trabalho desenvolvido

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pelas equipes, pode-se destacar a definição do território onde irão atuar, programar as ações de saúde de acordo com as demandas, promover a escuta qualificada, atenção integral, realizar ações educativas, qualificar o modelo de atenção e gestão, participar da avaliação das ações de saúde; realizar atenção domiciliar. Além disso, as equipes devem desenvolver ações voltadas para a linha de cuidado da atenção integral à saúde da mulher, criança, do adulto, adolescente e idoso, representadas por avaliação do Crescimento e Desenvolvimento, Programa Hiperdia, Planejamento familiar, Pré-Natal e Puerpério, grupo de idosos, dentre outros (BRASIL, 2012b).

Algumas ações desenvolvidas para a população idosa são: A consulta de enfermagem direcionada ao idoso; Ações de prevenção como as imunizações (Vacina contra influenza, Pneumococo, dentre outras); Monitorar o uso de medicamentos prescritos; Trabalho em grupo, o que favorecem o vínculo entre a equipe e os idosos, além de melhorarem sua autoestima e permitir maior socialização, cabe também ressaltar as visitas domiciliares (OLIVEIRA, 2011).

2.3 ACOLHIMENTO EM SAÚDE

Buscando melhorar as relações existentes entre usuários e profissionais de saúde no processo de cuidado, bem como as práticas de saúde no geral, surge a Política Nacional de Humanização (PNH) elencando mudanças nas relações estabelecidas nos serviços de saúde embasando-se em princípios como o protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos, além de sua principal diretriz que é o acolhimento (BRASIL, 2010a).

O acolhimento inclui relações interpessoais e almeja o conforto, além de reconhecer o usuário inserido em seu contexto e com dimensões subjetivas e objetivas (COSTA; GARCIA; TOLEDO, 2016).

Cuidar constitui dar atenção especial, inquietação, se dedicar a alguém ou a algo, ter responsabilidade por alguém. Tais significados são atribuídos a uma dimensão social que implica interação entre os sujeitos. Todavia, ao longo dos anos o termo tem se tornado mais voltado para atenção à saúde, esse fenômeno ocorre devido principalmente ao fato de que o ato de cuidar de forma mais especializada está atrelado a diagnosticar, tratar e prevenir tendo por base o conhecimento técnico e científico. Este ideal tecnicista está relacionado ao modelo biomédico, o qual foi amplamente criticado já que não considera a subjetividade do indivíduo,

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e por isso, a medicina atual enfatiza o respeito à subjetividade e individualidade (CONTATORE; MALFITANO; BARROS, 2017). Sendo assim, o acolhimento se constitui em instrumento fundamental para a melhoria do cuidado.

Entretanto, ainda é possível deparar-se com uma compreensão ultrapassada, assim como a demonstrada em pesquisa feita com enfermeiros das ESF's de Campinas/SP, onde os entrevistados relatam que o acolhimento configura-se em uma triagem onde o usuário apresenta sua queixa e é realizada a conduta sem ênfase na escuta. Sendo assim, foi referido um acolhimento pontual voltado para demanda espontânea (COSTA; GARCIA; TOLEDO, 2016). No mesmo estudo foi identificado que no discurso dos entrevistados estava implícito o conceito de acolhimento que prioriza a relação com o outro compreendendo suas necessidades.

Como se observa na literatura, (COELHO; JORGE, 2009; COSTA; GARCIA; TOLEDO, 2016) o acolhimento deve ser implementado com a família/comunidade atendida nos serviços. Além disso, é necessário que os profissionais estejam preparados para lidar com questões relacionadas ao envelhecimento; Eliminar a fragmentação do processo de trabalho integrando a atenção básica ao sistema de referência; Facilitar o acesso do idoso a outros níveis de atenção e investir na qualificação dos profissionais.

Como refere Merhy (1998), a unidade de saúde, ao trabalhar práticas voltadas para o usuário, coloca a necessidade de desenvolver capacidades de acolher, responsabilizar, resolver e autonomizar, ressalta assim que o trabalho em saúde deve buscar mais tecnologias leves que se traduzem em práticas relacionais, como o acolhimento e vínculo.

Todavia, para que se efetive o vínculo dos usuários e de sua família com o serviço é necessário minimizar as barreiras do acesso bem como melhorar o acolhimento nesses serviços. De acordo com Donabedian (2003), o acesso e acessibilidade referem-se às capacidades de obter serviços de saúde de modo oportuno, capazes de responder às demandas de saúde da população, sendo tal acessibilidade garantida tanto no aspecto geográfico quanto socio-organizacional, que refere-se à adequação de profissionais e recursos tecnológicos utilizados.

Ademais, não se promove acesso e longitudinalidade no cuidado sem um acolhimento capaz de identificar as verdadeiras demandas de saúde apresentadas pelo usuário. Sendo assim, é notória a importância do acolhimento nas USF's na promoção do acesso bem como, na resolutividade das ações.

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Com o intuito de fortalecer essa perspectiva é que emerge a Política Nacional de Humanização (PNH), propondo melhorar o cuidado incluindo trabalhadores, gestores e usuários para contribuírem na gestão e organização da assistência, ampliando a corresponsabilização dos sujeitos baseando-se não só no acolhimento, mas também, na gestão participativa e cogestão, ambiência, clínica ampliada, valorização do trabalhador e defesa dos direitos dos usuários (BRASIL, 2013b).

Todavia, para pôr em prática a referida política e na busca de um bom desempenho do trabalho realizado nessas Unidades de Saúde, faz-se necessário utilizar-se das tecnologias disponíveis para cada processo produtivo, sendo o acolhimento o processo inicial. Assim, a tecnologia leve definida por Merhy (2005), como as relações estabelecidas entre usuários e profissionais de saúde a qual possibilita a identificação das demandas trazidas.

No caso do acolhimento entendido como tecnologia leve, ao receber os usuários com boas vindas já o fará sentir-se mais à vontade para expressar suas necessidades. Além do acolhimento, o acesso e o vínculo também se configuram como recursos tecnológicos para serem utilizados por trabalhadores e usuários (COELHO; JORGE, 2009).

Concordando com essa perspectiva, Mângia et al. (2002) também afirmam ser o acolhimento uma estratégia de se relacionar com a demanda utilizando-se de um modo diferenciado de receber, compreender e relacionar-se com eles. Posto isto, o acolhimento como uma recepção mais humanizada irá proporcionar um atendimento mais efetivo a quem procura o serviço, de modo a desburocratizar o sistema.

Além de uma prática humanizadora o acolhimento deve basear-se no respeito ao outro, traduzido, por exemplo, na organização e limpeza do serviço, pontualidade do atendimento, informações fornecidas e rotinas que contemplam as necessidades dos usuários (ALVES, 2009).

O acolhimento começa no primeiro instante de contato com o outro e tem como objetivo ouvir suas queixas de forma atenta para que assim possa dar seguimento aos seus problemas (MEDEIROS et al., 2010). Para Merhy et al. (2003), o acolhimento e o acesso aos serviços estão intimamente relacionados, já que através da escuta qualificada e humanizada se produz vínculo e compromisso e se efetiva o acesso aos serviços.

Estudo de Alves (2009) relata que o acesso é entendido como a distância entre a unidade e a residência do indivíduo, incluindo barreiras geográficas, meio de deslocamento,

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dificuldades para ser atendido como: fila, tempo de espera, tratamento recebido, prioridades em situações de risco, respostas para os problemas, bem como agendamentos.

O acolhimento visto enquanto postura e prática nas ações de atenção, favorece a construção de relação de confiança e compromisso entre as equipes. Além de proporcionar avanços na aliança entre usuários, trabalhadores e gestores da saúde em defesa do SUS (BRASIL, 2010 a).

Discurso semelhante é relatado por Viana (2008), que conceitua o acolhimento como tecnologia do encontro onde ocorre uma comunicação solidária e são construídas redes de conversações capazes de firmar relações nos processos de produção em saúde.

Em estudo de Fracolli e Bertolozzi (2003), o acolhimento se configura como instrumento que abrange as relações humanas e deve ser executado por todos os trabalhadores da saúde independente do setor atuante. Além disso, não se resume ao ato de receber o usuário e sim a sequência do atendimento em saúde. De outro modo, não se traduz necessariamente na resolução completa dos problemas apresentados e sim na atenção dispensada nas relações transformando-a em objeto das ações em saúde.

Segundo Teixeira, (2005) o acolhimento deve ser do tipo dialogado, como uma conversa a ser executada por qualquer profissional nos diversos momentos do atendimento, o que desconstruiria barreiras e abriria oportunidades para a formação de vínculos.

Ademais, o acolhimento abre precedentes para a reorganização do processo de trabalho, já que, a equipe de saúde deverá rever os serviços ofertados de acordo com as demandas trazidas pelos usuários, definir quem fará a avaliação de seus riscos e vulnerabilidades dando seguimento ao seu atendimento através de encaminhamentos, agendamento para consultas específicas ou até mesmo intervindo prontamente de acordo com a demanda. Nessa perspectiva, observa-se a importância da ampliação da capacidade clínica da equipe de saúde (BRASIL, 2013b).

Ratificando essa vertente, Franco e Merhy (1998), afirmam que para efetivar o acolhimento é necessário inverter a lógica de organização e funcionamento do serviço partindo de princípios como: Pessoas comparecem ao serviço, de modo a garantir o acesso universal; Reorganizar o trabalho para que seja voltado para uma equipe multiprofissional; E as relações com o usuário que devem ocorrer pautadas na solidariedade e cidadania.

Ribeiro, Rocha e Ramos-Jorge (2010), referem que o acolhimento não se configura em um local ou espaço, e sim, implica em uma postura ética onde serão compartilhados os

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saberes e as dificuldades e, além disso, os profissionais deverão ter corresponsabilização com as demandas e dar resolutividade aos casos.

É importante destacar que o acolhimento se constitui não somente enquanto postura e tecnologia do cuidado, mas também como mecanismo de facilitação do acesso além de dispositivo de reorganização do processo de trabalho em equipe (BRASIL, 2011).

Posto isto, em estudo sobre percepção de usuários sobre o acolhimento, foram referidas algumas limitações vivenciadas por eles como: dificuldades de acesso a exames, além da marcação e resultados; ressaltaram ainda o número reduzido de profissionais para atender a população da área (SOUZA et al., 2008).

Destarte, além de oferecer o acolhimento enquanto prática do processo de trabalho, é necessário também responder às demandas dos usuários dispondo de exames e outras tecnologias, pois caso contrário não irá contribuir de forma plena para a consolidação de uma intervenção eficaz (MERHY, 1998).

Em estudo realizado no município de Recife/PE acerca do olhar do usuário sobre o acolhimento, foi avaliada a satisfação desses com relação ao acolhimento realizado pelas equipes de saúde da família que haviam aderido ao Programa Nacional de Melhoria de Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) e foi verificado através de entrevista que 66,6% dos entrevistados afirmaram que se sentem geralmente ou sempre ajudados ao procurarem o serviço de saúde através do acolhimento; 66% sentiram-se muito e bastante escutados quando acolhidos; 72,3% referiram ser bem compreendidos com relação aos problemas de saúde que apresentaram ao serviço e 64,6% afirmaram que a acolhida foi amigável ou muito amigável (LUCENA et al., 2016).

Nessa mesma perspectiva, Vilar (2014), afirma que o acolhimento é essencial para a qualificação e humanização da atenção à saúde, além disso, inclui dimensões desde postura/atitude dos profissionais, técnica/dispositivo de organização promovendo a troca entre profissionais e usuário e a maior resolubilidade das demandas.

Acolher significa humanizar o atendimento, garantir o acesso a todas as pessoas e a escuta de seus problemas de saúde com uma resposta positiva, responsabilizando-se pela sua resolução, sendo assim, busca estruturar uma nova “porta de entrada” a qual acolha as pessoas, realize um bom atendimento e garanta o fluxo para outros serviços se necessário (MERHY, 1994).

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Pesquisa feita em Campinas/SP acerca do acolhimento e transformações no processo de trabalho de enfermagem nas UBS por meio de entrevistas realizadas com os profissionais de saúde, mostra que o acolhimento foi visto como um novo tipo de serviço oferecido na unidade para atender às necessidades da população, e apenas em uma das 5 unidades investigadas foi verificado o acolhimento enquanto uma postura ou atitude diante do usuário. Além disso, em 4 unidades foram relatadas a ampliação do acesso e consequente diminuição das filas, porém havia uma compreensão de acolhimento como pronto atendimento no sentido de resolver causas agudas, bem como a transformação do processo de trabalho da equipe de enfermagem pois ficavam responsáveis por classificar os riscos e demandas e dar seguimento aos problemas (TAKEMOTO; SILVA, 2007). A presente pesquisa demonstra que ainda há muito desconhecimento e despreparo por parte dos profissionais envolvidos no cuidado nas Unidades de Saúde acerca do acolhimento, o que acaba comprometendo seu verdadeiro objetivo.

Em estudo semelhante que investigou o acolhimento sob a ótica de enfermeiros na atenção primária, pôde-se constatar que os enfermeiros não conseguem responder as demandas dos usuários com instrumentos e recursos disponíveis. Todavia, para atender as demandas é necessária uma rede devidamente articulada baseada na referência e contra referência garantindo a integralidade da assistência (CAMELO et al., 2016).

Sabe-se que a Atenção Básica deve possibilitar a resolução de cerca de 85% dos problemas de saúde da população. Todavia, para que isso se efetive, é necessário reorganizar os serviços voltando-os para as necessidades do usuário. Em estudo realizado por Nunes et al., (2012) acerca da resolubilidade na atenção básica foi visto que apenas 8,6% dos casos atendidos foram referenciados para outros serviços, sendo portanto, uma resolubilidade de mais de 90% dos problemas.

Em pesquisa feita por Lira e Coutinho (2016), sobre a avaliação do acolhimento nas Unidades de Saúde da Família de São Luís-MA foi verificado que os usuários consideram o acolhimento como insatisfatório, com índice composto de 3,7. Ademais, foi visto que o acolhimento pode favorecer a reorganização dos serviços de saúde e a qualificação da assistência prestada. Com relação à avaliação dos serviços, a escuta da opinião de quem recebe a assistência é essencial nessa classificação, bem como ocorre a organização dos serviços e o processo de trabalho. No que se refere ao acesso, foram identificados fatores que o dificultam como a espera prolongada pelo atendimento, dificuldade em conseguir consultas,

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o funcionamento da UBS, organização do serviço que não está de acordo com as necessidades da comunidade, dentre outros problemas.

Considerando a relevância do acolhimento e seus benefícios para o acesso, bem como para melhoria da qualidade da atenção aos usuários e resolutividade de suas demandas, entende-se a importância de trabalhar o acolhimento na USF a qual é a base da rede dos serviços de saúde do SUS, ressaltando a contribuição da presente pesquisa.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Analisar o acolhimento sob o olhar da pessoa idosa na Unidade Básica de Saúde.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar as concepções dos idosos acerca do acolhimento na atenção básica.

 Proporcionar reflexões sobre a questão do acolhimento à pessoa idosa atendida na Atenção Básica.

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4 METODOLOGIA

4.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo/analítico com abordagem qualitativa. O acolhimento constitui-se como desafio na referência ao cuidado integral e, assim, elemento de fundamental importância para a gestão e avaliação de serviços de saúde.

O estudo analítico tem capacidade de fazer predições para a população de onde a amostra foi retirada, além de fazer inferências estatísticas através da aplicação de testes de hipótese (FONTELLES et al., 2003).

Por estudo descritivo, Gil (1991), afirma que algumas dessas pesquisas extrapolam a simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação.

De acordo com Minayo (1994), a abordagem qualitativa se traduz como alternativa de metodologia para pesquisas que investigam a dimensão dos significados das relações humanas e analisa os dados subjetivos, objetivos, fatos e significados relacionados aos atores sociais e as suas relações.

E considerando a perspectiva qualitativa deste estudo, no que se refere à amostragem, não se levou em conta questões como representatividade ou verificabilidade nos termos que se observa nos estudos quantitativos. Como refere Minayo, (1992, p. 102) “menos com a generalização e mais com o aprofundamento e abrangência da compreensão”.

4.2 CENÁRIO DO ESTUDO

O estudo foi realizado na Unidade básica de Saúde de Bom Pastor, município de Natal, Rio Grande do Norte. A maioria dos moradores do bairro é de baixa condição socioeconômica e vivem no contexto de condições sanitárias precárias. Segundo dados da Secretaria Municipal de Urbanização (NATAL, 2009), a população originária do bairro é composta, em sua maioria, por imigrantes advindos do interior do estado que com o êxodo rural vieram em busca de melhores condições de vida desde a década de 1940. O bairro é localizado na região Oeste de Natal, tendo como limites: na região norte o bairro das Quintas, sul: Felipe Camarão,

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leste: Dix Sept-Rosado e oeste o rio Jundiaí. Sua área é composta por 319,9 hectares de território onde está inserida a USF.

A USF é composta por quatro (04) Equipes de Saúde da Família. A unidade foi escolhida por integrar os trabalhos acadêmicos junto à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, através do Projeto Pet Saúde, que desenvolve atividades de ensino através das disciplinas SACI (Saúde e Cidadania - SACI e o Programa de Orientação Tutorial para o Trabalho Integrado em Saúde – POTI). O Projeto PET-Saúde Natal, coordenado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Natal/RN, compreende o desenvolvimento de atividades multiprofissionais e interdisciplinares, com ênfase na estratégia Saúde da Família–ESF, envolvendo estudantes, professores, monitores e alunos de seis cursos de graduação na área da saúde (Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição e Odontologia), os quais se propõem a realizar atividades de atenção à saúde, investigação e ensino, de forma multiprofissional e integrada entre si, com o serviço e a comunidade (PET-Saúde, 2009).

4.3 SUJEITOS DO ESTUDO

Segundo censo do IBGE 2010, o bairro de Bom Pastor tem um contingente populacional de 18.224 habitantes, sendo 8.897 homens e 9. 032 mulheres. Desse total, 6,5% são idosos os quais utilizam os serviços de saúde locais, bem como a rede implicada na Atenção Primária à Saúde e os serviços oferecidos nas demais complexidades do SUS (NATAL, 2009).

Os participantes do estudo compreenderam 30 usuários, com idade a partir de 60 anos, de ambos os sexos, atendidos no serviço de atenção básica de Bom Pastor, município de Natal/RN, os quais integram o Programa de Hiperdia. O programa de Hiperdia contempla as seguintes patologias: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes as quais apresentam aspectos em comum como: Etiopatogenia, fatores de risco (sedentarismo, obesidade), pode haver tratamento não medicamentoso, cronicidade, necessidade de controle rigoroso, dentre outras (BRASIL, 2001).

O grupo de idosos acompanhados no Hiperdia é composto por cerca de 1360 idosos e foi utilizada uma amostra de 30 idosos, considerando o critério de saturação das respostas. Segundo Sá (1998), a finalização das entrevistas é definida pelo critério de saturação e isso é

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obtido quando os temas ou argumentos começam a repetir demonstrando que entrevistar um número maior de participantes pouco acrescentaria de significativo ao conteúdo em estudo.

Os Critérios de Inclusão elencados foram: Ter idade igual ou superior a 60 anos; Ser usuário cadastrado da USF e morador de Bom Pastor; estar em acompanhamento além de ter o acompanhamento dos profissionais no programa hiperdia da USF. Foram excluídos da amostra os Idosos que são acompanhados apenas nas visitas domiciliárias, idosos considerados evasão ou ser acompanhante de pacientes que estejam em atendimento na unidade.

4.4INSTRUMENTO DE PESQUISA E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

A coleta dos dados foi realizada através da Entrevista Semiestruturada, com questões iniciais relativas ao perfil sociodemográfico dos sujeitos, e em seguida as questões acerca do acolhimento (APÊNDICE A).

Como reporta Minayo, (1992) a inter-relação na entrevista contempla o afetivo, existencial, experiências e linguagens do senso comum. Neste sentido, a entrevista tratou de apreender o olhar do idoso acerca do acolhimento, considerando também o percurso sobre o atendimento, os problemas apresentados e o acesso a exames e encaminhamentos para outras especialidades.

A coleta de dados foi iniciada após o aceite formal dos responsáveis pela unidade de saúde do bairro de Bom Pastor, em Natal-RN, mediante assinatura da Carta de Anuência. (ANEXO A).

Os dados foram coletados no período entre novembro de 2016 e fevereiro de 2017, de forma individualizada através de entrevista e em local reservado, gravados em áudio no aparelho celular da pesquisadora, nos dias e horários de acordo com o funcionamento e agendamento para o programa Hiperdia.

4.5 ASPECTOS ÉTICOS

Todos os pacientes envolvidos foram informados a respeito dos objetivos e procedimentos do estudo e participaram voluntariamente, conforme determina a resolução n° 466/12 do Conselho Nacional da Saúde (CNS).

(32)

O estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL) sob o parecer de nº 1.808.237e, somente após aprovação pelo referido Comitê foi iniciada a coleta de dados. Todos os participantes somente foram incluídos no presente estudo quando assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE.

4.6 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas para formação de banco de dados e analisadas através da Análise de Conteúdo segundo Bardin, (2011). Os dados sociodemográficos foram analisados e descritos através de estatísticas descritivas.

A Análise de Conteúdo considera as significações do conteúdo, além da forma, distribuição, buscando conhecer o que está por trás das palavras, variáveis de ordem psicológica, sociológica, histórica, dentre outras, através de dedução baseada em indicadores reconstruídos a partir de uma amostra de mensagens particulares (BARDIN, 2011).

As fases da Análise de Conteúdo constituem-se de: Pré-análise; Exploração do material; Tratamento dos resultados; Inferência e Interpretação. A pré-análise sistematiza as ideias de modo a direcionar um esquema preciso do desenvolvimento das ações subsequentes. A exploração caracteriza-se por essencialmente em codificar, decompor ou enumerar de acordo com regras formuladas.

Na presente pesquisa optou-se por utilizar a categorização dos dados que tem por objetivo demonstrar uma representação simplificada dos dados brutos visando a alcançar o núcleo de compreensão do texto (BARDIN, 2011).

Todas as entrevistas foram realizadas com vistas ao sigilo e anonimato dos sujeitos. Na análise das informações coletadas, algumas falas foram identificadas com números que representam a ordem de entrevista, recurso que auxilia a preservação da identidade. Através da análise do material, na constituição do Corpus da fala dos idosos emergiram as Categorias:

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA

Dos 30 entrevistados (63,3%) eram do gênero feminino e (36,7%) era do gênero masculino. De modo semelhante ocorreu com estudo realizado em Recife/PE sobre o acolhimento, em que a maioria dos entrevistados também eram do sexo feminino (85,81%) (LUCENA et al., 2016). Em outras pesquisas também foi constatada a maior procura de mulheres nos serviços de saúde em relação aos homens, os quais buscam o serviço apenas quando a doença está avançada. (CABRAL et al., 2012; GOMES, 2008). Além disso, observa-se, que a maioria da população idosa em todo o mundo é constituída de mulheres, cerca de 55%, e esse predomínio é maior nas zonas urbanas (BRASIL, 2006b).

Com relação à faixa etária, foram divididas em: 60 a 70 anos: 66,6% que representou a maior parte; 71 a 80 anos (26,6%) e acima de 81 anos (6,8%). Ao longo dos anos, os idosos estão vivendo cada vez mais. Dados de projeção do IBGE (2015), indicam que em 2030, a esperança de viver aos 60 anos será de 23,8 anos para ambos os sexos, atingindo até 25,2 anos em 2060.

No ponto que refere-se à escolaridade pode-se notar que a maioria, (53,3%) estudaram até o ensino fundamental incompleto; (16,6%) são analfabetos; (13,3%) estudaram o ensino fundamental completo; (10%) o ensino médio incompleto e (6,6%) fizeram o ensino médio completo. Em estudo de Nóbrega (2014), foi demonstrado o inverso, visto que discreta maioria dos idosos entrevistados 28,7% eram analfabetos e 22,1% dos entrevistados possuíam o ensino primário completo.

Na questão que trata sobre o trabalho/emprego observa-se variadas profissões, sendo (26,6%) Auxiliar de Serviços Gerais (ASG); (23,3%) agricultores; (10%); (10%) pedreiros; Do lar (6,6%) costureiras; (6,6%) recepcionistas; (3,3%) padeiro; (3,3%) comerciante; (3,3%) autônomo; (3,3%) cobradora e (3,3%) operador de máquina.

No quesito sobre a renda identificou-se que a maioria, (80%) dos entrevistados tinha uma renda de até um salário mínimo e (20%) recebiam de 2 a 3 salários; Nenhum dos entrevistados referiu receber mais de 3 salários mínimos. A renda familiar constatada retrata

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o baixo poder aquisitivo dos estudados bem como o baixo nível de escolaridade. O baixo nível de instrução retrata o envolvimento nas ocupações apresentadas.

Sobre a questão da condição de moradia (73,3%) afirmaram morar em residência própria e (26,6%) moram em casa alugada. Com relação ao tempo de acompanhamento na USF, (33,3%) são acompanhados há até 5 anos, (33,3%) há cerca de 6 a 10 anos e (33,3%) referiram ser acompanhados há mais de 10 anos. Essa situação pode ser entendida devido a problemas na adesão dos idosos ao longo dos anos aos programas voltados para o tratamento e controle de doenças crônicas como a hipertensão e diabetes (DANTAS, 2011).

5.2 ACOLHIMENTO A PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA

A Atenção Básica, reformulada recentemente se caracteriza como conjunto de ações individuais e coletivas de saúde que contemplam promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde voltada para uma população específica e em espaço definido, por uma equipe multiprofissional. A Atenção Básica será disponibilizada de forma gratuita e integral a todas as pessoas de acordo com suas necessidades, bem como com os condicionantes de saúde (BRASIL, 2017).

O acolhimento também definido como cuidado, se configura como um comportamento frente ao outro, caracteriza-se como uma postura de trabalho, preocupação e envolvimento com o outro (BOFF, 2000).

Maturana (2002), defende a importância de reconhecer o outro, nesse caso o idoso, preocupando-se com esse.

Cuidar constitui dar atenção especial, inquietação, se dedicar a alguém ou a algo, ter responsabilidade por alguém. Tais significados são atribuídos a uma dimensão social que implica interação entre os sujeitos (CONTATORE; MALFITANO; BARROS, 2017).

O acolhimento inclui relações interpessoais e almeja o conforto, além de reconhecer o usuário inserido em seu contexto e com dimensões subjetivas e objetivas (COSTA; GARCIA; TOLEDO, 2016).

Em seu capítulo II, artigo 10 do Estatuto do Idoso é definido o direito ao respeito voltado a esse público e diz que, consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e

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moral, preservando a imagem, identidade, autonomia, valores, ideias, crenças, espaços e objetos pessoais (BRASIL, 2013a).

Sendo assim, a entrevista tratou de apreender o olhar do idoso acerca do acolhimento, considerando também o percurso sobre o atendimento, os problemas apresentados e o acesso a exames e encaminhamentos para outras especialidades.

A PNH coloca em pauta desafios do SUS como humanizar o cuidado e dignificar o trabalho. Uma das diretrizes da PNH, o acolhimento se configura enquanto prática essencial à qualificação e a humanização da atenção à saúde. O discurso atual compreende dimensões que permeiam a postura/atitude dos profissionais, técnica/dispositivo organizacional do serviço promovendo maior diálogo entre equipe e usuários e maior acesso ao serviço de saúde (VILAR, 2014).

A avaliação dos serviços de saúde pelos usuários tem sido um importante instrumento na avaliação da qualidade dos cuidados em saúde e favorece a humanização, ademais configura-se em alternativa de analisar a resposta da comunidade à oferta do serviço disponível (GOUVEIA, 2011).

Nesse sentido, serão apresentadas a seguir as Categorias nos quadros 1,2 e 3.

Quadro 1 – Categoria: Cuidado. Natal, 2017. Cuidado

“Tomar de conta[…] Ficar correspondendo com alguma necessidade que a pessoa precise […] Cuidar da pessoa […] Ser bem atendido […] Carinho […] é quando a pessoa tem uma base que as pessoas acolhe e ajuda né? [...] Bem acolhido […] Atendido

direitinho […] É se tiver doença, ser bem acolhido [...] Bem tratado […] Tratar bem […] Respeito […]”.

No discurso dos idosos o acolhimento, em sua maioria, aparece como uma concepção ampla extrapolando a dimensão biológica e referiram o acolhimento como cuidado, carinho, ser bem acolhido, bom atendimento e respeito, dando origem a referida categoria.

O respeito ao idoso é um tema que faz parte do Estatuto do Idoso e deve ser executado pelas instituições de modo geral, inclusive pelas instituições de saúde, obedecendo aos princípios de equidade e integralidade defendidos pelo SUS.

(36)

De modo geral os idosos entenderam o acolhimento enquanto o cuidado para com a pessoa, empatia, nessa perspectiva condiz com o que é defendido pela PNH quando diz que o acolhimento busca reconhecer a necessidade do outro, a criação de relações de vínculo e confiança de modo a garantir o acesso oportuno e ampliar a efetividade das práticas (BRASIL, 2013b).

Com a nova Política de Atenção Básica- PNAB, pode-se verificar que a ampliação dos serviços ficará prejudicada visto que o trabalho com a comunidade exige dedicação e financiamento, no entanto a referida política prioriza ações pontuais a grupos antes não contemplados dificultando a ampliação das ações. Além disso, têm-se também o subfinanciamento de ações.

O acolhimento é visto, como uma técnica leve, que busca favorecer as relações entre equipe e população, trabalhador e usuário, discutir o processo de trabalho, o cuidado integral e a prática clínica, o que reforça a questão de se qualificar os trabalhadores para orientar, escutar, dialogar, atender e tomar decisão (FRANCO; BUENO; MERHY, 1999).

Em pesquisa sobre a implantação do acolhimento na atenção primária, foi observado que quando os profissionais não conhecem o conceito do acolhimento de forma clara. Ele acaba se tornando um serviço de prontoatendimento onde é feita a triagem (SCHOLZE; JUNIOR; SILVA, 2009).

Estudo realizado na atenção básica da Paraíba sobre o acolhimento aos idosos, foi constatado que 63% destes afirmaram ser escutados quando necessitam, 23,2% relataram ter a demanda acolhida por algum profissional em cerca de 11 e 30min., 40% deles classificaram o acolhimento como bom e 51,3% declararam que as orientações fornecidas pelos profissionais atendem sempre a necessidade deles no momento da escuta (MARCOLINO et al., 2015).

Alguns dos entrevistados afirmaram ter um acolhimento favorável devido ao fato de possuírem um elo com o agente de saúde, o qual se responsabiliza por marcar as consultas e informá-los sobre o atendimento, como relatado nas seguintes falas:

A única pessoa que me ajuda bastante aqui é a Fátima que é agente, tudo é com ela que eu sou analfabeto, aí toda hora que chego aqui ela que resolve pra mim sabe? (Ido 28).

Como eu sou hipertensa aí a gente não vem marcar a ficha, procura a agente de saúde aí ela marca pra gente e a gente vem só pra o peso e se consultar... pra mim já é um acolhimento né? (Ido 24)

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O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) foi regulamentado em 1997 e inspirado em experiências de prevenção através de informações sobre cuidados de saúde. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são pessoas de dentro da própria comunidade que atuam junto à população, visando formar uma ligação efetiva da comunidade com as Unidades de Saúde (BRASIL, 2001).

Ao ACS cabe também, como membro da equipe de saúde, realizar o acolhimento dos usuários desenvolvendo a escuta qualificada das necessidades de saúde. O acompanhamento realizado pelos outros membros da equipe também vai interferir na qualidade do acolhimento.

Por outro lado, encontrou-se usuários idosos que nada sabiam sobre o acolhimento, cerca de 43,3% dos entrevistados, evidenciando um quadro comum na saúde, pela limitação na comunicação, nos aspectos educativos em saúde, na orientação sobre a prevenção de doenças, caracterizando-se na assistência médico-centrada, a qual contradiz o que é preconizado pela PNH, que baseia-se no acolhimento como diretriz e torna os usuários atores participantes do seu processo de saúde. Na seguinte fala pode-se observar esse déficit no conhecimento dos usuários.

Sei não, tenho nem ideia, sei o que é não (Ido 6). Só de nome eu não sei o que quer dizer não (Ido 11). Não, sei não (Ido 20).

A falta de acolhimento pode refletir diretamente, em muitos casos, como barreira no acesso aos serviços de saúde como mencionado logo abaixo.

De acordo com Merhy et al. (2003), o acolhimento e o acesso aos serviços estão intimamente relacionados, já que através da escuta qualificada e humanizada se produz vínculo e compromisso e se efetiva o acesso aos serviços.

Uma das metas da OMS e do Ministério da Saúde é a melhoria da formação e educação continuada de profissionais da saúde para que possam avaliar e tratar as condições que afetam os idosos fornecendo ferramentas em busca de um envelhecimento saudável (BRASIL, 2006b).

No que se refere ao acesso aos serviços de saúde defendidos pelo Estatuto do Idoso, em seu Capítulo IV é definido que o SUS deve garantir esse acesso de forma universal e igualitária (BRASIL, 2013a).

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