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OPTIMUS: metodologia de gestão da inovação para instituições científicas e tecnológicas públicas

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(1)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola de Ciências e Tecnologia

Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação

Flaviano Costa Dantas

OPTIMUS: Metodologia de Gestão da

Inovação para Instituições Científicas e

Tecnológicas Públicas.

Orientador:

Profa. Dra. Zulmara Virgínia de Carvalho

Natal – RN – Brasil

(2)

Flaviano Costa Dantas

OPTIMUS: Metodologia de Gestão da Inovação para

Instituições Científicas e Tecnológicas Públicas.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Pro-grama de Pós-Graduação em Ciência Tecno-logia e Inovação da UFRN (área de concen-tração: Gestão da Inovação) como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciência, Tecnologia e Inovação.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Escola de Ciências e Tecnologia

Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação

Orientador: Prof

a

. Dr

a

. Zulmara Virgínia de Carvalho

Natal – RN – Brasil

Fevereiro de 2020

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Dantas, Flaviano Costa.

OPTIMUS: metodologia de gestão da inovação para instituições científicas e tecnológicas públicas / Flaviano Costa Dantas. -2020.

92 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola de Ciências e Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação, Natal, RN, 2020. Orientadora: Profª. Drª. Zulmara Virgínia de Carvalho.

1. Inovação - Dissertação. 2. PD&I - Dissertação. 3. ICT públicas - Dissertação. 4. Gestão Ágil - Dissertação. I. Carvalho, Zulmara Virgínia de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 004:658

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

(4)

Flaviano Costa Dantas

OPTIMUS: Metodologia de Gestão da Inovação para

Instituições Científicas e Tecnológicas Públicas.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Pro-grama de Pós-Graduação em Ciência Tecno-logia e Inovação da UFRN (área de concen-tração: Gestão da Inovação) como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciência, Tecnologia e Inovação.

Trabalho aprovado. Natal – RN – Brasil, 28 de fevereiro de 2020:

Profa. Dra. Zulmara Virgínia de Carvalho

Orientadora

Prof. Dr. José Henrique Fernandez

Externo ao PPgCTI

Prof. Dr. Filipe Emanuel Vieira Taveiros

Externo - CLBI

Natal – RN – Brasil

Fevereiro de 2020

(5)

Este trabalho é dedicado a todos que não desistem de seus sonhos, apesar das dificuldades que a vida lhes impõe,

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Agradecimentos

Primeiramente ao autor e consumador da fé, fonte de vida, Deus.

À minha família pelo apoio durante esta jornada, principalmente à minha querida esposa Danielly que incansavelmente foi a principal apoiadora e incentivadora para o alcance desta conquista. Aos meus amados filhos, Danilo Abner e Davi Benício.

À minha orientadora, professora Zulmara, sou grato pela competente e eficaz orientação dispensada no transcurso deste trabalho.

Aos colegas Dolvim, Leilson e Marco Aurélio pelas sugestões e discussões. Aos demais colegas de pós-graduação pelas críticas e sugestões.

A todos que, diretamente ou indiretamente, contribuíram para o êxito e aplicabilidade deste estudo.

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(9)

“O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude

e o realista ajusta as velas. As oportunidades são como o nascer do Sol: se você esperar demais, vai perdê-las.” (William George Ward)

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Resumo

Com dispositivos voltados ao estímulo ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à ca-pacitação científica e tecnológica e à inovação, a Lei 13.243 de 11 de janeiro de 2016 – conhecida como Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação – impacta nos projetos de

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICT). A apropriação do instrumento legal pelas ICT brasileiras pode se traduzir em fortalecimento da competitividade do país. É dentro dessa demanda legal que está centrada a janela de oportunidade da pesquisa científico-empreendedora deste trabalho. Nessa direção, foi objetivo do estudo desenvolver uma metodologia de gestão ágil, voltada às especificidades de ICT públicas, em especial no que tange a conformidade com requisitos institucionais e legais, bem como no que viabiliza celeridade nas diversas fases dos projetos de PD&I. Dentro desse propósito, foram estudadas (1) as ferramentas de gestão MS Project, Artia, Slack, Asana, Gantt Project; (2) a metodologia ágil Scrum; (3) a abordagem de criação Design Thinking e (4) a metodologia de avaliação do nível de maturidade tecnológica - TRL (do inglês: Technological Readiness Level). O esforço da pesquisa científico-empreendedora gerou a OPTIMUS, uma Metodologia de Gestão da Inovação voltada à otimização de projetos de PD&I para ICT públicas. Além de acompanhar a conformidade com requisitos da ICT, nas fases de (i) pesquisa básica e aplicada; (ii) desenvolvimento tecnológico e (iii) inovação, a OPTIMUS informa o TRL dos projetos de PD&I, o que pode se configurar em mitigação de riscos de investimentos. A validação da OPTIMUS foi realizada, com o produto minimamente viável - MVP (do inglês: Minimum Viable Product) da ferramenta homônima, sob simulação, por meio de sua aplicação no projeto de pesquisa SPACEVANT do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). A análise dos dados da validação evidenciou que o uso da OPTIMUS oferta celeridade de tramitação e simplificação de procedimentos internos.

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Abstract

Featuring rules aimed at stimulating scientific development, research, scientific and tech-nological training and innovation, Law 13,243 of January 11, 2016 – known as the Legal Framework for Science, Technology and Innovation – impacts on Research, Development and Innovation (RD&I) projects of Scientific, Technological and Innovation Institutions (STI). The appropriation of the legal instrument by the Brazilian STI can lead to the strengthening of the country’s competitiveness. It is within this legal demand that the window of opportunity for scientific and entrepreneurial research of this work is centered. In this direction, the objective of the study was to develop an agile management method-ology, focused on the specificities of public STI, especially in terms of compliance with institutional and legal requirements, as well as in terms of speeding up the various phases of &I projects. Within this purpose, the following tools were studied: (1) MS Project, Artia, Slack, Asana, Gantt Project; (2) the agile Scrum methodology; (3) the Design Thinking creation approach and (4) the technological readiness level assessment methodology - TRL. The effort of this scientific and entrepreneurial research generated the OPTIMUS, an Innovation Management Methodology focused on the optimization of R&D&I projects for public STI. Besides monitoring compliance with STI requirements, in the phases of (i) basic and applied research; (ii) technological development and (iii) innovation, OPTIMUS informs TRL of RD&I projects, which can be configured in mitigation of investment risks. In order to validate OPTIMUS, the minimally viable product – MVP of the tool of the same name – was used under simulation in the SPACEVANT research project of Barreira do Inferno Launch Center (CLBI). The analysis of the validation data showed that the use of OPTIMUS offers speed of processing and simplification of internal procedures.

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Lista de ilustrações

Figura 1 – Principais atores do SNCTI . . . 31

Figura 2 – Modelos de Tríplice Hélice Estadista e Leissez-Faire . . . 34

Figura 3 – Tríplice Hélice Atual . . . 34

Figura 4 – Progressão e Promoção – carreiras Tecnologista e Analista em Ciência e Tecnologia (C&T) . . . 37

Figura 5 – Características dos Processos Ágeis . . . 42

Figura 6 – Metodologia SCRUM . . . 43

Figura 7 – Instituições que utilizam a TRL . . . 45

Figura 8 – Tela Inicial Calculadora Nível de Maturidade Tecnológica – Techno-logy Readiness Level (TRL) – Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA)/Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) . . . 48

Figura 9 – Etapa 1 (Avaliação inicial) – Grupos TRL – IAE/ITA . . . 49

Figura 10 – Avaliação Final por Nível (exemplo do Nìvel 1 TRL – IAE/ITA) . . . . 49

Figura 11 – Resultado Final da Avaliação TRL – IAE/ITA . . . 50

Figura 12 – Etapas de execução da ferramenta OPTIMUS . . . 52

Figura 13 – Modelagem da OPTIMUS (Área Pesquisa Básica e Aplicada) . . . 56

Figura 14 – Modelagem da OPTIMUS (Áreas Desenvolvimento Tecnológico e Ino-vação) . . . 59

Figura 15 – Login na Plataforma Optimus . . . 60

Figura 16 – Cadastro na Plataforma Optimus . . . 60

Figura 17 – Tipificação do usuário . . . 61

Figura 18 – Envio de Proposta . . . 61

Figura 19 – Análise formal . . . 62

Figura 20 – Solicitando ajustes na Proposta de Projeto . . . 62

Figura 21 – Análise dos ajustes . . . 63

Figura 22 – Envio de Proposta . . . 64

Figura 23 – Avaliação pelo Conselho Técnico-Científico (CTC) ou Ad Hoc . . . 64

Figura 24 – Encaminhamento aos integrantes do Órgão Colegiado Superior (OCS) para aprovação . . . 65

Figura 25 – Avaliação do OCS. . . 65

Figura 26 – Nível de escolaridade nas ICT . . . 67

Figura 27 – ICT públicas e Exército Brasileiro (EB) . . . 68

Figura 28 – Cargos Ocupados . . . 68

Figura 29 – Execução Projetos de PD&I (Avaliação) . . . 69

Figura 30 – Execução Projetos de PD&I (dificuldades) . . . 69

(16)

Figura 32 – Gestão dos Projetos de PD&I (meios) . . . 70

Figura 33 – CLBI no contexto das ICT. . . 71

Figura 34 – Validação da Optimus . . . 72

Figura 35 – SINDAE . . . 73

Figura 36 – PNAE . . . 74

(17)

Lista de tabelas

Tabela 1 – Resumo do Esforço Inovativo no Brasil . . . 28

Tabela 2 – Quadro comparativo: Gestão Tradicional versus OPTIMUS . . . 77

Tabela 3 – Avaliação do Nível de Maturidade Tecnológica TRL 1 . . . 80

Tabela 4 – Avaliação do Nível de Maturidade Tecnológica TRL 2 . . . 80

Tabela 5 – Avaliação do Nível de Maturidade Tecnológica TRL 3 . . . 81

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Lista de Siglas

AEB Agência Espacial Brasileira

AFRL Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos Estados Unidos – Air Force Research Laboratory

C&T Ciência e Tecnologia

CEO Diretor Executivo – Chief Executive Officer

CInO Gestor de Inovação – Chief Innovation Officer

CLA Centro de Lançamento de Alcântara

CLBI Centro de Lançamento da Barreira do Inferno

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

COMAER Comando da Aeronáutica

CPC Conselho do Plano de Carreiras de Ciência e Tecnologia

CT&I Ciência, Tecnologia e Inovação

CTC Conselho Técnico-Científico

DCTA Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial

EB Exército Brasileiro

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

IAE Instituto de Aeronáutica e Espaço

ICT Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação

IEAv Instituto de Estudos Avançados

IFES Instituição Federal de Ensino Superior

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IoT Internet das Coisas – Internet of Things

IPEV Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo

(20)

MCTIC Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

MPI Mestrado Profissional em Ciência, Tecnologia e Inovação

NASA Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica – National Aeronautics and Space Administration

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OCS Órgão Colegiado Superior

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

PEB Programa Espacial Brasileiro

PMBOK Project Management Body of Knowledge

PMI Instituto de Gerenciamento de Projetos – Project Management Institute

PNAE Programa Nacional de Atividades Espaciais

PNDAE Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais

SINAER Sistema de Inovação da Aeronáutica

SINDAE Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais

SNCTI Sistemas Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

TRL Nível de Maturidade Tecnológica – Technology Readiness Level

(21)

Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . 23 1.1 Situação-problema . . . 24 1.2 Justificativa . . . 25 1.3 Objetivos . . . 25 1.3.1 Objetivo Geral . . . 25 1.3.2 Objetivos Específicos . . . 25 1.4 Organização do Trabalho . . . 26 2 FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICO-EMPREENDEDORA . . . 27 2.1 Inovação . . . 27 2.1.1 Conceituação . . . 27

2.1.2 Arcabouço legal e Sistemas Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) . . . 28

2.2 Tríplice Hélice . . . 33

2.2.1 Conceito e Modelos . . . 33

2.2.2 ICT pública . . . 35

2.3 Ferramentas, Metodologias e Abordagem de Gestão de Projetos . . 40

2.3.1 Ferramentas. . . 40

2.3.2 Metodologias e abordagens Ágeis . . . 41

2.4 Avaliação de Maturidade Tecnológica . . . 45

2.4.1 TRL . . . 45

2.4.2 Ferramenta Calculadora TRL . . . 48

3 METODOLOGIA CIENTÍFICO-EMPREENDEDORA . . . 51

4 OPTIMUS: METODOLOGIA DE GESTÃO DA INOVAÇÃO. . . . . 55

4.1 Concepção da OPTIMUS . . . 55

4.1.1 Pesquisa Básica e Aplicada . . . 55

4.1.2 Desenvolvimento Tecnológico . . . 58

4.1.3 Inovação . . . 58

4.2 Plataforma Digital . . . 58

4.2.1 Etapa 1 - Acesso à Plataforma Digital . . . 60

4.2.2 Etapa 2 - Cadastro de Usuário . . . 60

4.2.3 Etapa 3 - Aprovação do Nível de Acesso . . . 60

4.2.4 Etapa 4 - Envio de Proposta de Projeto . . . 61

(22)

4.2.6 Etapa 6 - Resultado da Análise Inicial . . . 62

4.2.7 Etapa 7 - Análise Intermediária. . . 63

4.2.8 Etapa 8 - Encaminhamento para Análise Técnico-Científica . . . 63

4.2.9 Etapa 9 - Análise Técnico-Científica . . . 63

4.2.10 Etapa 10 - Avaliação do OCS . . . 65 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS . . . 67

5.1 Análise de Demanda . . . 67

5.1.1 Escolaridade dos recursos humanos nas Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) públicas . . . 67

5.1.2 ICT públicas pesquisadas . . . 68

5.1.3 Profissionais entrevistados . . . 68

5.1.4 Projetos de PD&I nas ICT . . . 69

5.1.5 Utilização de uma Metodologia de Gestão Otimizada para Projetos de PD&I nas ICT públicas . . . 69

5.1.6 Gestão de Projetos de PD&I nas ICTpúblicas . . . 70 5.2 Validação Tecnológica . . . 71

5.2.1 A ICT pública CLBI. . . 73

5.2.2 Projeto SPACEVANT . . . 75

5.2.3 Aplicação da OPTIMUS no Projeto SPACEVANT . . . 77 5.3 A Trajetória CInO no projeto científico-empreendedor OPTIMUS . 82 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . 87

6.1 Principais contribuições . . . 87 6.2 Dificuldades e limitações . . . 88 6.3 Trabalhos Futuros . . . 88

(23)

23

1 Introdução

A revolução científico-tecnológica vivida principalmente pelos países industrializados e desenvolvidos na virada do século XX, conhecida como a Revolução 4.0, impulsionou o desenvolvimento de novas formas de se usar a tecnologia (Internet das Coisas, Inteligência Artificial, Big data) onde a inovação se tornou a principal ferramenta de geração de riquezas, propiciando a maximização do lucro. Isso se deve pela aproximação entre os processos de produção físicos e os processos de informação e comunicação que são fornecidos por tecnologias que atuam por meio de sistemas integrados, sensores e dispositivos móveis capazes de se comunicar via internet. Os dados são compartilhados em tempo real e em redes entre máquinas, robôs e sistemas logísticos, permitindo antever falhas e adaptar a produção a novos cenários (RIBEIRO, 2017).

Como ressaltam SOARES e PRETE(2018): “é fato que as mudanças provocadas pelas inovações tecnológicas, organizacionais e de negócios estão revolucionando os sistemas econômico e social de todo o mundo. As tecnologias emergentes, como biotecnologia, nanotecnologia, automação e robótica, além dasTecnologias da Informação e Comunicação (TIC), estão modificando completamente os modelos de negócio e o comportamento da sociedade. Nessa nova era, as “coisas são inteligentes”, o mundo físico está cada vez mais integrado ao digital, pois tudo está nas nuvens e sincronizado. A indústria utiliza cada vez mais processos de robotização, sistema de inteligência artificial eInternet das Coisas –

Internet of Things (IoT).

Não obstante, o setor público tem que se integrar e otimizar seus processos para propiciar o desenvolvimento da inovação. Com isso, é de suma importância a implementação de políticas de estímulo à inovação para permitir o desenvolvimento e a transferência de tecnologias também pelo setor público, especialmente o que pode ser desenvolvido pelas Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação públicas (ICT públicas).

Segundo FOSS, COUTINHO e MOUALLEM (2016), as políticas de estímulo à inovação podem ser definidas como:

“O conjunto de medidas originadas no setor público para aumentar a demanda por inovações, para melhorar as condições para absorção de inovações ou para aperfeiçoar a articulação da demanda, a fim de estimular e difundir inovações”.

As políticas de incentivo à inovação estão previstas, por exemplo, na Lei no 10.973 (BRASIL,2004), visando à promoção da cooperação e interação entre os entes públicos, entre os setores público e privado e entre empresas; estímulo à atividade de inovação nas Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT) e empresas, inclusive para a atração, a

(24)

24 Capítulo 1. Introdução

constituição e a instalação de centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação e de parques e polos tecnológicos no país, entre outros.

Isso fortalece a sistemática previsão do fortalecimento da Tríplice Hélice (Triple Helix), onde o Estado, a Indústria e a Universidade impulsionam conjuntamente a inovação e o desenvolvimento econômico, com papel de destaque para a universidade, bem como na articulação com a indústria e governo, de maneira a gerar novos formatos institucionais e sociais para a geração, transferência e aplicação do conhecimento, produzindo inovação explicitada na melhoria ou criação de novos produtos, serviços ou processos que são absorvidos economicamente no dia-a-dia pela sociedade.

Indiscutivelmente, a Tríplice Hélice se tornou um marco conceitual para explorar a complexa dinâmica da sociedade do conhecimento e para que decisores políticos entendes-sem as novas estratégias de inovação e desenvolvimento onde as políticas governamentais poderão fortalecer a ligação entre a universidade e a sociedade (MIRANDA,2019).

Outrossim, um fator importante que está sendo um ponto positivo para impulsionar a tríplice hélice, no Brasil, é a profissionalização do setor público para ára de PD&I. No caso das ICT públicas, por exemplo, foi estruturado o Plano de Carreiras para a Área de Ciência e Tecnologia, por meio da Lei no 8.691 (BRASIL, 1993). Nela pesquisadores (Carreira de Pesquisa em Ciência e Tecnologia), tecnologistas e técnicos (Carreira de desenvolvimento tecnológico) e analistas e assistentes (Carreira de gestão, planejamento e infraestrutura) desenvolvem atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e gestão, respectivamente.

Ademais, a implementação dos Marcos Regulatórios brasileiros afetos à inovação (Lei no 10.973/2004 e Lei no 13.243/2016) foram muito importantes como elementos jurídicos embasadores e norteadores das ações necessárias para o desenvolvimento efetivo da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Entretanto, a apropriação desses marcos regulatórios ainda se configura como o maior desafio para as empresas eICT, como por exemplo, na efetiva construção de ambientes especializados e cooperativos bem como da participação dasICT públicas no processo de inovação.

1.1

Situação-problema

No Brasil, está ocorrendo uma mudança significativa de posicionamento quanto à inovação. A aprovação da LeiBRASIL(2004), primeiro marco da inovação, e principalmente do Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, instituído pela Lei no 13.243 (BRASIL,2016), propiciaram que as ICT públicas entrassem nessa seara, principalmente

na possibilidade efetiva de produção de projetos de PD&I.

(25)

1.2. Justificativa 25

predizem os Marcos Regulatórios configura-se como um grande desafio que é ratificado por situações que desfavorecem o ambiente inovativo, a saber: processos internos não integrados; incompatibilidade das atividades operacionais com as atividades de PD&I; fragilidade no fluxo de vida dos Projetos e vulnerabilidade na gestão dos processos. Isso gera dificuldade de harmonização de projetos de pesquisas inovadores com os procedimentos tradicionais das ICT públicas, afetando a otimização do ciclo de vida de um Projeto (ideação, desenvolvimento e absorção empresarial).

1.2

Justificativa

Este trabalho se justifica pela necessidade da atuação efetiva das ICT públicas no processo de desenvolvimento de projetos de PD&I, dentro de uma perspectiva ágil, permitindo a comunicação tempestiva entre os diversos partícipes e contribuindo para a otimização do tempo com a harmonização dos procedimentos internos das ICT com as legislações afetas à inovação, assim como com algumas das metodologias de gestão.

1.3

Objetivos

O propósito deste estudo se traduz na perspectiva de otimização de projetos dentro das ICT públicas, onde busca-se atingir um objetivo geral e outros específicos.

1.3.1

Objetivo Geral

Propor uma metodologia de gestão da inovação, intitulada OPTIMUS, para contri-buir com a otimização dos processos afetos àPD&I, executados pelas ICT públicas, visando à geração de riquezas socioeconômicas a partir das atividades afetas a elas (endogenização tecnológica).

Convém ressaltar que a metodologia de gestão de inovação proposta poderá ser replicável para quaisquer ICT que necessitem atender requisitos legais.

1.3.2

Objetivos Específicos

1. Contribuir para que Projetos de Pesquisa, de baixo potencial inovativo, não sejam aprovados e efetivados;

2. Evitar desperdício de tempo e de recursos materiais e humanos;

3. Tornar possível que os diversos partícipes do processo de Gestão da Inovação intera-jam de forma rápida e transparente;

(26)

26 Capítulo 1. Introdução

4. Melhorar o sistema de análises e aprovações das fases de cada Projeto de Pesquisa para efetiva integração e harmonização dos procedimentos e legislações internas com as externas; e

5. Conceber um modelo de Plataforma Digital para a implementação da metodologia de gestão da inovação proposta com a análise de grau de maturidade tecnológica dos projetos.

1.4

Organização do Trabalho

Esta dissertação é composta por 6 (seis) Capítulos.

O capítulo 2 apresenta a fundamentação científico-empreendedora da OPTIMUS, destacando-se o estado da arte, explicitando os principais conceitos que fundamentam os temas relativos àPD&I, especialmente à inovação – assim como a legislação correlata – ao ecossistema brasileiro de inovação, à tríplice hélice, a uma metodologias e a uma abordagem ágeis e, por fim, no que se refere à avaliação de maturidade tecnológica por meio da metodologiaTRL.

O capítulo 3 apresenta como foi concebida a metodologia científico-empreendedora da pesquisa.

O capitulo 4 apresenta a proposta de valor da OPTIMUS, o desenvolvimento da Metodologia OPTIMUS, detalhando a concepção da plataforma digital a ser utilizada nos Projetos de PD&I.

O capítulo 5 apresenta a discussão dos resultados alcançados, detalhando a forma de validação (simulada) da OPTIMUS por meio de um Projeto de Pesquisa de umaICT

pública e a atuação deste pesquisador como Gestor de Inovação durante o Mestrado Profissional em Ciência, Tecnologia e Inovação (MPI), explicitada na trajetóriaCInO.

Finalmente, o capítulo 6 apresenta as conclusões finais desta dissertação, incluindo as principais contribuições, as dificuldades e limitações encontradas na pesquisa e os prováveis trabalhos futuros que poderão ser desenvolvidos para complementar a metodologia proposta.

(27)

27

2 Fundamentação Científico-Empreendedora

É notório que mitigar os efeitos do problema (dualidade de desperdício de tempo e de recursos) detectado neste estudo, diante da complexidade das normas e de procedimentos internos das ICTs, é o maior desafio para a OPTIMUS.

Ademais, a particularidade das ICTs públicas – que são obrigadas a seguir le-gislações rígidas de controle – motiva o processo criativo para harmonizar a rigidez da cultura organizacional convencional com as principais metodologias de gestão de projetos amplamente utilizadas em todo o mundo e com as principais metodologias ágeis.

Por isso, o processo inovativo precisa ser harmonizado com as particularidades impostas às ICTs públicas para que se obtenha resultados céleres e úteis, ou seja, os projetos de PD&I devem permear todas as fases de execução de forma otimizada e com a criação ou aprimoramento de produtos, processos e/ou serviços.

Diante disso, deve-se compreender os diversos temas relacionados à inovação e metodologias de gestão de projetos tradicionais e ágeis.

2.1

Inovação

Nesta parte da pesquisa, abordam-se as definições para a inovação e linha do tempo da inovação no Brasil (arcabouço legal e ecossistema inovativo).

2.1.1

Conceituação

A ideia de inovação reporta aos anos 30 e tem como principal precusor Joseph Alois Schumpeter, um economista austríaco, conhecido como o pai da inovação. Ele destacou que “qualquer ato de fazer as coisas de forma diferente no âmbito da vida econômica” é considerada inovação (D’AVILA, 2016).

O Manual de Frascati (documento-referência que propõe uma metodologia clara para tratar dados e estatísticas referentes à área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)), o Manual de Oslo (documento-proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica, que tem o objetivo de orientar e padronizar conceitos, metodologias e construção de estatísticas e indicadores de pesquisa de P&D de países industrializados), ambos editados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)o Marco regulatório emCT&I definem a de inovação, respectivamente:

As atividades de inovação tecnológica são o conjunto de diligências cien-tíficas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais, incluindo

(28)

28 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

o investimento em novos conhecimentos, que realizam ou destinam-se a levar à realização de produtos e processos tecnologicamente novos e melhores. P&D é apenas uma dessas atividades e pode ser realizada em diferentes estágios do processo de inovação, sendo usada não apenas como uma fonte de ideias inventivas, mas também para resolver os problemas que possam surgir em qualquer etapa do processo, até a sua conclusão (OCDE,2002).

Inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas (OCDE,

2005).

Inovação é a “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que compreenda a agregação de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já existente que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou desempenho (BRASIL,2016)

Percebe-se que o Manual de Oslo implicitamente diferencia a inovação de invenção. Segundo ele, a inovação ocorre quando o que foi desenvolvido é inserido “nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas”, ou seja, o novo produto, processo ou serviço gera valor econômico ou financeiro.

O Manual Frascati define de forma quase similar com o Marco Regulatório que, na mesma direção de entendimento, ratifica o conceito de inovação quando aponta que ela é a “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social”.

2.1.2

Arcabouço legal e

SNCTI

Apesar das dificuldades em se apropriar a inovação, destacadas na situação-problema, o Brasil tem evoluído nas ações para promover desenvolvimento da CT&I

por meio de edição de leis e formação de um ecossistema de inovação (Ministérios, órgãos, Instituições).

O Brasil, especificamente, iniciou seu processo vocacionado à inovação a partir do ano de 1991, com a edição da Lei da Informática e, mais recentemente com a Lei no 13.874/2019. A Tabela 1explicita objetivamente a contribuição, direta ou indiretamente, de cada esforço governamental inovativo.

Tabela 1 – Resumo do Esforço Inovativo no Brasil1

LEGISLAÇÃO / PLANO OBJETIVO PRINCIPAL ANO

Lei da Informática (Lei no 8.248)

Simplificar a autorização de incentivos fiscais para qualificação tec-nológica da indústria e agropecuária; Isenção do IPI, dedução das despesas com P&D do IR e preferência nas compras governamen-tais.

(29)

2.1. Inovação 29

Resumo do Esforço Inovativo no Brasil (continuação)

LEGISLAÇÃO / PLANO OBJETIVO PRINCIPAL ANO

Política Industrial, Tec-nológica e de Comércio e de Comércio Exterior (PITCE)

Capacitar base científica e tecnológica nacional com intuito de pro-mover a inovação. A política tinha como principal foco a expansão da eficiência, aumento de escala de produção e inovação das empresas brasileiras e aumento das exportações de alta tecnologia e desenvolvi-mento de campos de pesquisas selecionados. Principal objetivo seria induzir uma mudança no patamar da indústria brasileira.

2003

Lei de Inovação (Lei no 10.973)

Incentivar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica no am-biente produtivo visando à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do País.

2004

Lei do Bem (Lei no

11.196)

Aumentar concessão de incentivos fiscais à empresas. Alguns instru-mentos são: redução de 50% do IPI e depreciação integral, no próprio ano da aquisição, incidente sobre máquinas, equipamentos, apare-lhos e instrumentos destinados à P&D; amortização acelerada dos dispêndios relativos à aquisição de bens intangíveis, vinculados às atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação, para efeitos de apuração no IR; e, redução de zero da alíquota do IR retido na fonte nas remessas efetuadas para exterior remetida ao registro e manutenção de marcas e patentes.

2005

Plano de Ação de Ciên-cia, Tecnologia & Inova-ção (PACTI)

Proporcionar o avanço do esforço inovador das empresas industriais privadas nacionais. A política buscou quatro desafios principais: i) ampliação da capacidade de oferta; ii) preservação da força do ba-lanço de pagamentos; iii) elevação da capacidade de inovação; e iv) fortalecimento das micro e pequenas empresas.

2007

Conselho Nacional de De-senvolvimento Produtivo (PDP)

Orientar o pró-investimento e desenvolvimento de um sistema de go-vernança adequado aos objetivos ao longo do período. Fortalecer a dinâmica de crescimento e impulsionar a sustentabilidade por meio do investimento, aumento de oferta e geração de empregos formal. Facilitação dos empreendimentos a partir de medidas de cunho tri-butário/fiscal, creditício, burocrático e regulatório.

2008

Plano Brasil Maior

(PBM)

Aproveitar competências presentes nas empresas, no ramo acadêmico e na sociedade, a partir da integração de instrumentos de vários mi-nistérios, órgãos do Governo Federal e possui coordenação do Minis-tério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As diretrizes estruturantes desta política são: Fortalecer as cadeias produtivas, ampliar novas competências tecnológicas, desenvolver ca-deias de suprimento de energia, diversificar as exportações e inter-nacionalização corporativa e promoção de produtos manufaturados de tecnologias intermediárias com consolidação de competências na economia.

(30)

30 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

Resumo do Esforço Inovativo no Brasil (continuação)

LEGISLAÇÃO / PLANO OBJETIVO PRINCIPAL ANO

Estratégia Nacional de Ci-ência, Tecnologia e Inova-ção (ENCTI)

Unir desafios setoriais e promover um rumo para a política de ino-vação, i) foco nos setores estratégicos (energia; P&D; Complexo de Saúde; Cadeia agropecuária; Aeroespacial e Defesa; TICs; Sustenta-bilidade), para onde se direciona a maioria dos recursos, ii) sinergia com programas de inovação baseados em projetos integrados envol-vendo empresas e instituições de pesquisa; iii) acesso por meio da “porta única” da entrada, que integra diversos mecanismos de apoio à inovação (crédito, subvenção, não reembolsável e participação de capital); iv) descentralização institucional para micro e pequenas em-presas; v) grande escala de recursos: 0,7% do PIB (R$28,5 milhões para 2013 e 2014).

2013

Marco Legal em CT&I (Lei no 13.243)

Estimular o desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação ci-entífica e tecnológica e à Inovação, alterando várias outras leis para facilitar e aproximar as empresas e universidades, na tentativa de transformar conhecimento em tecnologia e inovação. O Marco Legal tem uma atuação institucional no ambiente produtivo local, regional ou nacional. Altera a Lei da Inovação (Lei no 10.973/2004), a Lei

do Estrangeiro (Lei no6.815/1980), a Lei das Licitações e Contratos (Lei no 8.666/1993), o Regime Diferenciado de Contratações

públi-cas (Lei no 12.462/2011), a Lei de Contratação Temporária (Lei no 8.745/1993), a Lei das Fundações de Apoio (Lei no 8.958/1994), a Lei de Importações de Bens para Pesquisa (Lei no8.010/1990), a Lei de Isenções de Importações (8.032/1990) e Lei do Magistério Federal (Lei no 12.772/2012).

2016

Decreto no 9.283 Estabelecer medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação tecno-lógica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional, com a regulamentação da Lei no 10.973/2004, da Lei no13.243/ 2016, do art. 24, § 3o, e o art. 32, § 7o, da Lei no 8.666/1993, do art. 1o da Lei no8.010/1990, e do art.

2o, caput, inciso I, alínea "g", da Lei no 8.032/1990; e de alteração do Decreto no 6.759/2009, a fim de estabelecer medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produ-tivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional,

2018

Lei da Liberdade Econô-mica (Lei no 13.874)

Estabelece garantias de livre mercado; desburocratizando a ati-vidade econômica, alterando as Leis no 10.406/2002, 6.404/1976, 11.598/2007, 12.682/2012, 6.015/1973, 10.522/2002, 8.934/1994, o Decreto-Lei no 9.760/1946 e a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452/1943; revoga a Lei Delegada no 4/1962, a Lei no 11.887/2008, e dispositivos do Decreto-Lei no 73/1966

2019

A previsão legal se torna realidade – com reflexo direto na sociedade – especial-mente na implementação de políticas públicas, com a sinergia entre os diversos atores do ecossistema de inovação, conhecido comoSNCTI. Esse ecossistema abriga os principais organismos que orbitam o processo inovativo onde são classificados em: atores políticos,

(31)

2.1. Inovação 31

agências de fomento e operadores do Sistema, conforme ilustra a Figura 1.

Fonte: MCTIC (2018)

Figura 1 – Principais atores do SNCTI

No âmbito desse Sistema, os atores Políticos têm como atribuição principal definir diretrizes estratégicas que nortearão as iniciativas do SNCTI. Por sua vez, as Agências de Fomento têm competência no domínio dos instrumentos que viabilizarão as decisões tomadas pelos atores políticos. Finalmente, os operadores do Sistema (Operadores de

CT&I executam as atividades de PD&I planejadas.

A inovação somente é de fato atingida na sua plenitude quando o produto, serviço ou processo inovador gera receitas ou economia de despesas, quando a invenção promove benefícios financeiros e há a utilização efetiva da sociedade no âmbito interno e externo às ICTs públicas (absorção público-privada). Esse processo se consolida com a atuação conjunta de todos os integrantes do ecossistema de inovação, pois todos têm importante papel (MCTIC, 2018). Destacamse nesse ecossistema com suas principais atribuições -os seguintes element-os:

a) Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) Exerce a função de Coordenador do SNCTIconsiderando suas competências legais, o domínio de diversos recursos essenciais e o papel histórico desempenhado pelo órgão no setor. A centralidade do MCTIC é também ilustrada pela atuação na governança do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), além de competência legal na formulação das Políticas Nacionais para o setor.

b) Agências de Fomento

(32)

32 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e o Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico (CNPq).

c) Agências reguladoras

Como partícipes relativamente recentes no SNCTI, as Agências Reguladoras têm contribuído ativamente para o fortalecimento desse Sistema.

d) Poder Legislativo

Ademais, ao Poder Legislativo compete estabelecer normas que regulem e facilitem o pleno desenvolvimento das atividades de CT&I. Quanto ao poder legislativo, várias leis que viabilizam o funcionamento do SNCTI dependem de apreciação e aprovação do Congresso Nacional, em nível federal, e das Assembleias Estaduais. Instrumentos como incentivos fiscais, leis orçamentárias, regras de atuação de carreiras de pesquisadores, entre outras demandas requerem a atuação dos representantes do povo. Compete também ao Legislativo o acompanhamento, a fiscalização e o controle das políticas governamentais.

É de bom alvitre explicitar as iniciativas mais recentes do Congresso Nacional relativas à CT&I: a inclusão doSNCTIna Constituição Brasileira (Emenda Constitucional no 85/2015) e a promulgação do Marco Regulatório da CT&I (BRASIL, 2016).

O tema é tão relevante que a Câmara dos Deputados possui uma Comissão Perma-nente de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) com finalidade de discutir e votar os projetos de leis apresentados. O Senado também possui uma Comissão Permanente dedicada ao tema: a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCTICI).

Não obstante, o Regimento Interno do Senado (art. 104-C) assinala como compe-tência da CCTICI “opinar sobre proposições pertinentes aos seguintes temas”:

I. desenvolvimento científico, tecnológico e inovação tecnológica;

II. política nacional de ciência, tecnologia, inovação, comunicação e informática; III. organização institucional do setor;

IV. acordos de cooperação e inovação com outros países e organismos internacionais na área;

V. propriedade intelectual;

VI. criações científicas e tecnológicas, informática, atividades nucleares de qualquer natureza, transporte e utilização de materiais radioativos, apoio e estímulo à pesquisa e criação de tecnologia;

(33)

2.2. Tríplice Hélice 33

VII. comunicação, imprensa, radiodifusão, televisão, outorga e renovação de concessão, permissão e autorização para serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; VIII. regulamentação, controle e questões éticas referentes à pesquisa e ao desenvolvimento

científico e tecnológico, à inovação tecnológica, à comunicação e informática; IX. outros assuntos correlatos.

2.2

Tríplice Hélice

Nesta seção apresentam-se o conceito e a evolução dos modelos da Tríplice Hélice e, também, a caracterização do contexto em que se insere uma ICT pública, afeta a este trabalho, isto é, o CLBI.

2.2.1

Conceito e Modelos

A Tríplice Hélice é um modelo de interação universidade-indústria-governo para a inovação. Ele foi alterado ao longo do tempo, conforme ilustrado nas Figuras 2 e 3, a saber:

1. Modelo Estadista de Cooperação Universidade-Empresa: Este modelo define que o Estado engloba as universidades e as empresas e, de forma direta, afirma que esse Estado é o mentor das relações cooperativas entre ambos, ou seja, o Estado absorve e gerencia (FERREIRA,2018). Nesse modelo, a Universidade apenas detém o conhecimento; a indústria a operacionalidade de execução empreendedora.

2. Modelo Leissez-Faire: Neste caso, os partícipes interagem com forças similares, todavia o Estado continua sendo o grande incentivador da cooperação (FERREIRA,

2018); e

3. Modelo Atual de Tríplice Hélice: Apresenta uma interação mais próxima entre os três atores, formando redes trilaterais e organizações híbridas onde as três hélices possuem funções que lhe são peculiares: o GOVERNO é o agente regulador; a INDÚSTRIA, onde pode-se também inserir as Empresas em geral, é a parte de execução de atividade empresarial, e a UNIVERSIDADE detém o saber científico. O novo modelo de Tríplice Hélice evoca a prática de que as hélices que compõem o ecossistema da inovação possuem papeis híbridos: as Universidades, antes detentoras apenas do saber científico, passaram a ter função empreendedora com a atuação de incubadoras de Empresas, de Núcleos de Inovação Tecnológica e de Parques Tecnológicos, por exemplo (SOARES; PRETE, 2018).

(34)

34 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

Diferentemente dos outros modelos citados, no modelo atual de Tríplice Hélice, o Governo contribui para tornar a interação entre os diversos atores de forma mais sistematizada e equilibrada. As Universidades passam a ter o papel central dentro da interação tradicional de tríplice, pois assumem atividades de simulação e desenvolvimento do saber científico e também tecnológico assim como as atividades tipicamente empresariais (incubação, aceleração de empresas, por exemplo). As Empresas têm o papel principal de liderança em inovação e com atribuições de fomentar a continuidade do desenvolvimento técnico-científico que aconteceu nas Universidades, sendo a hélice responsável em transferir para a sociedade o que foi desenvolvido.

Fonte:FERREIRA (2018)

Figura 2 – Modelos de Tríplice Hélice Estadista e Leissez-Faire

Fonte:SOARES e PRETE (2018) Figura 3 – Tríplice Hélice Atual

(35)

2.2. Tríplice Hélice 35

2.2.2

ICT pública

De acordo com a Lei no 13.243/2016 (BRASIL, 2016):

Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT): órgão ou entidade da administração pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico ou o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos.

Ademais, depreende-se, a partir do Decreto no 9.283/2018 (BRASIL, 2018) – com-binado com a Lei da Inovação (BRASIL,2004) – a seguinte definição:

Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação pública – ICT pública – órgão ou entidade da administração pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos (...) integrante da admi-nistração pública direta ou indireta, incluídas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

No âmbitos das ICTs públicas, há um plano de carreiras de Tecnologistas e Analistas em C&T, preconizado pela Lei no 8.691/1993 e peloConselho do Plano de Carreiras de

Ciência e Tecnologia (CPC), que fixou normas regulamentadoras para a progressão no Plano de Carreiras C&T por meio da Resolução no 3. Esse plano é uma norma legislativa adicional que incentiva a efetivação da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico, haja vista a previsão daP&D ser uma das variáveis para progressão do servidor.

De acordo com o Art. 19 dessa Resolução, a progressão do servidor na respectiva carreira ocorrerá exclusivamente em consequência de seu desempenho, aferido de acordo com os critérios estabelecidos pelo CPC, da seguinte forma:

I. de um padrão para outro imediatamente superior, dentro da mesma classe (progres-são); e

II. do último padrão de uma classe para o inicial da classe imediatamente superior (promoção).

A promoção ocorre de uma classe para outra, correspondendo a um enriquecimento do cargo, uma evolução ao longo da carreira que envolve experiência, aperfeiçoamento e desempenho satisfatório por parte do servidor. A progressão, por sua vez, é a evolução dentro da mesma classe, que exige do servidor desempenho satisfatório condizente com os requisitos que caracterizam a classe ocupada.

(36)

36 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

O critério para progressão tem por objetivo valorizar a atividade-fim da carreira. Para a Carreira de Desenvolvimento Tecnológico, a atividade-fim é pesquisa e desenvolvi-mento tecnológico. Por outro lado, para a Carreira de Gestão, Planejadesenvolvi-mento e Infraestrutura em C&T, a atividade-fim é dar apoio às atividades e projetos de C&T. Estas diferen-ças estão agrupadas segundo as suas especificidades, requisitos de formação e graus de responsabilidade.

Em muitos casos, servidores mais produtivos não conseguem ter acesso a vagas para realização de cursos de pós-graduação. Nestes casos, a titulação deve ser considerada como um dos caminhos, embora não o único, para progressão do Tecnologista ou Analista em C&T na respectiva carreira.

Portanto, ter realizado atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, du-rante, pelo menos, certa quantidade de anos, que atribua ao servidor habilitação corres-pondente ao título de doutor (Sênior, Pleno 2 e 3) ou grau de mestre (Pleno 1) é condição suficiente para comprovar a qualificação exigida para um Tecnologista, sem título de doutor ou grau de mestre.

Da mesma forma, ter realizado atividades de gestão e apoio aos projetos e às atividades de C&T, durante, pelo menos, certa quantidade de anos, que atribua ao servidor habilitação correspondente ao título de doutor (Sênior, Pleno 2 e 3) ou grau de mestre (Pleno 1) é condição suficiente para comprovar a qualificação exigida para um Analista em

C&T, sem título de doutor ou grau de mestre.

O Plano de Carreiras trata de forma idêntica os Pesquisadores, os Tecnologistas e os Analistas em C&T, exigindo formação e titulação acadêmica para posicionamento e ascensão funcional. Consequentemente, nas Instituições nas quais estes servidores estarão lotados, há a necessidade de implementar políticas de especialização lato ou stricto sensu.

Apesar de a ascensão funcional não ser puramente acadêmica e o desenvolver tecnologia não exige necessariamente pós-graduação – embora seja fortemente incentivado – essa exigência constitui uma maior qualificação profissional dos servidores que atuarão na numa importante área e primordial para o desenvolvimento do país: a área de Ciência e Tecnologia. A Figura 4demonstra de forma simplificada o ciclo de progressão de promoção de Tecnologistas e Analistas em C&T.

Conforme a Lei no 8.691/1993 (BRASIL, 1993), são pré-requisitos para ingresso e progressão nas classes do cargo de Tecnologista e Analista em C&T, além do 3o grau completo, o seguinte:

I. Tecnologista Senior:

a) ter o título de Doutor e, ainda, ter realizado, durante pelo menos seis anos após a obtenção de tal título, atividade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico,

(37)

2.2. Tríplice Hélice 37

Fonte: O Autor

Figura 4 – Progressão e Promoção – carreiras Tecnologista e Analista em C&T

ou ter realizado, após a obtenção do grau de Mestre, atividade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico durante, pelo menos, onze anos, que lhe atribua habilitação correspondente, ou ter realizado, durante pelo menos quatorze anos, atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que lhe atribuam habilitação correspondente; e

b) ter reconhecida liderança em sua área de atuação, aferida por uma relevante e continuada contribuição, consubstanciada por coordenação de projetos ou de grupos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, contribuindo com resultados tecnológicos expressos em trabalhos documentados por periódicos de circulação internacional, patentes, normas, protótipos, contratos de transferência de tec-nologia, laudos e pareceres técnicos, e outros meios aprovados pelo Conselho referido no art. 16.

(38)

38 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

II. Tecnologista Pleno 3:

a) ter o título de Doutor e, ainda, ter realizado, durante, pelo menos, três anos após a obtenção de tal título, atividade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, ou ter realizado, após a obtenção do grau de Mestre, atividade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico durante, pelo menos, oito anos, que lhe atribua habilitação correspondente, ou ter realizado durante, pelo menos, onze anos atividade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que lhe atribua habilitação correspondente; e

b) demonstrar capacidade de realizar pesquisa e desenvolvimento tecnológico relevantes de forma independente, contribuindo com resultados tecnológicos ex-pressos em trabalhos documentados por publicações de circulação internacional, patentes, normas, protótipos, contratos de transferência de tecnologia, laudos e pareceres técnicos, e outros meios aprovados pelo Conselho referido no art. 16; III. Tecnologista Pleno 2:

a) ter o título de Doutor ou ter realizado, após a obtenção do grau de Mestre, atividade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico durante, pelo menos, cinco anos, que lhe atribua habilitação correspondente, ou ter realizado, durante pelo menos oito anos, atividade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que lhe atribua habilitação correspondente; e

b) demonstrar capacidade de participar em projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico relevantes na sua área de atuação, contribuindo com resultados tecnológicos expressos em trabalhos documentados por publicações de circula-ção internacional, patentes, normas, protótipos, contratos de transferência de tecnologia, laudos e pareceres técnicos, e outros meios aprovados pelo Conselho referido no art. 16.

IV. Tecnologista Pleno 1:

a) ter o grau de Mestre ou ter realizado, durante, pelo menos, três anos, ativi-dade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que lhe atribua habilitação correspondente; e

b) ter participado de projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico; V. Tecnologista Júnior: ter qualificação específica para a classe.

(39)

2.2. Tríplice Hélice 39

a) ter o título de Doutor e, ainda, ter realizado durante, pelo menos, três anos, após a obtenção de tal título, atividades de gestão, planejamento ou infra-estrutura em Ciência e Tecnologia, ou ter realizado após a obtenção do grau de Mestre, atividades de gestão, planejamento ou infra-estrutura, durante, pelo menos, oito anos, que lhe atribuam habilitação correspondente, ou ter realizado, durante, pelo menos onze anos, atividades de gestão, planejamento e infra-estrutura em Ciência e Tecnologia, que lhe atribuam habilitação correspondente;

b) ter realizado, de forma independente, trabalhos interdisciplinares ou sistemas de suporte relevantes para o apoio científico e tecnológico, consubstanciados por desenvolvimento de sistemas de infra-estrutura, elaboração ou coordenação de planos, programas, projetos, estudos específicos de divulgação nacional e outros meios aprovados pelo Conselho referido no art. 16;

VII. Analista em Ciência e Tecnologia Pleno 2:

a) ter o título de Doutor ou ter exercido, durante, pelo menos, cinco anos, após a obtenção do grau de Mestre, atividades de gestão, planejamento ou infra-estrutura em Ciência e Tecnologia, que lhe atribuam habilitação correspondente ou ainda ter realizado, durante, pelo menos, oito anos, atividades de gestão, planejamento e infra-estrutura em Ciência e Tecnologia, que lhe atribuam habilitação correspondente;

b) ter realizado, sob supervisão, trabalhos interdisciplinares, ou sistemas de suporte relevantes para o apoio científico e tecnológico consubstanciados por elaboração ou gerenciamento de planos, programas, projetos e estudos específicos com divulgação interinstitucional, e outros meios aprovados pelo Conselho referido no art. 16.

VIII. Analista em Ciência e Tecnologia Pleno 1:

a) ter grau de Mestre ou ter realizado, durante, pelo menos, três anos, atividade de gestão, planejamento ou infra-estrutura em Ciência e Tecnologia, que lhe atribua habilitação correspondente; e

b) ter participado de trabalhos interdisciplinares ou da elaboração de sistemas de suporte, de relatórios técnicos e de projetos correlacionados com a área de Ciência e Tecnologia;

IX. Analista em Ciência e Tecnologia Júnior: ter qualificações específicas para a classe.

(40)

40 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

Constata-se que a carreira de desenvolvimento tecnológico é destinada a profissionais habilitados a exercer atividades específicas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, com três cargos específicos (tecnologistas, técnico e auxiliar-técnico).

No caso da carreira de gestão, planejamento e infraestrutura em C&T, ela é destinada a servidores habilitados a exercer atividades de apoio à direção, coordenação, organização, planejamento, controle e avaliação de projetos de pesquisa e desenvolvimento na área deC&T, bem como toda a atividade de suporte administrativo, com dois cargos (Analista emC&T e Assistente).

Diante disso, depreende-se que para os cargos de Tecnologista e de Analista em

C&T é previsto o desenvolvimento e o apoio às pesquisas, respectivamente, e os títulos de mestre e doutor são pré-requisitos para ascensão profissional e percepção de vantagens remuneratórias (BRASIL,1993).

2.3

Ferramentas, Metodologias e Abordagem de Gestão de

Proje-tos

Para formatação da Optimus, foram pesquisadas várias ferramentas (MS Project, Artia, Slack, Asana, GanttProject), metodologia ágil (Scrum) e abordagem (Design Thin-king) de gestão de projetos onde se detectaram as suas vantagens e limitações. De forma sucinta, essas técnicas apresentam as seguintes características:

2.3.1

Ferramentas

a) MS Project R

Desenvolvida a partir do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos – Project

Management Body of Knowledge (PMBOK) R, do Instituto de Gerenciamento de

Projetos – Project Management Institute (PMI), o MS Project R é uma das

ferramen-tas mais compleferramen-tas para gerenciamento de projetos. Por meio dela, pode-se controlar: tempo, tarefas, cronograma físico-financeiro, custos, equipes, entregas.

A desvantagem dela é a complexidade e a grande quantidade de informações que a metodologiaPMBOKgera. São várias etapas sequenciais e interligadas, com produção de documentos inerentes a todas as áreas de inserção do Projeto (Orçamentária e de Custos, Qualidade, Riscos, Comunicações, Aquisições, Partes Interessadas), conforme consta em PMI (2017), ocasionando desperdício de tempo e morosidade na vida dos projetos, além de ser uma ferramenta paga (Microsoft R

(41)

2.3. Ferramentas, Metodologias e Abordagem de Gestão de Projetos 41

b) Artia R

A ferrramenta Artia R tem traços de gestão inovadora, com destaque de utilização do

Kanban que é um um método organizacional que visa aumentar a produtividade e otimizar a realização das tarefas e das entregas com a utilização de cartões e post-its em um quadro para acompanhar, de maneira visual, o andamento dos fluxos de produção nas empresas (FIRMINO, 2019). A Artia tem funcionamento 100% web. A desvantagem é que a versão gratuita limita o número de usuários e de espaço de armazenamento, sendo inviável a sua utilização. A versão completa é paga (JUNG,

2003). c) Slack R

O slack se destaca por apresentar um software de chat e compartilhamento de arquivos e permite integração com outras ferramentas (Google Drive R

, e Dropbox R

). A versão gratuita é limitada.

d) Asana R

O Asana R se destaca na atribuição de tarefas e comunicação entre os integrantes

do Projeto. Há uma versão gratuita para pequenas empresas que também tem as funcionalidades limitadas (JUNG, 2003).

e) GanttProject R

Este é a única ferramenta totalmente gratuita. Destaca-se pela compatibilidade com os principais sistemas operacionais (Linux, Windows R e IOS R) e na funcionalidade

de converter os resultados para PDF e HTML.

No entanto, limita-se ao gerenciamento do cronograma de um Projeto por meio do gráfico de Gantt (controle de tempo, uso de barras horizontais que representam as tarefas, setas demarcadoras de relações de interdependência, e objetivos e metas). Com exceção do MS Project, por exemplo, as principais ferramentas de gestão de projetos geralmente se limitam ao controle de prazo e tarefas (JUSTO, 2019). O diferencial da metodologia proposta nesse trabalho, a OPTIMUS, é o formato idealizado a partir das principais legislações de inovação e da inclusão da avaliação do nível de maturidade tecnológica do Projeto.

2.3.2

Metodologias e abordagens Ágeis

As metodologias (ou métodos) ágeis, assim como as abordagens ágeis, buscam a otimização na gestão dos projetos e dos processos com características comuns, como por exemplo: times pequenos, auto-organizados, menos hierarquia e mais autonomia; foco em valor, o que realmente faz a diferença para o negócio e pessoas; ciclos curtos, iterativo-incrementais, na escala de semanas; busca pela qualidade consciente, em valor sem

(42)

42 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

desperdícios; liberdade com responsabilidade, devemos ter orgulho da equipe e produto; gestão visual, realismo e transparência, tomando decisões diariamente; usar uma linguagem ubíqua, comum junto a todos os envolvidos. (SABBAGH, 2013)

Os processos, que permeiam essas metodologias, caracterizam-se como sendo in-crementais, cooperativos, diretos e flexíveis (KAWAMOTO, 2017), ou seja, totalmente otimizados, conforme ilustrado na Figura 5.

Fonte: KAWAMOTO (2017)

Figura 5 – Características dos Processos Ágeis

Dentre as diversas metodologias ágeis existentes, convém destacar o Scrum e, como abordagem, o Design Thinking.

a) Scrum R

É uma metodologia que se limita, basicamente, no gerenciamento de tarefas, com foco de desenvolvimento concentrado na equipe do projeto. O foco está em qualidade e entregas incrementais, sem se importar muito com a gestão documental. Esse método foi criado para o desenvolvimento de softwares. Ele basicamente trabalha em três níveis: Sprint, Release e Product.

Conforme SABBAGH(2013), Sprint é o ciclo de desenvolvimento, onde o incremento do Produto pronto é gerado por um grupo multidisciplinar de pessoas, responsável

(43)

2.3. Ferramentas, Metodologias e Abordagem de Gestão de Projetos 43

por realizar o trabalho de desenvolvimento do produto a partir dos requisitos mais importantes definidos pelo profissional habilitado (Product Owner ) para definir os itens que compõem a lista que contém todas as funcionalidades desejadas para um produto, chamado de Product Backlog.

O Release refere-se à entrega de um ou mais incrementos do Produto pronto, gerados pelo equipe de desenvolvimento do produto em uma ou mais Sprints sucessivos. O modelo Scrum sugere que os projetos avancem por meio de uma série de Sprints, que não devem ter mais que um mês de duração (o ideal são duas semanas) (SABBAGH,

2013).

Basicamente, no início do Sprint há uma reunião de planejamento onde os membros da equipe descobrem com quantos itens podem se comprometer. Em seguida, criam um Sprint Backlog (uma lista das tarefas a realizar ao longo do Sprint).

Em cada dia do Sprint, todos os membros da equipe devem participar de uma reunião, incluindo o Scrum Master e o Product Owner. O encontro não deve durar mais de 15 minutos. Durante esse tempo, os profissionais compartilham o que trabalharam no dia anterior e o que vão fazer naquele dia e identificam quaisquer impedimentos ao progresso do projeto.

O modelo Scrum vê reuniões diárias como uma maneira de sincronizar as ações dos membros do time. No final de um Sprint, a equipe realiza uma revisão, durante a qual demonstra a nova funcionalidade criada, por exemplo, para o Product Owner ou qualquer outra parte interessada que deseje fornecer feedback que possa influenciar o próximo Sprint.

O Scrum funciona em ciclos e, a cada nova implementação, a equipe ficará mais adaptada, até que se encontre um ritmo confortável. A figura 6ilustra como funciona a metodologia Scrum.

Outro destaque na gestão de projetos utilizando o Scrum é a retrospectiva do Sprint. Toda a equipe participa dessa retrospectiva (reunião), incluindo o Scrum Master e o Product Owner. A reunião, por sua vez, consiste na oportunidade para refletir sobre o Sprint que terminou, e identificar oportunidades para melhorar.

O Scrum Master é o gerente do Projeto ou pessoa designada que procura assegurar que a equipe respeite e siga os valores e as práticas do Scrum (DESENVOLVIMENTO ÁGIL, 2019).

b) Design Thinking R

O Design Thinking é uma abordagem de ideação que ganhou popularidade com os trabalhos da IDEO (ideo.org), empresa internacional de design e consultoria em inovação, fundada nos Estados Unidos, em 1991, liderada pelo Diretor Executivo –

(44)

44 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

Fonte: KAWAMOTO (2017) Figura 6 – Metodologia SCRUM

na convergência da tecnologia e das artes, bem como as maneiras pelas quais o design pode ser usado para promover o bem-estar das pessoas que vivem em economias emergentes. Ele afirmou:

Precisamos de novas escolhas – novos produtos que equilibrem as necessidades de indivíduos e da sociedade como um todo; novas ideias que lidem com os desafios globais de saúde, pobreza e educa-ção; novas estratégias que resultem em diferenças que importam e, um senso de propósito que inclua todas as pessoas envolvidas [. . . ] Precisamos de uma abordagem à inovação que seja poderosa, eficaz e amplamente acessível, que possa ser integrada a todos os aspec-tos dos negócios e da sociedade e que indivíduos e equipes possam utilizar para gerar ideias inovadoras que sejam implementadas e que, portanto, façam a diferença. Tim Brown

O funcionamento do Design Thinking acontece da seguinte forma (VIANNA, 2018): Imersão: Consiste no entendimento dos problemas com identificação dos mais diversos atores do processo, além do escopos e limites de um projeto, com coleta de dados, por meio de cartões de insights.

Análise e síntese: Nesta fase, os dados coletados são submetidos à análise e síntese, de forma a serem organizados e criar padrões identificáveis, dentro de uma lógica que permita a compreensão do problema em questão.

Ideação: O perfil do público alvo é definido, a partir de ideias inovadoras para um tema do projeto em questão. Nessa fase, o senso crítico é bastante utilizado e compelido por brainstorming com todos da equipe, público alvo e profissionais que a equipe julgar que devem opinar.

Prototipagem: É o momento da materialização das ideias. E apesar de ser apresentado como fase final do processo de design thinking, ele pode permear todo projeto, de

(45)

2.4. Avaliação de Maturidade Tecnológica 45

forma a acontecer simultaneamente com a imersão, análise e síntese, e ideação. Nessa fase as soluções inovadoras devem ser criadas, gerando oportunidades de negócios, no caso de uma empresa.

2.4

Avaliação de Maturidade Tecnológica

2.4.1

TRL

A TRL consiste em uma metodologia que avalia o nível de maturidade de desen-volvimento tecnológico das atividades de P&D, por exemplo, podendo ser um projeto de pesquisa para melhoria ou criação de um produto, processo ou serviço. É uma ferramenta que auxilia na tomada de decisão por parte de todos os envolvidos em projetos de P&D, indicando o status que o objeto em estudo se encontra.

Atualmente, muitas instituições (Agências, Empresas, Órgão governamentais) utili-zam a TRL para avaliação de seus produtos, processos e ou serviços, conforme ilustra a figura 7, por exemplo.

Fonte: ROCHA(2016).

Figura 7 – Instituições que utilizam a TRL

De acordo com ROCHA(2016), a metodologiaTRL surgiu na década de 60, para avaliações tecnológicas da Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica –

Nati-onal Aeronautics and Space Administration (NASA), com estabelecimento de requisitos destinado à tecnologia de uma estação espacial. Na década de 70, esse modelo inicial foi aprimorado e expandido para uso na gestão de novas tecnologias. Outros pesquisadores desenvolveram várias versões de TRL, especialmente pesquisadores do Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos Estados Unidos – Air Force Research Laboratory (AFRL), organização científica de pesquisa do Departamento de Defesa. Em 2003, um dos

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pesquisa-46 Capítulo 2. Fundamentação Científico-Empreendedora

dores do AFRL desenvolveu uma ferramenta, no excel, conhecida com TRLcalculator; a Agência Espacial Europeia criou o próprio Manual de Aplicação da Metodologia e, no ano de 2013, foi criada a Norma de Certificação da Metodologia para o Setor Espacial (ISO 16290:2013).

No Brasil, foi editada um cópia fiel do conteúdo técnico da ISO 16290:2013, a ABNT NBR ISO 16290:2015. Essa norma levou em consideração documentos sobre o assunto disponíveis previamente, incluindo, em particular, aqueles da NASA, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos e da Agência Espacial Europeia.

Como explicita a NBR ISO 16290:2015, essa Norma pode ser aplicada em quaisquer projetos, objetivando, a saber:

a) monitoramento inicial do desenvolvimento tecnologias básicas ou específicas a serviço de uma dada missão futura ou uma família de missões futuras;

b) fornecimento de um status da maturidade técnica de um projeto futuro, como contribuição para o processo de decisão da execução do projeto;

c) monitoramento do progresso de uma tecnologia durante seu desenvolvimento. Os níveis de maturidade tecnológica, conforme a ABNT NBR 16290:2015, variam numa escala de 1 a 9:

TRL1 - Princípios de base observados e relatados

TRL2 - Conceito e/ou aplicação da tecnologia formulados

TRL3 - Prova de conceito analítica da função crítica e/ou característica

TRL 4 - Verificação funcional em ambiente laboratorial do componente e/ou maquete

TRL5 - Validação do componente e/ou breadboard em ambiente adequado

TRL 6 - Modelo demonstrando as funções críticas do elemento em um ambiente relevante

TRL 7 - Modelo demonstrando o desempenho do elemento par ao ambiente opera-cional

TRL8 - Sistema real completo e aceito pra o voo (“qualificado para o voo”)

TRL9 - Sistema real “demonstrado em voo” por meio de operações bem sucedidas

VASCONCELLOS (2008) explicou de forma de forma didática o que se avalia em cada nível da TRL, em convergência com o AFRL:

a)TRL1 - Princípios básicos observados e reportados: nesse nível mais baixo da maturidade tecnológica a pesquisa científica começa a ser traduzida em pesquisa aplicada e desenvolvimento.

Referências

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